Archive for the ‘Eurásia/Ásia Central’ Category

Geórgia: Saakashvili encurralado pela oposição

sexta-feira, abril 10th, 2009

Mikhail SaakashviliOs líderes oposicionistas da Geórgia apelaram hoje à desobediência civil como forma de endurecer a contestação contra o presidente pró-NATO Mikhail Saakashvili, após dois dias consecutivos de acções de rua, em Tbilissi. Hoje, 20 mil manifestantes estão concentrados frente ao parlamento.

Zaza Adeishvili, um apoiante da oposição, afirmou tratar-se de um protesto pacífico, que visa forçar a demissão do presidente.

Saakashvili enfrenta a mais séria contestação popular desde que chegou ao poder em 2003, na sequência da chamada “Revolução das Rosas”. Os opositores acusam-no de autoritarismo e de erros militares e diplomáticos no relacionamento com a Rússia. Apesar de todas as acusações, o presidente georgiano recusa demitir-se diz-se aberto ao diálogo. 

“Parte da população elevou a voz. Ouvi e quero responder. Quero reiterar a minha proposta de diálogo, para fortalecer as nossas instituições democráticas, e quero dizer que se trata de uma proposta séria”, disse esta manhã Saakashvili.

A oposição promete não desmobilizar e diz que grupos de manifestantes começam a formar-se em todo o país para organizar a desobediência civil.

Em 2007, as manifestações anti-presidenciais foram reprimidas com violência pela polícia.

MRA Alliance/Agências

UE tenta aplacar ira russa e salvar-se das armadilhas americanas

sábado, setembro 6th, 2008

Com as eleições presidenciais à porta, os discursos políticos e as recriminações entre os EUA, a NATO e a Rússia endurecem de tom, enquanto se sucedem as tentativas da União Europeia para salvar a face no âmbito do dossiê Cáucaso. À medida que as semanas passam, começam a ser evidentes a manipulação e os golpes sujos da administração Bush/Cheney, designadamente na Geórgia. O insuspeito Financial Times (FT) publicou hoje uma notícia revelando que “militares dos EUA treinaram 80 comandos georgianos escassos meses antes do assalto militar da Geórgia na Ossétia do Sul, em Agosto.” O jornal britânico diz ter tido acesso a “documentos e entrevistas” cujo conteúdo pode legitimar as acusações do primeiro-ministro russo Vladimir Putin, de que a guerra naquele enclave foi “orquestrada” pelos EUA. Numa entrevista à CNN, transmitida no dia 29 de Agosto, Putin disse: “Os americanos não apenas se demitiram de impedir a liderança georgiana deste criminoso acto [intervenção na Ossétia do Sul], como treinaram e armaram o exército da Geórgia.” O FT informa que o Pentágono pagou 1 400 euros/semana às empresas americanas MPRI e American Systems pelos treinos executados por cada um dos 15 antigos soldados do exército regular americano escolhidos para a tarefa. O diário britânico critica a “falta de transparência” do programa militar, arredado das páginas da Internet, em contraste com outros ainda em curso na ex-república soviética, patrocinados pelo Pentágono e pela NATO. Por seu turno, o semanário alemão “Der Spiegel” entrevistou os diplomatas russos Juri Popov und Grigori Karasin, envolvidos nas negociações directas com Tbilisi antes do ataque georgiano à Ossétia do Sul. Ambos se queixam de ter sido enganados pelos seus interlocutores georgianos nos dias e horas que antecederam o ataque do protegido americano. Num dos artigos, pode ler-se: “Vários ministérios em Berlim começaram a duvidar da credibilidade do amigo ocidental mais problemático. Saakashvili, contrariamente à sua versão dos acontecimentos, aparentemente terá ordenado o ataque à Ossétia do Sul antes da entrada na província pelos blindados russos, vindos do norte, através do túnel Roki.” Importa recordar que um dos mais chegados colaboradores de Dick Cheney, Joseph R. Wood, esteve em Tbilisi, poucos dias antes da aventura saakashviliana. Observadores militares da OSCE/Organização para a Segurança e Cooperação na Europa que se encontravam na Geórgia, na altura, confirmam estas informações. “Saakashvili mentiu-nos a todos, europeus e americanos, a 100%”, afirmou um deles citado pelo semanário alemão. Segundo relatórios da OSCE, as tropas georgianas atacaram populações civis pela calada da noite, enquanto dormiam. “Isto pode ser equivalente a um crime de guerra”, sublinha o “Spiegel”. O ex-chanceler alemão Gerhard Schröder, que preside a uma das empresas de gás natural do grupo russo Gazprom, num discurso em Berlim, esta semana, disse que o Ocidente cometeu “erros graves” o escudo antimíssil na Polónia, a independência do Kosovo e o alargamento da NATO – e zurziu na inabilidade dos seus ex-pares. Dias depois da eclosão da crise no Cáucaso, numa entrevista ao “Spiegel”, Schröeder afirmara: “Não há uma única situação crítica na política e economia mundiais que possa ser resolvida sem a Rússia – o conflito nuclear com o Irão, a questão da Coreia do Norte e certamente a questão da paz no Médio Oriente. O conjunto de problemas relacionados com o clima só podem ser resolvidos a nível planetário. Curiosamente, após a Rússia ter ratificado o protocolo de Kyoto para combate ao aquecimento global, ainda continuamos à espera que Washington faça o mesmo. Na questão energética, só um ingénuo acredita que a Europa Ocidental poderá ser independente do petróleo e do gás natural russos. Por outro lado, os russos precisam que compradores fiáveis para os seus produtos energéticos.” Um mês após a invasão georgiana, o ex-chanceler deixou uma aviso sibilino: “Ao reconhecer o Kosovo, o Ocidente abriu um precedente para a eclosão de novos conflitos pelo mundo fora.”

Hoje, em Avignon, os 27 estados membros da União Europeia (UE) anunciaram que apoiam a sugestão alemã para a criação de uma comissão internacional encarregada de investigar a origem do conflito na Geórgia, após a reunião informal de ministros dos Negócios Estrangeiros da UE. Em Moscovo, o Presidente Dmitri Medvedev, acusou os Estados Unidos de “armar o regime georgiano sob a bandeira da ajuda humanitária”, durante a reunião do Conselho de Estado da Rússia. Irritado com a presença de navios da NATO no Mar Negro, mas sem revelar nomes, o dirigente russo perguntou: “Como é que se sentiriam se a Rússia enviasse ajuda humanitária em navios de guerra para a bacía das Caraíbas, lugar atingido recentemente por um furacão?”. Por seu turno, também o Ministério dos Negócios Estrangeiros da Rússia declarou esperar que outros países sigam o exemplo da Nicarágua e reconheçam as independências da Ossétia do Sul e da Abkházia. “A Nicarágua foi o primeiro país da América Latina a apoiar poderosamente os povos dessas duas regiões. Queremos que, seguindo este exemplo, outros países considerem possível reconhecer esta realidade”, sublinhou o ministério num comunicado. Ontem Medvedev garantira que os líderes de seis nações do antigo bloco soviético são solidários com a actuação de Moscovo no conflito georgiano. Numa entrevista à cadeia de televisão italiana RAI, Medvedev foi cáustico ao classificar o seu homólogo georgiano, Mikhail Saakashvili, como “um cadáver político”, dizendo que não o reconhece como presidente. “O presidente Saakashvili não existe mais aos nossos olhos. Ele é um cadáver político”, afirmou.

Neste clima, a ideia alemã de uma investigação internacional, apoiada pela Espanha, Grã-Bretanha e França, surge como uma desesperada tentativa para apaziguar os exaltados ânimos do Kremlin. “Sou totalmente a favor de uma investigação internacional. É preciso saber o que aconteceu”, disse Bernard Kouchner, ministro francês dos Negócios Estrangeiros. Kouchner sublinhou a necessidade de ser conhecido o número de mortos, “quem começou o conflito, com que tipo de provocação, em que momento e quais preparativos foram feitos de uma parte e de outra”. Os países da UE acham que a investigação deve ser realizada pela Organização para a Cooperação e a Segurança na Europa (OSCE), já que é integrada tanto por países do bloco europeu quanto pela Rússia e pela Geórgia. O bloco quer iniciar “o mais rápidamente possível” a missão civil na Geórgia, composta por uma a duas centenas de observadores, para evitar que haja mais violência na zona.Os alemães são os mais interessados na distensão do clima, mas continuam a ser torpedeados pelos pirómanos geopolíticos, Bush e Cheney. O presidente dos EUA, segundo o “Spiegel”, planeia denunciar o acordo civil nuclear com a Rússia como forma de penalizar o Kremlin pelos acontecimentos na Geórgia. A iniciativa terá apenas um significado simbólico mas ajuda a envenenar ainda mais o já precário clima diplomático. O vice-presidente Cheney, actualmente num longo périplo europeu, escolheu o dia certo – a véspera da visita de Sarkozy a Moscovo – para, em Cernobbio, na Itália, dizer o seguinte: “As forças russas atravessaram uma fronteira internacionalmente reconhecida para entrar num Estado soberano. Alimentaram e fomentaram um conflito interno, levando a cabo actos de guerra sem consideração pela vida humana, matando civis e provocando o êxodo de milhares de pessoas. (…) No espaço de 30 dias, a Rússia violou a soberania da democracia, assinou e depois rompeu um acordo numa afronta directa à União Europeia. A Rússia feriu seriamente a sua credibilidade e está a minar as suas relações com os Estados Unidos e com outros países.”

Os europeus em geral, e os alemães em particular, pouco podem fazer contra esta retórica eleiçoeira, para consumo doméstico, a menos de uma semana do sétimo aniversário do 11 de Setembro e a dois meses das presidenciais. Em Berlim, a única esperança é que os russos arrepiem algum caminho com receio da crise financeira que está a corroer o valor do rublo. Os investidores estrangeiros reagiram à “Guerra dos Três Dias” com fugas maciças de divisas do mercado russo de capitais obrigando a uma intervenção de emergência do banco central. O Financial Times estimou que, nos últimos 30 dias, cerca de 21 mil milhões/bilhões de dólares foram retirados da Rússia. A paridade do rublo face ao dólar entrou em roda livre. Em apenas um dia a divisa russa desvalorizou-se 2%. Na semana que terminou ontem, a bolsa de Moscovo sofreu perdas próximas dos 10%. No entanto, os analistas mais cépticos acham que até 4 de Novembro, dia das presidenciais na América, o lema vai ser “Somos todos georgianos”, como tem afirmado repetidamente o candidato republicano John McCain.

Pedro Varanda de Castro

MRA Dep. Data Mining, Consultor

Rússia explora debilidades políticas e militares da NATO

sexta-feira, agosto 22nd, 2008

“Se as prioridades [da NATO] são um apoio claro ao falido governo de Saakashvili, se o corte de relações com a Rússia é o preço que eles [países ocidentais] estão dispostos a pagar, então que seja. A culpa não é nossa” Foi nestes termos que o ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Sergei Lavrov, comentou o cancelamento pela Aliança Atlântica dos contactos com Moscovo. Em resposta o Kremlin ripostou com a suspensão da cooperação militar no âmbito do Conselho Rússia-NATO. Sobre as vantagens em manter abertas as portas do diálogo bilateral Lavrov foi enfático: “A única coisa que posso dizer é que a Rússia precisa tanto da cooperação com a NATO como a NATO precisa da Rússia.” A observação está relacionada com o acordo entre Moscovo e Bruxelas que permite à Aliança Atlântica transportar armas para o Afeganistão através de território russo. “Após a famosa reunião da NATO alguns representantes de topo da Aliança segredaram-me -‘Vocês não vão impedir o trânsito para o Afeganistão, pois não?'”, precisou Lavrov concluindo: “A sorte da NATO está a ser decidida no Afeganistão.” A dureza da retórica moscovita prenuncia um conjunto de decisões destinadas a fraligizar a já periclitante capacidade negocial dos aliados ocidentais. Alguns observadores russos especulam sobre a possibilidade de, na próxima semana, o parlamento russo aprovar a declaração unilateral de independência aventada pelos parlamentos da Ossétia do Sul e da Abkhásia. Os parlamentos regionais de Tskhinvali e Sukhumi enviaram ontem apelos naquele sentido ao presidente russo Dmitri Medvedev. Paralelamente Lavrov anunciou a intenção da Rússia em manter 500 soldados numa zona-tampão à volta da Ossétia do Sul. “Quero declarar clara e inequivocamente que a Rússia está a cumprir com rigor os seis príncipios acordados entre os presidentes Medvedev e Sarkozy”, precisou o chefe da diplomacia russa. “Aqueles princípios permitem às forças russas de manutenção de paz adoptar medidas adicionais para garantir a segurança na zona-tampão”, disse. Aquela área permite às forças russas manterem-se em zonas estratégicas da Geórgia e controlar a principal autoestrada do país, crucial para a economia georgiana. Por outro lado, está em cima da mesa a possibilidade de a Rússia fornecer armamento sofisticado à Síria satisfazendo um velho desejo do presidente sírio Bashar al-Assad que ontem visitou oficialmente o seu homólogo Medvedev, em Sochi, uma estância de veraneio no Mar Negro. Após o encontro, Lavrov informou os media que a Rússia “está preparada para fornecer armas de carácter defensivo que não violem o equlíbrio estratégico no Médio Oriente.” Observadores americanos interpretam estas declarações como um sinal do provável congelamento da cooperação americano-soviética no combate ao terrorismo e á proliferação nuclear. Os mais pessimistas prevêem o endurecimento da política energética russa face ao Ocidente, pressões acrescidas sobre as bases militares americanas na Ásia Central e o colapso das negociações para o controlo dos armamentos nucleares. Angela Stent, ex-especialista do Conselho de Segurança Nacional dos EUA, disse ao New York Times que existem múltiplas formas de Moscovo “ser menos cooperante do que até aqui”, citando o Irão, a ONU, a Síria, Venezuela, o Hamas e os programas antiterroristas e anti-drogras. Michael McFaul, consultor de Barack Obama para as questões russas, foi mais longe acusando a Rússia de tentar “romper com a ordem internacional” reconhecendo-lhe capacidade para atingir tal desiderato. “O potencial é grande pois, no final de contas, eles são hegemónicos na região e nós não. Isto é um facto”, disse o professor da Universidade de Stanford. O articulista do New York Times especula sobre os mais recentes receios dos estrategistas norte-americanos. “Nos prognósticos sobre o potencial da Rússia para criar problemas, a maioria dos especialistas olha em primeiro lugar para a Ucrânia que deseja integrar a NATO. O pior cenário que circula nos últimos dias é a tentativa de Moscovo para reivindicar a estratégica península da Crimeia com o objectivo de assegurar o acesso ao Mar Negro. Os legisladores ucranianos estão a investigar notícias segundo as quais a Rússia forneceu maciças quantidades de passaportes aos russos que vivem na região, uma táctica usada por Moscovo nas províncias separatistas georgianas da Ossétia do Sul e da Abkhásia, que serviu para justificar a intervenção militar no sentido de proteger os seus cidadãos.” MRA Dep. Data Mining

Cáucaso: Rússia desafia Ocidente e confunde conservadores americanos

quarta-feira, agosto 20th, 2008

Os Estados Unidos e os aliados da NATO estão a ser confrontados pela Rússia sobre os limites do seu poder político, económico e militar. Enquanto o Ocidente continua a atacar Moscovo por desrespeitar o acordo de cessar-fogo, assinado no passado dia 16 pelos governos da Rússia e da Geórgia, tornou-se evidente a incapacidade para impor soluções que satisfaçam os seus interesses. Indiferente ás pressões, a Rússia mantém o controlo territorial sobre um terço da Geórgia, incluindo zonas estratégicas como o porto de Poti e a cidade de Gori, e definiu as condições para a retirada das suas tropas. Vitaly Churkin, embaixador russo nas Nações Unidas, foi claro: “A retirada das tropas russas só acontecerá após estarem garantidas duas condições: a retirada das tropas georgianas para os quartéis e que as nossas forças de manutenção da paz não voltarão a ser atacadas.” O diktat do Kremlin alimentou a retórica ocidental da defesa da soberania, dos direitos humanos e de outros valores alegadamente estruturantes da civilização ocidental. A despeito dos discursos, Masha Lipman, analista do “think tank” conservador americano “Moscow Carnegie Center”, constata não existir “um eficaz elemento de alavancagem que o Ocidente possa usar” para impor uma retirada russa. “Este conflito mostrou claramente os limites do poder e da influência americana”, sublinhou Lipman. Os editores da revista conservadora estadunidense “National Interest” estão nos antípodas das premissas analíticas de Lipman: “De facto, a Rússia é uma potência fraca que temporalmente goza da força obtida com os elevados preços do petróleo. Lançou as garras à Geórgia e, à medida que o tempo passa, sentirá que os resultados serão crescentemente prejudiciais. Isto é um alerta aos russos para que não façam manipulações geopolíticas. O Ocidente deveria reforçar isto.” MRA Dep. Data Mining

Geórgia: Russos saem, Saakashvili e generais na corda bamba

terça-feira, agosto 19th, 2008

Contra-ataque russo na GeórgiaA retirada das tropas russas da Geórgia iniciada ontem marca o início da segunda fase da crise para o primeiro-ministro Mikhail Saakashvili – o ajuste de contas interno com os líderes da oposição e as faixas descontentes da população. [A crítica] vai começar quando os russos partirem”, escreveu o editorialista Zaza Gachechiladze. Um antigo membro do governo do presidente Zviad Gamsakhurdia nos anos 90 – Temur Koridze – já abriu as hostilidades com o neoconservador georgiano ao afirmar que “nem ele, nem o governo são competentes”, defendendo uma “autoridade saudável e sólida”. “Como comandante-em-chefe [Saakashvili] é um falhado. A sua política bateu no fundo.” Um ministro europeu que esta semana se deslocou a Tbilisi, no âmbito das iniciativas diplomáticas para pôr de pé o frágil cessar-fogo, afirmou a jornalistas ocidentais que dentro do próprio governo começam a ouvir-se vozes dissidentes que questionam a capacidade de avaliação de Saakashvili ao mandar invadir a Ossétia do Sul sem prevenir a reacção russa nem garantir uma protecção eficaz por parte dos aliados ocidentais. Valeri Kvaratskhelia, que integrou o governo do antigo presidente Eduard Shevardnadze aconselhou “o amiguinho de Bush” a pedir desculpa aos ossetas e georgianos e a demitir-se, abrindo caminho a um novo primeiro-ministro para iniciar o processo de reparação dos danos políticos e económicos. [O ataque] não foi apenas um erro, mas um crime”, frisou Kvaratskhelia marcando o tom da campanha anti-Shaakhasvili. As tropas russas e os paramilitares separatistas pró-moscovo encarregaram-se de danificar o que restava da inicipente infra-estrutura da Geórgia, fazendo retroceder o país aos níveis de desenvolvimento da era soviética. Bombardeamentos cirúrgicos, fogos postos e bombardeamentos em zonas militar e economicamente sensíveis, afectaram a circulação interna de pessoas e bens, o fornecimento de energia eléctrica, as telecomunicações e demais serviços essenciais a qualquer economia. Saakashvili e os invisíveis generais do seu exército vão estar na berlinda a partir desta semana. “Será que a Geórgia tem algum exército?”, escreveu com azedume Gachechiladze, editor de um jornal local de língua inglesa. “Há muitas questões a colocar” ao presidente (…) Quem era o comandante encarregado da ofensiva e quem tomou a decisão de invadir a Ossétia do Sul?” Entre a população são frequentes os ataques ao líder, ao governo, à tropa e ao que classificam de “traição ocidental” – a inexistente ajuda militar e política durante a violenta acção punitiva da tropa às ordens do Czar Putin. Alguns analistas ocidentais prognosticam o fim do noivado Geórgia-Ocidente e o cancelamento da boda Nato-Saakashvili. A confirmar-se o prognóstico, vem à colação o ditado português “quem semeia ventos, colhe tempestades.” O crepúsculo de Saakashvili faz lembrar o desabafo de Henry Kissinger, em 1975, na antecâmara da fuga americana do Vietname – “É perigoso ser inimigo dos Estados Unidos, mas ser seu aliado é letal.” MRA Dep. Data Mining

Cáucaso: Pressões Ocidente-Rússia fragilizam estabilidade na região

segunda-feira, agosto 18th, 2008

Eduard KokoityO Presidente da República separatista da Ossétia do Sul, Eduard Kokoity, anunciou ontem a destituição do governo separatista e proclamou o estado de emergência na região rebelde sob ocupação russa. “Assinei três decretos: um sobre a demissão do Governo, outro sobre a proclamação do estado de emergência na Ossétia do Sul e o terceiro sobre a criação de uma comissão de emergência encarregue de acabar com as consequências da agressão georgiana”, afirmou o líder ossete à cadeira de televisão russa Vesti-24. Ontem a chanceler alemã, Angela Merkel, durante uma visita oficial à Geórgia, manteve que o país do Cáucaso está a caminho de se tornar membro da NATO contra a vontade da Rússia. “A Geórgia irá será membro da NATO se quiser – e ela quer”, disse Merkel, num discurso suceptível de aumentar as tensões diplomáticas entre Berlim e Moscovo. Durante a conferência de imprensa, o presidente georgiano Mikhail Saakashvili afirmou que os russos “continuam a agressão militar” através da “tomada de novas áreas e da minagem de novas pontes. Os generais russos disseram-nos que têm duas opções, podendo retirar ou avançar para a capital [Tblisi]. Eles ainda aguardam ordens sobre o que vão fazer”, disse. A Ossétia do Sul integra oficialmente a Geórgia, mas autoproclamou-se independente em 1992, depois da queda da União Soviética. Actualmente, está empenhada em assegurar o reconhecimento internacional, tal como a Abkázia, outra região que quer separar-se da Geórgia. Após a guerra iniciada em 7 de Agosto, e que durou três dias, as tropas russas continuam a ocupar pontos estratégicos dentro da Geórgia, como as cidades de Gori e Senaki. Na sequência do cessar-fogo assinado no sábado, a Rússia informou que começará hoje a retirar os seus homens da ex-república soviética. Alguns analistas ocidentais consideram a retirada um teste às verdadeiras intenções do Kremlin. MRA/Agências

Rússia diz que cessar-fogo assinado por Saakachvili foi alterado

sábado, agosto 16th, 2008

Sergei LavrovO acordo de cessar-fogo assinado pelo presidente da Geórgia, Mikhail Saakachvili, difere do que foi acordado, declarou o ministro dos Negócios Estrangeiros da Rússia. “Ficámos um tanto preocupados com o facto de o documento assinado por Saakachvili ser diferente do documento que foi acordado pelos presidentes da Rússia e França, por isso iremos precisar esta questão pelos canais diplomáticos”, revelou Serguei Lavrov acrescentando que, não obstante, o presidente Medvedev ordenou o seu cumprimento. Porém, o chefe da diplomacia russa garantiu que a Rússia irá “comparar” os seus próprios “passos para o cumprimento honesto dos acordos assinados com a forma como as outras partes irão cumpri-los”. Lavrov assinalou que Mikhail Saakachvili assinou esse acordo, mas acrescentou que “hoje, continuam a chegar notícias sobre a detenção, ora ali, ora aqui, de camiões carregados de armas”. “Será muito perigoso se esses arsenais forem parar a mãos impróprias”, acrescentou. O ministro anunciou também que “as tropas russas irão ser retiradas da zona do conflito à medida que forem realizadas outras medidas de segurança”. A Geórgia, pelo seu lado, acusa Moscovo de continuar a violar o acordo de cessar de fogo. MRA/Agências

Rússia esvazia poder da Geórgia no Cáucaso

sexta-feira, agosto 15th, 2008

A Rússia saiu politicamente vitoriosa da Guerra dos Três Dias, na Geórgia, enviando uma inequívoca mensagem ao Ocidente para “esquecer” a possibilidade de a ex-república soviética continuar a controlar os enclaves da Ossétia do Sul e da Abkházia. O ministro dos Negócios Estrangeiros russo, Sergei Lavrov, não apenas negou à Geórgia quaisquer veleidades de conseguir reconquistar o poder que detinha no Cáucaso antes da guerra, como disse explicitamente que o presidente georgiano Mikahil Saakasshvilli nunca será um interlocutor de Moscovo nas negociações para apaziguar as tensões bilaterais. “As pessoas podem esquecer qualquer conversa sobre a integridade territorial da Geórgia porque, acredito eu, seria impossível convencer a Ossétia do Sul e a Abkházia a concordar com a lógica de que podem ser forçados a voltar para o Estado georgiano”, afirmou Lavrov a jornalistas ocidentais em Moscovo. Com a entrada em vigor de um frágil cessar-fogo mediado pelo presidente em exercício da União Europeia, Nicolas Sarkozy, as tropas russas aproveitaram para aniquilar o que podiam das infra-estruturas e recursos militares georgianos e controlar posições estratégicas nas vias de comunicação terrestres, marítimas e aéreas. A generalidade dos analistas considera que a humilhação militar impedirá a Geórgia de, a médio prazo, voltar a ter capacidade para arriscar novas tensões na região. Entretanto, em Moscovo, o establishment político e os media estatais e próximos do Kremlin continuam a reagir com indignação ao que classificam de “hipocrisia ocidental”. “Esqueceram-se todos do Iraque?” argumentou Sergei Markedonov, um especialista em política regional, sedeado em Moscovo. MRA Dep. Data Mining

Guerra Rússia-Geórgia ameaça mercados petrolíferos

sábado, agosto 9th, 2008

O conflito armado entre a Rússia e a Geórgia e as tensões separatistas na Ossétia do Sul podem afectar uma rota essencial na logística de abastecimento de petróleo, dizem especialistas em questões energéticas. O oleoduto Baku-Tbilisi-Ceyhan (BTC), com os seus quase 1 800 km de extensão, é uma das principais infra-estruturas euroasiáticas de distribuição do petróleo da Ásia Central e do Mar Cáspio para a Europa. O BTC transporta diariamente um milhão de barris de crude de Baku, capital do Azeibeijão, através da Geórgia, para o porto turco de Ceyhan. Um pequeno troço (34 km) atravessa o território da Ossétia do Sul. A invasão do território, na sexta-feira, e o grau de violência dos bombardeamentos das forças armadas russas, após alegados ataques das tropas georgianas contra a minoria russa do território, no entander dos analistas, são um perigo real para a segurança energética europeia. A região é altamente volátil em termos geopolíticos. Na terça-feira, o oleoduto foi alvo de um atentado reivindicado pelo separatistas curdos do Partido dos Trabalhadores do Curdistão (PTC). Os rebeldes ossetas pró-russos ameaçaram igualmente dinamitar o BTC caso as tropas da Geórgia não abandonem rapidamente o território. O oleoduto é um activo geopolítico de capital importância para a Rússia garantir o controlo dos abastecimentos de hidrocarbonetos para a Europa. Analistas estimam que o conflito, caso não alastre a outas jovens repúblicas ex-soviéticas, deverá afectar os mercados em pelo menos 1% do petróleo distribuído diariamente no mundo. MRA/Agências

Rússia e Geórgia em estado de guerra

sexta-feira, agosto 8th, 2008

O presidente da Geórgia, Mikhail Saakashvili, disse hoje que a Rússia está a executar “bombardeamentos contínuos” sobre o território georgiano atingindo “especificamente” civis. Saakashvili informou que as forças georgianas abateram dois aviões russos. Um dos aviões bombardeou “um hospital civil ferindo médicos e doentes” bem como um mercado “muito movimentado” onde “uma multidão de pessoas” foi atingida. “A Rússia está a lutar connosco no nosso território. Esta é uma clara agressão russa. Estamos a sofrer porque queremos ser livres e porque queremos uma democracia multi-étnica”, afirmou Saakaschvili em entrevista à CNN. O presidente adiantou frisou que a Géorgia está a lutar “com um vizinho grande e poderoso” e lembrou que o seu país, com apenas cinco milhões de habitantes, não tem forças comparáveis às da Rússia. O presidente georgiano pediu o apoio dos EUA. “Somos uma nação que ama a liberdade e que está agora sob ataque”, acrescentou. Antes, o presidente russo Dmitri Medvedev advertira que a morte de seus “compatriotas” – 70 mil – na Ossétia do Sul, não ficaria “impune.” “Conforme a constituição e a legislação federal e como presidente russo sou obrigado a defender a vida e a dignidade dos cidadãos russos onde quer que eles se encontrem”, afirmou Medvedev. Numa reunião do Conselho de Segurança russo, Medvedev acrescentou que os “culpados” da morte de cidadãos russos “receberão o castigo merecido”. Entretanto, tropas russas começaram a ser mobilizadas na direção da Ossétia do Sul, informaram emissoras de televisão em Moscovo. A notícia surgiu após o primeiro-ministro, Vladimir Putin, ter advertido a Geórgia que a ofensiva contra a Ossétia do Sul era passível de retaliação. O canal 1 da televisão russa exibiu imagens de um comboio de tanques russos e assegurou que os veículos de guerra entraram hoje na Ossétia do Sul. Segundo a emissora, os tanques chegarão a Tskhinvali, capital da província, dentro de algumas horas. MRA Dep. Data Mining

Eleições parlamentares no Quirguizistão podem terminar com instabilidade

segunda-feira, dezembro 17th, 2007

Hu Jintao (China) com Bakiyev (Quirguizistão)As eleições parlamentares no Quirguizistão, independente da ex-União Soviética desde 1991, devem dar a vitória ao partido do actual presidente, Kurmanbek Bakiyev, na sequência da “Revolução das Túlipas”, em 2005. Os eleitores escolhem um novo primeiro-ministro numas eleições que podem colocar um ponto final em dois anos de agitação política. A Rússia, a China e vários países europeus estão preocupados com a instável situação política interna, receando que alastre aos países vizinhos. As eleições foram convocadas pelo presidente na sequência de uma reforma constitucional que a oposição classificou como um instrumento para um poder mais autoritário. Os apoiantes de Bakiyev defendem que a reforma torna o “sistema mais justo e democrático”.

Embora não possua petróleo nem gás natural, é um país rico em reservas minerais de carvão, ouro, urânio e antimónio (essencial para as indústrias electrónica (semicondutores), armamento (ligeiro e balas tracejantes), borracha, ligas metálicas (chumbo e estanho), cerâmica, e metais raros. A indústria metalúrgica é uma das mais importantes do pequeno país euroasiático. O governo definiu como prioridade atrair investimento directo estrangeiro para este sector, para a exploração de minas de outro e para o desenvolvimento dos importantes mas inexplorados recursos hídricos para a exportação de energia eléctrica. (pvc/agências russas e alemãs)