A cidadania francesa será retirada aos emigrantes que forem culpados do homicídio de agentes da autoridade de acordo com a decisão do Governo francês reunido, ontem, em Paris, sob a presidência de Nicolas Sarkozy.
O decreto governamental, que altera o artigo 25.º do Código Civil, alarga as situações que permitem ao Governo retirar a nacionalidade francesa a quem a tenha adquirido nos últimos dez anos. Até agora, só os indivíduos condenados por terrorismo ou atentado à segurança do Estado perdiam a cidadania francesa.
Esta alteração será incluída num pacote legislativo sobre emigração a apresentar pelo Governo à Assembleia Nacional no próximo dia 27, quando o Presidente Sarkozy é alvo de crescentes críticas da oposição, que acusam o actual poder político francês de práticas xenófobas.
A proposta de retirar igualmente a nacionalidade aos indivíduos condenados por poligamia foi rejeitada contra o projecto inicial levado ao Conselho de Ministros pelo ministro do Interior francês, Brice Hortefeux. Sarkozy teve de arbitrar um conflito entre este ministro e o titular da pasta da Imigração, Éric Besson, que se opunha à retirada da nacionalidade pelo delito de poligamia.
No sábado, o Governo conservador francês foi alvo de duras críticas em manifestações de rua realizadas em Paris e noutras grandes cidades. Esta iniciativa visava protestar contra a deportação de cerca de mil ciganos romenos e búlgaros, acusados de viver em França sem contrato de trabalho nem residência fixa.
Sarkozy chegou a ser equiparado por alguns manifestantes ao marechal Philippe Pétain, que pactuou com as tropas nazis que ocuparam Paris em 1940 e autorizou a deportação de milhares de judeus franceses para as câmaras de gás hitlerianas.
MRA Alliance/DN