Archive for the ‘ouro’ Category

Ouro bate máximos históricos e continua a atrair investidores

domingo, agosto 28th, 2011

Desde a crise financeira global, inic iada em meados de 2007, o ouro já escalou, por ano, 29%, e ontem voltou a bater um novo máximo histórico, ao ser negociado em Londres nos 1.894 dólares.

Há duas semanas, a negociação de contratos de futuros sobre a onça de ouro contabilizou um volume superior a 1,3 biliões de dólares, o valor mais elevado de sempre. Isto significa que alguns dos recordes alcançados foram consolidados com posições fortes dos investidores, colocando assim um entrave a futuras correcções.

“Ao investir em ouro, espera-se apenas que alguém, dentro de um ou cinco anos, esteja disposto a pagar mais do que nós pagámos no passado por algo que não faz nada. Estamos a apostar no medo que as pessoas vão ter dentro de alguns anos”, explicou Warren Buffett aos accionistas da sua Berkshire Hathaway, em Abril, no decorrer do aclamado “Woodstock do Capitalismo”, em Omaha, EUA.

O ouro é assim utilizado como um activo de refúgio contra crises. E a verdade é que a incerteza em redor do rumo da economia mundial aliada a níveis de baixas taxas de juro continua a catalogar o metal precioso como um investimento cada vez mais brilhante e atractivo para os cofres dos investidores.

Luís Correia Tavares, analista da WorldSpreads, lembra que “o ouro é um activo altista e continuará a sê-lo”. O especialista refere mesmo que “caso o ouro corrija para os 945 dólares não perde a sua tendência altista”.

Porém, são cada vez mais as vozes a chamarem a atenção para a existência de uma bolha no mercado aurífero. O multimilionário George Soros é um desses casos: durante anos teve no maior ETF aurífero – o SPDR Gold Trust – uma das suas maiores posições do seu lendário ‘hedge fund’ “Quantum”, mas, em Setembro do ano passado revelou à Reuters que “o ouro é a última bolha”. E desde então, tem vindo a reduzir a exposição ao metal precioso.

A pressionar a cotação do ouro no futuro próximo poderão estar duas variáveis: a subida da taxa de juro real nos EUA e o anúncio do terceiro programa de ‘quantitive easing’ da Reserva Federal norte-americana (Fed), que poderá ser feito na sexta-feira num encontro entre os líderes dos principais bancos centrais do mundo em Jackson Hole, nos EUA.

Se a primeira medida corrói o valor do ouro retirando assim o seu interesse face a outros activos como depósitos, o segundo episódio significará um novo impulso para o mercado accionistas e uma nova reviravolta nos mercados. Nesse sentido, os investidores que estejam de olho no investimento do metal dourado devem, pelo menos, esperar até ao resto da semana para tomarem a sua decisão de investimento.

MRA Alliance/DE

Ouro fixa novo recorde próximo dos 2.000 dólares

segunda-feira, agosto 22nd, 2011

O metal amarelo já acumula ganhos de 16% em Agosto, o melhor desempenho mensal desde Setembro de 1999. A crise europeia da dívida soberana e o fantasma de uma nova recessão nos EUA continuam a impulsionar a cotação da onça de ouro, um histórico porto de abrigo dos investidores durante as convulsões nos mercados financeiros.

O metal amarelo aprecia-se hoje 2% tendo chegado aos 1.894 dólares, o valor mais elevado de sempre.

O movimento ascendente é para continuar, segundo uma ‘poll’ de 13 peritos consultados pela agência Bloomberg, que vêem a onça de ouro nos 2.000 dólares ainda este ano.

A confirmar-se a previsão, 2011 será mesmo o melhor ano para a onça de ouro desde a valorização de 127% conseguida em 1979. 2011 será, para além disso, o 11º ano consecutivo de ganhos para este metal precioso.

MRA Alliance/DE

Chávez nacionaliza produção de ouro na Venezuela

quinta-feira, agosto 18th, 2011

Hugo Chávez revelou hoje que está a preparar uma lei que dará ao governo o controlo exclusivo sobre a produção de ouro no país. Ao falar por telefone na televisão estatal, Chávez referiu que a Venezuela não pode permitir que mineiros ilegais continuem a actuar.

“Vamos nacionalizar o ouro. Vamos convertê-lo em reservas internacionais, porque continua a valorizar-se nos mercados internacionais”, adiantou o líder venezuelano, acrescentando que as reservas que o país possui estão avaliadas em 12 ou 13 mil milhões de dólares. Segundo números do Banco Central da Venezuela (BCV), as actuais reservas de ouro do país são 364 toneladas.

Chávez quer colocar um ponto final à extracção ilegal do metal amarelo, que todos os anos atinge entre 10-11 toneladas oficialmente declaradas. “O sector é dominado pela anarquia e pela máfia. Não podemos permitir que continuem a tirar isso de nós”, disse Chávez.

Na sessão de hoje, o metal amarelo avançou 0,26% para 1.790,35 dólares a onça, voltando a aproximar-se de novo recorde. Desde o início do ano, a apreciação da onça do ouro é de 26%

MRA Alliance/DE

Ouro registou a maior queda em sete semanas

sexta-feira, agosto 12th, 2011

O preço do ouro caiu ontem na praça nova-iorquina, depois de três sessões seguidas a registar máximos históricos perante a instabilidade económica e financeira nos EUA e na Europa. O metal amarelo perdia 1,11% para 1.764,50 dólares a onça em Nova Iorque, e, no mesmo sentido, a onça desta matéria-prima recuava 1,61% para 1764,25 dólares em Londres.

A penalizar o preço ouro está a decisão do Grupo CME, o maior mercado de futuros do mundo, em aumentar as margens dos contratos de ouro em 22%. Com esta posição, o montante mínimo de dinheiro que os especuladores devem manter em reserva para dar ordem de compra subiu dos 6,07 para os 7,4 dólares no contrato de 100 onças, retemperando assim o ímpeto dos investidores que procuram no ouro um refúgio para os seus investimentos.

“Tendo em conta as oscilações dos preços do ouro esta semana, não é de todo surpreendente que o CME tenha reagido”, referiu Edel Tully, analista da UBS AG, num relatório citado pela Bloomberg. “Enquanto algumas acções de correcção do preço do ouro são muito prováveis, qualquer descida será bem recebida pelos investidores que estão à espera de melhores oportunidades para comprar”, acrescentou o mesmo responsável.

MRA Alliance/DE

Dívida: Ouro português e ilhas gregas estiveram em risco de penhora

terça-feira, julho 26th, 2011

As ilhas gregas e as reservas de ouro português foram pedidas como garantia de novos empréstimos nas sessões de preparação da cimeira de europeia, com a Holanda e a Finlândia a exigirem que alguns activos dos países resgatados fossem dados como colateral para a concessão das  futuras tranches de crédito.

As parcelas de território grego chegaram mesmo a fazer parte de um documento de trabalho durante a cimeira, no quadro do segundo resgate, e as reservas de ouro português, que não podem ser usadas para abater no défice, foram dadas como exemplo de um activo que poderia ser dado como garantia. Ou seja, no caso destes países não poderem honrar as suas dívidas com a União Europeia (UE), estas dívidas seriam cobertas por activos nacionais, antes de activar as garantias dadas pelos países do euro.

O assunto acabou por morrer, com as garantias do aumento da participação do sector privado no resgate grego, indo ao encontro dos anseios precisamente da Holanda e da Finlândia, bem como da Eslováquia e da Alemanha.

MRA Alliance/DE

BdP ocupa 12º lugar mundial em reservas de ouro

sexta-feira, maio 27th, 2011

As reservas de ouro do Banco de Portugal ocupam o 12º lugar na lista dos bancos centrais que detêm mais metal amarelo, segundo dados do World Gold Council divulgados este mês. No entanto, nos últimos dez anos, Portugal perdeu quatro lugares no ‘ranking’ dos países com maiores reservas de ouro. O ouro português foi ultrapassado por quatro países emergentes: a China, a Rússia, a Índia e Taiwan. Do ‘ranking’ foram excluídas as reserva de ouro do BCE e do FMI.

Nos últimos dez anos as reservas nacionais desceram 37%, de 606,7 toneladas para as actuais 382,5 toneladas, com o objectivo de diversificar as reservas. Apesar das vendas, que ocorreram entre 2002 e 2006, Portugal continua a ser o país em que o ouro tem maior peso no total de reservas, segundo o WGC. O metal precioso corresponde a 81% do total das reservas. Já na China e na Rússia, por exemplo, o ouro representa apenas 1,6% e 7,5% do total de reservas.

O baixo peso do metal precioso nas reservas dos países emergentes faz o WGC esperar que os bancos centrais desses países continuem a comprar ouro. “Acreditamos que a tendência das compras líquidas no sector oficial continuem em 2011 com os bancos centrais (especialmente nos emergentes) a virarem-se para os programas de compra de ouro para diversificarem as suas reservas”, refere a entidade.

MRA Alliance/DE

Ouro renova máximos históricos

sexta-feira, abril 22nd, 2011

O preço da onça do metal amarelo chegou hoje aos 1.509, 28 dólares a onça, uma subida de 0,20%, tendo tocado durante a sessão os 1512, 47 dólares a onça. Esta é a terceira semana consecutiva de ganhos e os especialistas atribuem a valorização dos metais preciosos à depreciação do dólar, discussões sobre a possível necessidade de reestruturações de dívida na Europa e conflitos no Médio Oriente.

“O dólar está fraco e isso está a ter grande influência no preço do ouro”, disse Chae Un Soo, estratega da Exchange Bank Futures Co. A moeda verde depreciou na sessão de ontem para o valor mais baixo desde Agosto de 2008, com a especulação de que a Reserva Federal não irá subir os juros tão cedo.

Também a onça de prata valorizou 0,6%, para os 46,86 dólares, e está hoje a negociar em máximos de 31 anos. Segundo os peritos, a valorização dos metais preciosos é para continuar. O Barclays, por exemplo, espera que a onça de ouro atinja os 1.520 dólares já nas próximas semanas.

MRA Alliance/DE

EUA: Estado de Utah prepara reintrodução de dólar ouro e prata como moeda legal

domingo, março 6th, 2011

O parlamento do Estado de Utah, nos Estados Unidos, iniciou esta semana o processo legislativo que passará a reconhecer as moedas de ouro e prata cunhadas pelo governo federal como unidades monetárias legais no Estado. As moedas não substituem os dólares em papel-moeda mas serão usadas e aceites voluntariamente como alternativa. 

Entretanto, outros 11 estados norte-americanos preparam-se tomar indêntica iniciativa. A legislação prevê que os cidadãos do Utah paguem os seus impostos com moedas de ouro e estipula a criação de uma comissão para estudar divisas alternativas para o Estado. Por outro lado, a venda de ouro passará a ficar isenta do pagamento de impostos. 

Caso o diploma seja aprovado pela Câmara dos Representantes, ainda terá de merecer a aprovação do Senado antes de o governador lhe conceder o estatuto de lei estadual. 

MRA Alliance/Fox News

Portugal: Reservas de ouro chegam para pagar défice do Estado

segunda-feira, janeiro 3rd, 2011

O Banco de Portugal (BdP) tem actualmente 13 mil milhões de euros nos seus cofres em reservas de ouro, valor que saldaria o défice financeiro do Estado previsto para 2011, sem recorrer às medidas de austeridade aplicadas pelo Governo, revelou o Correio da Manhã.

Dados do BdP, citados pelo jornal, revelam que as reservas de ouro nacionais subiram de 9,6 mil milhões de euros, em Novembro de 2009, para 13 mil milhões de euros, no mesmo mês de 2010. O défice público previsto para 2011 está estimado em 12 mil milhões de euros. 

MRA Alliance/Fábrica de Conteúdos

Ouro quebra barreira dos 1.400 dólares/onça

quarta-feira, novembro 10th, 2010

O ouro voltou a fechar ontem as cotações num máximo histórico acima dos 1.400 dólares a onça. Os investidores estão a refugiar-se no metal amarelo face aos receios em relação à dívida pública de vários países europeus.

A Irlanda está a procurar apoio da União Europeia esta semana, para evitar ter que recorrer a um resgate, tal como aconteceu com a Grécia, num momento em que os investidores continuam a castigar a dívida pública do país.

O Citigroup aumentou as suas estimativas para 2011 para o metal precioso, antecipando um aumento dos preços do ouro de cerca de 18% para 1.444 dólares por onça.

O ouro tem estado assim a reafirmar o seu estatuto de valor-refúgio, até mesmo paradoxalmente, pois se há quem esteja a comprar este metal precioso como cobertura contra uma eventual inflação, também há quem esteja a investir nele como segurança perante uma desaceleração do crescimento económico mundial. Isto porque o ouro funciona simultaneamente como uma matéria-prima e como uma moeda.

MRA Alliance/JdN

China quer decuplicar reservas de ouro até 2020

segunda-feira, dezembro 28th, 2009

Barras de ouro chinesasO ouro poderá sofrer nos próximos anos uma substancial apreciação devido à nova e agressiva política do governo de Pequim tendente a preservar o valor dos seus investimentos soberanos e valorizar as reservas monetárias nos próximos dez anos.

“Recomendamos que as reservas de ouro da China atinjam as seis mil toneladas nos próximos três a cinco anos e, provavelmente, as oito a dez mil toneladas nos próximos dez anos”, disse Ji Xiaonan, em 28 de Novembro, durante o III Fórum para a Estabilidade da Indústria Chinesa. Em Abril passado, a China anunciou oficialmente que as suas reservas de ouro se situavam nas 1.054 toneladas.

As declarações de Ji são importantes pois ele ocupa a presidência da Comissão de Administração e Supervisão dos Activos do país e mostram que o governo de Pequim está firmemente decidido a reduzir drasticamente a exposição dos activos chineses ao dólar norte-americano, em fase de aguda depreciação.

Observadores internacionais admitem que, no curto prazo, as movimentações chinesas passem pela compra de empresas estrangeiras exploradoras de ouro, por uma acção mais concertada e agressiva nos mercados internacionais da commodity e, no longo prazo, pela abertura de novas minas de ouro em solo chinês.

MRA Dep. Data Mining

FMI vai vender mais de 400 toneladas de ouro

sábado, setembro 19th, 2009

O Fundo Monetário Internacional (FMI) anunciou que vai vender 403 toneladas de ouro. A prioridade de aplicação das receitas elegerá a concessão de empréstimos a países pobres.

A venda já fora decidida pelos Estados membros, na Primavera de 2008, para refinanciamento do FMI. 

Os países ricos e emergentes do G-20 decidiram durante a cimeira de Londres, em Abril, afectar as receitas destas vendas de ouro a empréstimos em condições vantajosas para os países mais pobres.

MRA Alliance/Agências

Portugueses fogem do risco e voltam a comprar barras de ouro

segunda-feira, março 16th, 2009

A crise fez disparar a compra de barras de ouro na Caixa Geral de Depósitos (CGD), no BES e no BCP. A procura superou a oferta disponível, noticiou o Diário Económico (DE).

Depois de terem retirado elevados montantes de dinheiro aplicados em acções, fundos e em outros instrumentos financeiros, os investidores portugueses procuram agora refúgio nos depósitos e no ouro como forma de prevenirem o agravamento da crise económica nacional e mundial. MRA Alliance/DE

Quase um ano depois, ouro volta a forçar a barreira USD 1.000/onça…

sexta-feira, fevereiro 20th, 2009

Os contratos futuros de ouro, pela primeira vez desde meados do ano passado, fecharam hoje acima da barreira psicológica dos mil dólares a onça . O fornecimento de ouro contratado para Abril fechou a USD 1.002,20/onça, uma subida de 2,6% relativamente à sessão de ontem.

O facto de, durante a sessão, a cotação ter chegado a USD 1.007,70/onça é interpretado como um sinal de que o metal amarelo vai continuar a subir, face aos receios do mercado relativamente ao desempenho das bolsas, à saúde do sistema financeiro e à deterioração dos fundamentais da economia norte-americana com efeitos inevitáveis, a prazo, na depreciação do dólar.

“Existe o risco de uma venda desesperada de acções e parece iminente uma nova fase depressiva nas bolsas à medida em que os vírus do sistema financeiro global infectam de forma virulenta a economia global”, escreveu o director executivo da Gold and Silver Investments Limited, Mark O’Byrne, numa nota aos clientes.

“No curto prazo, a compra de ouro está sobreaquecida. No médio e longo prazo, os seus fundamentais estão mais saudáveis do que nunca”, sublinhou O’Byrne.

MRA Alliance/Agências

Medos de recessão e inflação provocam corrida ao ouro

quarta-feira, fevereiro 11th, 2009

A persistente e crescente corrida ao ouro, desde o último trimestre de 2008, são um claro sinal do receio dos investidores relativamente ao agravamento da actual crise financeira e do medo quanto ao aprofundamento da crise económica global que poderá traduzir-se, a médio prazo, em elevadas taxas de inflação. Na passada segunda-feira, o diário britânico Financial Times informava que estão a ser compradas “extraordinárias quantidades de barras e de moedas de ouro”. O movimento é um indicador da substituição de “activos arriscados pela segurança relativa do metal amarelo” e demonstra os “renovados receios sobre a saúde do sistema financeiro global.” 

John Reade, especialista do banco UBS em metais preciosos, estima que “a procura de investimento [em ouro] poderá duplicar em 2009, comparativamente a 2007. (…) As compras de ouro físico explodiram nos últimos seis meses com a intensificação dos receios dos investidores sobre a crise financeira actual.”

Pela primeira vez na história, em Janeiro de 2009, os títulos de ouro transaccionáveis em bolsa – gold exchange traded funds – atingiram as 1.317 toneladas.

Segundo o Financial Times, a procura está a ser liderada pelo super ricos que estão a acumular reservas. “[Os bancos] UBS e Goldman Sachs disseram na semana passada que a acumulação de reservas por parte dos investidores irá atirar os preços novamente para mais de mil dólares a onça”, sublinhou o Financial Times. 

Na segunda-feira a cotação do ouro fechou a 892 dólares a onça (31,1 gramas). 

Jonathan Spall, director do departamento de commodities no Barclays Capital (Londres) revelou ter recebido mais pedidos de investimento (em ouro) nas escassas semanas de 2009 do que durante todo o ano passado. 

Philip Klapwijk, presidente da consultora GFMS, especializada em metais preciosos, considera que os investidores não estão à procura de lucros rápidos. “Este é um novo movimento de compra de activos seguros”, disse. 

Segundo a GFMS a procura por moedas de ouro, em 2008, atingiu o nível mais alto dos últimos 21 anos. 

No mês passado, a US Mint – a homóloga americana da Casa da Moeda – vendeu  92.000 onças da popular moeda de ouro American Eagle – quatro vezes mais do que vendeu em 2008. 

MRA Alliance/Financial Times

Bancos americanos manipulam mercados do ouro e da prata

sexta-feira, outubro 24th, 2008

Nas últimas semanas, vários leitores da MRA Alliance interrogaram-se sobre as justificações técnicas e racionais para a queda de algumas matérias-primas cujos preços, num ambiente de colapso dos mercados financeiros, de incerteza e algum pânico, deveriam ter evoluções de preço diferentes das tendências actuais. A questão está relacionada com potentes dinâmicas especulativas que, pela sua dimensão, mas à margem da lei, conseguem em poucas semanas manipular as cotações consoante os interesses dos grandes conglomerados financeiros e industriais.

No que toca ao ouro e à prata, aqui fica a explicação. As mesmas práticas aplicam-se a outras matérias-primas – das alimentares, ao petróleo, gás, minerais, etc. O mercado das opções e dos futuros – sujeito a regulação pelas autoridades competentes – é o cenário. O exemplo que escolhemos foi compilado pelo especialista em metais preciosos, Theodore Butler, da Silver Seek, LLC, e por nós adaptado.

Participação dos Bancos em Mercados Futuros de Ouro e Prata

Julho/Agosto 2008

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Fonte: silverseek.com

OS NÚMEROS

PRATA: Em 01/Jul/2008, dois bancos americanos detinham 6 199 contratos a descoberto (short) na mercadoria COMEX Silver, equivalentes a 30 995 000 onças. Em 5/Ago/2008, dois bancos americanos detinham 33 805 contratos COMEX Silver, equivalentes a 169 025 000 onças – um aumento superior a 500%. Trata-se da maior posição alguma vez registada pelas estatísticas oficiais. Entre os dias 14 de Julho e 15 de Agosto, o preço COMEX Silver caiu 38% – de USD 19,55 (base Setembro) para USD 12,22.

OURO: Em Julho, três bancos americanos detinham 7 787 contratos a descoberto (short), na mercadoria COMEX Gold, equivalentes a 778 700 onças. No mês seguinte, três bancos americanos detinham 86 398 contratos na mercadoria COMEX Gold, equivalentes a 8 639 800 onças – um aumento superior a 1100%, coincidente com a queda das cotações do ouro em cerca de USD 150/onça. Tal como no caso da prata, esta foi a maior posição a descoberto detida por bancos norte-americanos no histórico estatístico da CFTC/Commodities Futures Trade Commission, disponível no site. A posição foi assumida pouco antes do colapso dos preços.

A ANÁLISE

Os números sugerem a existência de uma massiva manipulação do mercado e levantam um conjunto de questões suscitadas pelo analista da Silver Seek:

“― Existe alguma relação entre a venda adicional de 27 606 contratos futuros de prata (130 milhões de onças) no espaço de um mês, imediatamente seguido por uma forte queda das cotações daquela commoditie? O valor equivale a 20% do total da produção mineira mundial e à totalidade das existências armazenadas fisicamente pela COMEX, o segundo maior inventário de prata do mundo. Como poderia o preço não ser influenciado pela venda concentrada de tais quantidades num período tão curto de tempo?

― Existe alguma relação entre a venda adicional, por três bancos americanos, de 78 611 contratos futuros (7 861 100 onças), no espaço de um mês, logo seguida por uma queda violenta dos preços do ouro? O valor é equivalente a 10% da produção anual de ouro e ascende a USD 7 mil milhões/bilhões (mm/bi), transaccionados por três bancos em contratos futuros no espaço de um mês. Como pode uma extraordinária concentração de volume de vendas não ser uma manipulação?

― Por os preços terem caído tão violentamente, após as vendas a descoberto, os detentores de inventários físicos de prata, a nível global, registaram um decréscimo em valor que ultrapassou USD 2,5 mm/bi, pelo que, os detentores de contratos long sofreram perdas de igual dimensão. No caso do ouro, as perdas dos investidores foram muito superiores uma vez que o valor em dólares é muito maior que o da prata – da ordem das centenas de mm/bi – em termos de inventário físico. A queda das acções das companhias mineiras cotadas soma mais uns milhares de milhões aos prejuízos. A quebra do valor do ouro foi provocada pela venda concentrada e a descoberto por dois ou três bancos norte-americanos?

― Que negócio legítimo exercem os dois ou três bancos, para, de repente, venderem short tamanhas quantidades de instrumentos especulativos, num período tão curto? Queremos bancos envolvidos neste tipo de actividade? Se a manipulação não foi bem sucedida os contribuintes norte-americanos seriam novamente chamados para salvar outra especulação bancária que correu mal?

― Terão os traders que registaram prejuízos no recente colapso dos preços razões para acreditar que o seu dinheiro está agora nos cofres daqueles dois ou três bancos? Se assim for, será que têm hipóteses de recurso?”, remata Theodore Butler.

Os factos relatados apontam claramente para uma manipulação de proporções gigantescas. Um escasso número de bancos operou um dos maiores colapsos de preços na história dos metais preciosos. Operações do mesmo tipo justificam a queda dos preços destas e de outras commodities completamente à revelia da oferta e da procura.

Dá para entender o motivo pelo qual o ouro (mercado spot) oscilou ontem (23-10-2008) entre USD 733,60/736,10, escassas semanas depois de quase ter atingido a cotação de USD 1 000/onça?

A manobra é tão escandalosa quanto o silêncio e inacção das autoridades reguladoras do mercado norte-americano.

MRA Alliance, Dep. Data Mining

Pedro Varanda de Castro, Consultor

Fonte Analítica: Theodore Butler

Fonte Estatística: Commodities Futures Trade Commission

Os dados encontram-se nas secções de futuros de Julho e Agosto/2008

Recessão acelera a corrida ao ouro

domingo, outubro 12th, 2008

KrugerrandO ouro registou a maior subida nas últimas 11 semanas face à procura dos investidores por um refúgio seguro, ao aumento dos receios de uma recessão global e ao agravamento da crise de crédito. O metal amarelo fechou na sexta-feira a USD 951, 95 a onça no mercado spot de Londres, um crescimento de 20% relativamente a Setembro. A valorização chegou aos 30% em libras (£550,8/onça). A cotação em euros subiu para 668,77/ onça. O recorde histórico foi atingido em Março quando foi cotado a USD 1 030,80 a onça. O movimento especulativo sentiu-se sobretudo no prémio pago na compra de moedas em ouro, onde chegou aos USD 1 100/ onça. No site de leilões online Ebay, as maiores licitações atingiram USD 1 299,99 por uma onça de Kruggerand (ouro maciço) sul-africano. MRA Dep. Data Mining

Wall Street está doente e só o tempo a pode curar, dizem analistas

terça-feira, janeiro 22nd, 2008

3macacos.jpgO tumor maligno que afecta os mercados bolsistas de Wall Street despoletou uma acesa controvérsia sobre a melhor cura para evitar que as metástases se propaguem pelo sistema financeiro. Numa primeira conclusão, os analistas parecem convergir no mesmo diagnóstico: o tempo ditará o sucesso ou insucesso da cura.

O que está a acontecer era expectável, desde o início de 2007, pelo menos… Mas, então, poucas eram as vozes, ouvidas pelos mercados. Igualmente, ninguém queria falar a verdade. A maioria não queria sequer ver.

Muitos sabiam que, os sinais do colapso do sistema hipotecário de alto risco, ou «subprime», visíveis em 2006, eram sérios avisos à navegação. A poderosa máquina dos “formatadores de opinião” achava, todavia, que o realismo das análises de professores universitários, analistas, traders e dos “market makers” conhecedores dos opacos mecanismos dos mercados da dívida e dos riscos a eles associados, eram pessimistas, exageradas e irrealistas. Por isso varreu varreu o lixo para debaixo do tapete, e continuou a excluir dos seus conteúdos temas desconfortáveis para a paz dos seus consumidores – a chamada opinião publicada ignorou, uma vez mais, a opinião pública.

Os mais avisados foram, cirurgicamente, extirpando das suas carteiras os tumores malignos e colocaram-se do outro lado da barricada – investiram nos produtos que geram lucros com o colapso dos mercados. É a opinião de alguns deles que vamos recapitular.

Que poderemos esperar nos próximos meses?

Quando regressará a estabilidade aos mercados?

A recessão americana vai afectar a economia real, à escala planetária?

Quais a consequências para as bolsas?

As taxas de juro?

O dólar?

E o ouro?

O Fed anunciou esta tarde, mais uma decisão – redução da taxa de juros directora em 0,75% – que temporariamente irá permitir aos mais atravidos, regressarem aos mercados com as carteiras recheadas de cash (ou dinheiro emprestado) para comprarem o que, pensam eles, já está maduro para ser adquirido. A preços de saldo.

A redução dos juros nos EUA é uma péssima notícia.

Quer saber porquê? Clique aqui

Ouro salta para os USD 913,- e faz história

segunda-feira, janeiro 14th, 2008

ouro retoma corrida para os USD 1000,-/onçaO ouro saltava mais de 2 por cento nesta segunda-feira, estabelecendo um novo recorde histórico, consequência de uma robusta tendência de compras face à continuada quebra, refere a Reuters citando operadores do mercado. As 10h03 (horário de Lisboa), o metal amarelo foi negociado no pico histórico de 913,00/913,70 a onça. Na sexta-feira o mercado fechou nos USD 895,70/896,50 a onça. A meta dos USD 1000,-/onça está mais próxima do que muitos observadores previram (segundo semestre de 2008).

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Ouro bate novo recorde ao fechar nos USD 867/onça

quinta-feira, janeiro 3rd, 2008

Barras de Ouro - Gold BullionO ouro bateu novo recorde, a US$ 868 a onça, nesta quinta-feira, cumprindo seu papel tradicional de valor de fuga neste contexto de cotações máximas do petróleo, dólar fraco e tensões políticas no Paquistão. O preço do metal amarelo alcançou seu valor histórico mais alto, de USD 867,9 a onça, no London Bullion Market. No final da sessão cotou-se nos USD 866,9 mantendo o aviso de que está numa fase de apreciação sustentada.

“A principal razão do aumento foi o preço do crude, que atravessou a barreira dos US$ 100. Isto, somado a um dólar fraco, impulsionou a alta das cotações do ouro”, disse Gary Yue, operador da commodity na empresa Delta Asia Financial Group. “Quando a situação é instável, os eles investem noutras aplicações facto que faz aumentar o interesse pelo ouro”, comentou. A cotação do metal precioso foi também influenciada em alta também devido ao maior consumo de jóias nas economias emergentes como China e Índia. Fonte: Folha Online

Ouro bate recorde histórico em Londres

quinta-feira, janeiro 3rd, 2008

Ouro - BullionO preço do ouro alcançou um recorde de 864,1 dólares por onça (oz) esta quinta-feira no mercado londrino Bullion. Os contratos de futuro negociavam com uma subida de 4,20 dólares/onça. O pico alcançado em Londres supera os 860 dólares registados na véspera, em Nova Iorque (bolsa Nymex), reflectindo uma subida de 22 dólares face à sessão anterior. O recorde histórico de Nova Iorque foi fixado em Janeiro de 1980 nos 875 dólares/onça ( 1 onça equivale a cerca de 31,1 gramas). A tendência observada nos preços do metal precioso coincide com a alta de diversas matérias-primas, incluíndo cereais e minério. Fonte: Diário Digital

Ouro caminha gradualmente para os USD 1 000/onça em 2008

sábado, novembro 24th, 2007

Barras de Ouro - reservas bancos centraisOs contratos futuros de ouro subiram novamente ontem (sexta-feira) devido ao afundanço crónico do dólar, com fornecimentos para Dezembro a fecharem a USD 827,7/onça (+3,3%), na bolsa NYMEX (New York Mercantile Exchange). Esta foi a terceira subida consecutiva desde terça-feira.

A cotação do euro aproximou-se, como previramos anteriormente, dos USD 1,50, fechando a USD 1.4966 confirmando a aversão ao risco dos investidores face ao desempenho da economia americana. Diariamente repetem-se as notícias negativas sobre o comportamento dos mercados de acções, o aperto do crédito interbancário e comercial, a crise no mercado do papel comercial e o tsunami que infundiu estragos devastadores no segmento «subprime», crédito hipotecário de alto risco.

Jon Nadler, analista sénior da corretora de ouro Kitco Bullion Dealers afirmou que “a desgraça do dólar estimulou a nova corrida ao ouro como o porto sempre seguro para qualquer investidor.”

O facto de, em 8 de Novembro, ter chegado aos USD 847.50, a cotação mais alta nos últimos 28 anos, alimenta a convicção de que o drama do dólar vai levar o ouro para níveis acima dos USD 1 000/onça, dentro de alguns meses. (pvc/agências)

Receio de ataque aéreo ao Irão dispara preços do crude e do ouro

quarta-feira, novembro 7th, 2007

Natanz - Central nuclear iraniana alvo potencial de raid aéreo EUA e/ou IsraelAs questões geopolíticas, designadamente a possibilidade de um ataque militar americano e/ou israelita contra alvos no Irão, provocaram a subida dos preços do crude e do ouro. Os capitais, face à crescente aversão ao risco por parte dos investidores, estão a migrar em abundantes quantidades para os mercados da energia, mercadorias e matérias-primas base (commodities) numa fuga desenfreada dos arriscados mercados de capitais e de dívida. (pvc/reuters)

Ouro sprinta para os USD 850/onça

quarta-feira, novembro 7th, 2007

Ouro, um porto seguro e lucrativo em momentos de criseO ouro ultrapassou hoje os USD 845/onça, e voltou a acelerar a velocidade para os patamares históricos atingidos nos anos 80. Sean Corrigan, estrategista-chefe de investimentos na Diapason Commodities Management, citado pela agência Reuters, sublinhou que “os movimentos nos mercados, nas últimas duas semanas, têm sido fenomenais. (…) O mercado está a conduzir-se a ele próprio. Chegámos aqui demasiado cedo? A partir daqui, prognósticos são como lançar uma moeda ao ar.” A volatilidade faz parte do quotidiano dos mercados, diz a generalidade dos analistas e comentadores. O dólar vai continuar a desvalorizar-se, face à incerteza quanto aos impactos de longo prazo da crise de crédito. O sector bancário americano em particular, e a economia em geral, começam a dar sinais evidentes de stresse e desorientação. (pvc/reuters)

Elevados prejuízos dos bancos gelam ambiente em Wall Street

sexta-feira, novembro 2nd, 2007

Crise americana é sistémica“Hoje foi o dia mais negro dos últimos cinco anos” na Bolsa de Wall Street, escreveu ontem um especialista do Financial Times em mercados de capitais. Os receios dos investidores , cada dia que passa, face às más notícias sobre os balanços das empresas cotadas estão a gelar os mercados e a renovar o ambiente de pânico. Os resultados dos bancos no 3.º trimestre, vieram agravar ainda mais a situação. Más notícias chegam diariamente de todo o mundo.

Bancos: De mal, a pior

Um estendal de prejuízosA notícia de que o Citigroup vai cortar impiedosamente nos seus apetecíveis dividendos, para conseguir mais fundos – cerca de USD 30 mil milhões/bilhões (mm/bi) -para financiar prejuízos ainda não anunciados, mas tidos como certos, despoletaram mais uma crise de confiança na saúde dos títulos bancários: Merrill Lynch (- 5,8 %); Bank of America (- 5,3 %); Countrywide Financial (- 7 %) ; E*Trade Financial (- 7,8 %). E o detonador da instabilidade, o Citigroup? As acções caíram com estrondo tal (- 6,9%) que se tem como quase certo o despedimento do seu CEO, Chuck Prince, logo que seja encontrado um substituto.

Em consequência, os analistas do Credit Suisse e do Morgan Stanley reviram em baixa as recomendações de investimento. Para os seus clientes usaram os rótulos “manter” ou “neutral”. No jargão bolsista, familiar entre os investidores com muita experiência e traquejo, estas palavras, na realidade, são sinónimas de “vender”. E, quanto mais depressa, melhor…

O afundanço na capitalização bolsista dos bancos espelhou-se de imediato nos resultados dos múltiplos índices que reflectem o comportamento macro dos mercados. O S&P 500 caíu 2.6 % (a maior queda desde a implosão da bolha imobiliária, em 9 de Agosto); o Nasdaq Composite (- 2.3 %) enquanto o centenário Dow Jones Industrial Average emagreceu 2.6 %. Outro índice importante, sobretudo em alturas de crise, Russell 2000 (acções de empresas com baixa capitalização bolsista) escorregou significativos 4%. Perante esta depressão generalizada a volatilidade do mercado disparou impressionantes 25%, em apenas um dia, segundo o índice CBOE Vix. Escassas 24 horas após o Fed ter baixado novamente as taxas de juro para animar os mercados, com dinheiro mais barato e novas injecções bilionárias, outra notícia ligou os alarmes.

Hiperinflação? Juros de dois dígitos? Altamente possível!

Dólar no chão, perspectivas sombriasA caminhada do petróleo para um preço-alvo de 100 dólares/barril e as inesperadas notícias da gigante petrolífera ExxonMobil, sobre os seus modestos lucros (- 10%), o pior resultado desde 2004 , colocaram as acções num perigoso plano inclinado (-3,8%). Os investidores menos experientes ficaram atordoados. Então o boom do petróleo não dá gordos lucros às petrolíferas? A verdade é que, de facto, pode não dar. E tem lógica. Se a subida astronómica do petróleo continuar, como tudo indica, o efeito dominó desaba sobre a economia real e a crise revela-se sistémica: mais inflação, juros mais altos, menos consumo, menos investimentos, e, finalmente, o dólar transformado em submarino, perdido algures nas profundezas do oceano financeiro. A combinação destes factores, no espaço e no tempo, é sinónimo de uma amarga realidade: recessão.

Quão grave? Durante quanto tempo? Ninguém sabe. Os moderadamente optimistas acreditam que, talvez, em 2009 as coisas possam começar a melhorar. Os mais pessimistas estimam que, face à descontrolada injecção de papel moeda, sem cobertura de activos líquidos, como abundantes reservas de ouro, o sistema financeiro americano vai trautear durante uns longos anos (5, 7, 10?) uma canção de má memória, para qualquer banqueiro que se preze – “Don’t cry for me Argentina”. O que o mesmo é dizer hiper inflação, juros incomportáveis, consumidores e empresários desconfiados e deprimidos, fugas de capital para refúgios mais seguros, etc.

Se os analistas que sustentam que a bolsa americana “oculta outra bolha especulativa”, que faz com que a generalidade dos preços das acções esteja sobreavaliada (cerca de + 250%), através da cosmética financeira, contabilidade criativa, prejuízos ocultos, enormes dívidas não contabilizadas (aos fundos de pensões corporativos) – então as comparações com o colapso bolsista de 1929, não são um sinal de pessimismo. Menos ainda de alarmismo. São apenas a conjugação de bom senso com boa memória. Ou, se preferirem, o reflexo de um “optimismo experiente”.

Wall Street abana, a Broadway estremece

Pela 12.ª semana consecutiva o mercado ABCP – papel comercial garantido por activos – voltou a encolher. Sinal de que o financiamento de curto prazo das empresas está sob stress e que a falta de liquidez continua a ser um dos graves problemas do sistema financeiro, apesar das generosas ajudas do Fed. As acções de muitas empresas financeiras cotadas estão sob pressão. O índice financeiro S&P caiu 4,6%. Esta foi a maior queda desde Setembro de 2002. O índice que acompanha o segmento da banca de investimento ainda caiu mais (4,8%). As empresas especializadas em seguros de crédito deram um trambolhão de 4,6%, com a Radian, seguradora hipotecária, a desvalorizar-se 13,6%, após anunciar pesados prejuízos. O seu concorrente directo MGIC Investment caíu 11,6%, enquanto as seguradoras de obrigações municipais Ambac Financial e MBIA viram as suas cotações encolherem 19,7% e 11,6% respectivamente.

O aperto financeiro atinge a economia realO contágio atingiu o sector da construção civil com a Dr. Horton a encaixar perdas de 4,1% e a Centex Homes, 5,6%. Infectou operadoras de telefonia celular como a Sprint Nextel, a n.º 3 nos EUA, cujos lucros emagreceram 77% no último trimestre e as acções baixaram 3%. Mesmo a CVS Caremark, a maior cadeia farmacêutica do país, apesar de ter registado gordos lucros no trimestre – quase 690 milhões de dólares acima das previsões dos analistas – viu as suas acções desvalorizarem-se 1,5%.

Ou seja, nem mesmo algumas boas notícias resistem ao pânico dos investidores. A tendência é desinvestir, fugir para aplicações mais seguras. Recorde-se que o ouro já ultrapassou a barreira dos USD 800/onça. Nada é mais revelador de um clima recessivo do que estas reacções em cadeia. Quando o medo se transforma em pânico, a recessão entra em cena e fica no palco por longo tempo. Quanto? Desta vez, como nos teatros da Broadway, a uns quantos quarteirões de Wall Street, os musicais e dramas (tragédias e comédias) prometem estar em cena, alguns anos. O problema é saber se vai haver dinheiro suficiente para os espectadores comprarem bilhetes…

Pedro Varanda de Castro

MRA – Departamento de Data Mining

Consultor

Ouro passa a barreira psicológica dos USD 800 e promete subir ainda mais

quinta-feira, novembro 1st, 2007

Barras de ouro - Banco Central - AustráliaHoje na Austrália, os investidores iniciaram uma nova corrida ao ouro. A procura de títulos (acções, opções e futuros) relacionados com a cadeia de valor do metal amarelo explodiu após a cotação ter batido o recorde de 1980. Há horas atrás, o preço “spot” do ouro nos mercados asiáticos chegou aos USD 799,30, após ter ultrapassado a barreira dos USD 800 no overnight da bolsa novaiorquina de mercadorias NYMEX (New York Mercantile Exchange), a cotação mais alta registada nos últimos 28 anos.
David Moore, estrategista de commodities do banco australiano Commonwealth Bank revelou que a conjugação simultânea de três factores – persistente queda do dólar estadunidense, subida em flecha dos preços do petróleo e o novo corte na taxa de juros de referência decidida ontem para Reserva Federal (Fed) – impulsionaram a fuga dos investidores para um dos portos mais seguros dos mercados financeiros – ouro. Em declarações à Associated Press da Austrália (AAP), Moore manifestou-se convencido de que “no curto prazo, é possível que o ouro ainda se valorize mais se, como tudo indica, o dólar continuar a cair.” (pvc/aap)