O pior da crise económica em termos social e político está “ainda para vir”, advertiu hoje o director-geral da Organização Mundial do Comércio (OMC), Pascal Lamy, durante uma conferência de imprensa em Genebra.
As repercussões da crise servirão também de teste de resistência à OMC enquanto instituição capaz de conter o proteccionismo, acrescentou. “Se quiser realmente manter as trocas comerciais abertas, deve compreender (…) que o melhor meio é continuar a abrir as trocas comerciais”, daí “a urgência” de concluir o ciclo de Doha para a liberalização das trocas, sublinhou no dia do arranque oficial da cimeira dos países do G8 na Itália.
“A minha mensagem ao G8 será muito similar à minha mensagem ao G20 de Londres”, que se realizou em Abril, indicou Lamy, que participará na cimeira dos países mais industrializados em L’Aquila, acrescentando que continuará “a empurrar o proteccionismo, que está lá”.
A OMC denunciou novas derrapagens proteccionistas entre os seus 153 países membros e reviu em baixa previsões de 2009 para o comércio mundial que deverá cair 10 por cento, ao nível mais baixo desde a Segunda Guerra mundial.
“O impacto do abrandamento das trocas comerciais será mais dura para os países em desenvolvimento”, advertiu por outro lado Lamy. A organização espera assim que os fluxos comerciais dos países em desenvolvimento sofram uma contracção de 7 por cento no ano em curso, contra os 2 a 3 por cento inicialmente previstos.
O presidente do Banco Mundial, Robert Zoellick, alertara segunda-feira que as medidas proteccionistas implementadas por certos governos para lutar contra a crise económica corriam o risco de “derrapar” e que os Estados que tomaram tais medidas “brincam com o fogo”.
Devido à quebra esperada das trocas comerciais, a ajuda ao comércio “tornou-se hoje essencial”, sublinhou Lamy, que defendeu um relançamento “o mais rápido possível” do ciclo de Doha, as negociações para a liberalização do comércio mundial, iniciado em Novembro de 2001.
MRA Alliance/Agências