Archive for the ‘Política Monetária’ Category

BCE: Constâncio apoia criação de Ministério das Finanças Europeu defendida por Trichet

quinta-feira, junho 2nd, 2011

O vice-presidente do BCE, o português Vítor Constâncio, concorda com Trichet sobre a criação de um Ministério das Finanças Europeu.

Jean-Claude Trichet sugeriu a criação de um Ministério das Finanças Europeu, que “teria responsabilidades directas em pelo menos três domínios” e “não teria necessariamente” que gerir “um orçamento federal”.

O presidente do BCE explicou ainda que esse Ministério das Finanças Europeu teria de “vigiar as políticas orçamental e de competitividade” dos Estados-Membros do euro, intervir directamente em países desequilibrados e seria ainda dotado de poderes relacionados com o sistema financeiro.

A ideia da criação de um de Ministério das Finanças Europeu foi apoiada por Vítor Constâncio, o número dois do BCE.

Sobre a Grécia, Constâncio afirmou que o BCE não se opõe à participação do sector privado num novo acordo para ajudar Atenas, mas reiterou que a instituição está contra uma reestruturação completa da dívida helénica.

MRA Alliance/DE

Fed: Mais estímulos monetários na calha, admite Bernanke

sexta-feira, outubro 15th, 2010

alívio quantitativo ou quantitative easing...O presidente da Reserva Federal do EUA, Ben Bernanke, afirmou esta sexta-feira que poderão ser implementadas novas medidas de estímulo monetário, tendo em conta que a inflação continua em níveis baixos e as taxas de desemprego demasiado elevadas. Mas o responsável continua, no entanto, sem se comprometer com o anúncio de uma nova vaga de medidas de alívio quantitativo na próxima reunião da Fed.

“Poderemos estar num situação em que é recomendável uma actuação adicional”, afirmou Bernanke, não especificando as estratégias que a Fed pode aplicar ou quando o pretende fazer. “O crescimento económico geral tem evoluído a um ritmo menos vigoroso do que aquilo que gostaríamos”, pode ler-se no texto que Bernanke vai ler numa conferência em Boston.

O Comité de Operações no Mercado Aberto (FOMC, na sigla original), a comissão da Reserva Federal que define a política monetária, “está preparado para implementar novas medidas acomodatícias caso isso seja necessário para a recuperação económica e para que a inflação regresse a níveis consistentes com o nosso objectivo”, disse Bernanke, admitindo que “o risco de deflação é mais elevado do que o desejável.

O mercado antecipa que a Fed anuncie uma segunda vaga de expansão monetária (um mecanismo conhecido como “alívio quantitativo”) na próxima reunião do FOMC, agendada para 2 e 3 de Novembro.

MRA Alliance/JdN

Recessão nacional não se deve a falta de crédito, diz Constâncio

quarta-feira, maio 27th, 2009

A economia portuguesa não está em recessão por quaisquer restrições de crédito disse hoje o governador do Banco de Portugal (BdP), Vítor Constâncio, durante uma audição na Comissão de Orçamento e Finanças da Assembleia da República.

O governador do banco central previu um crescimento do crédito “entre quatro e cinco por cento”, durante 2009 – bem acima da variação nominal do PIB. “O crédito [em Portugal] continua a crescer acima dos outros países”, ressalvou.

A actividade bancária no país encolheu pela primeira vez em muitos anos e “a tendência deve manter-se – porque o crédito em incumprimento está a subir” – bem como os “custos com imparidades”, acrescentou Constâncio. O governador justificou o aumento das margens dos bancos – spreads – com o aumento do risco de crédito

Quanto à redução de salários no país, o líder do BdP considerou não existirem  “razões para as propostas feitas por alguns economistas” naquele sentido, tendo destacado entre elas o diferencial de inflação e os custos unitários do trabalho.

MRA Alliance/Agências

Moeda global ainda não é opção para financeiros globalistas

terça-feira, março 24th, 2009

O secretário do Tesouro dos Estados Unidos (EUA), Timothy Geithner, e o presidente da Reserva Federal (Fed), Ben Bernanke, recusaram hoje a sugestão de alguns líderes das economias emergentes para que uma nova moeda mundial ponha termo à hegemonia do dólar como reserva cambial do planeta, segundo um relato da agência Reuters.

Geithner e Bernanke disseram “não” à proposta sugerida ontem por financeiros russos e chineses para a criação de uma nova reserva cambial global. Os primeiros revelaram ser sua intenção apresentar uma proposta concreta na reunião do G20 agendada para breve.

O Governador do banco central chinês, Zhou Xiaochuan, num comunicado divulgado ontem no ‘site’ oficial da instituição, criticou “as debilidades inerentes do actual sistema monetário internacional” e defendeu a necessidade de uma divisa global de reserva “desligada das nações individuais, dos jogos de interesses e capaz de se manter estável no longo prazo.”

Grande parte das reservas de câmbio chinesas é composta por dólares norte-americanos. A criação “de uma nova moeda de reserva amplamente aceite poderá levar tempo”, sublinhou Zhou Xiaochuan mas adiantou que os Direitos de Saque Especiais (DSE) – Special Drawing Rights (SDR) – podem ser a “moeda de reserva supra-soberana”.

O valor dos DSE é calculado com base em um cabaz de moedas, criado em 1969, pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) para completar as reservas dos 185 países-membros, quando a oferta de ouro e de dólares já era insuficiente nos mercados monetários mundiais.

Zhou sugeriu que a unidade de troca do FMI, baseada no valor do dólar, euro, iéne e libra esterlina, passe a ser calculada em função do valor das divisas de outras “economias importantes”.

A tese reflecte a opinião do governo de Pequim. O economista Yi Xianrong, do Instituto de Economia e Finanças da Academia Chinesa das Ciências Sociais, num artigo publicado recentemente no diário governamental “China Daily”, defendeu que “as necessárias reformas deverão dar e aumentar a adequada representação das economias emergentes e em desenvolvimento”. 

 

MRA Alliance/Agências

FMI diz que Portugal produz pouco, gasta demais e adverte para riscos no sector bancário

sexta-feira, julho 18th, 2008

O Fundo Monetário Internacional (FMI) divulgou ontem novas previsões: a economia portuguesa vai crescer menos em 2009. O impacto no crescimento vai agravar-se do lado do consumo e do investimento, avisou o Fundo, enfatizando que Portugal vive “acima das suas possibilidades” com as famílias e as empresas cronicamente dependentes do crédito externo. As projecções contrariam os cálculos mais optimistas do Banco de Portugal e do governo Sócrates. Os analistas do FMI prevêm agora, para 2008, um crescimento de 1,3% e de apenas 1% no próximo ano. Se o prognóstico do FMI estiver correcto Portugal manter-se-á como o segundo país que menos cresce na zona euro prolongando a divergência real até 2010. O efeito da recessão em Espanha, que terá crescimento nulo ou negativo nos próximos três anos, poderá ser devastador face ao peso espanhol nas exportações nacionais e como fonte de Investimento Directo Estrangeiro (IDE). Na passada terça-feira, o Banco de Portugal insistiu que, apesar da crise mundial em curso, a economia lusa conseguirá resistir aos choques externos (menos exportações, juros mais altos, petróleo mais caro e apreciação do euro), e crescer 1,2% em 2008 e 1,3% em 2009. Vítor Constâncio, o governador do banco central, defendeu que a infecção do crescimento português vem do exterior, elogiando a ajuda dada pelas reformas. O FMI, embora também elogie as reformas, contrapõe que “os problemas fundamentais que restringem a economia portuguesa são internos”: elevados défices das contas públicas, balança de pagamentos, endividamento das famílias, das empresas e do Estado num quadro crónico de baixa competitividade e produtividade. Os riscos para o cenário ontem apresentado serão agravados com um eventual maior aperto do crédito face à crise global. Sobre o sector bancário, o FMI alertou para a relação entre capitais próprios e alheios. Se for inferior a 7% os bancos lusitanos enfrentam riscos de insolvência, ameaçando a estabilidade de todo o sistema financeiro. Recorde-se que, em Maio, o presidente-executivo do Abbey National Bank, António Horta Osório, admitiu que Portugal será um dos países mais afectados pela crise do crédito devido ao impacto negativo nas exportações, à contaminação da implosão da bolha imobiliária espanhola, do alto endividamento interno e externo e da “crescente deterioriação do sector bancário” português. MRA/Agências

China: Especialistas confiantes que economia resistirá à crise mundial

sexta-feira, maio 9th, 2008

O arrefecimento global da economia não vai afectar a China, pois o crescimento passará de 10,6% para 10,8%, no segundo trimestre de 2008, apesar da desaceleração e das pressões inflacionistas, informou o Centro de Informação do Estado. O «think tank», especializado na antecipação das tendências que influenciarão o desenvolvimento do país, informou que nos primeiros três meses do ano a inflação baixou de 8% para 7.5%. Porém, o Índice de Preços do Produtor (IPP) manter-se-á elevado (8,1%) no período Abril-Junho.

Num artigo publicado no Jornal de Valores Mobiliários da China (中国 安全 日记) Qing Wang, economista do banco Morgan Stanley, disse que “após o primeiro trimestre, o cenário macroeconómico da China tornou-se mais claro: vamos ter uma aterragem suave.” Neste trimestre, o banco Lehman Brothers concorda que o PIB crescerá 10.8% com uma taxa de inflação média de 7.8%. Os economistas prevêem a adopção de mais medidas restrictivas. O rácio das reservas para os bancos deverá subir para os 17% e o yuan deverá cotar-se a 6.3 face ao dólar americano, segundo Grace Ng do banco JPMorgan China. Em Março, os preços no consumidor subiram 8.3%. O «think tank» da Comissão da Reforma e Desenvolvimento Nacional está optimista quanto ao crescimento do investimento directo fixo recuperará no segundo trimestre após a contracção provocada pelos nevões de Janeiro e Fevereiro, os piores desde há 50 anos. O controlo da inflação será a principal prioridade das políticas públicas. O Centro de Informação do Estado prevê que a procura externa diminua, num clima de apreciação do yuan, com efeitos negativos nas exportações durante este trimestre. O crescimento das vendas para o exterior cairá dos actuais 21.4% para os 20%. MRA Dep. Data Mining

Macroecomia e estabilidade cambial na África lusófona

quinta-feira, maio 1st, 2008

Os países africanos de língua oficial portuguesa (PALOP) que têm as suas moedas indexadas a divisas têm mercados cambiais mais estáveis e melhor relação de risco-retorno para investidores e Moçambique, com uma flutuação gerida, consegue resultados aproximados. A conclusão consta do estudo “Pressão nos Mercados Cambiais dos Países Africanos Lusófonos”, recentemente apresentada pelos investigadores universitários portugueses, entre os quais Braga de Macedo, ex-ministro das Finanças de Portugal. A análise econométrica identifica Moçambique como a “excepção à regra” de que a indexação a uma divisa – o euro, no caso de Cabo Verde e Guiné-Bissau – se traduz em maior estabilidade dos mercados cambiais e maior atractividade para os investidores. A análise permite concluir que “a relação risco-retorno é muito mais favorável para os investidores quando existem indexações cambiais, dado que o aumento de volatilidade é menor para o mesmo nível de retorno”.

Segundo as últimas projecções do FMI, o metical moçambicano tem vindo também a apreciar-se, cerca de um terço relativamente ao ano base de 2000, enquanto Cabo Verde, Guiné e São Tomé registam uma situação de relativa estabilidade. Muito acima da média dos países produtores de petróleo, Angola apresenta das maiores valorizações cambiais reais no continente africano, tendo mais do que duplicado o valor do kwanza desde o ano base. Angola e São Tomé e Príncipe têm flutuações geridas sem trajectória de taxa de câmbio pré-determinada; Moçambique também, mas de acordo com políticas do FMI. O pequeno arquipélago há muito que hesita relativamente ao futuro da sua moeda, a dobra, colocando-se como cenários uma indexação ao euro, ao dólar, ou ao franco CFA. Cabo Verde e Guiné-Bissau têm ambos as suas moedas indexadas ao euro, com limitações no caso deste país, membro da União Económica e Monetária da África Ocidental. “A nossa principal conclusão é que os países PALOP com indexações cambiais claramente têm uma volatilidade menor quando comparados com aqueles que têm fluxos geridos”, sublinham os investigadores. MRA/Agências

Bancos chineses obrigados a ter reservas mínimas de 15,50%

quarta-feira, março 19th, 2008

Banco Central da ChinaO Banco Central da China (People’s Bank of China/PBOC) aumentou em 50 pontos o rácio das reservas afectas aos depósitos bancários passando de 15% para 15,5%, um montante historicamente alto no sistema bancário do país. A medida foi justificada pela autoridade reguladora do sistema bancário chinês pela necessidade de reforçar a liquidez do sector e dar um sinal às instituições financeiras de que devem encarecer os empréstimos para “níveis adequados”, noticiou o diário China Daily. A medida foi tomada no mesmo dia em que o primeiro-ministro Wen Jiabao, durante uma conferência de imprensa, comunicou ao mercado que o governo estabeleceu como prioridade o combate à inflação às flutuações dos preços de bens e serviços. “As actuais subidas de preços e o aumento das pressões inflacionistas são a principal preocupação do povo”, disse Wen. Recorde-se que, desde o segundo semestre de 2007, o PBOC aumentou 12 vezes os rácios reservas/depósitos, e 6 vezes as taxas de juro.

Crise financeira: Quadro regulador «Basileia II» posto em causa

quinta-feira, fevereiro 28th, 2008

finrisc3.jpgA turbulência e volatilidade do mercado financeiro global provocadas pelo colapso do mercado hipotecário de alto risco – subprime – nos EUA começa a provocar reacções que pôem em causa as políticas macroeconómicas, a estabilidade e regulação do sistema financeiro, designadamente o novo «Basileia II». Este instrumento regulatório, foi aprovado pelos bancos centrais associados ao Banco Internacional de Pagamentos (BIS, em inglês), em 2005.

Basileia II reformou o quadro anterior (Basileia I/1988) que regulava a adequação dos fundos de capitalização dos bancos. Ao longo dos anos, foi revelando vários tipos de vulnerabilidades. A reformulação feita há três anos caracterizou-se pela entrada em vigor de um quadro normativo com novos intrumentos de calibração dos riscos de crédito e de fixação do respectivo preço e qualidade.

Os gigantescos prejuízos recentemente sofridos pelas instituições financeiras, que dispararam um agressivo processo de recapitalização, pulverizaram os modelos de avaliação dos riscos de crédito usados pelo sistema bancário global. Citada pelo Financial Times, Sheila Bair, presidente da seguradora das reservas depositadas no banco emissor dos Estados Unidos (Reserva Federal/Fed) – Federal Deposit Insurance Corporation – reconheceu existirem “importantes pontos fracos” que, na presente crise, fizeram disparar os sinais de alarme e aconselham a adopção de novas medidas preventivas. (pvc)

BCE inverte discurso e prepara-se para baixar juros apesar das pressões inflacionistas

sexta-feira, fevereiro 8th, 2008

taxas de juro vão baixarA descida dos juros na zona euro, dentro de poucos meses, foi claramente admitida pelo presidente do Banco Central Europeu (BCE), Jean-Claude Trichet, confirmando a tese defendida por vários economistas ocidentais. Embora tenha mantido a taxa de referência nos 4%, pelo nono mês consecutivo, Trichet habitualmente comedido e com um discurso codificado, deu a entender ontem que o BCE se prepara para, em breve, descer as taxas tentando impedir que a zona euro sofra o impacto da clima recessivo que afecta a economia dos Estados Unidos.

A notícia alivia as famílias e empresas, portuguesas e espanholas. Altamente endividadas, a perspectiva de dinheiro mais barato é uma notícia agradável embora peque por defeito. O acesso ao crédito vai agravar-se pois os bancos serão obrigados a cumprir regras prudenciais mais rigorosas na concessão de empréstimos, depois da orgia do dinheiro abundante e fácil dos últimos anos.

O economista-chefe do Barclays Capital, Julian Callow, reconheceu que, após o discurso de Trichet, que o BCE está “menos agressivo” do que seria de esperar face à ameaça inflacionista. O economista britânico considera, porém, que o tom do BCE sofreu “uma mudança significativa”. Trichet disse que os riscos para as perspectivas de crescimento na Europa “se confirmaram no lado descendente”, quando antes, na opinião de Callow, o termo “confirmação” não integrava o léxico tradicional do banqueiro central europeu. O Barclays Capital admite dois cortes nas taxas de juros: o primeiro já em Março (-0,25%), seguido de outro igual, dois meses depois. Se a crise se prolongar verão adentro, é provável que o BCE volte a baixar os juros em mais 25 pontos base, lá para Setembro.

De acordo com outros administradores do BCE, a incerteza é o factor que mais afecta o crescimento. “Quanto mais tempo durar a incerteza, maior o impacto negativo sobre a economia”, disse esta semana, o governador do Banco da Finlândia, Erkki Liikanen. Mas as opiniões sobre o calendário das descidas não são consensuais. Para uns a taxa do BCE ficará em 3,5% em 2008, mas só no caso de os impactos negativos sobre a economia corresponderem às expectativas actuais. Já o FMI reviu em baixa o crescimento da zona euro para os 1,6%, aproximando o crescimento europeu do americano (1,5%).

O anúncio do BCE de que que repetirá mais dois empréstimos de dinheiro barato para que os bancos possam pagar resgates de investimento e ter liquidez para conceder crédito, através da injecção de mais 120 mil milhões de euros – 75% do PIB anual português – em duas tranches: a primeira metade em 21 de Fevereiro e a segunda em 31 de Março.

Na continuada maré do dinheiro barato navegou igualmente o Banco de Inglaterra (BoE) ao reduzir ontem a taxa de juro de referência em 0,25 pontos percentuais, depois de igual corte em Dezembro, fixando agora a taxa nos 5,25%. Analistas e economistas admitem que o BoE queira ser mais brando do que o Fed na política de juros, baixando o preço do dinheiro de forma mais lenta esperando que a desaceleração da economia neutralize a inflação. (pvc/agências)

BCE e Fed têm mandatos diferentes para a política monetária

terça-feira, janeiro 29th, 2008

Taxas de Juro - O Calcanhar de Aquiles do FedO Banco Central Europeu (BCE) e a Reserva Federal (Fed) norte-americana têm mandatos diferentes para a condução da sua política monetária, que se estão a reflectir numa condução distinta dessa política. O Fed tem como missão assegurar a estabilidade dos preços e, simultaneamente, garantir a manutenção de um elevado nível de emprego na economia, de acordo com as regras que foram definidas nos anos 30, após a Grande Depressão. Estes dois objectivos não se encontram hierarquizados, ao contrário do que acontece com o BCE. Mais…

Fed ajuda recuperação dos mercados globais, mas é cedo para tirar conclusões

quarta-feira, janeiro 23rd, 2008

Bolsas asiáticas recuperam dos abalos de ontemA Autoridade Monetária de Hong Kong anunciou hoje uma redução das taxas de juros de 0,75 pontos, para 5%. A decisão seguiu o exemplo, adoptada na véspera, pela Reserva Federal (Fed, o banco emissor americano). Segundo agentes imobiliários consultados pelo jornal “South China Morning Post”, a decisão, que terá efeitos imediatos, “com toda certeza será seguida pelos bancos locais”, devendo estimular o mercado imobiliário da região sob administração chinesa.

O efeito Fed nas bolsas asiáticas

As Bolsas da Ásia e da Oceania reagiram bem ao anúncio de corte de juros nos Estados Unidos (de 4,25% para 3,50% ao ano), decidido pelo Fed. Nesta quarta-feira (23), a Bolsa de Tóquio abriu com uma alta de 3,42% no índice Nikkei 225 e de 3,87% no indicador Topix, que reúne todos outro conjunto de acções.O índice Hang Seng, da Bolsa de Hong Kong, operava, durante a abertura, com uma robusta subida de 7,36%, após violentas quedas desde segunda-feira. Ontem, o Nikkei 225 caíu 5,64%, e o Topix derrapou 5,70%, registando os valores mais baixos desde 2005. A Bolsa de Hong Kong recuou 8,7%.

O índice bolsista PSEI (Manila) iniciou a sessão com uma modesta subida (+0,05%) mas o JCI de Jacarta encetou uma forte recuperação (+ 4,72%). Outros dois índices regionais – Straits Times/Singapura (+ 3,68%) e o SET/ Banguecoque (+ 2,41%) – abriram com sinais igualmente positivos.

Mundo

No Brasil, o Ibovespa reagiu com uma subida de 4,45%, e o volume financeiro foi alto, de R$ 8,10 bilhões, bem acima da média diária deste mês (R$ 5,45 bilhões) e de Dezembro passado (R$ 6,29 bilhões). Na Europa, após a agressiva acção do Fed, Londres subiu 2,86%, Frankfurt cedeu 0,31%, Milão ganhou 1,02% e Amsterdão 2,56%.

Na semana passada, o presidente dos EUA, George W. Bush, anunciou as linhas gerais de um plano de estímulo à economia do país, entre cujas medidas, se um incentivo fiscal de USD 145 mil milhões/bilhões. Washinton pretende, assim, evitar uma queda do consumo (responsável por 70% da economia americana). O plano, no entanto, é visto pelos analistas como insuficiente. O Fed também vem agindo, através de cortes de juros (três consecutivos, em 2007). A baixa do preço do dinheiro visa estimular o mercado do crédito. Consumidores e empresas, espera o Fed, deverão reagir com a assumpção de mais dívida, através de novos financiamentos, e contribuir assim para conter a ameaça de recessão.

Os mercados, conforme seria de esperar, responderam com a procura de novas oportunidades de negócio através das bolsas. Mas é cedo para cantar vitória. As próximas semanas serão a prova dos nove sobre o sucesso da acção do regulador americano. (pvc/agências)

Wall Street está doente e só o tempo a pode curar, dizem analistas

terça-feira, janeiro 22nd, 2008

3macacos.jpgO tumor maligno que afecta os mercados bolsistas de Wall Street despoletou uma acesa controvérsia sobre a melhor cura para evitar que as metástases se propaguem pelo sistema financeiro. Numa primeira conclusão, os analistas parecem convergir no mesmo diagnóstico: o tempo ditará o sucesso ou insucesso da cura.

O que está a acontecer era expectável, desde o início de 2007, pelo menos… Mas, então, poucas eram as vozes, ouvidas pelos mercados. Igualmente, ninguém queria falar a verdade. A maioria não queria sequer ver.

Muitos sabiam que, os sinais do colapso do sistema hipotecário de alto risco, ou «subprime», visíveis em 2006, eram sérios avisos à navegação. A poderosa máquina dos “formatadores de opinião” achava, todavia, que o realismo das análises de professores universitários, analistas, traders e dos “market makers” conhecedores dos opacos mecanismos dos mercados da dívida e dos riscos a eles associados, eram pessimistas, exageradas e irrealistas. Por isso varreu varreu o lixo para debaixo do tapete, e continuou a excluir dos seus conteúdos temas desconfortáveis para a paz dos seus consumidores – a chamada opinião publicada ignorou, uma vez mais, a opinião pública.

Os mais avisados foram, cirurgicamente, extirpando das suas carteiras os tumores malignos e colocaram-se do outro lado da barricada – investiram nos produtos que geram lucros com o colapso dos mercados. É a opinião de alguns deles que vamos recapitular.

Que poderemos esperar nos próximos meses?

Quando regressará a estabilidade aos mercados?

A recessão americana vai afectar a economia real, à escala planetária?

Quais a consequências para as bolsas?

As taxas de juro?

O dólar?

E o ouro?

O Fed anunciou esta tarde, mais uma decisão – redução da taxa de juros directora em 0,75% – que temporariamente irá permitir aos mais atravidos, regressarem aos mercados com as carteiras recheadas de cash (ou dinheiro emprestado) para comprarem o que, pensam eles, já está maduro para ser adquirido. A preços de saldo.

A redução dos juros nos EUA é uma péssima notícia.

Quer saber porquê? Clique aqui

Brasil: Banco Central diz que país está preparado mas não é imune à crise global

terça-feira, janeiro 22nd, 2008

meirelles_pres_bcbO presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, afirmou ontem (21/01/2008) que o Brasil está preparado para enfrentar os efeitos, no cenário internacional, de uma possível recessão na economia norte-americana, afectada pela crise financeira. Meirelles ressaltou, entretanto, que isso “não significa dizer que a economia brasileira esteja imune à crise”.

Segundo Meirelles, o Brasil deverá persistir com a política do câmbio flutuante, de metas de inflação e de equilíbrio fiscal e, na sua análise, actualmente, os demais países “estão absorvendo os problemas da crise norte-americana”. O Banco Central, disse Meirelles, “monitora a situação internacional cuidadosamente e, quando toma qualquer medida, se precavém contra efeitos desfavoráveis no longo prazo”. De acordo com ele, a condução da política econômica nos últimos cinco anos assegurou ao país credibilidade internacional. “O que foi feito funcionou como um seguro contra adversidades.” As reservas internacionais do país e o sucesso da política de exportação são exemplos concretos da estabilidade que o país vive, acrescentou Meirelles durante uma cerimónia de tomada de posse de um quadro de topo do Banco Central. Fonte: Agência Brasil

Baixa dos juros nos EUA deve impulsionar real face ao dólar

quarta-feira, janeiro 16th, 2008

Real vai continuar a valorizar-se contra o dólarA continuação dos cortes dos juros pela Reserva Federal (Fed) dos Estados Unidos para evitar uma recessão deve impulsionar o real, mas ter efeito contrário sobre o peso mexicano. Win Thin, analista de mercados emergentes da Browne Brothers Harriman, em Nova Iorque afirmou à Reuters que “conforme as taxas caem nos Estados Unidos, o rendimento de algumas moedas latino-americanas sobe automaticamente.” O Fed deve reduzir a taxa básica de juros em pelo menos 0,50 ponto percentual, para 3,75 por cento, na reunião de 29 e 30 de janeiro.O crescimento econômico nos Estados Unidos desacelerou no ano passado e um número cada vez maior de economistas vem defendendo que uma recessão pode ser iminente. Nem mesmo a forte queda do dólar em 2007 em relação às moedas locais deve deter os investidores. “Ainda há espaço para maiores altas [das moedas locais] em lugares como o Brasil e Chile”, disse Thin. A Browne Brothers Harriman recomendou aos seus clientes que comprem a divisa brasileira. A corretora espera que o real supere a apreciação de 20% registada contra o dólar em 2007. A taxa de câmbio poderá atingir a cotação de 1,65 real/dólar, em 2008.

BCE e Fed voltam a injectar mais USD 20 mil milhões/bilhões nos mercados

quinta-feira, janeiro 10th, 2008

dollares - injecçõesO Conselho de Governadores do Banco Central Europeu, numa acção conjugada com a Reserva Federal (Fed) dos Estados Unidos, aprovou hoje a continuação da oferta de dólares para injectar mais liquidez nos mercados interbancários, em Janeiro. A decisão visa “contribuir novamente para satisfazer as anormais necessidades de financiamento em dólares e fornecer os meios necessários para continuar a normalização do funcionamento dos mercados monetários.” Num comunicado à imprensa, o BCE indica que as medidas serão idênticas, em quantidade e procedimentos adoptados, à intervenção de 27 de Dezembro passado, realizada em conjunto com o Fed. Os montantes colocados a leilão para o refinanciamento dos bancos comerciais serão de 10 mil milhões/bilhões de dólares. As operações serão realizadas em duas tranches, respectivamente, nos dias 17 e 31 de Janeiro. O prazo de maturidade é de 28 dias. (pvc)

Pressões inflacionistas obrigam BCE a manter Refi nos 4%

quinta-feira, janeiro 10th, 2008

Zona Euro - BCE - FrankfurtO Banco Central Europeu (BCE) manteve a principal taxa de referência (Refi) nos 4%, em linha com as expectativas dos analistas, anunciou o regulador da política monetária da Zona Euro. O BCE manteve também a taxa de facilidade marginal nos 5% e a taxa de facilidade de depósito nos 3%. O canco dos bancos centrais europeus, liderado pelo francês Jean Claude Trichet, sinalizou com esta decisão os seus receios quanto à inflação na Zona Euro onde, tal como noutros mercados desde 2007, os preços têm subido de forma sustentada.

(pvc/BCE)

Banco Central Europeu já não tem hipóteses para subir juros

terça-feira, janeiro 8th, 2008

Trichet gostaria que o Euro se desvalorizasse um pouco…“Para quê subir taxas de juro quando o euro e a crise financeira já cumprem o papel de travão à actividade económica europeia impedindo, por exemplo, que os vários países entrem numa espiral inflacionista? Estas são dúvidas levantadas por um número cada vez maior de economistas que defendem que o Banco Central Europeu (BCE) tem pouca margem de manobra para subir taxas de juro este ano, para combater uma inflação que teima em não baixar, pressionada pela alta do petróleo. Já na reunião da próxima quinta-feira, o BCE deverá manter a taxa principal nos 4% e continuar o discurso orientado para futuras subidas, acreditam os analistas. (…) Tu Packard, economista da Moody’s Economy.com, defende que os bancos centrais devem reavaliar as suas estratégias para lidarem com esta nova era de preços elevados nas matérias primas (petróleo, cereais, etc.), sublinhando que a política monetária tradicional pode ser apropriada para domar pressões de preços internas, mas pouco eficaz para contrariar as forças da globalização, como hoje acontece. (…) As últimas informações de Bruxelas mostram que as condições monetárias da zona euro são hoje as mais restritivas dos últimos nove anos. (…) Espera-se que o banco central norte-americano desça taxas no próximo dia 30, sendo que alguns analistas apostam mesmo numa descida de meio ponto percentual, para 3,75%, para tentar neutralizar o risco elevado de recessão. Na Europa, a maioria perspectiva que os juros fiquem inalterados ao longo deste ano nos 4%. Quando mais baixa a taxa nos EUA, mais atractivos ficam os investimentos denominados em euros, o que (…) penaliza as grandes economias, como a Alemanha e ameaça seriamente a retoma frágil de Portugal.”

Excertos de um artigo de opinião de Luís Reis Ribeiro, Diário Económico, 08/01/2008.

Na Grã-Bretanha o custo dos empréstimos à habitação batem recorde desde 2001

segunda-feira, janeiro 7th, 2008

Expectativa até 5.ª feira sobre evolução dos juros no mercado britânicoO custo de um empréstimo imobiliário típico subiu mais de 20% nos últimos sete anos segundo dados do Banco de Inglaterra (BOE). A autoridade monetária britânica receia que nos próximos meses as famílias não consigam pagar as prestações dos empréstimos. Em médio os encargos subiram mais 180 euros/mês nos últimos dois anos. A possibilidade de os bancos credores terem de accionar judicialmente os clientes e ficar com os imóveis nos seus balanços como incobráveis ou crédito mal parado irá afectar ainda mais a situação dos bancos mais afectados pela crise de liquidez e com rácios de solvabilidade abaixo do que é permido pelo BOE. As pressões do mercado para uma nova baixa dos juros na reunião da próxima quinta-feira estão a aumentar. Se fôr essa a decisão as pressões inflacionistas vão aumentar e a desvalorização da libra vai acentuar-se. (pvc/agências)

Presidentes de Bancos Centrais reunidos na Suiça para debater crise financeira

segunda-feira, janeiro 7th, 2008

Banqueiros centrais têm poucas vertezas e muitas dúvidasA crise hipotécia americana, e os seus efeitos nos mercados interbancário e da dívida, bem como no desempenho das bolsas mundiais, que termina esta segunda-feira em Basileia, na Suíça, está a ser debatida no encontro do Banco Internacional de Pagamentos (BIS), no qual participam presidentes de bancos centrais de países industrializados e emergentes. A expectativa é que as previsões de arrefecimento, ou mesmo de recessão, da economia internacional ocupem a maior parte da ordem de trabalhos.Os debates são à porta fechada.

Os banqueiros admitem a possibilidade de novas intervenções conjugadas por parte das autoridades monetárias dos Estados Unidos e da Europa para conter os efeitos da crise que, desde Agosto, cointinua a ameaçar seriamente a economia global. Essa eventual segunda ação coordenada desde o início das turbulências envolveria apenas o Federal Reserve (Fed, banco emissor dos EUA) e o Banco Central Europeu (BCE), não incluindo países emergentes como os BRIC – Brasil, Rússia, India e China. Esta possibilidade confirma que a crise imobiliária está a persistir mais longamente do que os bancos previram. “Hoje há dois mercados com problemas: o dos Estados Unidos e o da Europa. Os bancos centrais já estão provendo o mercado de liquidez. Pode haver um entendimento entre o Fed e o Banco Central Europeu, mas para o resto do mundo não deve haver necessidade de participação”, disse o governador de um dos bancos presentes na reunião. A eventual medida depende dos desdobramentos de dois fatores: a atitude dos consumidores nos Estados Unidos e a reação do mercado de crédito. Embora no centro das discussões, a crise foi encarada com cautela, sem nervosismo nem euforia. “Não estou aflito nem tranqüilo. A situação neste momento é de muita incerteza, a começar pelo rumo da economia norte-americana”, disse a autoridade monetária, citada pela agências internacionais.

Por seu turno, o presidente do Banco Central da Polónia, Slawonir Skrzypek, manifestou-se preocupado com a situação do mercado mundial. “O que me preocupa agora é a inflação oriunda de custos agrícolas e de commodities. Neste momento estamos um pouco acima do nosso alvo e em 2008 esperamos voltar à meta.” (pvc/agências)

Brasil reduziu para menos de 30% a dívida interna de curto prazo

quinta-feira, dezembro 20th, 2007

Brasil atento - Menos Dívida, menos riscoO governo brasileiro conseguiu reduzir a parcela da dívida interna em títulos a vencer em 12 meses para um patamar inferior a 30% considerado por membros do executivo como um sinal “muito importante” para melhorar o perfil do endividamento público. Este é um dos principais indicadores que as agências de classificação de risco (rating) usam para avaliar o risco de financiamento da dívida no curto prazo. A parcela da dívida a vencer em 12 meses corresponde à dívida de curto prazo. (pvc/Estadão)

Secretário das Finanças dos EUA aplaude reacções dos bancos à crise «subprime»

segunda-feira, dezembro 17th, 2007

Paulson examina qualidade dos dólares impressos pela Reserva FederalO Secretário do Tesouro norte-americano, Henry “Hank” Paulson apoiou a forma como alguns bancos, designadamente o Citigroup, por contabilizarem nas suas contas os prejuízos reais derivados das hipotecas de alto risco «subprime» como forma de evitar que a crise de crédito alastre a outros segmentos do mercado. Em declarações aos jornalistas antes de um encontro com líderes comunitários em Orlando, Florida, Paulson enfatizou “não haver dúvidas de que uma maior transparência, exigida pelos investidores, é positiva.”O “ministro das Finanças” dos EUA insistiu que continua a acreditar ser necessário montar um “super SIV”, também conhecido como um gigantesco canal para abastecer o mercado com liquidez, mas não confirmou se estará operacional até ao final do ano. Paulson estimulou e patrocinou a iniciativa, levando os maiores bancos americanos a estabelecer um mega fundo que comprará os créditos malparados aos bancos mais afectados e depois os revenderá no mercado em condições atractivas para os investidores. (pvc/agências)

Asiáticos e árabes compram discretamente posições nos bancos ocidentais em crise

segunda-feira, dezembro 17th, 2007

Dólar: O castelo de cartasAs semelhanças sistémicas entre a Grande Depressão nos Estados Unidos e o crescente agravamento da presente crise mundial começam agora a ser recorrentes nos discursos dos banqueiros e agentes dos mercados financeiros. A comparação subiu de tom com os modestos resultados das últimas injecções de capital no sistema, pela acção conjunta de alguns bancos centrais do Hemisfério Norte. Só na última semana foram 70 mil milhões/ bilhões (mm/bi) de euros. O mercado interbancário – onde os bancos leiloam entre si multimilinários empréstimos de curto prazo – é um poço sem fundo. O sinal preocupa as autoridades monetárias. Os bancos não confiam financeiramente uns nos outros. Cada um sabe/calcula qual o volume potencial dos seus prejuízos. Mas desconhece se o vizinho está em pior ou em melhor situação. Por esta razão o dinheiro não aparece neste ponto crítico do sistema. A pirâmide dos derivativos de crédito dispersou o risco por todo o mundo e os bancos centrais não sabem qual o montante dos prejuízos totais que ainda estão a ser ocultados pelos seus clientes. Fala-se de volumes que oscilam entre os USD 300-400 mm/bi e os 800-900 mm/bi. Este facto, mostra a disparidade de opiniões sobre a extensão do problema, iniciado com a crise hipotecária americana de alto risco, “subprime”. Alguns banqueiros centrais temem, como em 1929, que a banca tenha assumido riscos excessivos na concessão de crédito e por via disso, muito dele, venha a entar na categoria de “malparado”. Uma crise bancária seria inapelávelmente o acelerador de uma depressão económica global e não apenas uma recessão nos Estados Unidos ou na Europa. É aqui que entram os fundos soberanos – entidades que gerem as reservas financeiras de alguns países com excesso de liquidez por acumularem sucessivos superávits comerciais. Eles aproveitam a desvalorização dos bancos “aflitos” e compram acções a preço de saldo. O Abu Dhabi investiu biliões no Citigroup, Singapura fez aplicações bilionárias no suíço UBS e a China ampliou a sua presença no mercado britânico, ao comprar grandes quantidades de acções do Barclays. Os governos dos Estados Unidos e da Europa temem que os “seus bancos” sejam parcial ou completamente controlados por países asiáticos ou árabes. Esta é a forma como eles estão a reciclar parte das suas reservas em petrodólares transformando-as em activos com um futuro mais promissor em termos de valorização. É aqui que começam a emergir as pressões do nacionalismo financeiro favoráveis a leis proteccionistas que salvem a soberania dos “centros de decisão” de cada país ou bloco económico. No final de 2007, entrámos na fase de uma profunda crise que veio para ficar. No écran deste filme vai aparecer a mensagem: “Pedimos desculpa por esta interrupção. O mercado segue dentro de momentos.” (MRA, Dep. Data Mining, pvc)

Bancos centrais dão as mãos para estancar hemorragia financeira global

quinta-feira, dezembro 13th, 2007

Operação global de salvamento dos bancosOs bancos centrais do planeta iniciaram ontem (quarta-feira) uma tentativa para salvar os bancos comerciais mais afectados pelo entupimento dos circuitos globais do crédito interbancário, evitar uma recessão da economia americana, a quebra da taxa de crescimento da economia mundial e o declínio dos activos em dólares, revelou a agência Reuters.Na maior acção conjugada desde o 11 de Setembro, os bancos emissores dos EUA, União Europeia (UE), Canadá, Inglaterra, Suiça, Japão e Suécia anunciaram o seu envolvimento num plano comum para aumentar a liquidez dos mercados interbancários através de massivas injecções de capital no sistema financeiro global. Desta forma procuram facilitar o acesso ao crédito dos bancos mais afectados pelo descalabro financeiro iniciado com a chamada crise “suprime” que fez implodir a bolha imobiliária norte-americana. A Reserva federal (Fed) dos Estados Unidos anunciou dois leilões de USD 20 mil milhões/bilhões (mm/bi), para a próxima semana. Em Janeiro de 2008 outros se seguirão, mas os montantes envolvidos não foram revelados. Num comunicado à imprensa o Fed esclareceu que “esta medida deverá ajudar a promover uma eficiente disseminação de liquidez quando os inseguros mercados interbancários se encontram sob stress.” O banco emissor americano acordou com os seus homólogos da UE e da Suiça uma mega operação de swaps em dólares, 20 e 4 mm/bi respectivamente, para revalorização do dólar e dos activos sedeados/depositados nas zonas dominadas pela divisa dos EUA. (pvc/ reuters)

Os países do Golfo estudam a revalorização das suas moedas, após a cimeira da OPEP

domingo, novembro 18th, 2007

Petrodólar moribundo. Países do Golfo tentam o milagre…Os países do Golfo Pérsico, liderados pela Arábia Saudita e pelos Emiratos Árabes Unidos, poderão revalorizar as suas divisas, embora mantendo-as ainda ligadas ao dólar, revelou uma fonte anónima familiar com a política monetária saudita, citada pela agência Bloomberg. A apreciação, cujo valor foi mantido confidencial, poderá concretizar-se nas próximas quatro semanas, após os contactos mantidos pelo líderes da OPEP, reunidos no final desta semana, numa cimeira de chefes estado e de governo dos 13 países membros do cartel petrolífero.

A queda do dólar e apreciação do euro, cujos países são os maiores exportadores para os países da região, têm causado pressões inflacionistas difíceis de controlar sem o recurso a políticas monetárias adequadas. As taxas de inflação nos últimos meses, ameaçam a estabilidade monetária na região: Arábia Saudita (+4,9%), EAU (+ 9,3%), Qatar (+14,8%). Jens Nordvig, economista sénior responsável pelos mercados globais da Goldman Sachs Group, em Nova Iorque, em declarações à Bloomberg concordou que “faz sentido que eles [países do Golfo] tomem essa atitude. (…) Face ao crescimento das pressões inflacionistas, têm muito boas razões para decidirem a revalorização das suas divisas.”

Os chefes de estado dos seis países membros do Conselho de cooperação do Golfo reúnem-se, nos próximos dias 3-4 de Dezembro, no Qatar, no âmbito da reunião anual da organização, para abordarem questões relacionadas com a segurança regional e políticas monetárias. “É pouco provável que eles adoptem um sistema flexível”, sublinhou Nordvig que considerou um ajustamento da ordem dos “5-10% como algo que teria algum impacto sem ser excessivamente dramático”.

No dia 9/11, o dólar atingiu a mais baixa cotação da história face ao euro (USD 1.4752). Este valor representou uma queda de 10% desde o início do ano. Por outro lado, nos últimos 10 meses e meio desvalorizou-se crescentemente face a 15 das 16 divisas monitorizadas pela Bloomberg.

O ministro dos Negócios Estrangeiros da Arábia Saudita, Príncipe Saud Al-Faisal opôs-se ao desejo do Irão e da Venezuela de ser incluída uma referência à depreciação do dólar no comunicado final da cimeira, argumentando não querer causar o “colapso” do dólar.

Elevados prejuízos dos bancos gelam ambiente em Wall Street

sexta-feira, novembro 2nd, 2007

Crise americana é sistémica“Hoje foi o dia mais negro dos últimos cinco anos” na Bolsa de Wall Street, escreveu ontem um especialista do Financial Times em mercados de capitais. Os receios dos investidores , cada dia que passa, face às más notícias sobre os balanços das empresas cotadas estão a gelar os mercados e a renovar o ambiente de pânico. Os resultados dos bancos no 3.º trimestre, vieram agravar ainda mais a situação. Más notícias chegam diariamente de todo o mundo.

Bancos: De mal, a pior

Um estendal de prejuízosA notícia de que o Citigroup vai cortar impiedosamente nos seus apetecíveis dividendos, para conseguir mais fundos – cerca de USD 30 mil milhões/bilhões (mm/bi) -para financiar prejuízos ainda não anunciados, mas tidos como certos, despoletaram mais uma crise de confiança na saúde dos títulos bancários: Merrill Lynch (- 5,8 %); Bank of America (- 5,3 %); Countrywide Financial (- 7 %) ; E*Trade Financial (- 7,8 %). E o detonador da instabilidade, o Citigroup? As acções caíram com estrondo tal (- 6,9%) que se tem como quase certo o despedimento do seu CEO, Chuck Prince, logo que seja encontrado um substituto.

Em consequência, os analistas do Credit Suisse e do Morgan Stanley reviram em baixa as recomendações de investimento. Para os seus clientes usaram os rótulos “manter” ou “neutral”. No jargão bolsista, familiar entre os investidores com muita experiência e traquejo, estas palavras, na realidade, são sinónimas de “vender”. E, quanto mais depressa, melhor…

O afundanço na capitalização bolsista dos bancos espelhou-se de imediato nos resultados dos múltiplos índices que reflectem o comportamento macro dos mercados. O S&P 500 caíu 2.6 % (a maior queda desde a implosão da bolha imobiliária, em 9 de Agosto); o Nasdaq Composite (- 2.3 %) enquanto o centenário Dow Jones Industrial Average emagreceu 2.6 %. Outro índice importante, sobretudo em alturas de crise, Russell 2000 (acções de empresas com baixa capitalização bolsista) escorregou significativos 4%. Perante esta depressão generalizada a volatilidade do mercado disparou impressionantes 25%, em apenas um dia, segundo o índice CBOE Vix. Escassas 24 horas após o Fed ter baixado novamente as taxas de juro para animar os mercados, com dinheiro mais barato e novas injecções bilionárias, outra notícia ligou os alarmes.

Hiperinflação? Juros de dois dígitos? Altamente possível!

Dólar no chão, perspectivas sombriasA caminhada do petróleo para um preço-alvo de 100 dólares/barril e as inesperadas notícias da gigante petrolífera ExxonMobil, sobre os seus modestos lucros (- 10%), o pior resultado desde 2004 , colocaram as acções num perigoso plano inclinado (-3,8%). Os investidores menos experientes ficaram atordoados. Então o boom do petróleo não dá gordos lucros às petrolíferas? A verdade é que, de facto, pode não dar. E tem lógica. Se a subida astronómica do petróleo continuar, como tudo indica, o efeito dominó desaba sobre a economia real e a crise revela-se sistémica: mais inflação, juros mais altos, menos consumo, menos investimentos, e, finalmente, o dólar transformado em submarino, perdido algures nas profundezas do oceano financeiro. A combinação destes factores, no espaço e no tempo, é sinónimo de uma amarga realidade: recessão.

Quão grave? Durante quanto tempo? Ninguém sabe. Os moderadamente optimistas acreditam que, talvez, em 2009 as coisas possam começar a melhorar. Os mais pessimistas estimam que, face à descontrolada injecção de papel moeda, sem cobertura de activos líquidos, como abundantes reservas de ouro, o sistema financeiro americano vai trautear durante uns longos anos (5, 7, 10?) uma canção de má memória, para qualquer banqueiro que se preze – “Don’t cry for me Argentina”. O que o mesmo é dizer hiper inflação, juros incomportáveis, consumidores e empresários desconfiados e deprimidos, fugas de capital para refúgios mais seguros, etc.

Se os analistas que sustentam que a bolsa americana “oculta outra bolha especulativa”, que faz com que a generalidade dos preços das acções esteja sobreavaliada (cerca de + 250%), através da cosmética financeira, contabilidade criativa, prejuízos ocultos, enormes dívidas não contabilizadas (aos fundos de pensões corporativos) – então as comparações com o colapso bolsista de 1929, não são um sinal de pessimismo. Menos ainda de alarmismo. São apenas a conjugação de bom senso com boa memória. Ou, se preferirem, o reflexo de um “optimismo experiente”.

Wall Street abana, a Broadway estremece

Pela 12.ª semana consecutiva o mercado ABCP – papel comercial garantido por activos – voltou a encolher. Sinal de que o financiamento de curto prazo das empresas está sob stress e que a falta de liquidez continua a ser um dos graves problemas do sistema financeiro, apesar das generosas ajudas do Fed. As acções de muitas empresas financeiras cotadas estão sob pressão. O índice financeiro S&P caiu 4,6%. Esta foi a maior queda desde Setembro de 2002. O índice que acompanha o segmento da banca de investimento ainda caiu mais (4,8%). As empresas especializadas em seguros de crédito deram um trambolhão de 4,6%, com a Radian, seguradora hipotecária, a desvalorizar-se 13,6%, após anunciar pesados prejuízos. O seu concorrente directo MGIC Investment caíu 11,6%, enquanto as seguradoras de obrigações municipais Ambac Financial e MBIA viram as suas cotações encolherem 19,7% e 11,6% respectivamente.

O aperto financeiro atinge a economia realO contágio atingiu o sector da construção civil com a Dr. Horton a encaixar perdas de 4,1% e a Centex Homes, 5,6%. Infectou operadoras de telefonia celular como a Sprint Nextel, a n.º 3 nos EUA, cujos lucros emagreceram 77% no último trimestre e as acções baixaram 3%. Mesmo a CVS Caremark, a maior cadeia farmacêutica do país, apesar de ter registado gordos lucros no trimestre – quase 690 milhões de dólares acima das previsões dos analistas – viu as suas acções desvalorizarem-se 1,5%.

Ou seja, nem mesmo algumas boas notícias resistem ao pânico dos investidores. A tendência é desinvestir, fugir para aplicações mais seguras. Recorde-se que o ouro já ultrapassou a barreira dos USD 800/onça. Nada é mais revelador de um clima recessivo do que estas reacções em cadeia. Quando o medo se transforma em pânico, a recessão entra em cena e fica no palco por longo tempo. Quanto? Desta vez, como nos teatros da Broadway, a uns quantos quarteirões de Wall Street, os musicais e dramas (tragédias e comédias) prometem estar em cena, alguns anos. O problema é saber se vai haver dinheiro suficiente para os espectadores comprarem bilhetes…

Pedro Varanda de Castro

MRA – Departamento de Data Mining

Consultor

China não cede a pressões cambiais do Ocidente, que liquidariam reformas internas

domingo, outubro 21st, 2007

Muitos Yuan, Poucos DólaresAs autoridades monetárias chinesas desiludiram os seus interlocutores na reunião dos ministros da Finanças do G7, que terminou hoje, em Washington, quanto a uma eventual, e rápida, apreciação do yuan face ao persistente declínio do dólar.

Os vários representantes de Pequim explicaram que as reformas em curso no sistema monetário chinês demorarão entre 6 a 7 anos, sendo mais importantes para a China, do que ceder a pressões externas para a liberalização dos mecanismos que regulam a paridade da moeda.

Wu XiaolinEsta posição foi expressa pela vice-governadora do Banco do Povo da China (PBoC, em inglês) Wu Xiaolin, chefe da delegação chinesa à conferência anual do Banco Mundial (BM) e do Fundo Monetário Internacional (FMI).

O membro do Conselho de Política Monetária do banco central chinês, Fan Gang, por seu turno, foi igualmente claro: “A China não pode sacrificar a política económica global para satisfazer políticas cambiais externas. (…) As reformas cambiais são uma parte de reformas políticas de longo prazo na China que podem demorar seis a sete anos para serem completamente realizadas.” Os delegados chineses reconheceram que a posição cautelosa e insubmissa de Pequim aos desejos dos seus colegas ocidentais, podem despoletar acções proteccionistas contra a China, mas recusaram-se fornecer datas relativamente às eventuais mudanças de política do banco central. Num discurso proferido no Peterson Institute for International Economics, em Washignton, a senhora Wu negou que a China seja um “manipulador” das taxas de câmbio e classificou de “responsável” a forma como Pequim tem tratado a questão a nível global.

Fan Gang“Nós admitimos os perigos de proteccionismo contra a China. Mas os políticos de outras nações não devem negligenciar os efeitos opostos. O proteccionismo não beneficia ninguém. Porém, eu acredito que todos evitarão tais caminhos”, enfatizou Fan.

Quanto ao gigantesco superávit da balança de transacções correntes (430 mil milhões/bilhões em 2007, equivalente a 50% do défice comercial dos EUA) a senhora Wu apaziguou moderadamente os ânimos dos seus colegas ocidentais. “Precisamos de reestruturar a economia para baixar o superávit” concordou, afirmando que já existe um “consenso” sobre a necessidade e o tipo de reformas a executar. “O processo de reestruturação já foi acelerado”, frisou, assegurando que “faremos o nosso melhor para, no futuro, baixarmos os execedentes.”

Domínio avassalorNão se coibiu todavia de, citando os exemplos do Japão e da Alemanha, manifestar dúvidas quanto à eficácia da política cambial no restabelecimento do equilíbrio no défice das contas correntes. Neste particular, a sua tese foi corroborada pelo professor chinês de economia na Columbia University, Shang-Jin Wei, quando afirmou “não existirem provas de que as taxas de câmbio tenham influência nas contas correntes.” A senhora Wu, por outro lado explicou que a China retiraria melhores e maiores vantagens se aplicasse os excedentes de resrvas cambiais em investimentos na China do que em activos estrangeiros. (pvc)

Banca portuguesa restringe concessão de crédito no quarto trimestre

sexta-feira, outubro 19th, 2007

Banco de PortugalO Banco de Portugal revelou hoje que, de acordo com o inquérito sobre o mercado de crédito, de final de Setembro de 2007, junto de cinco grupos bancários portugueses , estes vão tornar mais restritivos os critérios de aprovação de empréstimos a empresas e particulares no último trimestre do ano. Os Indicadores de Conjuntura de Setembro hoje divulgados pelo Banco de Portugal (BdP), indicam uma diminuição da procura de empréstimos, no terceiro trimestre, por parte de empresas e de particulares para aquisição de habitação.

Os factores apontados pelos bancos como indutores da maior restritividade dos critérios foram o aumento do custo de financiamento, maiores restrições de balanço dos bancos e a deterioração dos riscos percebidos. Os empréstimos concedidos a instituições financeiras não monetárias aceleraram. A taxa de variação anual passou de 12,5 para 15%. Registou-se no período em análise um situação de estabilidade no crescimento dos empréstimos a particulares para aquisição de habitação (em 8,9%) com uma tendência de aceleração (+ 0,6%) dos empréstimos a particulares para consumo e outros fins (a taxa de variação anual passsou de 9,3 para 9,9%).

Contração do crédito no Canadá aumenta custo dos empréstimos

quinta-feira, outubro 18th, 2007

Banco do CanadáO crédito está mais caro e menos disponível no mercado canadiano, informou hoje o Bank of Canada, segundo o canal televisivo CBCNews. No relatório semestral o BOC, a despeito de considerar ser ainda cedo para avaliar fiavelmente a situação real, refere ser “evidente que o custo dos “empréstimos no mercado ou nos bancos aumentou, e o acesso ao crédito é mais apertado.”

Entre os segmentos onde mais diminiu o apetite dos investidores pelo risco, o banco central canadiano destacou o do “papel comercial” (desconto de dívidas de curto prazo). Problemas de refinanciamento e fuga para investimentos mais seguros, como obrigações do Tesouro, foram as tendências verificadas. Por esta razão, ao Banco do Canadá reconheceu que existe agora mais procura das empresas por empréstimos bancários convencionais, ainda que com taxas mais altas. A concessão de crédito assenta agora em critários mais rigorosos e restritivos, conclui o banco emissor do Canadá.

Fed injectou hoje mais 28 250 milhões de dólares no mercado interbancário

quinta-feira, outubro 18th, 2007

As injecções de dólares pelo Fed, no overnight, prosseguem a um ritmo preocupanteA Reserva Federal (Fed) norte-americana injectou 28.250 milhões de dólares no sistema financeiro esta quinta-feira, elevando o abastecimento de recursos, apenas nesta semana, para um total de 55,75 mil milhões/bilhões de dólares. O responsável pela política monetária dos Estados Unidos prossegue, ao que parece sem grande sucesso, o continuado esforço para garantir liquidez aos bancos. Estes dão mostras de não possuírem fundos suficientes para colmatar as brechas abertas pela crise hipotecária de alto risco (subprime) e pela violenta contração do mercado de papel comercial.