O medicamento «Talidomida» que nos anos 60 provocou dezenas de milhares de malformações em recém-nascidos , voltou este ano a ser comercializado com um novo nome «Talomida» após ter sido banido do mercado pelas autoridades sanitárias europeias, em 1962. A rebaptizada droga é agora apresentada nos Estados Unidos e na Europa como um «poderoso tratamento contra o cancro». O último número do Jornal Americano de Oncologia Clínica dá conta dos resultados dos testes terapêuticos efectuados em doentes com Carcinoma Celular Renal Metastático (MRCC), um tipo de tumor maligno (mieloma) que afecta o sangue. A Agência Europeia do Medicamento, em Abril deu luz verde à comercialização para tratamento daquela patologia. O chefe da equipa de investigação da Clínica Mayo, Minnesota, EUA, em declarações à imprensa especializada informou que “dos 16 doentes envolvidos no teste, apenas dois registaram um agravamento progressivo do mieloma.” A organização britânica Thalidomide UK denunciou entretanto que desde a reemergência do fármaco para o tratamento da lepra no Brasil, em 1985, nasceram «800 crianças» com malformações. Não foram detectados casos nem nos EUA nem na Europa. A organização manifestou-se preocupada com a biodisponilidade e a bioequivalência da substância activa. “Problemático e preocupante é a circunstância de alguns hospitais na Europa se terem abastecido do fármaco no Brasil, por ser mais barato” , afirmou Freddie Astbury, fundador e presidente da organização. “Eu nunca afirmei que não poderá nascer outro ‘bébé talidomida’ na Europa, mas penso que as actuais regras reflectem as melhores práticas que poderíamos ter conseguido”, concluiu. A empresa americana Celgene será a única detentora da licença de comercialização na Europa e a ela caberá responsabilidade pela boa aplicação das regras de utilização do medicamento.
MRA Dep. Data Mining