Archive for the ‘Globalização’ Category

EUA montam e apertam cerco ao fundador do Wikileaks

quinta-feira, dezembro 2nd, 2010

O australiano Julian Assange, 39 anos, não apareceu em público depois de uma conferência de imprensa que deu a 5 de Novembro, em Genebra, e concedeu apenas entrevistas on-line desde que foi divulgado um comunicado do seu advogado, referindo que o ‘hacker’ estaria a ser acusado na Suécia por crimes sexuais.

A responsável do Ministério Público da Suécia, Marianne Ny, afirmou que foi emitido um mandado de detenção europeu devido a estas suspeitas. Mark Stephens, o advogado de Assange, informou ainda não ter sido notificado formalmente das acusações feitas ao seu cliente, o que considerou ser uma exigência legal no âmbito da legislação europeia.

O advogado, com escritório em Londres, não poupou Mariane Ny, num e-mail dirigido à agência noticiosa AP, referindo “negligência ocasional” das suas obrigações e considerou que o caso é uma “perseguição e não uma acusação”. Sobre Assange pendem acusações de violação, assédio sexual e coerção ilegal.

Entretanto na guerra assimétrica EUA-Wikileaks surgem novos actores. Um grupo de ex-colaboradores de Julian Assange, fundador do Wikileaks, vai criar um novo portal sobre informação secreta, na sequência de alegados desentendimentos com o fundador do site, noticiou ontem a agência EFE. Um antigo porta-voz da plataforma afirmou que o novo site se propõe fazer com que «o maior número possível de pessoas tenha acesso ao maior número possível de documentos».

Desta forma, está em marcha um novo episódio na guerra entre informação e desinformação da opinião pública global. O prato da balança, a prazo, poderá brevemente virar-se contra Assange.

MRA Alliance/Agências/pvc

Obama “mata” guerra contra o terrorismo e elege China e Índia como novos aliados

quinta-feira, maio 27th, 2010

A nova estratégia de segurança nacional do Presidente Barack Obama designa especificamente a Al Qaeda como inimigo principal dos Estados Unidos. Para trás ficaram as referências à “guerra contra o terrorismo” herdadas da administração de George W. Bush. A “doutrina Obama” pretende também alargar as parcerias norte-americanas para além dos tradicionais aliados da América, de forma a incluir também a China e a Índia.

No documento, tornado público esta quinta-feira, a Casa Branca refere: “Procuraremos sempre acabar com a legitimação do uso do terrorismo e isolar aqueles que a ele recorrem”, e clarifica: “Não é uma guerra mundial contra uma táctica – o terrorismo – ou uma religião – o Islão”.  “Estamos em guerra contra uma rede específica, a Al-Qaeda, e os seus aliados terroristas que apoiam os esforços para atacar os EUA e os seus aliados e parceiros” precisa o texto do documento.

A nova estratégia de segurança nacional representa o resultado de dezasseis meses de consultas no seio da administração Obama e estabelece um corte com as presidências anteriores, ao colocar grande ênfase no valor da cooperação global e no desenvolvimento de parcerias alargadas, para além de atribuir mais importância à ajuda prestada a outras nações para que se defendam a si próprias.

Esta tentativa aparente de Obama se distanciar do legado do seu antecessor, sem no entanto o repudiar frontalmente, poderá a vir a provocar algumas críticas no Partido Democrático, onde alguns sectores esperavam uma rejeição mais clara do conceito de “guerra preventiva” defendido por George Bush. Por outro lado os Republicanos, quase certamente, vão acusar Obama de “ser fraco em matéria de defesa” por dar tanta ênfase à diplomacia e ajuda ao desenvolvimento.

O documento refere-se “aos grandes objectivos” em matéria de defesa e o destaque de “adversários principais” é dado repetidamente à Al-Qaeda, ao Irão e à Coreia do Norte, estes últimos por causa dos seus programas nucleares.

No que respeita às alianças, a nova estratégia para manter a segurança dos Estados Unidos pressupõe o fim dos anos de acção unilateral da era Bush e deposita maior confiança nos aliados dos Estados Unidos para fazer face ao terrorismo e a outros problemas globais.

Para tal, a Casa Branca fala de desenvolver parcerias globais mais alargadas, de forma incluir nações como a Índia ou a China, que não se contam entre os aliados tradicionais dos EUA.

MRA Alliance/Agências

Fórum de Davos inconclusivo sobre regulação financeira

domingo, janeiro 31st, 2010

O Fórum Económico Mundial chegou ao fim este domingo, em Davos, na Suíça, sem que os seus participantes tenham chegado a um consenso sobre os princípios de regulação que deverão presidir à reforma do sistema financeiro internacional.

Apesar do sentimento geral dos governantes que participaram no encontro ser favorável a uma maior regulação do sistema financeiro internacional, as divergências são profundas relativamente à natureza e ao alcance das regras e mudanças a adoptar.

Mais consensual é a ideia de que a criação de emprego e o reforço da liberdade comercial devem ser as prioridades da economia global, numa altura em que a maioria dos dirigentes considera que a crise mundial dá sinais de abrandamento.

MRA Alliance/Agências

G8: Acordo contra a fome, desacordo contra aquecimento global

sexta-feira, julho 10th, 2009

G8 - Itália, L’Aquila 2009Os membros do G8 e os países emergentes convidados para a Cimeira de L’Aquila comprometeram-se a mobilizar 20 mil milhões de dólares em três anos para garantir a segurança alimentar no mundo mas não chegaram a um acordo satisfatório sobre as questões climáticas.

O valor anunciado representa mais cinco mil milhões que o inicialmente previsto e foi anunciado pelo primeiro-ministro italiano, Silvio Berlusconi, em conferência de imprensa.

“Congratulamo-nos com os compromissos assumidos pelos países representados em L’Aquila” para “assegurar o desenvolvimento sustentável da agricultura, mantendo a determinação de prestar uma ajuda alimentar de emergência”, lê-se na declaração comum da Cimeira.

No texto, intitulado “Iniciativa de L’Aquila sobre segurança alimentar”, os líderes manifestam a sua “profunda preocupação com a segurança alimentar mundial, o impacto da crise financeira mundial e a subida dos preços dos alimentos”, sublinhando que os mais atingidos são os países menos preparados para fazer face a um agravamento da fome e da pobreza.

Questões climáticas aquém das expectativas

Com as alterações climáticas no centro da discussão, os oito países mais industrializados do Mundo conseguiram acordar um limite de aquecimento global, mas os objectivos de redução de emissões não foram alcançados.

Numa discussão que transcende os interesses dos membros do G8, os interesses da China e da Índia surgem como o principal entrave às reduções de emissões poluentes pretendidas para 2050, atendendo aos acelerados processos de desenvolvimento que protagonizam. O único consenso dos líderes reunidos em L’Aquila, Itália, prende-se com a decisão de limitar a dois graus Celsius a subida de temperaturas, relativamente a valores de referência de 1900, ou seja, no limiar do aquecimento que, segundo as Nações Unidas, tornará o sistema climático da Terra perigosamente instável.

O G8, constituído pelos oito países mais industrializados do mundo – Alemanha, Estados Unidos, Canadá, Japão, Itália, França, Reino Unido e Rússia -, convidou para a Cimeira de L’Aquila as cinco potências emergentes – África do Sul, Brasil, China, Índia e México – e os líderes de seis países africanos – África do Sul, Angola, Argélia, Egipto, Nigéria e Senegal.

MRA Alliance/Agências 

Lula e Sarkozy querem “mudança na governança mundial”

terça-feira, julho 7th, 2009

Os presidente da França e do Brasil, Nicolas Sarkozy e Lula da Silva, pediram hoje, em Paris, uma “mudança na governança mundial”, após um encontro preparatório da cimeira do G8, que integra os sete países mais ricos do mundo e a Rússia, com início amanhã em Átila, na Itália. 

“Depois da crise, nada poderá ser como dantes”, por isso “pedimos uma mudança da governança mundial [e] no crescimento global para que a questão climática seja uma prioridade”, disse Sarkozy, no Palácio do Eliseu, durante a conferência de imprensa conjunta com o seu homólogo brasileiro.

O chefe de Estado francês disse que vê a crise econômica global como “uma oportunidade” para a mudança mundial. Lula apelou para que “o sistema financeiro seja definitivamente vigiado, que os paraísos fiscais não existam mais e que a economia seja aberta e dinâmica”. “Se a ONU tivesse uma representação legítima de nossa geografia, muitas coisas poderiam ser resolvidas com mais rapidez”, acrescentou Lula.

Os chefes de Estado francês e brasileiro discutiram, entre outros temas, a reforma do Fundo Monetário Internacional (FMI), o combate aos paraísos fiscais bem como a execução das medidas anticrise aprovadas na cimeira de Abril, realizada em Londres. 

A reunião do G8 contará com a presença de convidados de 12 países e organizações internacionais, incluindo as cinco maiores economias emergentes -Brasil, China, Índia, África do Sul e México.

MRA Alliance/Agências

Espanha vai participar na cimeira financeira do G20

sábado, novembro 8th, 2008

O Presidente em exercício da União Europeia (UE), Nicolas Sarkozy, confirmou ontem, em nota enviada aos 27 Estados-membros, a presença de Espanha na Cimeira do G20, prevista para 15 de Novembro, em Washington.

Os líderes europeus apoiaram as sugestões da Presidência francesa da UE sobre as grandes prioridades dos 27 para a reforma do sistema financeiro internacional que será discutido na Cimeira do G20 de Washington a 15 de Novembro.

O presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso, já tinha manifestado o seu apoio e das instituições europeias à participação de Espanha na cimeira do G-20, justificando que a exclusão de Madrid “não é nada contra Espanha” mas o resultado de o formato [G20] ter sido herdado da última grande crise financeira – a asiática. “Espanha é a oitava economia do Mundo e tem aqui uma experiência de grande interesse para a reforma do sistema financeiro global”, defendeu Durão Barroso.

Fazem parte do G-20 os sete países mais industrializados do mundo (Estados Unidos, Reino Unido, Canadá, França, Itália, Japão, Alemanha), as economias emergentes (Argentina, Austrália, Brasil, China, Índia, Indonésia, México, Rússia, Arábia Saudita, África do Sul, Coreia do Sul, Turquia) e a União Europeia.

MRA Dep. Data Mining

Sintonia euro-asiática sobre regulação financeira global

domingo, outubro 26th, 2008

Os chefes de estado e de governo europeus e asiáticos, reunidos em Pequim, apoiaram a proposta do presidente em exercício da UE/União Europeia, Nicolas Sarkozy, tendente ao endurecimento da regulação dos mercados financeiros a nível global, num comunidado distribuído no final da cimeira euro-asiática. Os participantes defendem “uma reforma eficaz e abrangente dos sistemas monetário e financeiro internacionais.” O primeiro-ministro chinês, Wen Jiabao, após o conclave que reuniu 40 altos dignitários dos governos dos blocos europeu e asiático, afirmou ser necessária “muito mais regulação para assegurar a estabilidade financeira.”

O tema promete ser polémico entre os dirigentes americanos e europeus, durante a próxima cimeira internacional, a realizar no dia 15 de Novembro, em Washington, para debater as reformas do sistema financeiro global. Os americanos opõe-se ao excesso de regulação e, apesar da crise, continuam a defender o primado da liberdade económica. A maioria dos europeus, liderados por Sarkozy, defende uma maior intervenção do Estado na economia e maior rigor e controlo das actividades do sector privado, sobretudo na área financeira. MRA Dep. Data Mining

UE: Perspectivas «excepcionalmente incertas» diz Almunia

domingo, outubro 12th, 2008

Joaquín AlmuniaO comissário Joaquín Almunia referiu, na reunião do Comité Monetário e Financeiro Internacional (IMFC), principal órgão director do Fundo Monetário Internacional (FMI), que «as perspectivas para a economia da UE tornaram-se excepcionalmente incertas nas últimas semanas». «Os eventos acontecem de forma rápida e imprevisível. A confiança entre os participantes dos mercados financeiros foi demolida, o que desacelerou de forma significativa o fluxo do crédito», adiantou o comissário. No terceiro trimestre deste ano, a actividade económica na Europa vai sofrer uma desaceleração «adicional» de acordo com os indicadores disponíveis, avançou. O comissário salientou, ainda, que a inflação está a recuar na União Europeia devido à queda dos preços das matérias-primas, o que pode levar a novos cortes das taxas de juro. «Se forem confirmados, estes novos factos poderiam justificar alguma redução das taxas de juro a curto prazo», disse Almunia. MRA Dep. Data Mining

Crise sistémica: Subida das taxas interbancárias levam bancos centrais a novas medidas críticas

sábado, outubro 4th, 2008

As taxas de crédito interbancário atingiram ontem novos recordes, levando os bancos centrais a anunciar mais injecções de dinheiro nos mercados monetários, a par de facilidades de acesso ao crédito pelas instituições bancárias. Segundo a Associação Britânica de Banqueiros, a taxa crédito interbancário Libor a 3 meses atingiu um máximo histórico em euros (5,33%). Em dólares, subiu para o valor mais alto desde Janeiro deste ano. A agência Bloomberg noticiou que o spread Libor-OIS – medida de escassez de crédito entre instituições bancárias – também registou um valor recorde. As taxas entre bancos, em Hong Kong e no Japão, subiram para o máximo de há 9 meses. Para evitar a secagem dos mercados, alguns dos principais bancos centrais anunciaram novas injecções de liquidez. O BCE/ Banco Central Europeu anunciou o leilão de USD 50 mil milhões/bilhões (mm/bi) no sistema bancário da Zona Euro, alargando também o conjunto de instituições participantes. Na Inglaterra, o banco central vai flexibilizar os critérios de aceitação de garantias para crédito a três meses, numa tentativa de facilitar aos bancos o acesso a empréstimos. Ofereceu ainda USD 30 mm/bi em fundos a uma semana e USD 10 mm/bi em empréstimos “overnight”. Mervyn King, governador do Bank of England, afirmou: “Nestas condições de mercado extraordinárias, o Banco de Inglaterra vai tomar todas as medidas necessárias para garantir que o sistema bancário tenha suficiente acesso a liquidez.” Na 13ª intervenção consecutiva em dias úteis, o Banco do Japão comunicou que vai aplicar USD 7,6 mm/bi no sistema bancário do país, enquanto o Banco da Austrália disponibilizou USD 1,2 mm/bi. Greg Gibbs, director de estratégia para os mercados monetários do banco ABN Amro, em Sidney, considerou que “os problemas do sector financeiro estão a avolumar-se como uma bola-de-neve e a ganhar um ímpeto que será difícil deter“. Joshua Williamson, da TDSecurities, disse que o mercado interbancário está “emperrado” pois os bancos continuam a acumular liquidez e não emprestam dinheiro entre si. “As pressões sobre o financiamento deverão continuar elevadas. A manter-se esta situação, aumenta a probabilidade de os bancos repassarem os custos aos clientes”, disse. O Congresso dos Estados Unidos aprovou ontem por 263 votos a favor e 171 votos contra, a versão reformulada do plano de saneamento do sistema financeiro, avaliado em 700 mil milhões de dólares, conhecido como Plano Paulson. Ontem, após a aprovação, o presidente dos EUA disse que os norte-americanos não devem esperar resultados imediatos. Bush já promulgou a nova legislação. O autor do projecto legislativo inicial e secretário das Finanças, Henry Paulson, prometeu que irá tentar pô-lo em práctica o mais rapidamente possível. MRA Dep. Data Mining

“PIG” versus “BRIC”

quinta-feira, setembro 25th, 2008

“Um novo confronto de siglas caracteriza o atual ambiente global, transformado pela crise que atingiu as maiores economias do mundo. Enquanto os Brics (Brasil, Rússia, Índia e China) continuam a ser apontados como os condutores do crescimento mundial, agora na Europa a expressão Pigs (porcos, em inglês) vem cunhar a posição menos favorecida de Portugal, Itália, Grécia e Espanha. “Brics soa bem, mas Pigs, não”, disse o vice-presidente sênior do The Economist Group, Daniel Thorniley, durante o evento “Emerging Markets Summit 2008”, realizado ontem em Londres.
A referência aos principais emergentes do mundo, criada pelo executivo do Goldman Sachs Jim O?Neill, em 2001, faz alusão a “brick” – tijolo em inglês. Já a sigla Pigs começou a ser usada pela mídia internacional para caracterizar os países europeus próximos da recessão. Ao aparecer na coluna “Lex” do jornal britânico Financial Times no início do mês, o termo chegou a irritar o ministro de Economia português, Manuel Pinho. Polêmica à parte, a percepção de executivos e especialistas é de que agora a busca por oportunidades mais lucrativas de crescimento a longo prazo ganhará mais intensidade. Nesse contexto, a adoção de estratégias adequadas aos mercados emergentes recebe importância renovada. “As empresas alemãs não estão investindo na Alemanha porque não há confiança”, disse Thorniley, ressaltando que a inflação afetou o poder de compra da população. Por isso, ele acredita que os emergentes, onde há mercado consumidor, são mais atraentes. “Os executivos estrangeiros reconhecem que, se quiserem elevar seus lucros, não será em seus mercados domésticos”, disse o diretor Danny Lopez, da UK Trade & Investment (UKTI), órgão do governo britânico. Para Jim O?Neill – que como “pai” dos Brics continua entusiasta -, o crescimento econômico global virá cada vez mais desses países. “Entre eles, acho que o Brasil é hoje o mais interessante, pois está conseguindo passar por anos de estabilidade depois de anos de caos.”

Artigo original em O Estado de S. Paulo, 24-09-2008

CPLP: Líderes lusófonos querem globalizar a língua portuguesa

sexta-feira, julho 25th, 2008

O primeiro-ministro José Sócrates anunciou hoje, no final da 7.ª cimeira da Comunidade dos Países da Língua Portuguesa, que vai convocar uma reunião de ministros dos oito países da CPLP para um entendimento sobre a data da entrada em vigor do acordo ortográfico. “Agora é connosco, agora somos nós que temos o dever de liderar a CPLP, que constitui a prioridade das prioridades da política externa portuguesa”, afirmou Sócrates, no final dos trabalhos, que decorreram no Centro Cultural de Belém, em Lisboa. Portugal definiu como ponto central da sua presidência o reforço e promoção da língua portuguesa, um tema que, segundo o Presidente Cavaco Silva, reúne o consenso de todos os membros: “Esta cimeira ficará como marco da afirmação do português na cena internacional”. No início da reunião, o ministro da Educação do Brasil, Fernando Haddad, anunciou que o seu país projecta para 2011-2012 a entrada em vigor do acordo ortográfico. Há cerca de 240 milhões de falantes de português no mundo. Segundo projecções baseadas na evolução demográfica dos oito países que têm o português como língua oficial, o número de falantes pode totalizar 335 milhões em 2050. Portugal e o Brasil, no último ano, têm enfatizado a necessidade de “globalizar” o português, através de políticas mais agressivas que o tornem idioma oficial em organizações multilaterais e aproveitem a Internet para a sua disseminação. A criação de uma rede de escolas e bibliotecas, bem como de uma WebTV, gerida em conjunto pelos oito membros da Comunidade, são alguns dos objectivos previstos no programa da presidência portuguesa. Os países membros concordaram com outras três prioridades apresentadas por Portugal: cidadania lusófona, concertação político-diplomática nos fóruns internacionais e a aumento da cooperação nos sectores da educação, cultura, energia e segurança alimentar. A Guiné Equatorial, actual observador da CPLP, propôs-se hoje ser admitido como Estado-membro, assumindo a responsabilidade de adoptar o português como língua oficial. O Presidente da República de Cabo Verde, Pedro Pires, não se opõe por a ex-colónia espanhola ter sido inicialmente colonizada por Portugal. As Ilhas Maurícias e o Senegal têm o estatuto de observadores. Marrocos apresentou a sua candidatura. A proposta está em fase de análise. No final do seu mandato, em 2010, Portugal passará o testemunho da presidência a Angola. MRA/Agências

Comissão Europeia propõe associação estratégica UE-México

terça-feira, julho 15th, 2008

A Comissão Europeia aprovou hoje a proposta oficial para uma Associação Estratégica entre a União Europeia e o México, um nível de relação que a UE só tem com potências como Estados Unidos, China, Rússia e Brasil. A decisão dá início ao procedimento formal que carece de aprovação do Conselho de Ministros da UE e do Parlamento Europeu. A Associação Estratégica contribuirá para reforçar as relações UE-México estabelecidas no Acordo de Associação assinado em 2000. A discussão de temas como o “multilateralismo, a democracia, os direitos humanos, o Estado de Direito, o diálogo cultural, a América Latina, a integração regional e o Grupo do Rio”, são as metas a atingir, segundo indicou Bruxelas. Nas áreas económica e social, os eixos serão “a política de desenvolvimento, o investimento e a responsabilidade social, os direitos de propriedade intelectual e inovação, a abertura de mercados, a política social, o trabalho digno e a proteção social, a migração e a pobreza”. MRA/Agências

2008: Entrámos na segunda fase da crise sistémica global

terça-feira, julho 15th, 2008

GM Corvette by MattelEsta semana marca o início da segunda fase da crise do sistema financeiro a nível planetário. Como prognosticámos no ano passado, não estávamos perante uma crise sub-regional (EUA) e menos ainda subsectorial (subprime americano). A crise, ontem quanto hoje, é sistémica (económica e financeira) e global (cinco continentes). Recentes desenvolvimentos confirmam tais postulados e prenunciam outros, mais graves e perigosos.

O governo Bush/Cheney decidiu ontem aprovar mais uma operação de salvamento do sistema financeiro americano. O apoio total e incondicional às gigantes hipotecárias Fannie Mae e Freddie Mac, no mínimo, até final de 2008, custará aos contribuintes USD 500-600 mil milhões/bilhões. O Congresso aprovara há menos de uma semana outro programa hipotecário e imobiliário de emergência (USD 300 mil milhões/ bilhões) para financiar particulares e empresas em risco de penhora ou falência. Os mercados, como sempre, reagem relativamente bem nos dias imediatos, mas entram em pânico nos meses que se seguem. Porquê?

O grau de exposição à crise por parte dos irmãos gémeos Fannie Mae e Freddie Mac é assustador. Em capitais próprios, por cada dólar amarrado a contratos hipotecários e derivativos de dívida, a primeira apenas dispõe de 1.6 cêntimos e a segunda 1.9 cêntimos. Entre os valores mais altos das suas acções e as actuais cotações o resultado é igualmente revelador: Fannie Mae (-88.5%) e Freddie Mac (-89.6%). Os especuladores Jim Rogers e George Soros, em entrevistas à Rádio Bloomberg classificaram hoje a decisão do governo como “um desastre”. Rogers disse que ambas estão “insolventes” e Soros esclareceu que nenhuma tem “problemas de liquidez” mas que ambas têm “problemas de solvência”. O ex-presidente do banco da Reserva Federal de St. Louis, William Poole, na semana passada, também reconhecera que as duas empresas “já estão em insolvência”. Uma e outra são responsáveis por mais de 50% dos compromissos hipotecários do mercado americano, avaliado globalmente em USD 12 milhões de biliões/ trilhões… O Secretário do Tesouro, Hank Paulson, estimou em USD 2.5 milhões o número de penhoras hipotecárias, nos EUA, até final do ano. Em 2009, os analistas prevêm que aquele número seja ultrapassado. Ainda alguém duvida que os contribuintes americanos – os pagantes da factura final – não geram riqueza suficiente para salvar nem aquelas, nem outras empresas de igual dimensão, e ainda menos o sistema?

Uma pequena parte das dívidas americanas (a federal) caminha para os USD 9.5 biliões/ trilhões. Se a esta, juntarmos as dívidas dos particulares, empresas, municípios, governos estaduais e agências federais sectoriais (saúde, segurança social, educação, etc.) os valores em dívida são estratosféricos. Isto é um sinal de que os próximos Titanic’s da economia global não são às dezenas. São às centenas. Espalham-se pelos EUA, Zona Euro, Ásia, América Latina e até pelo continente africano. Na calha, como sempre, estão multinacionais americanas. O efeito dominó vem a seguir. O banco de investimento Lehman Brothers, será um dos primeiros a cair. Nos últimos 17 meses perdeu mais de 83% do seu valor em capitalização bolsista. A instituição está atulhada em derivativos de créditos hipotecários actualmente sem mercado comprador, logo, sem valor. Na melhor das hipóteses, conseguirá livrar-se de 3% deste “lixo tóxico”. A ajuda será modesta em efeitos positivos. Na carteira global de activos do grupo, nos últimos meses, estes títulos de alto risco passaram de 5.4% para 6.5%. Aos prejuízos acumulados desde 2007, no primeiro trimestre de 2008, somaram-se mais USD 2.87 mil milhões/bilhões. Para sair desta infindável embrulhada o grupo financeiro Lehman Brothers precisará de muito capital e toneladas de confiança. Nos tempos que correm, ambas são commodities escassas e caras. A venerável e centenária instituição de Wall Street está nos cuidados intensivos. Em coma. Resta saber quanto tempo demorará a emissão da certidão de óbito.

O sector automóvel, como noticiámos há duas semanas, dá igualmente sinais graves de anemia. Na realidade os resultados da General Motors (GM) nos últimos anos aumentaram os receios de outra falência anunciada. A conjuntura internacional, a concorrência, e o modelo de negócio da GM são parte do problema e não das solução. Só no primeiro trimestre de 2008, os prejuízos ascenderam a USD 3.25 mil milhões/bilhões. Na passada 5.a feira a empresa registou um resultado histórico. Pela primeira vez nos últimos 54 anos, o valor das acções foi cotado abaixo dos USD 10 (USD 9.69). De imediato, aumentaram os rumores de a empresa pedir judicialmente a protecção dos credores para evitar a falência. Rick Wagoner, CEO da GMC/General Motors Corporation, negou de imediato e explicou as razões para o optimismo: “A GM dispõe actualmente de USD 24 mil milhões/bilhões em ‘cash’ e mais USD 7 mil milhões/bilhões em facilidades de crédito não utilizadas. (…) Em qualquer dos cenários que prevemos (…) a nossa tesouraria continuará robusta durante este ano.” Indiferentes ao discurso corporativo, boatos sobre a possibilidade de a GM declarar falência nos próximos cinco anos continuam a dividir os analistas. Escassos 25% dizem ser pouco provável. Os restantes 75% opinam ser provável/altamente provável. Nos anos 50 do século passado a General Motors chegou a ter uma capitalização bolsista de USD 66 mil milhões/ bilhões e a dominar quase 50% do mercado automóvel dos EUA. Hoje o valor bolsista ronda a décima parte e a quota de mercado está abaixo dos 20%. Em números, o fabricante n.º 1 de verdadeiros “veículos automóveis” vale menos do que a Mattel, fabricante da “Barbie” e de outros brinquedos. Entre eles, os engraçados modelos “Corvette”, sob licença da GM. “Made in China”, obviamente…

MRA/Dep. Data Mining

Pedro Varanda de Castro

Consultor

As «Enrascadas no país do refugo», vistas por uma financeira americana

segunda-feira, julho 7th, 2008

Marilyn Cohen, presidente da Envision Capital Management, Inc., Los Angeles, gestora de aplicações em fundos de rendimento fixo, num artigo publicado recentemente na edição online da revista norte-americana Forbes confessa-se “desnorteada” com a situação financeira do país.

(…) Actualmente já se verificaram mais incumprimentos financeiros do que em todo o ano que passou. A Standard & Poor’s apurou que, até agora, 27 empresas falharam os pagamentos das suas dívidas. Durante todo o ano passado aquele número ascendeu a 22. Muitas companhias estão com problemas para cumprirem as suas obrigações financeiras. Algumas estão a cobrir necessidades de capital para o pagamento de juros através da emissão de novos títulos de dívida para assegurarem liquidez. Não é um sinal positivo.”

A gestora/analista não varre o lixo para debaixo do tapete. O sistema bancário está demasiado exposto ao efeito perverso da buzzword inventada pelo investidor Warren Buffet, as Armas Financeiras de Destruição Maciça (derivativos e/ou produtos estruturados), para ter a veleidade de se preocupar com os carcinomas das empresas novas, descapitalizadas ou à beira da falência que há anos alimentam generosamente o mercado dos títulos de alto risco (junk bonds). Pagam juros bilionários pelos empréstimos que contraem. Quando as coisas correm para o torto, os calotes são trilionários. Os bancos sabem melhor do que ninguém que os quase 400 mil milhões de dólares (billions/bilhões – mm/bi) perdidos nas roletas subprime desde finais de 2006, são peanuts quando comparados com os milhões de biliões (trillions/trilhões) ainda em jogo em instrumentos perigosamente alavancados. Os contratos de dívida derivados de activos de alto risco – CDO’s, ABS’s e CDS’s, para citar apenas alguns, nas bizarras versões híbridas, ao quadrado ou ao cubo – atingem as respectivas maturidades em 2008 (USD 13 mm/bi), 2009 (USD 28 mm/bi) e 2010 (USD 45 mm/bi). Com estes exemplos que, conjugadamente, constituem uma ínfima parcela do mercado global da dívida, continuamos a ter uma pálida ideia da monumental trapalhada em que os mágicos da moderna finança global meteram pelo menos duas gerações de terráqueos. A dimensão tentacular destes mercados, desregulados e obscuros, desde 2001, teceu uma obscura teia de instrumentos de dívida, “estruturados” ou “securitizados”, cujo valor nocional o Banco Internacional de Pagamentos (BIS, em inglês) calcula em dezenas de triliões de dólares. Bem vindos ao mega casino dos derivativos e produtos similares. “Faites vos jeaux!”

MRA Dep. Data Mining

Pedro Varanda de Castro

Consultor

Starbucks vai encerrar 600 coffee-houses desconhecendo-se os planos para Portugal

quarta-feira, julho 2nd, 2008

A cadeia de cafés Starbucks, Seattle, EUA, supreendeu o mercado ao anunciar que, em lugar das 100 inicialmente previstas, irá encerrar 600 das 7 100 lojas nos EUA (- 8.5%) e despedir 12 000 empregados devido à crise do consumo. A franquia global tenta desta forma reduzir custos e amortizar no próximo balanço trimestral activos não lucrativos no montante de USD 200 milhões. Nos últimos 12 meses as acções da empresa caíram cerca de 40%. “O actual ambiente de negócios é o pior na história da companhia. A queda dos preços imobiliários, os custos crescentes da energia e dos consumíveis da marca – produtos alimentares e outros – estão a ter um impacto negativo nos nossos consumidores”, disse Howard Schultz, co-fundador, presidente e CEO da multinacional. A Starbucks que opera em 44 países, previa no início do ano juntar Portugal e a Bulgária ao seu universo global. Schultz declarou no primeiro trimestre de 2008, que a empresa planeava focalizar as actividades na Europa diminuindo, simultaneamente, o ritmo de abertura de novos cafés nos Estados Unidos. Fora do país de origem, a Starbucks contava abrir em 2008 mais 975 lojas, num investimento total superior a 700 milhões de euros. O DN, há uma semana, revelou que “a Starbucks já está a contratar pessoal em Portugal com vista à abertura da primeira loja, cujo local ainda não é conhecido.” Actualmente com cerca de 16 mil unidades espalhadas pelo Mundo, a Starbucks arrancou em 1971. Em 1992, quando passou a ser cotada em bolsa, a rede detinha apenas 165 lojas. No final do primeiro trimestre de 2008 obteve 108,7 milhões de dólares de lucros, uma reducção de 28% face a idêntico período de 2007. O expansionismo agressivo da empresa a nível mundial e os decepcionantes resultados levaram ao despedimento, em Janeiro passado, do CEO Jim Donald e ao regresso de Schulz ao cargo, após um hiato de oito anos.

MRA Dep. Data Mining

Alimentos vão empobrecer 100 milhões de pessoas

sexta-feira, junho 13th, 2008

Alimentos caros a nível mundial, nos próximos anos, vão colocar abaixo da linha de pobreza no mínimo 100 milhões de pessoas, previu Danny Leipziger, vice-presidente do Banco Mundial. “Os preços de alguns bens alimentares duplicaram, nos próximos três a quatro anos manter-se-ão elevados e não vão voltar aos níveis que tinham anteriormente”, disse o responsável do Banco Mundial (BM) na conferência sobre “Preços dos alimentos e segurança alimentar” na Cidade do Cabo, África do Sul. Os participantes concordaram num ponto: as respostas clássicas para responder à actual crise são inúteis. “Esta crise é diferente de todas as outras que temos visto e não há soluções na gaveta. É uma crise diferente e cria uma mudança estrutural”, considerou Sheryl Hendricks, responsável do Centro Africano de Segurança Alimentar. Lesetja Kganyago director-geral do Tesouro da África do Sul disse que “controlar preços” e “limitar as exportações” é um erro e “seria cair na armadilha dos países ricos, que justificam os subsídios à sua agricultura por razões de segurança alimentar”, dando esmolas aos países pobres. MRA/Agências

Globalização está a enervar as pessoas, diz Mandelson

quinta-feira, abril 10th, 2008

A globalização e o livre comércio enfrentam um cepticismo crescente por parte da opinião pública, disse o comissário europeu do Comércio, Peter Mandelson, durante uma conferência, em Watford, Grã-Bretanha, sobre modelos avançados de governação. “Apesar de estarmos rodeados por benefícios da globalização, as pessoas ainda estão cépticas”, disse o eurocrata britânico, a despeito das enormes vantagens e de ter distribuído riqueza a mais de mil milhões (um bilhão) de pessoas anteriormente mais pobres. Mendelson atribuíu o facto à transferência de poder e influência económica do ocidente para o oriente. “Sem dúvida é isto que está a enervar as pessoas”, acrescentou.
O comissário europeu aconselhou os governos a evitarem o isolacionismo e o proteccionismo como resposta a estas mudanças. A mensagem dirigiu-se aos líderes ocidentais numa altura em que, face à crise financeira mundial, têm aumentado as pressões para que as negociações sobre a liberalização do comércio mundial – Ronda de Doha – sejam rapidamente reactivadas. Desde 2004, altura em que deveriam ter terminado, o diálogo de surdos entre países ricos e pobres sobre o desarmamento comercial, tem afectado o crescimento e o desenvolvimento global. Fonte: MRA-Dep. Data Mining

Árabes preferem BRIC’s aos «velhos e decadentes ricos»

sábado, abril 5th, 2008

Analistas árabes, nas últimas semanas, têm dado sinais de que, contrariamente às tradições dos investimentos dos países do Golfo Pérsico, aliados dos Estados Unidos, e dos respectivos líderes políticos e empresariais, chegou a altura de mudar de rumo em direcção ao bloco BRIC – Brasil, Rússia, Índia e China – como alternativa às mais-valias sobre activos historicamente considerados mais seguros e lucrativos – EUA, Europa e Japão. Mais

MRA, Dep. Data Mining

Pedro Varanda de Castro

Consultor

Sarkozy: O falcão europeu nas negociações agrícolas da OMC

quinta-feira, abril 3rd, 2008

“Serei um firme opositor a qualquer acordo que não atenda aos interesses da França”, disse o chefe de Estado francês, num discurso perante o Congresso da principal federação sindical agrícola francês, a FNSEA, em Nantes.O presidente argumentou que depois de mais de sete anos de negociações “o flagrante desequilíbrio [das negociações] deve provocar uma reflexão mais profunda no seio da União Europeia (UE) mas também na OMC, sobre o futuro das decisões, porque é difícil continuar como se nada tivesse acontecido”. “Digo as coisas da forma mais clara: nesta negociação internacional, quero reciprocidade, quero equilíbrio”, insistiu Sarkozy, revelando ter escrito uma carta ao presidente da Comissão Europeia, José Manuel Durão Barroso, para lhe recordar a “linha” que se propõe defender.

Sarkozy, cujo país assumirá a presidência rotativa da UE no segundo semestre deste ano, não quer que a Europa seja “ingénua”, deixando uma pergunta no ar: “De que serve construir uma política agrícola se a Europa renuncia a defender sua agricultura de produção e a sua alimentação, se renuncia proteger a qualidade sanitária e o ambiente quando todos os demais se defendem e se protegem?” A União Europeia também não pode ignorar as medidas “dos governos brasileiros e americanos para apoiar, por meio de um dumping fiscal sem precedentes, o desenvolvimento de certos biocombustíveis”.

Na carta a Durão Barroso, Sarkosy exigiu uma “verdadeira reciprocidade no acesso aos mercados” e considerou ser “altamente preocupante” o desequilíbrio das concessões recíprocas contra os interesses europeus quer nos sectores agrícola e industrial, actualmente em fase de negociação, quer no abandono dos temas a negociar sobre os serviços, normativos e os direitos sobre o mapeamento do planeta via satélite. MRA/Agências

China: Crise mundial afecta competitividade mas nova revolução industrial já está em marcha

terça-feira, abril 1st, 2008

Containers-ChinaDezenas de milhares de industriais, há 20 anos, deram outro “Salto em Frente” e transferiram as suas fábricas em Taiwan, Hong Kong e Macau para a região de Cantão, no sul da China continental. A região prosperou, registando crescimentos anuais de dois dígitos.

Na nova China, as províncias do sul, transformaram-se numa “fábrica planetária”. Electrónica de consumo, produtos eléctricos e de iluminação, têxteis e confecções, sapatos, mobiliário, louça, etc. inundaram os mercados mundiais e ajudaram a manter a inflação ocidental em níveis historicamente baixos.

A combinação da mão de obra barata, ausência ou deficiente regulação e uma moeda (yuan) barata era um cocktail demasiado agradável para não ser consumido até à exaustão por esse mundo fora. Três décadas de crescimento exponencial parecem, agora, ter os dias contados.

A menos que o mercado interno consiga absorver as mega toneladas de produtos amontoados nos portos chineses, para os mercados ocidentais, vorazes e ricos, mas onde os consumidores, perante a crise global do crédito, deixaram de poder comprar.

Chegou a altura de pagar as dívidas (empréstimos, hipotecas, cartões de crédito) e o preço do dinheiro está num ciclo de subida, apesar dos esforços dos bancos centrais para taparem o sol com a peneira. Mesmo assim, a China parece ter a lição bem estudada para resolver as turbulências deste século. Mais

CVRD enfrenta crescentes desafios no mercado asiático

terça-feira, março 25th, 2008

CVRD - jazidas de ferro - CarajásA Rio Tinto, a gigante mineradora anglo-australiana, declarou que deseja trabalhar com grupos estatais chineses para desenvolver projetos no exterior, no que parece ser uma tentativa deliberada de aprofundar laços com o seu mais importante cliente. Os comentários de Tom Albanese, executivo-chefe da companhia, coincidem com uma crescente e amarga disputa entre a China e a Rio Tinto, e outras mineradoras da Austrália, sobre os preços do minério de ferro. A Rio Tinto tem uma grande presença chinesa na sua base accionista, após a Aluminium Corporation of China (Chinalco) comprar 9% de participação na mineradora, por US$ 14,1 bilhões.

A compra da participação anunciada pela Chinalco, em conjunto com a Alcoa, coloca a estatal chinesa no centro da investida da BHP Billiton, maior mineradora do mundo, para assumir o controle da Rio Tinto – que tem rejeitado a aproximação. Albanese disse que a Rio Tinto não está em “discussões activas” com nenhum grupo chinês sobre negócios no exterior, mas acredita que tal cooperação poderia trazer benefícios para ambas as partes. O executivo sugeriu que a experiência técnica e de engenharia das empresas chinesas poderia combinar bem com a capacidade da Rio Tinto “para encontrar depósitos de minério de classe mundial”.

Recentemente, a mineradora brasileira CVRD – Companhia Vale do Rio Doce – fechou acordos com siderúrgicas do Japão e da China para um aumento de 65% a 71% nos preços dos contratos de minério de ferro. A Rio Tinto e a BHP, no entanto, exigem mais, acusando a Vale de não reflectir no preço a desvantagem dos custos de transporte – o Brasil é três vezes mais longínquo do norte da Ásia do que a Austrália. MRA/Agências

Guru financeiro explica como e porquê os “emergentes” ameaçam os EUA com um humilhante K.O.

terça-feira, março 25th, 2008

EUA: O cerco dos Jonathan Garner, administrador e director estratégico do banco Morgan Stanley, com o pelouro dos investimentos em mercados emergentes globais, enunciou um conjunto de razões que explicam a irreversível manobra de desacoplagem dos mercados emergentes da economia americana.

Cada semana que passa, o mustang económico dos anos 50/60, deu lugar a um mostrengo industrial-militar que, salvo nas administrações Clinton/Gore, arruinou as finanças da nação militar, económica e politicamente mais poderosa do mundo.

Entre o «laissez-faire» do reaganismo e o bushviquismo neoconservador, a locomotiva norte-americana, encurralada por asininas políticas monetárias, orçamentais e fiscais, caminha aceleradamente da impotência para a decadência. Com um sistema financeiro, desregulado, instável, desacreditado e volátil, o capitalismo americano iniciou o hara-kiri. Em câmara lenta. Sem honra, nem glória. Mais

MRA Dep. Data Mining/FinanceAsia.com

Gigante russa Gazprom alarga tentáculos ao gás natural da Bolívia

quarta-feira, março 19th, 2008

Bolívia_Hidrocarbonetos - YPBFO consórcio russo Gazprom e a companhia estatal boliviana Yacimientos Petrolíferos Fiscales Bolivianos (YPFB) assinaram um acordo para a prospecção em jazidas de gás bolivianas, informou a maior empresa de energia da Rússia e uma das maiores do mundo.

Os trabalhos serão realizados no sudeste da Bolívia, na bacia petrolífera e de gás Subandino Sur. Segundo especialistas do sector, a região boliviana poderá ter reservas até 300 mil milhões/bilhões de metros cúbicos (m3) de gás natural.

O acordo obriga a Gazprom a iniciar os trabalhos de prospecção em 2009. Concluídos aqueles, o conglomerado energético russo, caso a viabilidade do negócio se confirme, investirá no projecto conjunto cerca de USD 2 mil milhões/bilhões.

A estratégia de internacionalização da Gazprom prevê igualmente a possibilidade de cooperação regional com as companhias Repsol (Espanha), Tecpetrol (Argentina)e Guaracachi (Bolívia), que já operam em vários países sul-americanos. MRA/UOL

EUA: Lehmans Brothers será o próximo grande banco a cair?

terça-feira, março 18th, 2008

lehman brothersUma análise ao colapso do Bear Stearns – o 5.º banco americano mais exposto à alavancagem de créditos e aos “produtos estruturados”, leia-se derivativos de alto risco – permite-nos identificar, com algum grau de segurança, as instituições financeiras mais em risco de falência. Alta volatilidade, pânico e fuga dos investidores do mercado de capitais para as commodities resultaram em perdas gigantescas, em apenas um dia, na capitalização bolsista de alguns bancos de investimento.

Ontem a principal vítima foi o Lehman Brothers: as acções baixaram 20%, fechando a USD 31.75/acção. Porém, durante a sessão o papel chegou a ser vendido a USD 20.00 – um indicador da desconfiança de Wall Street e de uma forte tendência para desvalorizar rapidamente, no contexto actual dos deprimidos mercados de crédito e interbancário. Se a reacção dos investidores for a de abandonar o Lehman, empurrando-o para um valor de USD 20.00, ou abaixo, então a sobrevivência da instituição está condenada. De pouco lhes servirá recorrer aos tribunais. “O mercado funcionou”, apesar de o Fed não ter desmentido notícias de “ter forçado” o JPMorgan a comprar…

Recorde-se que o Bear Stearns caíu de USD 62.00/acção para USD 2.00/acção (quebra superior a 90% em apenas dois dias). Numa verdadeira “operação de comandos” foi “engolido”, de um dia para o outro, a preço de saldo (USD 2.00/acção). Todavia, é avisado recordar que o novo “patrão” JPMorgan integra o grupo dos bancos “mais perigosos”. Esta é a opinião de dezenas de analistas americanos e europeus por estar, também, exageradamente exposto aos negócios de alavancagem e dos derivativos de crédito. Nestes complexos negócios um prejuízo de 10% é multiplicado por 50 ou 60 vezes e a “morte súbita” é inevitável. (pvc)

Crise financeira: De vitória em vitória, até à derrota final

segunda-feira, março 17th, 2008

Quando o dinheiro ganha asas...As operações financeiras e os empréstimos interbancários estiveram praticamente inactivos com os bancos cada vez com mais medo de emprestarem dinheiro entre si. O detonador da crise, de há muito anunciada, foi o colapso do banco de investimento Bear Stearns – comprado a saldo pelo JPMorgan (USD 2.00/acção, poucas semanas depois de ter sido cotado a USD 70.00). Os insistentes rumores de mais uma estratosférica injecção de liquidez coordenada pelos bancos centrais ajudaram ao pânico. Com as cotações dos bancos e do US dólar em derrapagem descontrolada, os empréstimos “overnight” estão a ser dispensado a conta-gotas. Só as instituições (ainda) com boa reputação no mercado, fazem negócios entre si. O estratega do BNP Paribas, Edmung Shing, citado pela Reuters, informou que as perguntas do dia foram fartas e variadas: “Quem é o próximo? Haverá gémeos europeus do Bear Stearns? Os bancos de investimento também podem começar a falir?”

O mercado da libra esterlina foi o mais instável. Alguns analistas revelaram que os “big players” do mercado interbancário fizeram negócios de 700 milhões de libras, na semana passada. Uma bagatela relativamente ao início de 2007. Hoje o volume foi ainda mais baixo.

O Armagedão financeiro, para o qual temos vindo a alertar, desde Agosto passado, parece só agora ter levado banqueiros, economistas, analistas e comentaristas a (talvez) aceitarem que a crise não é grave. É gravíssima, pois é sistémica.

Será que ainda vão a tempo de remediar as asneiras da desregulação, do dinheiro artificialmente barato e do “risco-zero”, via bizarros derivativos (produtos estruturados)? A avaliar pela reacção dos banqueiros centrais – novos cortes nos juros, garantias de menor qualidade nos empréstimos aos bancos e arremesso indiscriminado de notas tipo “monopólio” no mercado – estamos no caminho certo para o abismo. Mas desenganem-se. A hora do “salve-se quem puder!”, ainda não chegou…

MRA, Dep. Data Mining

Pedro Varanda de Castro

Consultor

Subprime, efeito dominó, e agravamento da crise…

sábado, março 15th, 2008

efeito dominó“Os problemas que afectam os mercados de crédito, actualmente, estão longe de terminar, de facto, parecem saltar de segmento de mercado em segmento de mercado deixando um rasto de prejuízos à sua passagem. Um factor comum às perturbações que se têm feito sentir é a falta de liquidez existente, não obstante, as intervenções que os principais bancos centrais efectuaram no sentido de regularizar a liquidez nos mercados financeiros, que acabaram por ter um efeito temporário sobre estes. Na sequência novas intervenções estão a ser ultimadas, nomeadamente, a Fed criou um novo instrumento de política monetária – Term Securities Lending Facility – que consiste na cedência de liquidez através do empréstimo de obrigações do tesouro em que o colateral utilizado pelas instituições financeiras são obrigações hipotecárias, instrumento através do qual planeia ceder 200 mil milhões de dólares.

Apesar destes esforços, a falta de predisposição das instituições financeiras para cederem liquidez ao mercado, que se traduz em condições de acesso ao crédito mais restritas, impede que o normal funcionamento dos mercados financeiros retome. (…) A desalavancagem tem constituído um dos principais riscos sobre os mercados de crédito, uma vez que estes se encontram alavancados entre 10 e 15 vezes, o que faz com à medida que os preços descem e são feitas chamadas na margem, que pressionam os preços no sentido descendente provocando novas chamadas na margem. Para além disso, no presente contexto de restrição no acesso ao crédito, o montante das chamadas nas margens tem sido superior, aumentando a dificuldade dos investidores para responderem a esta chamada.”

Excerto de um artigo de opinião da autoria de João Sousa, Departamento de Estudos Económicos e Financeiros do BPI, hoje publicado no Diário Económico.

Portugal tem competitividade na logística e mobilidade

sábado, março 15th, 2008

rotas-pt-europanorte.jpgUm estudo apresentado ontem pela Associação Comercial e Industrial de Coimbra (ACIC) conclui que as empresas portuguesas têm muito potencial na área da logística e mobilidade, se aproveitarem “as auto-estradas de mar”.As conclusões do estudo referem que “é necessário promover projectos de investigação e desenvolvimento tecnológico para melhorar a qualidade, a segurança e o desempenho ambiental do transporte marítimo”.
O estudo analisou os mercados da Dinarmarca, Holanda, Finlândia e Suécia, ao abrigo do projecto comunitário “Fileira Inovação”, para comparar o posicionamento de Portugal face àqueles países. Colocando a tónica na inovação, o estudo apresenta um plano de oportunidades para as empresas portuguesas, nomeadamente as de software, telecomunicações, electrónica, aeronáutica, energias renováveis e saúde. “Em cada um destes sectores verificamos que existem oportunidades e ameaças para as empresas nacionais”, sublinhou Rute Marinho, adiantando que o estudo está acessível a todas as empresas portuguesas que o solicitem à ACIC (rute.marinho@acic.pt)

O enigma pós-Putin e as relações EUA-Rússia

domingo, março 2nd, 2008

Mapa “geopetrolítico” de Dick CheneyNo dia da eleição do candidato escolhido pelo presidente cesssante, Vladimir Putin, para o substituir Dmitry Medvedev – as relações americano-russas encontram-se numa fase de esperar-para-ver. Assim se manterão até 20/01/2009, data da tomada de posse do novo presidente dos EUA, que inaugurará a era pós-Bush. Por estas razões, 2008, promete um clima geopolítico de tensão e manobras tácticas entre as duas superpotências. Porém, não impedirá que Rússia e China, de um lado, e EUA mais respectivos aliados, do outro, prossigam as suas estratégias globais e regionais preparando-se para o novo ciclo da globalização. O Departamento de Data Mining da MRA Alliance publica hoje uma breve análise sobre o que está em jogo e as macrotendências globais que se prefiguram no horizonte próximo. Mais…

Opinião: Predadores agrícolas americanos liquidaram a economia agrária mexicana

sexta-feira, fevereiro 8th, 2008

nafta-manif1.jpgMais de 200 mil camponeses protestaram na semana passada, na Cidade do México, contra os efeitos devastadores da política agrícola do Acordo de Livre Comércio da América do Norte (Nafta), assinado em 1994. O tratado, negociado pelo México pela administração de Salinas de Gortari, permitiu a liberalização do comércio agrícola regional.

O processo foi gradual (14 anos), sem que os Estados Unidos cumprissem o espírito e a letra do acordo – eliminação progressiva dos subsídios. Assim, protegem artificialmente a falência da sua política agícola, atirando para a pobreza e a exclusão milhões de agricultores dos países subdesenvolvidos.

Passado o prazo estipulado, a partir de 2008, o comércio agrícola no espaço Nafta deveria beneficiar da tarifa zero. Contudo, a liberalização vale apenas para o parceiro mexicano. Naquele período os EUA nunca pararam de aumentar os perversos subsídios promovidos por sua Lei Agrária (Farm Bill). Apelidar de economia de mercado e livre comércio um sistema sustentado através de subsídios ilegais e unilaterais é uma falácia. Fraude e má-fé seriam termos mais adequados.

Em 1994, as tarifas do milho praticadas pelo México ultrapassavam os 200%. Em 2008, conforme o acordo, foram eliminadas. Em contrapartida, os subsídios dos EUA para os seus produtores do sector cresceram nos últimos 14 anos na mesma proporção.

O mundo rural mexicano e o país hispânico-americano são vitímas de uma fraude com consequências sócio-económicas desastrosas. A «liberalização» cumprida pelo México resultou no seu desarmamento fiscal e alfandegário. A concorrência desleal dos produtos americanos liquidou a produtividade agrícola do país, aniquilou centenas de milhar de explorações, fez explodir o desemprego rural e aceleraram o êxodo dos “novos pobres mexicanos”, para as cidades do país e, maciçamente, como imigrantes ilegais para os EUA.

O alcançe e gravidade da crise são enormes pois um dos produtos agrícolas mais afectados pelo Nafta é o milho, componente tradiconal e básico da dieta alimentar mexicana. Porém afectam com igual dureza o leite, o açúcar e o feijão. Todos estes produtos e respectivas cadeias de valor são copiosamente subsidiados pelo governo Bush/Cheney, ampliando a perversidade da fraude.

Na entretanto defunta Alca – Área de Livre Comércio das Américas – os EUA propuseram o mesmo modelo. Não fora a oposição dos países do Cone Sul, com destaque para o Brasil e a Argentina, a competitividade global do sector primário dos dois países charneira do Mercosul, hoje, mais não seria do que uma amarga miragem. (pvc)

Chinalco e Alcoa deram o primeiro passo para a compra da poderosa Rio Tinto

sábado, fevereiro 2nd, 2008

Rio Tinto - Minério de Ferro - AustráliaAs acções da empresa mineira global Rio Tinto subiram ontem 12,8%, com o anúncio de que a gigante chinesa de alumínio Chinalco e a norte-americana Alcoa formaram uma parceria para a compra de uma participação (12%) no conglomerado anglo-australiano, por um valor de USD 14,5 mil milhões/bilhões (mm/bi). Segundo o comunicado conjunto, as duas empresas informaram que “não pretendem actualmente fazer uma oferta” para adquirir a totalidade da Rio Tinto. No entanto, ambas podem mudar de estratégia caso a administração da Rio Tinto aprove o negócio ou se a BHP Billiton apresentar uma nova oferta com “termos melhorados”, relativamente à apresentada no ano passado. Recorde-se que há dois meses, a BHP fizera uma oferta de cerca de USD 130 mm/bi para adquirir 100% da Rio Tinto. A proposta foi rejeitada por o valor ter sido considerado demasiado baixo. O Painel de Aquisições do Reino Unido estabeleceu o próximo dia 6 para que a BHP faça uma oferta formal de aquisição ou desista do negócio.

Pequim considera esta fusão estratégicamente perigosa para a defesa dos interesses chineses no segmento das indústrias extractivas, temendo que a concentração BHPBilliton/Rio Tinto, as duas líderes globais do sector dos recursos minerais, possa encarecer ainda mais os preços das matérias-primas. O seu peso no segmento do minério de ferro, pode afectar o crescimento industrial chinês face à sua dependência deste recurso natural.

A Chinalco classificou a compra de 12% da Rio Tinto como o seu maior investimento estrangeiro até agora. Os chineses admitem a possibilidade de poderem fazer uma oferta para a compra total da companhia anglo-australiana caso algum concorrente tente o controlo accionista do conglomerado mineiro cotado em Londres e Melbourne. A Alcoa investiu apenas USD 1,2 mm/bi no negócio. (pvc/agências)