O efeito dos resultados dos testes de stresse à banca da zona euro foi nulo no mercado secundário dos títulos soberanos face às incertezas sobre as resoluções que serão tomadas na reunião de 5ª feira dos ministros das Finanças dos 17 países membros da zona euro (Eurogrupo).
As yields (juros implícitos) dos títulos da dívida pública dos seis países da zona euro sob observação destes mercados financeiros (Grécia, Portugal, Irlanda, Espanha, Itália e Bélgica) voltaram a registar subidas significativas, com particular destaque nas variações diárias para os juros dos títulos gregos a 2 anos e dos juros a 2 e a 3 anos das obrigações espanholas e dos títulos italianos.
A Grécia está, de novo, com juros recordes a 2 e a 3 anos; os primeiros fecharam em 35,9% e os segundos em 34,54%, segundo dados da Bloomberg. Entretanto, o custo dos credit default swaps (seguros financeiros contra o risco de incumprimento) ligados à dívida grega ultrapassaram os 3000 pontos base, atingindo 3051,79 pontos base, com uma probabilidade de bancarrota de mais de 88%, segundo dados da CMA DataVision.
Os juros das obrigações do Tesouro (OT) portuguesas atingiram quase 21% na maturidade a 3 anos e ficaram em 20,36% na maturidade a 2 anos. A pressão concentra-se nestas duas maturidades mais próximas refletindo o temor de um default num horizonte próximo, em contraste com o comportamento dos juros nas OT a 5 e a 10 anos que estiveram em baixa. Os juros das OT a 10 anos fecharam em 12,67%, um valor que é superior ao máximo de 12,17% ocorrido em abril de 1995, antes da adesão ao euro. A probabilidade de incumprimento da dívida subiu para 64,31%, tendo fechado na sexta-feira em 62,74%.
Os juros dos títulos irlandeses a 2 e a 10 anos – os que estão a ser transacionados no mercado secundário – estão a níveis superiores aos das OT portuguesas com as mesmas maturidades. Fecharam em 23,22% para as maturidades a 2 anos e em 14,08% para as maturidades a 10 anos. O risco de default do tigre celta também continuou a subir, estando em 63,65%.
Espanha e Itália assistiram hoje a uma enorme pressão nos títulos a 2 e 3 anos. Mas o facto do dia, que chamou à atenção dos analistas, foi a ultrapassagem, de novo, da barreira dos 6%, no caso das obrigações espanholas (OE) a 10 anos (que fecharam em 6,32%), e a aproximação a esse nível por parte dos juros a 10 anos dos títulos italianos (que fecharam em 5,97%). Os juros dos títulos espanhóis e italianos estão, agora, em valores muito próximos; e no caso dos juros dos títulos italianos a 2 anos já são superiores aos juros das OE com a mesma maturidade. A probabilidade de default para Espanha subiu para 28,6% e da Itália para 25,23%.
Também os juros dos títulos belgas estiverem em alta, ainda que em patamares muito mais baixos.
Em total contraste, os juros dos títulos alemães, os Bunds, continuaram em baixa, o que ainda alarga mais o spread (diferença) em relação aos juros dos “periféricos”. No entanto, hoje o risco de default da dívida alemã esteve a subir, fechando a um nível de 5,6%, o que contrasta com 4,7% há uma semana.
À subida no risco de incumprimento e nas yields dos “periféricos” correspondeu uma vaga de crashes nas bolsas europeias, com quedas acima de 2% nos casos dos índices CAC 40 (francês), MIB italiano, PSI 20, Bel 20 (belga), OMX finlandês, OMX de Estocolmo (sueco), húngaro, austríaco e polaco.
A subir, também, o preço da onça de ouro que fixou novo máximo histórico acima de 1600 dólares e da prata que subiu quase 4% para 40,61 dólares por onça (ainda que distante do máximo histórico de 1981 nos 49,45 dólares). O ouro valorizou-se já 16% nos últimos seis meses e 33% no último ano, uma boa valorização, mas mesmo assim abaixo da prata: 35% nos últimos seis meses e 121% nos últimos doze meses.
MRA Alliance/Expresso