A crise financeira não deve ser uma desculpa para um regresso ao proteccionismo mas deverá antes ser vista como um parto “difícil de uma nova ordem mundial”, advertiu o primeiro-ministro britânico, Gordon Brown. Num discurso que deverá pronunciar hoje, segundo fontes do seu gabinete, Brown vai apelar aos países para evitarem “a improvisação dos pessimistas” e “fazer o ajustamento necessário” tendente a “um futuro melhor” visando “estabelecer novas regras para esta nova ordem mundial”.
Na semana passada, face à recessão que assola a Grã-Bretanha, o governo anunciou um segundo pacote de medidas de emergência destinado a injectar liquidez e crédito na economia. Entretanto, antes de acolher em Londres, a 2 de Abril, uma cimeira do G20, Brown insiste na necessidade de ser encontrada uma resposta mundial para a recuperação da economia e a reconstrução do sistema financeiro. Downing Street frisou que Brown espera encontrar com os seus homólogos soluções globais conjuntas “para a reforma do sistema financeiro, a expansão económica e a criação de empregos.”
O chefe do executivo britânico considerou que a crise colocou o dilema de “deixar esta crise ser um sinal de que a recessão da globalização está a começar. (…) Como alguns querem, podemos fechar os nossos mercados aos capitais, aos serviços financeiros, ao comércio e à mão-de-obra e assim reduzir os riscos da globalização”, disse Brown. O chefe do governo britânico criticou as tendências proteccionistas sublinhando que elas vão “reduzir o crescimento global, privar-nos dos benefícios do comércio mundial e encurralar milhões de pessoas na pobreza.”
“Ou então – prosseguiu Brown – podemos assumir essas ameaças e esses desafios com os quais nos confrontamos hoje como contracções dolorosas para dar à luz uma nova ordem mundial e a nossa tarefa hoje não é nada mais nada menos do que permitir uma transição para uma nova ordem internacional em benefício de uma sociedade mundial em expansão.”
A cimeira dos países do G20 em Londres, a 02 de Abril, será consagrada à crise financeira, e Brown já manteve conversações com o presidente francês Nicolas Sarkozy, a chanceler alemã Angela Merkel e o presidente norte-americano Barack Obama, para preparar a reunião. Neste contexto, Gordon Brown deverá reunir-se, esta semana, com o primeiro-ministro chinês, Wen Jiabao, com o primeiro-ministro sul-coreano, Han Seung-Soo, e o japonês, Taro Aso, bem como o presidente do Banco Mundial, Robert Zoellick, no Fórum económico mundial em Davos (Suíça).
O G20 agrupa os membros do G7 (Alemanha, Canadá, Estados Unidos, França, Grã-Bretanha, Itália e Japão), mais a África do Sul, a Arábia Saudita, a Argentina, a Austrália, o Brasil, a China, a Coreia do Sul, a Índia, a Indonésia, o México, a Rússia, a Turquia e a União Europeia.
Fonte: Agências