O Grupo Carlyle irá canalizar uma parte do seu fundo imobiliário CEREP III para investimentos em Portugal através de uma parceria com a empresa portuguesa Crimson Investment Management, noticia hoje o Jornal de Negócios. Criado em 2007, com 2,2 mil milhões de euros, o fundo já investiu em França, Espanha, Alemanha e no Norte da Europa.
Iniciada há alguns meses, a parceria estratégica entre a Carlyle e a Crimson permanece ainda sem qualquer transacção concretizada prevendo-se que as primeiras aquisições tenham lugar no último trimestre.
Segundo um artigo publicado em 30 de Junho pelo jornal Oje “a sociedade portuguesa, liderada por Carlos Félix Moedas, ex-presidente da Aguirre Portugal, procura investimentos nas áreas dos escritórios, retalho, hotelaria e turismo residencial para um novo fundo do grupo Carlyle. Em Portugal está previsto um investimento da ordem dos 50 milhões de euros anuais ao longo dos próximos três anos, avançou Carlos Moedas”.
O Oje informou então que “em Portugal os activos mais interessantes que estão definidos envolvem escritórios em Lisboa, com bons yields; ainda o retalho com potencial de transacção no futuro; a par de hotéis em Lisboa, que tanto poderão ser boutiques como unidades de cinco estrelas e, por último, o turismo residencial, uma vertente que está, por enquanto, inflacionada em Portugal. A Carlyle procura, globalmente, portfólios de activos de qualidade com yields atractivas e/ou activos inseridos em companhias ligadas ao sector imobiliário. A Crimson irá, em exclusivo, fazer trabalho de adviser, concretizar os investimentos e fará toda a futura gestão daqueles investimentos.”
Carlyle e Portugal
O Grupo Carlyle é a maior empresa de equity capital do mundo gerindo fundos superiores a 84 mil milhões de dólares, emprega directamente quase 900 pessoas, 500 das quais são especialistas em montar operações de alavancagem financeira e capital de risco. Com sede em Washington, o conglomerado opera nos cinco continentes, com empresas participadas que empregam mais de 415 mil pessoas.
De acordo com o relatório e contas de 2008, o Grupo Carlyle investiu os recursos dos seus mais de 1300 investidores, espalhados por 71 países, nos sectores da energia (22%), imobiliário (19%), tecnologia (15%), distribuição e consumo (8%) indústria transformadora (8%), telecomunicações e media (6%), transportes (6%), cuidados de saúde (6%) e indústria aeroespacial (5%). Entre as centenas de empresas que controla, muitas são fornecedoras do Pentágono.
Em Portugal, uma das suas últimas aquisições foi o outlet Freeport, situado nas imediações dos terrenos do Campo de Tiro de Alcochete, onde será construído o futuro aeroporto de Lisboa. O investimento foi concretizado nove meses antes de o actual governo socialista ter abandonado a opção Ota para a localização do novo e polémico complexo aeroportuário. A decisão do executivo deu azo a operações imobiliárias amplamente noticiadas pela imprensa portuguesa no início deste ano, bem como a uma discreta manifestação de agrado por parte da gestão portuguesa do Freeport.
Entre 1992 e 2005, o Grupo Carlyle, foi liderado por Frank Carlucci, ex-embaixador dos Estados Unidos em Portugal após a queda do governo de Marcelo Caetano (1975-1977), director-adjunto da CIA (1978-1981), Secretário-adjunto da Defesa (1981-1983), Conselheiro Nacional de Segurança (1986-1987) e Secretário da Defesa (1987-1989).
Durante o consulado de Carlucci, ocuparam posições de relevo na companhia, na qualidade de “consultores séniores”, personalidades da alta roda da política e da finança global, como o ex-presidente dos EUA George H. W. Bush, o antigo primeiro-ministro britânico John Major, o antigo Secretário de Estado norte-americano James Baker, o antigo presidente das Filipinas Fidel Ramos, bem como Karl Otto Pöhl, antigo presidente do banco central da Alemanha (Bundesbank) e George Soros, bilionário gestor de “hedge funds”. Olivier Sarkozy, meio-irmão do presidente francês Nicolas Sarkozy, desde Março de 2008, co-preside e administra a divisão de serviços financeiros globais, criada após a eclosão da crise subprime. Todos são membros de poderosas organizações globalistas – como o Grupo Bilderberg, Council on Foreign Relations e Comissão Trilateral – que se caracterizam pelo secretismo e acesso restrito às elites que pretendem liderar a geopolítica e a economia mundial.
Os parceiros portugueses
A Crimson Investment Management, fundada em Novembro de 2008, é dirigida pelo engenheiro civil Carlos Félix Moedas, que na última década enveredou pela gestão financeira, após um mestrado concluído em Harvard. No final do primeiro ano do Master and Business Administration, estagiou no banco de investimento Goldman Sachs, em Wall Street. No final do MBA, passou a quadro da instituição, em Londres. Foi igualmente quadro do Eurohypo, banco alemão especializado em crédito hipotecário, nos escritórios da capital britânica. Em 2006, após 11 anos no estrangeiro, voltou para Portugal como director-geral da corretora imobiliária espanhola Aguirre Newman.
Nessa qualidade, em entrevista ao site Construir, especializado em indústria da construção, confessou-se um admirador da ex-Secretária de Estado norte-americana Madelaine Albright e do cineasta Steven Spielberg, designadamente do filme Munique, que colhe a sua preferência. “É interessante ver a capacidade que um povo como o de Israel tem para se levantar, combater…e perceber toda a história em que a Mossad vai buscar, um a um, os autores do massacre dos Jogos Olímpicos de Munique.”
De acordo com o jornal Oje, “a Crimson é participada por investidores como Miguel Paes do Amaral, João Brion Sanches, Alexandre Relvas e Filipe de Botton”, este último membro do grupo português da Comissão Trilateral, também conhecido pela designação Fórum Portugal Global.
Segundo a revista “Função Pública”, número 3, de 2005, “nas actividades do grupo português da Trilateral têm ainda participado, designadamente, Jorge Sampaio, Durão Barroso, Miguel Cadilhe, Eduardo Ferro Rodrigues, António Vitorino, Franklin Alves, António Amorim, Filipe de Botton, Luís Valente de Oliveira, António Borges e João Cravinho.”
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