
Os dias negros voltaram aos mercados accionistas nos dois lados do Atlântico. As acções do Velho Continente caíram e levaram as principais bolsas europeias a quedas entre os 3% e 6,5%. O sector da banca teve o pior desempenho desde Março de 2009, no dia em que Sarkozy interrompeu as férias para reunir com o seu executivo e os rumores sobre a frágil situação do país se avolumaram.
O índice de referência para a Europa, Stoxx 600, declinou 3,75% para 223,50 pontos, com cerca de sete oitavos das acções a perderem território.
Os sector da banca representado no índice, recuou 6,7% com os bancos franceses a liderarem as quedas. O presidente Nicolas Sarkozy interrompeu as férias para uma reunião de emergência com o seu executivo e para reiterar o compromisso gaulês com as metas do défice.
A Société Générale sofreu uma queda violenta, ao desvalorizar 14,74%, o BNP Paribas caiu 9,47% e o Crédit Agricole perdeu 11,81%.
A França é, entre os membros da Zona Euro com rating AAA, o que enfrenta maiores custos com os seguros de incumprimento financeiro – “credit default swaps” (CDS) – um produto financeiro derivado muito utilizado pelos especuladores. Depois do corte do rating da dívida norte-americana, os especuladores apontam agora as baterias sobre a França na expectativa de que seja o próximo país a sofrer uma redução da qualidade de crédito por parte das três maiores agências de notação financeira.
Na eventualidade de tal acontecer o sistema bancário do país será o sector mais penalizado pois os bancos serão obrigados a contabilizar imparidades, acumulando prejuízos até agora escondidos nos balanços e afectando seriamente os seus rácios de solvabilidade. Apesar dos rumores apontarem nesse sentido, as agências de “rating” e o Governo francês apressaram-se a negar que o “rating” do país vá ser cortado.
“A ameaça ao triple A da França é preocupante”, disse o analista de obrigações do Grupo ING, Padhraic Garvey, entrevistado pela Bloomberg. “O nosso modelo de classificação notação da dívida identifica França como um dos emitentes [de obrigações] mais frágeis” entre os países europeus com o “rating” máximo, ou seja, “AAA”, acrescentou.
Os CDS da Société Générale são os mais dispendiosos entre os bancos do país e este foi também o banco mais penalizado entre as empresas cotadas no Stoxx 600. Os rumores de que o banco iria precisar de ajuda estatal também foram desmentidos pela administração.
“A Société Générale emitiu um aviso recentemente, o que o torna mais vulnerável aos rumores de mercado e é por isso que as acções estão hoje a ser penalizadas”, disse o analista do ETX Capital, Marcus Huber, à Bloomberg. No dia 3 de Agosto o banco francês avisou que poderia falhar as metas de 2012 depois de ter sofrido uma quebra de 31% dos lucros na primeira metade do ano.
Na Itália, aconteceu igualmente uma quebra generalizada dos títulos da banca. O Intesa Sanpaolo depreciou 13,72% e a UBI Banca recuou 10,17%. O o índice bolsista transalpino perdeu 6,65%. A bolsa de Milão foi a que registou maiores perdas na Europa.
O índice espanhol IBEX caiu 5,49% para 7.966 pontos e o parisiense CAC-40 recuou 5,45%. O alemão DAX encolheu 5,13% e o britânico Footsie 100 baixou 3,05%. O Banco Santander perdeu 8,33% e o britânico HSBC recuou 5,28%.
Wall Street não conseguiu resistir à razia europeia. As quedas dos índices norte-americanos foram superiores a 4%. O Dow Jones fechou a perder 4,64%, o Nasdaq baixou 4,09% e o S&P 500 caiu 4,43%.
A queda abrupta nas praças norte-americanas seguiu-se à corrida de ontem que gerou valorizações superiores a 4%, a maior subida desde Março de 2009. As bolsas dos EUA beneficiaram do anúncio da Reserva Federal (Fed) dos EUA, que revelou que a taxa de juro do país – que se encontra entre zero e 0,25% – se manterá em níveis baixos até 2013. Mas, como prevíramos ontem, foi sol de pouca dura.
A acentuar a espiral de perdas estiveram rumores sobre alegadas vulnerabilidades sobre a solvência e liquidez do banco Société Générale bem como sobre o rating da dívida francesa. A banca foi um dos sectores mais penalizados devido ao perigo de contágio da crise europeia. Três dos maiores bancos americanos registaram perdas acentuadas – o Citigroup caiu 10,47%, o Bank of America 10,92% e o Goldman Sachs 10,10%.
MRA Alliance/Agências
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