Archive for the ‘Paquistão’ Category

Paquistão decide pesada retaliação contra a NATO

sexta-feira, outubro 1st, 2010

Soldados da NATO atrevessam fronteira de Torkham entre Paquistão e AfeganistãoO Governo paquistanês proibiu a NATO de utilizar a fronteira de Torkham, por onde passava até agora, em direcção ao Afeganistão, grande parte dos abastecimentos da coligação ocupante no país vizinho. A proibição foi decidida na sequência de um incidente em que dois helicópteros da NATO mataram três soldados paquistaneses.

O Governo de Islamabad responsabilizara a NATO pela violação da soberania do país e pelo tiroteio que custou a vida a soldados paquistaneses – dois segundo a agência France Press, três segundo a Al Jazeera. Um posto fronteiriço do lado paquistanês terá sido alvejado hoje por dois helicópteros da NATO, causando as baixas mortais referidas e ferindo mais três soldados paquistaneses.

O incidente, segundo fonte paquistanesa citada pela France Press, foi o quarto numa semana. O Governo de Islamabad protestara na segunda feira contra duas destas violações do seu espaço aéreo cometidas no final da semana passada. A ISAF, força da NATO que ocupa o Afeganistão, reconhecera o fundamento da queixa, justificando-se embora com um direito de perseguição a combatentes taliban, dos quais teria matado 30.

MRA Alliance/RTP

Índia e Paquistão em estado de pré-guerra após carnificina de Bombaim, dizem israelitas

segunda-feira, dezembro 1st, 2008

Atentado - BombaimA edição electrónica do periódico israelita DEBKAfile, próximo dos serviços secretos judaicos, informou que “as duas potências nucleares da Ásia, Índia e Paquistão, deram hoje [domingo] os primeiros passos para uma guerra convencional”, após os atentados de Bombaim, na semana passada, que vitimaram quase 200 pessoas e feriram cerca de trezentas.

Citando “fontes militares”, o jornal acrescenta que o governo indiano, convencido das provas de envolvimento paquistanês, resolveu “colocar unidades aéreas e mísseis em estado de prontidão militar.” Por seu turno, acrescenta, Islamabad, que repudiou as acusações, também “deslocou tropas das fronteiras com o Afeganistão para territórios fronteiriços com a Índia.”

“Especialistas militares receiam que a escalada do conflito possa evoluir para uma confrontação com armas nucleares tácticas”, escreve o DEBKAfile.

Segundo as fontes do periódico hebraico, o governo indiano baseia as suas suspeitas sobre o envolvimento paquistanês em declarações do “único terrorista” preso – Azam Amir Kasab, com 21 anos de idade – segundo as quais a acção terá sido desencadeada pelo grupo extremista islâmico paquistanês Lashkar e-Taiba (L-e-T).

“O grupo de Caxemira tem ligações à al Qaeda e aos serviços secretos paquistaneses [Inter-Services Intelligence]”, acrescenta.

“Desde o início, na quarta-feira, 26 de Novembro – sublinha o DEBKAfile – a escala, coordenação e precisão do ataque denunciou claramente o envolvimento de uma grande agência nacional de espionagem. As provas aumentaram quando se soube que os comandos chegaram a Bombaim, de barco, a partir de Caxemira.”

MRA Dep. Data Mining

Bancarrota ameaça as finanças do Paquistão

domingo, setembro 28th, 2008

As actuais reservas monetárias do Paquistão – USD 3 mil milhões/bilhões (mm/bi) – só chegam para comprar bens essenciais até ao fim do ano e o país corre o risco de não ter fundos para pagar os juros da dívida externa, informou hoje a cadeia árabe de televisão Al Jazeera. O país gasta mensalmente USD 1 mm/bi na aquisição de bens essenciais. A estação televisiva transmitiu uma reportagem de Islamabade dando conta do aumento das tensões sociais, face à duplicação dos preços dos bens alimentares e energéticos. A escalada da violência política e dos atentados bombistas ajudam a complicar uma situação já de si política e socialmente explosiva. Saquib Sherani, conselheiro económico do primeiro-ministro, Yusuf Reza Gilani, informou que o Paquistão precisa urgentemente de USD 7 mm/bi para saldar os seus compromissos de curto prazo. “É muito dinheiro e nós precisamos dele com urgência. (…) As reservas só chegam para pagar as importações durante um mês”, disse Sherani ao canal de televisão. O conselheiro paquistanês informou que, desde Junho, Islamabade tem tentado obter mais fundos dos países doadores mas, até agora, sem sucesso. O papel estratégico do Paquistão na “Guerra contra o Terror”, segundo Sherani, exige o apoio político e financeiro da comunidade internacional. “Se a situação continuar e o Paquistão não conseguir resolver os problemas, isso constituirá uma grande, grande vitória para aqueles que querem desestabilizar o país.” Os ministros dos Negócios Estrangeiros da Grã-Bretanha, França, Alemanha, Estados Unidos (EUA), China, Emiratos Árabes Unidos (EAU), Canadá, Turquia, Austrália e Itália, juntamente com a União Europeia e a ONU, concordaram na sexta-feira “desenvolver uma abordagem coordenada e exequível” para solucionar as questões relacionadas com a “segurança, desenvolvimento e necessidades políticas na fronteira” mas não prometeram ajuda financeira. Uma nova reunião foi marcada para Outubro, em Abu Dhabi, capital dos EAU.

Paquistão: Viúvo de Bhutto sobe ao poder num dia sangrento

sábado, setembro 6th, 2008

ZardariO viúvo da ex-primeira ministra Benazir Bhutto, assassinada em Dezembro de 2007, Asif Ali Zardari, é o novo presidente do Paquistão, noticiou a BBC. O responsável do Partido do Povo Paquistanês, conquistou 458 dos 702 colégios eleitorais, de acordo com os resultados parciais da comissão eleitoral. Zardari sucede ao presidente Pervez Musharraf, que se demitiu no mês passado. As eleições de hoje ficam marcadas, mais uma vez, pela violência política. Um carro bomba embateu numa esquadra policial matando uma dezena de pessoas e ferindo cerca de 40. Até ao momento, o atentado não foi reivindicado. No último ano, a maioria dos atentados bombistas no Paquistão foi imputada pelas autoridades a apoiantes da Al Qaeda. MRA Dep. Data Mining

Paquistão: Presidente Musharraf renunciou ao cargo

segunda-feira, agosto 18th, 2008

Pervez MusharrafO presidente paquistanês Pervez Musharraf anunciou esta manhã, num discurso televisionado, que resigna ao cargo. Hoje o parlamento do Paquistão deveria iniciar os debates sobre a proposta de impugnação formulada pelo governo. A coligação governamental paquistanesa acusa Musharraf de abuso de poder e de ter violado a constituição, em Novembro passado, quando declarou o estado de emergência e afastou dos seus cargos mais de 60 juízes. MRA/Agências

Paquistão. Presidente Musharraf desafia impugnação parlamentar

segunda-feira, agosto 18th, 2008

Pervez MusharrafO presidente paquistanês Pervez Musharraf deu a conhecer através dos seus assessores que pretende conhecer as acusações formais do governo, no âmbito do processo de impugnação ao cargo, antes de tomar uma decisão sobre a sua especulada demissão. O ex-general é tido pelos militares como um lutador por instinto que dificilmente aceitará a desonra de terminar a carreira devido à iniciativa de políticos que sempre desprezou. Até agora foram inconclusivas as negociações com a coligação governamental para o presidente obter a imunidade que o impeça de ser julgado em tribunal por alegadas práticas de abuso de poder. Os governantes receiam que Musharraf não se demita após a concessão formal da imunidade. A coligação é composta pelos dois maiores partidos políticos do Paquistão – Partido Popular do Paquistão (PPP) e Liga Muçulmana do Paquistão (PML-N) liderada respectivamente por Asif Ali Zardari, ex-marido da assassinada primeira-ministra Benazir Bhutto, e por Nawaz Sharif que lidera a iniciativa de impugnação. Sharif foi afastado do cargo de primeiro-ministro, em 1999, na sequência de um golpe militar chefiado por Musharraf. O parlamento analisará a proposta de impugnação esta semana. Devido ao impasse alguns analistas começam a admitir a possibilidade de uma intervenção do general Ashfaq Parvez Kayani, que sucedeu a Musharraf na chefia do Estado-Maior do Exército. Sobre a possibilidade de os EUA concederem asilo político ao presidente do Paquistão, numa entrevista à cadeia de televisão FoxNews, a secretária de Estado Condoleezza Rice, por enquanto, foi peremptória: “Esse assunto não está em cima da mesa.” Musharraf sempre negou o desejo de se exilar devido ao afastamento forçado do cargo. MRA Dep. Data Mining

Al-Qaeda ameaça Musharraf e acusa-o de ser o “maior inimigo do islão”

sábado, agosto 16th, 2008

al-ZawahiriAyman al-Zawahiri, o número dois da al-Qaeda atacou o presidente paquistanês Pervez Musharraf numa mensagem áudio em inglês distribuída pela Internet. Pervez [Musharraf] revelou-se um dos maiores inimigos do islão, se é que não é o maior”, afirmou na mensagem cuja autenticidade aguarda confirmação. O exército paquistanês defende os muçulmanos, é uma agência de serviços secretos ou é um bando de mercenários que mata muçulmanos para agradar aos seus patrões, os novos cruzados da casa Branca?”, interrogou-se Al-Zawahiri quando comentou a cooperação entre os Estados Unidos e o Paquistão na guerra contra os talibãs. MRA/Agências

Paquistão: Presidente Musharraf vai demitir-se, dizem assessores

sexta-feira, agosto 15th, 2008

O Presidente do Paquistão Pervez Musharraf vai renunciar ao cargo, noticiou o jornal Finantial Times, adiantando que o chefe de Estado paquistanês tomará a decisão antecipando-se à provável impugnação a aprovar pelo parlamento, na próxima semana. O jornal cita fontes próximas do presidente e do governo. Acusado de abuso de poder, Musharraf tem sido pressionado a retirar-se, com a salvaguarda de que não será formalmente julgado em tribunal. O presidente paquistanês, que chegou ao poder em 1999 após um golpe militar, está isolado desde que os partidos seus aliados perderam as eleições de Fevereiro e as chefias militares adoptaram uma postura de “absoluta neutralidade” face ao conflito Musharraf-Governo. Quatro parlamentos provinciais apoiam o processo de impugnação presidencial. MRA Dep. Data Mining

Paquistão: Presidente Musharaf vai enfrentar processo de impugnação

quinta-feira, agosto 7th, 2008

Pervez MusharrafO co-presidente do maior partido paquistanês – Partido Popular do Paquistão/ PPPAsif Zardari, informou hoje em Islamabade, durante uma conferência de imprensa, que a coligação governamental decidiu iniciar o processo para impugnar o presidente Pervez Musharraf. A decisão promete agravar as tensões entre os militares, o governo e a sociedade civil. O presidente Musharraf dispõe da prerrogativa presidencial para dissolver o parlamento e convocar novas eleições ou nomear um governo da sua confiança. Um comentador da BCC reconheceu a possibilidade mas relevou que, politicamente, tal decisão equivale a uma “opção nuclear”. MRA/Dawn

Ex-Embaixadora americana contra operações dos EUA no Paquistão

terça-feira, janeiro 15th, 2008

Embaixadora Wendy ChamberlinA Embaixadora dos EUA no Paquistão (2001-2002, Wendy Chamberlin, em entrevista à cadeia global de televisão Fox News, informou que o Presidente paquistanês Pervez Musharraf nunca aprovou operações militares unilaterais norte-americanas em solo paquistanês, antes preferindo “esforços coordenados” a nível bilateral.
Chamberlin afirmou à cadeia televisiva globalista pró-americana que Musharraf, após ter aderido à coligação militar internacional criada após os ataques terroristas de 11 de Setembro, impôs como condição prévia a inibição de acções militares unilaterais das tropas ianques dentro das fronteiras do Paquistão. As declarações da antiga Embaixadora, agora presidente do Middle East Institute, um centro de estudos (think tank) com sede em Washington, foram interpretadas pelos media paquistaneses como um apoio claro à intransigente oposição do Presidente paquistanês a acções unilaterais contra quaisquer terroristas infiltrados clandestinamente no Paquistão. (pvc)

Chamberlin negou que a posição de Musharraf prejudique os esforços de espionagem dos EUA acerca dos esconderijos de líderes da al Qaeda e a possibilidade de serem presos, elogiando o sucesso das acções de contraterrorismo do Paquistão durante os últimos anos. (pvc)

Musharraf e Ahmadinejad vão assinar acordo energético este mês

terça-feira, janeiro 15th, 2008

Gasoduto IPIOs presidentes do Paquistão e do Irão Pervez Musharraf e Mahmud Ahmadinejad deverão assinar, em 25 de Janeiro, no Abu Dhabi um Acordo de Compra e Venda de Gás (Gas Sales Purchase Agreement/ GSPA) através do gasoduto Índia-Paquistão-Irão (IPI) noticia hoje o diário paquistanês Daily Times, citando fontes oficiais. O projecto GSPA será assinado ao mais alto nível dos dois governos, incluindo a Comissão Económica do Executivo (ECC) do Paquistão, com as empresas Sui Northern Gas Pipelines Limited (SNGPL) and Sui Sourthern Gas Company Limited (SSGC), estabelecendo a revenda de gás importado nos termos dos protocolos comerciais iranianos definidos pelo GSPA. A empresa paquistanesa ISGC – Inter State Gas Company – fará um pedido formal ao Irão para alocar mais 1.05 Bcfd (Billion cubic feet per day/mil milhões de pés cúbicos por dia) caso a Índia aprove o projecto. O fornecimento de gás iraniano ao Paquistão será de 8 (oito) dólares por MMBTU (milhões de unidades termais britânicas) ao preço corrente do preço do petróleo bruto (crude) – cerca de USD 100,00/Barril) de acordo com o índice Japanese Crude Cocktail (JCC) -o modelo de mecanismo de preços acordado pelos dois países. O governo de Islamabade calcula que os preços contratuais para o gás são cerca de 40% inferiores aos custos do óleo de aquecimento. (pvc)

Musharraf rejeita investigação da ONU sobre assassínio de Bhutto

sábado, janeiro 12th, 2008

Pervez MusharrafO presidente do Paquistão, Pervez Musharraf, recusou firmemente uma investigação das Nações Unidas sobre o assassínio da líder de oposição, Benazir Bhutto, em entrevista ao jornal francês Le Figaro. Defendendo que o seu país “não é o Líbano”, onde a ONU investigou o assassinato do ex-primeiro-ministro, Rafiq Hariri (2005), o chefe de Estado frisou que o Paquistão tem instituições próprias e conta com a cooperação da polícia criminal inglesa Scotland Yard. Disse ainda ser sua convicção de que os resultados do inquérito policial possam ser conhecidos publicamente antes das eleições gerais, marcadas para 18 de Fevereiro. Recorde-se que Bilawal Bhutto Zardari, filho e sucessor de Benazir Bhutto à frente do PPP – Partido Popular do Paquistão – pediu repetidamente uma investigação da ONU, alegando que sua família e o Partido do Povo Paquistanês desconfiam que a investigação do governo sobre a morte de sua mãe seja uma farsa sem transparência nem controlo independente. (pvc)

Governo do Paquistão não quer tropa dos EUA no país

segunda-feira, janeiro 7th, 2008

Manifestação anti-americana no PsquistãoUm representante do governo do Paquistão disse à BBC ontem à noite que Islamabade não irá permitir que a CIA e o exército dos Estados Unidos procurem membros da Al-Qaeda e simpatizantes Taliban no país. O jornal norte-americano The New York Times, noticiou ontem que, numa reunião realizada na sexta-feira, os líderes americanos discutiram a possibilidade de serem ampliadas as operações militares e dos serviços secretos em regiões tribais, na fronteira entre o Paquistão e o Afeganistão. Aquelas regiões, disse um analista da BBC “têm sido palco de um número crescente de episódios de violência nos últimos seis meses, o que tem levado a frequentes escaramuças entre os mudjahedin e tropas do Paquistão.”

Segundo NYT, na reunião – que contou com a presença do presidente George W. Bush, do vice-presidente Dick Cheney, e da Secretária de Estado, Condoleezza Rice – foi sugerido que o risco dos radicais islâmicos desafiarem o governo paquistanês é muito sério. Por isso, foi defendida a tese de que o presidente paquistanês Pervez Musharraf deveria considerar a possibilidade de permitir acções das forças estadunidenses no país.

“O governo americano sabe (…) que não permitiremos que nenhum país do mundo realize tais operações em território paquistanês”, disse o porta-voz do Ministério do Exterior do Paquistão Muhammad Sadiq, citado pela emissora britânica. O porta-voz sublinhou que Islamabade tem “a capacidade e a determinação” para combater os jihadistas através dos meios adequados. O NYT informou que na reunião da Casa Branca foi avaliada a estratégia de Washington no Paquistão face ao assassínio da ex-primeira-ministra paquistanesa, Benazir Bhutto, que desejava concorrer às eleições, inicialmente marcadas para amanhã, dia 8. Todavia face à situação interna de grande tensão política entre os militares e o governo Musharraf, por um lado, e os partidos políticos que querem a rápida democratização do país, por outro, o sufrágio foi adiado para o dia 18 de Fevereiro. Fonte: BBC

Musharraf é a fonte do terrorismo no Paquistão, diz Sharif

sábado, janeiro 5th, 2008

Bhutto, Sharif, MusharrafO ex-primeiro-ministro e líder oposicionista paquistanês Nawaz Sharif afirmou hoje que a fonte do terrorismo no seu país é o chefe da ditadura militar, ex-general Pervez Musharraf e exigiu mais uma vez sua renúncia. Em entrevista publicada neste sábado pelo jornal francês “Le Figaro”, o líder do PLM-N, segundo maior partido do país, disse que o “terrorismo” protagonizado por Musharraf afecta o Supremo Tribunal, o Parlamento e os media. Ele criticou o adiamento das eleições legislativas (de 8 de Janeiro para 18 de Fevereiro) na sequência do assassinato da sua rival e ex-líder do PPP (Partido Popular do Paquistão), Benazir Bhutto, em 27 de Dezembro. Sharif decidiu participar nas eleições, após ter fracassado na sua tentativa de convencer os outros partidos a boicotar a ida às urnas. Sharif propôs a formação de um governo de união nacional para supervisionar a contagem dos votos. Igualmente lamentou o apoio que Musharraf recebe do presidente dos Estados Unidos, George W. Bush. Se ganhar as eleições o líder oposicionista prometeu que irá rever as relações com Washington para avaliar se são “benéficas” para o Paquistão. (pvc/agências)

Assassínio de Benazir Bhutto: Algumas reacções e uma intrigante premonição

sexta-feira, dezembro 28th, 2007

Premonição da Guerra Civil, 1936, Salvador DaliEx-agentes da CIA, membros de influentes lóbis dos Estados Unidos, editoralistas e académicos prevêm que, com o assassínio de Benazir Bhutto, “os Estados Unidos terão que repensar a estratégia de influenciar o processo democrático no Paquistão. (…) Um dos especialistas considerou mesmo que 27/12/2007 foi “um dia mau para os Estados Unidos” prevendo consequências negativas para a administração Bush/Cheney, no futuro próximo, pela forma como geriu as suas relações com a pró-americana ditadura militar paquistanesa .

Porém, no mínimo, é perturbante o artigo escrito pelo editorialista de um influente diário israelita. Não pelo conteúdo, mas pela data. Mais…

(pvc)

Negroponte foi ao Paquistão negociar com possível sucessor de Musharraf?

quarta-feira, novembro 21st, 2007

Ashfaq KiyaniO secretário adjunto de estado dos Estados Unidos John Negroponte deslocou-se a Islamabade no passado fim-de-semana e manteve três discretas reuniões, incluindo um jantar, com o vice-chefe do Estado Maior do Exército paquistanês, General Ashfaq Kiyani. Estranhamente encontrou-se apenas uma vez, durante duas horas, com o líder militar e Presidente do Paquistão, General Pervez Musharraf, noticia hoje o Washington Post. “A atenção concedida a Kiyani alimentou rumores [em Islamabade] de que em breve ele será designado o sucessor de Musharraf como líder do exército e, nessa qualidade, será um aliado vital da Administração Bush nesta fase de crise”, especula o habitualmente bem informado Post.

Washington pressiona e defende os seus interesses

“Use a sua influência. O senhor pode ajudar a salvar o Paquistão”, terá dito Negroponte a Kiyani, segundo um diplomata ocidental, citado pelo diário estadunidense, que solicitou o anonimato. “Não era precisso um tal encontro”, comentou a líder oposicionista Benazir Bhutto, justificando que Kiyani “é um militar de extrema fidelidade ao presidente, pelo que só fará o que ele mandar”.

Diplomatas em Islamabade asseguram igualmente que Negroponte pressionou Musharraf a pôr fim ao estado de emergência e a libertar os presos políticos que, nas últimas semanas, inundam as prisões paquistanesas, bem como a chegar a um entendimento com Bhutto, líder do Partido do Povo Paquistanês.

A cartada nuclear de Musharraf

O presidente paquistanês insistiu que não cede no estado de emergência, para evitar que o armamento nuclear do país caia em mãos perigosas. Musharraf justificou o estado de emergência “não pelas questões que a Oposição aponta, mas devido à insegurança no país, nomeadamente aos ataques dos rebeldes pró-taliban junto ao Afeganistão. (…) “O estado de emergência serve para reforçar o cumprimento da lei na luta contra a militância islâmica e o extremismo”, disse. Butho, em contrapartida, sustenta que o presidente “cola à questão política interna a situação do armamento nuclear, dizendo que o mesmo só estará seguro enquanto os militares permanecerem no comando” e para evitar eleições livres. O general contra-atacou dizendo que a realização de eleições num clima “tumultuoso” seriam “a forma mais rápida para colocar o arsenal nuclear nas mãos erradas e, dessa forma, pôr em perigo a estabilidade regional, mas não só esta”. Musharraf disse a Negroponte que o estado de emergência (decretado no passado dia 3, em que suspendeu a Constituição, demitiu juízes da Supremo Tribunal e prendeu opositores) nada tem a ver com as eleições porque “Bhutto nem tem hipóteses de as vencer e sabe que terá um estrondoso desaire nas urnas”.

Confrontos entre xiítas e sunitas

A situação político-militar no país indoasiático agudiza-se diariamente e está cada vez mais confusa. As autoridades, ao abrigo do estado de emergência, prenderam mais de 5000 pessoas, muitas delas advogados/ juristas. Duas mil continuarão detidas, segundo o ministério do Interior, enquanto os outros três mil terão sido libertadas. Em Carachi a polícia prendeu 150 jornalistas na sequência de manifestações e vários incidentes na via pública violentamente reprimidos pelas forças policiais. Por outro lado, reacenderam-se os confrontos tribais. Dezenas de pessoas morreram nos últimos dias como resultado da violência sectária entre xiitas e sunitas das áreas tribais a oeste do Paquistão. Embora o balanço oficial seja de 25 mortos confirmados na zona, próxima do Afeganistão, outras fontes afirmaram que havia mais de 45 mortos. As autoridades declararam o recolher obrigatório em Parachinar, a principal cidade de Kurram, onde as duas facções quebraram uma trégua que já durava há sete meses. Apesar da forte presença do Exército, os confrontos continuam. Na frente norte, a ofensiva militar continua com artilharia e helicópteros. Os combates, que já fizeram mais de 100 mortos, aconteceram nas áreas que se encontram sob o controlo dos fundamentalistas pró-taliban, no vale de Swat.

Americanos têm a faca na mão. Será que têm o queijo?

Antes de o clima interno se ter agudizado, na última semana, Musharraf já garantira que abandonará o seu cargo no exército sem contudo precisar uma data. Musharraf voou ontem para a Arábia Saudita, onde se terá encontrado com Nawaz Sharif o primeiro-ministro derrubado num golpe de estado militar, em 1999. Caso se confirme que Kiyani o sucede no comando dos 600 mil efectivos do exército paquistanês será catapultado para o restrito clube da elite paquistanesa fiel a Washington. Ninguém sabe qual o papel que Kiyani poderá desempenhar. Altas patentes militares opõe-se a um golpe de estado. Todavia, a sua influência sobre Musharraf parece importante.

Talat Masood, um general paquistanês na reserva, que agora é analista político, interrogado sobre os planos do desconhecido n.º 2 de Musharraf, afastou a hipótese de ele protagonizar o derrube do actual presidente e seu superior hierárquico. “Ele não vai arriscar a sua carreira, sobretudo quando o tempo joga a seu favor”, disse.

Pervez Musharraf, ironicamente, perdeu o apoio de muitos dos seus compatriotas, e pôs em causa a elevada respeitabilidade e popularidade interna do exército, pelo incondicional alinhamento com a estratégia de Bush no âmbito da “Guerra contra o Terror” e na cruzada contra o que classificou de “islamofascismo”.

O ataque militar paquistanês a uma mesquita em Islamabade, onde alegadamente se encontrariam militantes pró-Taliban e pró-al Qaeda, foi a gota de água que fez transbordar o copo da tolerância popular relativamente ao seu pró-americano presidente. Desde então, Musharraf, tenta desesperadamente manter-se no poder. Inexoravelmente, se, como tudo indica, está a ser descartado pela Casa Branca, a sua queda é apenas uma questão de semanas. (pvc)