Ao alterar o limite dos direitos de voto dos accionistas, a EDP dá hoje mais um passo decisivo para a futura mudança da sua estrutura accionista, abrindo definitivamente a porta ao controlo estrangeiro. Uma corrida que coloca os alemães da RWE e da E.ON, bem como os franceses da EDF e da GDF Suez na linha da frente – quer pelo seu músculo financeiro, quer pela complementaridade de activos que a EDP lhes oferece na área de energias renováveis e presença no mercado brasileiro.
Hoje o grupo energético vale menos de metade do que há quatro anos: a sua capitalização bolsista passou de 17 mil milhões de euros para cerca de oito mil milhões de euros. Em termos líquidos, incluindo dividendos, os títulos da eléctrica caíram 42,28%. Uma média de 13,5% ao ano, o que a coloca actualmente na fasquia dos 2,215 euros. A queda justifica-se em grande parte pela turbulência das bolsas e pela perda de protagonismo do sector eléctrico entre as preferências dos investidores.
Até agora, os referidos gigantes europeus da energia só se têm movimentado nos bastidores e, como apurou o Diário Económico, todos eles contam com o apoio político dos respectivos governos, cujo aval foi determinante no plano de ajuda financeira a Portugal.
À lista de candidatos junta-se ainda a China Power Internacional, que já assumiu o seu interesse em adquirir uma participação na EDP. A fasquia, colocada inicialmente em 5%, foi agora elevada pelos chineses para 20%. O Diário Económico sabe, contudo, que a China Power International já fez saber que não o fará a qualquer preço, o que a pode deixar em desvantagem numa disputa com os grupos europeus. As condições da operação são igualmente determinantes para que a Eletrobras se mantenha na corrida. O Governo de Passos Coelho quer vender 20% da EDP, em bloco – mas o grupo brasileiro só se mostrou disponível para comprar até 10% do capital.
Apontada como eterna candidata, a espanhola Iberdrola – maior accionista privada da EDP -, enfrenta graves conflitos accionistas, depois de uma agressiva política de investimentos no Reino Unido e nos EUA que a deixam agora numa posição menos ofensiva. Joga ainda contra si a concentração de activos na Península Ibérica que uma união com a EDP provocaria.
MRA Alliance/DE