A situação política é “incerta” na Guiné-Bissau após a tentativa de um grupo de militares de destituir o primeiro-ministro, que se negou a apresentar sua renúncia e do coronel do Exército ter se autoproclamado chefe do Estado-Maior, informou à Agência Efe o escritório das Nações Unidas em Bissau.
Valdimir Montero, porta-voz da ONU no país, disse que um grupo de militares deteve o primeiro-ministro, Carlos Gomes Júnior, às 11h30 local (7h30, Brasília). Ele foi levado para o seu escritório e obrigado a apresentar a renúncia, o que se negou, enquanto o coronel Antonio Indjai se autoproclamava chefe do Estado-Maior.
Depois Gomes Júnior foi levado para casa, onde ignora qual é sua situação. Em conversa telefônica desde Bissau, Montero reconheceu que “teme” que isso possa ser o princípio de um novo “golpe de estado”.
Os fatos aconteceram minutos depois que o almirante Bubo Na Tchuto, ex-chefe do Estado-Maior da Armada, que supostamente tentou dar um golpe de estado contra o presidente assassinado João Bernardo Vieira, abandonou, acompanhado por militares, a sede da ONU em Bissau, onde estava refugiado há vários meses.
Tchuto, acusado de colaborar com narcotraficantes sul-americanos no trânsito de cocaína rumo a Europa, fugiu para Gâmbia após ser acusado de tentar matar Vieira em 2008, mas retornou há poucos meses para se refugiar no escritório da ONU em Bissau, de onde saiu nesta quinta.
Enquanto o presidente do país, Malam Bacai Sanha, que está em Bissau, não foi afetado até o momento pelo movimentos dos militares. Ele se reuniu com representantes da ONU e da União Africana (UA) para avaliar a situação, disse Montero.
O coronel Indjai, até hoje subchefe do Estado-Maior, se proclamou chefe do órgão militar após tirar o almirante Zamora Induta do cargo. Enquanto isso na cidade de Bissau, segundo explicou Montero, mil de pessoas fora às ruas protestar contra o eventual golpe de estado e em favor de Gomes Júnior.
Indjai proibiu qualquer tipo de concentração na rua e ameaçou “disparar” contra os manifestantes. Depois das ameaças, “há poucas pessoas nas ruas e as lojas estão fechadas”.
Guiné-Bissau teve eleições presidenciais em julho de 2009, quatro meses depois que o presidente Vieira morreu baleado por um grupo de soldados, aparentemente como vingança pela morte no dia anterior em um atentado com carro-bomba do chefe do Estado Maior das Forças Armadas, geral Tagme Na Wai.
As eleições foram ganhas por Sanha, que manteve Gomes Júnior como primeiro-ministro.
MRA Alliance/EFE