Archive for the ‘Espanha’ Category

Regiões espanholas com dívida igual a 12,5% do PIB

sábado, setembro 17th, 2011

O Banco de Espanha revelou hoje que a dívida consolidada das 17 regiões semi-autónomas de Espanha atingiu no segundo trimestre um valor recorde de 133,2 mil milhões de euros, cerca de 12,4% do PIB.

Este valor compara com os 11,6% do PIB alcançados nos primeiros três meses do ano. Segundo cálculos do ministério das Finanças espanhol, divulgados a 8 de Setembro, o orçamento das 17 regiões terá registado uma correcção de 1,2% do PIB na primeira metade do ano.

O Banco de Espanha revelou ainda que a dívida pública do país liderado por José Zapatero é de, actualmente, 65,2% do PIB. O governo espanhol estima que o peso da dívida pública atinja 68,7% do PIB, no final do ano.

MRA Alliance/DE

“Espanha e Itália, se forem mal geridas, serão um problema mundial”, diz economista do Citi

quinta-feira, setembro 8th, 2011

Economista-chefe do Citi diz que o BCE deve direccionar os seus poderes para proteger Espanha e Itália do contágio da crise de dívida. “Espanha e Itália, se forem mal geridas, não serão um problema europeu, mas mundial”, alerta Willem Buiter, em entrevista à Reuters, em Moscovo.

Buiter diz ainda que “os dois países têm de fazer compromissos mais credíveis do que aqueles que foram feitos até agora, especialmente no caso de Itália”. Isto mesmo depois de o Senado italiano ter aprovado ontem uma nova versão do plano de austeridade para alcançar o equilíbrio orçamental em 2013, que contempla uma subida de um ponto percentual no IVA, de 20 para 21%, e um imposto de 3% sobre os rendimentos superiores a 300 mil euros anuais.

O economista-chefe do grupo financeiro norte-americano defende ainda que cabe ao BCE, e não ao Fundo Europeu de Estabilização Financeira (FEEF), actuar como financiador de último recurso, fornecendo liquidez a Itália e Espanha. Quanto aos países intervencionados – Grécia, Irlanda e Portugal – o especialista diz que o BCE deve permitir a reestruturação das suas dívidas.

No mesmo comentário, Buiter considerou ainda que o BCE deve descer os juros em Outubro. “Eles têm de mudar o curso e não apenas congelar a subida dos juros. Eles têm realmente de cortar os juros”, disse.

O banco central reúne hoje para decidir a evolução da sua taxa directora, que, segundo os economistas, deve ficar em 1,5%.

MRA Alliance/DE

Da apendicite grega ao tumor hispano-italiano

quarta-feira, agosto 10th, 2011

A bolsa nova-iorquina interrompeu ontem um ciclo de quedas consecutivas, ao fechar com valorizações de mais de quatro por cento nos principais índices. Pouco antes do fecho da sessão, aconteceu a repentina valorização após a Reserva Federal (Fed) norte-americana ter anunciado que manterá as taxas de juro de referência próximas de zero por mais dois anos.

Entre os índices de referência, o Nasdaq Composite Index, que agrega empresas de base tecnológica, foi o que mais disparou: 5,295 por cento (para 2,482.520 pontos). O índice Standard and Poor’s 500 Index cresceu 4,741 por cento (para 1,172.530 pontos) e o industrial Dow Jones avançou 3,977 por cento (para 11,239.770 pontos).

Porém, o dia foi marcado por uma acentuada volatilidade nas bolsas europeias e norte-americanas. Wall Street abriu positiva, mas o disparo só foi visível no final da sessão, após o anúncio do Fed.

Imediatamente a seguir à divulgação da notícia, os mercados reagiram com apetite pelo risco. O Nasdaq subia pouco mais de um por cento, o índice S&P 500 valorizava 0,2 por cento e o Dow estava em terreno negativo. Os minutos finais da sessão foram determinantes para a recuperação.

Mas a recuperação de ontem será de curta ou de média duração? Em nossa opinião, os fundamentais das economias nacionais e das empresas cotadas nas bolsas dos dois lados do Atlântico não enganam: estamos na antecâmara de uma nova fase da crise sistémica de que temos vindo a falar, desde 2007 (ver  exemplos aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, ou aqui).

Contrariamente à reacção de ontem das bolsas norte-americanas, outras praças indicam que entraram no território dos mercados recessivos (bear market). Em Londres, o índice de referência FTSE 100 recuou 20%, desde Fevereiro. De 6091 pontos escorregou para 4855 pontos. O mesmo aconteceu em Hong Kong. O índice Hang Seng recuou 23% desde o último máximo, registado em 8 de Novembro passado.  Idêntica situação aconteceu na brasileira Bovespa  (-31%). Por outro lado, refira-se que o entusiasmo de ontem nas praças americanas está ensombrado pela acelarada perda de 18% nas cotações do índice S&P 500 registada nos últimos meses…

A decisão da agência de rating Standard & Poor´s de baixar a notação da dívida norte-americana de AAA para Aaa, na sexta-feira, na sequência do recente aumento, pelo Congresso, do tecto da dívida federal acima da fasquia de USD 14,3 trillion, apesar de ter precipitado a presente situação, é apenas mais um episódio do colossal descontrolo financeiro norte-americano. A crise não está controlada. Longe disso.

A decisão do Fed agora anunciada de manter as taxas de juro próximas de zero até 2013 é tudo menos uma boa notícia. Dinheiro fácil e escandalosamente barato é mau conselheiro. É um viveiro de bolhas especulativas. Das dotcom às hipotecas subprime insistimos em trilhar um caminho perigoso. De bolha em bolha até à definitiva implosão do sistema financeiro global. Sem pretendermos ser exaustivos, propomos uma olhada sobre os sinais. Alguns têm tanto de elucidativos como de preocupantes:  

  • Na bolsa de futuros Comex, após o anúncio do Fed,  as posições relativamente aos contratos de ouro subiram 1,8%,  fixando-se no novo recorde histórico de  1740 dólares a onça;
  • O banco J.P. Morgan emitiu ontem uma nota segundo a qual a cotação do ouro deverá atingir os 2500 dólares a onça até ao final do ano, enquanto o Goldman Sachs prevê que esteja nos 1730 dólares dentro de seis meses e nos 1900 dólares dentro de 12 meses;
  • O metal amarelo prossegue a sua escalada enquanto activo à prova de crises. Continua a ser o refúgio mais seguro que o dinheiro pode comprar nos tempos que correm. Esta opinião é partilhada por alguns governadores de importantes bancos emissores;
  • Nos dois últimos meses, o banco central da Coreia do Sul comprou 25 toneladas de ouro, aumentando em 17 vezes as suas reservas de metal amarelo. No mesmo período, também o banco central da Tailândia aumentou as suas reservas de ouro em 15,5%, tendo passado de 3523 milhões de onças, em Maio, para 4,07 milhões, em Junho. No princípio do ano, a Tailândia já adquirira 9,3 toneladas de ouro. A Rússia comprou 41,8 toneladas e o México 99,2 toneladas. A China anunciou no início do ano que pretende, até 2020, aumentar drasticamente as suas reservas de ouro.   Das actuais 1054 toneladas quer chegar às 8-10 mil toneladas;
  • Os juros implícitos (yield)  dos títulos dos EUA a dez anos baixaram de 2,32% para 2,28%, entre segunda e terça-feira;
  • Até agora, perante a visível deterioração do clima económico nos sete países mais industrializados (G7) e a profunda crise das dívidas soberanas europeias,  a maioria dos investidores e especuladores comprava, devido ao risco quase inexistente,  títulos do tesouro americano na expectativa de que se valorizassem. Porém, se em vez disso eles se depreciarem, como já está a acontecer,  tal pode significar que a bolha do mercado das obrigações norte-americanas está prestes a rebentar. As consequências serão trágicas para a economia global;
  • Desde 24 de Julho, o pânico generalizado em todos os mercados mundiais gerou perdas globais de USD 8,1 trillion (mais de metade do PIB dos EUA). Este valor  corresponde  a 14,8% da capitalização bolsista do mundo;
  • Em apenas cinco anos (2008-2012), o montante das obrigações de dívida vencidas, emitidas pelo Tesouro norte-americano, atingirá o gigantesco volume de USD 5,6 trillion.   A totalidade do crescimento da dívida do país, entre 1776 (ano da declaração de independência) e 2008, foi de 4,6 trillion. Obama vai ultrapassar em apenas cinco anos o que o conjunto dos seus 43 antecessores fez em… 232 anos!!!
  • O custo global das ajudas financeiras aos bancos e empresas financeiras dos EUA e da Europa, desde 2008, na realidade, ascende a quase USD 24 trillion, segundo a estimativa de Neil Barofsky, o inspector-geral do TARP (Troubled Asset Relief Program), o mega programa de resgate aprovado pela administração Bush e continuado pela administração Obama. Se compararmos este número com o do défice reconhecido pelo Tesouro (USD 14,7 trillion) ficamos com uma ideia mais realista da enormidade dos problemas a resolver quando for apresentada a factura para liquidação; 
  • Se tivermos em conta que o rácio dívida/PIB da Grécia já atingiu os 150%, e que os EUA estão a caminho de ultrapassar rapidamente a psicológica barreira dos 100%, as perspectivas para o biénio 2012-2013 são ainda mais negras. Os efeitos sobre a evolução do crescimento e do emprego serão devastadoras. Também o dólar, enquanto reserva cambial mundial,  terá o seu canto do cisne;

E o que nos reserva a Europa dos 17 (Zona Euro),  ou dos 27 (UE)? Será que o sonho europeu, idealizado nos anos 50 pelo eixo Bona-Paris, poderá, meio século depois,  vir a transformar-se no pesadelo do eixo Berlim-Paris? A prazo é bem possível. Para já, é avisado estarmos preparados para o pior (desintegração da UE e fim do euro).

Os altos dirigentes dos países membros mais ricos e a elite dos eurocratas têm pautado a sua actuação pela incapacidade de gerar consensos, de elaborar discursos coerentes, de afirmar um projecto europeu credível e sustentável e de ter a noção dos timings certos para agir.

Se no debate sobre a subida do tecto da dívida federal, os congressistas norte-americanos e o Presidente Obama deram aquele risível espectáculo de marcar o golo (chegar a acordo) no período de descontos (praticamente no fim do prazo), o que dizer dos líderes europeus? Com os sucessivos avanços e recuos e os constantes desmentidos das promessas feitas na véspera, uns e outros colocaram a Europa a jeito da voracidade vampírica dos mercados (leia-se especuladores).

O que ontem era uma simples apendicite grega, passou hoje a ser um desconfortável pólipo luso-irlandês, o qual, num futuro próximo, ameaça evoluir para um fatal carcinoma hispano-italiano. 

Deste lado do Atlântico, os meteorologistas da política e do dinheiro têm o dedo no botão de alerta de tsunami, atentos a alguns sinais dos chamados “mercados”:

  • Um editorialista do Financial Times escreveu ontem que o futuro da Europa depende da qualidade da defesa da Espanha e da Itália pelo triunvirato UE/BCE/FMI.
  • Embora  Madrid tenha apresentado “bons resultados” no combate ao défice e na flexibilização do mercado de trabalho, o articulista elege como positivo o facto de registar um superávit primário e de os seus empréstimos terem maturidades confortáveis. Como aspecto negativo é sublinhado o elevado peso da dívida (a terceira maior da Zona Euro), as tímidas medidas de combate ao défice e a crónica incapacidade do governo Berlusconi para fazer crescer a economia,  melhorar a capacidade  competitiva e combater o excesso de burocracia;
  • Esta análise, em nossa opinião,  peca por benigna já que passa ao lado de uma variável essencial da equação – a estratégia dos especuladores e as ferramentas de que dispõem para desestabilizar qualquer economia ou moeda, independentemente do seu peso e dimensão;
  • A manipulação pelos especuladores (privados e institucionais) de instrumentos derivativos, designadamente os famigerados seguros de incumprimento financeiro – Credit Default Swaps (CDS) -, levou à falência do banco Lehman Brothers, à nacionalização da seguradora AIG, à insolvência da Islândia e a severas crises cambiais nos anos 90 que atiraram para as cordas as moedas da Rússia, da Malásia, da Coreia do Sul, do México e por aí fora;
  • Ninguém sabe ao certo qual o montante global dos tóxicos CDS que infectam os balanços de sonantes nomes da banca europeia – do germânico Deutsche Bank, ao britânico Barclays, ao francês Paribas, passando pelo espanhol Santander e pelo italiano Unicredit – mas diversos especialistas dividem-se entre estimativas estratosféricas (trillions ou quadrillions);  
  • Certo é que, contrariamente ao que tem sido vertido em muitas páginas de jornais e revistas especializadas, existe o perigo real de um ou mais bancos europeus de grande dimensão poderem vir a ser atacados pelo vírus Lehman Brothers. Quando chegar a hora, lembrem-se  de trautear “Don’t cry for me Argentina”;
  • A França, para alguns inesperada e injustamente, está na berlinda desde sexta-feira, dia em que a S&P despromoveu a qualidade da dívida norte-americana. Comparativamente a outros países com notações triple A, os juros implícitos, os CDS e os níveis do défice que afectam a economia gaulesa são variáveis consideradas excessivas pelas maiores agências de rating;
  • Na próxima sexta-feira, a França publicará dados estatísticos sobre o crescimento da economia no segundo trimestre. A generalidade dos analistas prevê números desanimadores da ordem dos 0,2%, ou seja 0,7% abaixo do valor registado no primeiro trimestre;
  • Caso se confirmem as previsões, as campainhas de alarme alertarão para a dificuldade de a França conseguir, em 2013, atingir a prometida meta de reduzir o actual défice (7,15% do PIB) para menos de 3%;
  • O facto de os CDS sobre a dívida francesa serem superiores aos pagos pelos compradores de dívida emitida pelas autoridades do Peru, Indonésia, África do Sul e da República Eslovaca é motivo de preocupação não apenas para o governo francês. As lideranças da UE, do BCE e do FMI receiam que a equacionável perda pela França da notação AAA possa pôr em causa toda a arquitectura do Fundo Europeu de Estabilização Financeira (FEEF) e inviabilizar futuros resgates;
  • De  resto, os recursos do FEEF (750 mil milhões de euros) são considerados insuficientes para fazer face às necessidades prováveis dos resgates. Chegam para atender o conjunto dos actuais três “clientes” – Grécia, Irlanda e Portugal e eventualmente de Chipre.  Caso a Espanha ou a Itália sejam forçadas a usá-lo precisaria de ser generosamente recapitalizado.  De resto, há mesmo quem pense que o resgate da terceira e da quarta economias da UE, a Itália e a Espanha respectivamente, necessitaria de um novo Plano Marshall, mas agora com a inclusão dos países emergentes do G20 (China, Índia, Brasil, Arábia Saudita, etc.);
  • Para apimentar o cenário, o mês de Setembro promete ser crítico. A troika irá a Atenas fazer a avaliação de desempenho do governo na aplicação dos programas de resgate em curso e em fase de implementação. A instabilidade política e social em que a Grécia está mergulhada faz temer a obtenção de resultados aquém dos desejados pelos credores, com efeitos negativos na evolução da crise europeia;
  • Na Alemanha, a Chanceler Merkel enfrenta uma resiliente frente de forças políticas e de individualidades da coligação que lidera (CDU/FDP) que discordam abertamente dos acordos pró-resgate por ela validados em Bruxelas. O regresso de férias dos deputados do Bundestag promete acessos debates.
  • Conhecida a sua propensão para o “nim”, bem como para protelar até ao limite decisões urgentes, a senhora Merkel poderá viver dias difíceis e voltar a dar sinais errados aos mercados de dívida. Qualquer sinal de instabilidade e de laisser-faire dado pela Alemanha pode complicar ainda mais as já ténues possibilidades de controlo da situação;
  • Também em Setembro, algumas “cajas de ahorros” espanholas irão ao mercado tentar obter empréstimos. Num cenário de eleições antecipadas, de escalada dos juros da dívida soberana e de insuficientes taxas de crescimento económico, para além de uma elevada taxa de desemprego (superior a 20%), este segmento da banca espanhola terá uma missão espinhosa e de resultados duvidosos;

Se, como tudo indica, nada de enérgico e proactivo for feito, em Agosto, pelos líderes europeus que ditam as políticas da UE – Merkel e Sarkozy – chegaremos a Setembro com uma situação mais degradada. Talvez irremediavelmente…

Nesse caso, e se persistirem os ataques especulativos contra as dívidas espanhola e italiana, com uma insustentável subida das taxas de juro e dos CDS, o último trimestre promete ser um osso duro de roer.

Neste momento, ninguém, do BCE ao FMI, passando por outras instituições de idêntico calibre, dispõe de recursos para resgatar financeiramente países como a Espanha e a Itália. Se tal for imperativo, como vão os mandantes da economia mundial resolver o problema?

A resposta é simples. Ninguém sabe. Nem eles…

Pedro Varanda de Castro, Consultor

MRA Alliance

BCE vai intervir em força nos mercados para travar crise

segunda-feira, agosto 8th, 2011

A reunião de emergência, via teleconferência, do Banco Central Europeu, segundo o relato de uma fonte citada pela Reuters, abordou as medidas a tomar para suster ataques especulativos contra as dívidas soberanas  de Itália e da Espanha.

A Itália já é vista como a próxima vítima da crise de dívida com a taxa de  juro a dez anos a superar, na sexta-feira, a ‘yield’ dos títulos espanhóis da mesma maturidade. 

Segundo aquela fonte, o BCE deverá começar a comprar obrigações de Espanha e Itália no mercado secundário para evitar que o contágio acelere a crise de dívida. No final da semana passada, o Governo italiano garantiu que o BCE prometeu iniciar a compra de obrigações do país no mercado secundário a partir de hoje.

“O sistema do euro vai intervir de uma forma muito significativa nos mercados e responder de uma forma coesa”, afirmou a fonte, acrescentando que brevemente o BCE divulgará um comunicado.

Também hoje a chanceler alemã Angela Merkel e o Presidente francês Nicolas Sarkozy emitiram um comunicado conjunto onde reafirmam o seu compromisso com as decisões tomadas na cimeira extraordinária da zona euro de Julho. Entre elas está a possibilidade de o fundo europeu de estabilização financeira (FEEF) comprar dívida dos países intervencionados no mercado secundário. Nesse sentido, os dois líderes sublinharam ainda a importância de os parlamentos nacionais aprovaram as medidas até ao fim de Setembro.

Merkel e Sarkozy congratularam-se com os recentes esforços de consolidação orçamental decidos por Madrid e Roma, frisando que “a rapidez de implementação das medidas anunciadas é fundamental para restaurar a confiança nos mercados”.

O executivo italiano anunciou ontem que vai acelerar as medidas de austeridade para cortar o défice orçamental para um valor abaixo dos 3% já em 2013, um ano antes do previsto. Berlusconi prometeu ainda introduzir na lei o mecanismos de equilíbrio orçamental orçamentos equilibrados, liberalizar o mercado de trabalho e vender activos.

A ministra de a Economia espanhola, Elena Salgado, garantiu este domingo que o Conselho de Ministros vai aprovar novas medidas para combater o défice, ainda em Agosto. Madrid quer introduzir melhorias na gestão do imposto sobre sociedades e flexibilizar o contrato a tempo parcial.

MRA Alliance/DE

Espanha quer que notas de 500 euros sejam retiradas de circulação para combater lavagem de dinheiro

sábado, agosto 6th, 2011

O Governo espanhol está a estudar a possibilidade de propor ao BCE a retirada de circulação de todas as notas de 500 euros, pelo menos temporariamente, como forma de combate ao branqueamento de capitais, informa o jornal electrónico espanhol El Confidencial Digital.

A publicação refere um relatório do Centro Nacional de Inteligência (CNI) espanhol, segundo o qual 90% de todas as notas de 500 euros emitidas pelo BCE “já passaram por território espanhol”. As autoridades estimam que mais de um quarto de todas as notas desta denominação estejam fisicamente em Espanha.

Os espanhóis apelidam-nas de notas ‘binladen’ já que a esmagadora maioria da população raramente lhes põe a vista em cima pois são quase exclusivamente usadas em operações ilegais de branqueamento de capitais.

A justificação é simples. Segundo o Confidencial Digital “mil notas de mil pesetas equivaliam aproximadamente a un quilo de peso e o seu valor era de um milhão de pesetas. Por isso, “um quilo” também era sinónimo de um milhão. Agora mil notas de 5oo euros (um quilo) equivalem quase a 100 milhões de pesetas”.

MRA Alliance

Dívida: Juros de Espanha e Itália voltam a subir apesar da intervenção do BCE

quinta-feira, agosto 4th, 2011

As taxas dos títulos de dívida espanhóis e italianos estão novamente a disparar, mesmo depois de o BCE ter entrado no mercado. O juro das obrigações italianas subiram em todos os prazos, com a ‘yield’ a 10 anos a subir até aos 6,19%, de acordo com dados da Bloomberg, depois de algum alívio registado durante a manhã.

No mesmo sentido, as taxas dos títulos de dívida espanhóis subiam na maioria dos prazos, apesar de a Reuters ter avançado que o Banco Central Europeu (BCE) comprou dívida de dois dos países do euro que têm estado na mira dos mercados, Portugal e Irlanda, numa tentativa de retirar alguma pressão.

A reacção o mercado aconteceu depois de o presidente do BCE, Jean-Claude Trichet, ter afirmado que o programa de compra de dívida soberana no mercado secundário continua em curso pela autoridade monetária europeia.

É neste cenário que os juros dos títulos de dívida de Portugal aliviam em todos os prazos, com a taxa a cinco anos a ceder mais de 100 pontos base para 14,52%.

MRA Alliance/DE

Bancos espanhóis proibidos de oferecer juros acima de 3,2%

sexta-feira, maio 27th, 2011

O governo de Madrid vai intervir na guerra de depósitos que se vive no mercado bancário espanhol. As autoridades pretendem obrigar os bancos que ofereçam juros superiores a 3,2%, nas aplicações a prazo, a fazerem contribuições mais elevadas para o fundo de garantia de depósitos.

Segundo o “Expansión”, a lei será aprovada no conselho de ministros do executivo liderado por José Rodriguez Zapatero, de 10 de Junho, entrando em vigor com efeitos imediatos. Os depósitos que superem a taxa Euribor a 12 meses acrescida de um diferencial de 100 pontos base (ou seja, 3,2% à cotação actual) serão penalizados, adianta o jornal espanhol.

O certo é que desde Março de 2010 que os bancos do país vizinho se digladiam numa luta sem quartel pela captação das poupanças dos espanhóis. Esta disputa fragilizou ainda mais a posição de muitas caixas de aforro – controladas pelas juntas autonómicas e outras entidades regionais – que se encontram descapitalizadas e com dificuldades no acesso aos mercados financeiros.

MRA Alliance/DE

Espanha avança com mais austeridade nos próximos meses

terça-feira, abril 19th, 2011

Elena SalgadoA ministra da Economia espanhola afirmou hoje que o Governo vai fazer reformas nos próximos meses para reforçar a confiança na economia. “Temos melhorado a nossa imagem nos mercados nos últimos meses, devido às reformas que temos feito e este também vai ser um trimestre de reformas”, afirmou Elena Salgado à rádio Cadena SER, garantindo que a meta de crescimento económico de 1,3% para este ano será cumprida.

A ministra disse que as reformas deverão incluir medidas para reduzir a economia paralela, a liberalização dos horários de abertura do retalho e alterações no sistema de pensões, tendo em vista acalmar os mercados.

Na semana passada, o primeiro-ministro espanhol, Jose Luis Rodriguez Zapatero, tinha afirmado que Espanha não tinha qualquer plano de novas medidas de austeridade.

MRA Alliance/DE

Espanha ainda corre risco de contágio financeiro português

sexta-feira, abril 8th, 2011

Apesar do pedido de ajuda externa de Portugal acalmar os mercados e reduzir as incertezas, Espanha ainda corre riscos de contágio. O economista Nouriel Roubini não foi o único a defender ontem a ideia: vários analistas avisaram que o perigo ainda não passou.

“A grande questão não é Portugal, que é um País demasiado pequeno, mas sim o possível contágio à economia espanhola”, defendeu ontem Roubini, um dos primeiros economistas a prever a crise financeira.

O especialista sublinhou que o governo espanhol ainda terá de toma “medidas muito difíceis” para evitar “a doença que já deixou a Grécia e a Irlanda de quarentena e Portugal nos cuidados intensivos”.

MRA Alliance/DE

Espanha: PM Zapatero não se recandidata em 2012

domingo, abril 3rd, 2011

José Luis Rodríguez ZapateroO presidente do governo espanhol, o socialista José Luis Rodríguez Zapatero, anunciou neste sábado que não será candidato nas eleições gerais de 2012, num contexto de crise económica que minou a popularidade do governo após as duras medidas de austeridade adoptadas. “Não vou ser candidato nas próximas eleições gerais”, afirmou num discurso peranre a  comissão federal do Partido Socialista Operário Espanhol (PSOE) em Madrid.

Zapatero, 50 anos, foi eleito presidente em 2004 e reeleito em 2008. O chefe de Governo pediu ao partido que inicie o processo de primárias para designar o novo líder que se apresentará como candidato nas próximas eleições.

Zapatero afirmou que o anúncio ajudará a acabar com uma incerteza que se arrastava há vários. Segundo Zapatero, não vale a pena “esperar até ao fim nem prolongar de modo desnecessário a especulação”. “Eu pensava o mesmo há sete anos, dois mandatos são suficientes”, concluiu.

MRA Alliance/Agências

Portugal e Espanha ainda podem evitar pedir ajuda finaceira à UE

sábado, março 26th, 2011

O Comissário Europeu dos Assuntos Económicos disse hoje que Portugal e Espanha podem ainda evitar pedir um empréstimo à UE. “O importante é que as forças políticas [de Portugal] consigam atingir o objectivo de redução rápida do défice público combinado entre a Comissão [Europeia] e o Governo há algumas semanas”, afirmou Olli Rehn à televisão finlandesa.

Segundo Rehn, a execução das reformas necessárias vai permitir a Portugal “continuar no caminho da consolidação das suas finanças públicas”. Com um primeiro-ministro demissionário e sem Governo antes do final de Maio, Portugal tem de pagar 4,2 mil milhões de euros de dívida antes do fim de maio e 4,9 mil milhões de euros a 15 de Junho.

Portugal é considerado pelos mercados financeiros como o próximo candidato a um apoio financeiro da União Europeia e do Fundo Monetário Internacional, depois da Grécia e da Irlanda.

Quanto a Espanha, Rehn disse que o peso da sua dívida foi “inferior à média da UE”. “Além disso, a Espanha começou a tomar no ano passado medidas decisivas para equilibrar as despesas públicas, adoptar reformas estruturais no sistema de pensões e do mercado de trabalho bem como, e isto é muito importante, do seu próprio sistema de poupança”, disse. Para Rehn, essas medidas devem permitir que a Espanha saia da crise.

MRA Alliance

Espanha paga menos para emitir dívida a 10 e 30 anos

quinta-feira, março 17th, 2011

Depois de ontem Portugal ter colocado no mercado 1.071,7 milhões de euros de bilhetes do Tesouro com maturidade a 12 meses a 4,331% hoje, foi a vez de a Espanha testar o mercado de dívida.

De acordo com o Tesouro espanhol, o governo de Zapatero colocou, esta manhã, 4.129 milhões de euros em obrigações a 10 e 30 anos, superando assim o montante mínimo indicativo de 3.500 milhões de euros estipulado, e com as ordens de compra a superarem em mais do dobro o volume da oferta.

Segundo as autoridades espanholas, o leilão de obrigações a 10 anos terminou com a colocação de 3.218 milhões de euros no mercado ao preço de 5,162%, face aos 5,2% conseguidos no leilão anterior com características semelhantes, tendo contado com uma procura de 1,81 vezes acima da oferta.

MRA Alliance/DE

Ministra da Economia espanhola critica decisão da Moody’s que aumenta risco da dívida soberana

quinta-feira, março 10th, 2011

Elena SalgadoA ministra da Economia espanhola, Elena Salgado, revelou estar em “desacordo” com a decisão da Moody’s em reduzir o ‘rating’ da dívida pública espanhola. A governante defendeu que a agência deveria ter aguardado “algumas horas”, afirmou em declaração aos jornalistas.

Para Elena Salgado, a decisão da agência de notação baseou-se apenas nas necessidades de capital do sector financeiro espanhol e foi dada a conhecer horas antes do Banco de Espanha ter divulgado esses valores relativos a cada entidade do país.

MRA Alliance/Agências

UE: Presidente do fundo de resgate diz que Portugal e Espanha não precisam de ajuda

segunda-feira, março 7th, 2011

euro_notas11.jpgO presidente do Fundo Europeu de Estabilidade Financeira (FEEF) afirmou, numa entrevista à rádio pública austríaca, que, neste momento, não espera que Portugal e Espanha necessitem de pedir o resgate à instituição que lidera.

«Nesta altura parece que a Irlanda será o único país a recorrer ao FEEF. Já não vejo qualquer necessidade de ajudar a Espanha», afirmou Klaus Regling à rádio ORF, acrescentando que «Portugal ainda tem que fazer algum trabalho» para evitar o resgate internacional.

Apesar de o FEEF ter recursos disponíveis para ajudar os países europeus sob a mira dos mercados, «actualmente, usá-los não parece ser necessário», reforçou o presidente, citado pela agência de informação financeira Bloomberg.

«Os mercados estão a especular sobre se um país como Portugal poderá ter que recorrer à ajuda», salientou, realçando que «outros países que até há algumas semanas e meses os mercados também pensavam que necessitariam de ser resgatados estão hoje num diferente estádio de desenvolvimento».

Regling sublinhou que «em Espanha, as extensas medidas de consolidação orçamental e as reformas estruturais realizadas» levaram os mercados a aceitarem que aquele país «não precisa de nenhum dinheiro» do fundo de resgate europeu.

MRA Alliance/TSF

Cidade galega reintroduz a peseta como moeda concorrente do euro

domingo, março 6th, 2011

A pequena cidade galega de Mugardos decidiu reintroduzir a peseta na circulação monetária juntamente com o euro para estimular a economia local. Os lojistas de Mugardos desafiam os consumidores que possuem moedas ou notas da antiga moeda nacional esquecidas em casa a usarem-nas na compra de bens ou de serviços. De início muitos comerciantes torceram o nariz à ideia nas hoje a experiência está a reveler-se um sucesso. 

A crise económica local, onde 60 estabelecimentos comerciais já fecharam as portas, e os impactos negativos da recessão a nível nacional, com uma taxa de desemprego superior a 20% e milhares de falências de empresas, serviram de inspiração aos comerciantes da pequena cidade pesqueira da Galiza. 

Muitos forasteiros estão a deslocar-se a Mugardos para gastarem as pesetas que nunca chegaram a converter em euros. Esta semana uma tostadeira foi vendida por 10 mil pesetas.  

A velha divisa espenhola ainda pode ser trocada por euros mas apenas aos balcões do banco central. O Banco de Espanha estima em 1,7 mil milhões de euros o montante total das pesetas não convertidas oficialmente após a respectiva introdução no mercado em 1 de Janeiro de 2002. Muitas delas foram guardadas como recordação, ou como unidades de coleccionismo ou perderam-se nos bolsos dos muitos turistas que até então visitaram Espanha.

MRA Alliance/BBC

Espanha baixa juros e atrai forte procura em leilão de dívida

quinta-feira, março 3rd, 2011

O Tesouro espanhol atraiu uma forte procura num leilão de dívida a cinco anos, conseguindo baixar os custos face à anterior emissão comparável. A procura pelas “bonos” colocadas esta manhã no mercado pelo Tesouro espanhol superou em mais de duas vezes a oferta.

O país-vizinho aceitou pagar um juro médio de 4,389%, abaixo dos 4,542% registados num leilão realizado em Janeiro. Foi essa a contrapartida que envolveu a colocação de 2.652 milhões em dívida que vence em 2016. A somar aos 1.146 milhões de euros “vendidos” em dívida a três anos (com um juro médio de 3,592%), o Estado espanhol financiou-se em cerca de 3.800 milhões de euros, um montante próximo do máximo indicativo (quatro mil milhões para as duas linhas).

Citado pela agência Dow Jones, o analista do Nordea Bank Jan von Gerich salienta a procura “realmente robusta” no leilão duplo. O especialista acrescenta que, tal como Portugal, Espanha está a ser afectada pela ansiedade em torno das conclusões das cimeiras europeias de Março. “A volatilidade (nas taxas de juro dos países da periferia) deverá continuar”, antecipa von Gerich.

MRA Alliance/JdN

Fitch ameaçar cortar ‘rating’ de bancos espanhóis após decisão judicial

segunda-feira, janeiro 31st, 2011

A Fitch comunicou que vai rever a notação de risco dos bancos espanhóis, caso fracasse o recurso do BBVA para anular a sentença da Audiência Provincial de Navarra – equivalente a um Tribunal da Relação, em Portugal.

Em causa está o precedente aberto por esta autoridade, que confirma aliás a decisão já proferida num tribunal de primeira instância, ao declarar como suficiente a entrega de um imóvel para saldar a dívida com o banco. Isto mesmo que o imóvel tenha entretanto desvalorizado e não cubra a totalidade do montante em falta.

O caso está a gerar polémica em Espanha e a abalar o mercado hipotecário. Para já, aplaudem os clientes e tremem os bancos. Desde 2008, os bancos espanhóis executaram 290.000 imóveis por situações de incumprimento.

A lei espanhola, tal como a portuguesa prevê que, sempre que a execução da hipoteca não garanta o valor da dívida, o que acontece na maioria dos casos, o banco exija o diferencial, accionando muitas vezes a penhora de outros bens ou de parte do salário. Sempre que há um fiador, este também pode ser responsabilizado pelo pagamento da dívida.

No caso em questão, Jose Antonio Gil, um empregado de limpeza de 47 anos, deixou de pagar o seu empréstimo ao banco durante um ano. O BBVA procedeu então à execução da hipoteca sobre o imóvel, avaliado inicialmente pelo banco em 78 mil euros. No entanto, a grave crise vivida também no imobiliário espanhol ditou que o imóvel tenha sido arrematado agora em leilão apenas por 48 mil euros.

MRA Alliance/DE

Dívida: Portugal e Espanha vão pedir ajudas bilionárias até Julho

sábado, janeiro 22nd, 2011

Franz Wenzel, principal responsável pela estratégia de investimento da AXA Investment Managers, acredita que os dois países ibéricos vão recorrer ao fundo europeu de estabilização financeira (FEEF) e ao FMI.

Segundo as declarações citadas pela Bloomberg, o responsável da gestora de activos francesa estima que o pedido de ajuda de Portugal surja dentro de dois meses, ao qual se seguirá o resgate a Espanha, que de acordo com Wenzel, deverá ocorrer até Julho.

Wenzel prevê que os pacotes de ajuda para os dois países vão totalizar 500 mil milhões de euros. “Esperamos uma resolução destes problemas nos primeiros seis meses do ano”, acrescentou o mesmo responsável. Apesar da recente descida dos juros da dívida pública portuguesa, são vários os analistas que continuam a apontar para o cenário de Portugal pedir ajuda.

MRA Alliance/JdN

Goldman Sachs defende apoios financeiros a Portugal e Espanha

sexta-feira, janeiro 21st, 2011

O banco de investimento Goldman Sachs dá como certo que os problemas de financiamento de Portugal se alastrem a Espanha. A melhor solução, diz a instituição norte-americana, passa por um pacote de apoio a Lisboa e por uma linha de crédito a Madrid.

Os custos de financiamento dos países periféricos da zona euro continuam “elevados”, nota a Goldman em comunicado emitido hoje, pelo que, neste quadro, o Estado português “ver-se-á obrigado a recorrer ao fundo estabilidade financeira do euro (EFSF) mais cedo ou mais tarde”. Mas a verdadeira incógnita é saber se “as tensões nos mercados de financiamento obrigarão a Espanha a pedir ajuda externa”. Embora acompanhe a crítica feita aos líderes europeus por não terem sabido responder à crise atempadamente, este é um cenário que a Goldman afasta, dizendo que Espanha não representa risco de insolvência, tanto que os políticos europeus, acredita, “continuarão a intervir de maneira decisiva para evitar qualquer restrição de liquidez”. Se Espanha caísse, avalia a Goldman, “colocaria em risco o conjunto do sistema do euro pela dimensão da sua economia”.

Em entrevista à televisão da agência financeira Bloomberg, citada pela Lusa, o economista chefe da instituição para a Europa, Erik Nielsen, declarou que, no pior cenário, “a dívida pública [espanhola] em relação ao Produto Interno Bruto (PIB) atingiria um valor a rondar os 90 por cento. É um número grande, isso não representa um problema de solvência”.
Os Dezassete têm discutido um aumento da capacidade de financiamento do EFSF, posição da qual Erik Nielsen discorda. Actualmente, o fundo está dotado de 440 mil milhões de euros atribuídos a título indicativo pelos estados membros da zona euro, dos quais apenas 250 mil milhões são direccionados a empréstimos.

MRA Alliance/Público

Vice-presidente do Santander condenado a oito meses de prisão e inibido de trabalhar na banca

segunda-feira, janeiro 17th, 2011

Alfredo SáenzAlfredo Sáenz, vice-presidente e conselheiro delegado do Banco Santander, foi condenado pelo Supremo Tribunal espanhol a oito meses de prisão, multa e inibição de exercer qualquer cargo no sector devido a um processo de fraude que remonta a 1994, altura em que o banqueiro era presidente do Banesto, noticia hoje o El Mundo

Sáenz terá na altura apresentado uma queixa por fraude e ocultação de bens contra quatro empresários “sabendo que eram inocentes”, refere o jornal. Segundo apurou a justiça espanhola, a “falsa” acusação foi accionada para pressionar a cobrança de uma dívida de 3,8 milhões de euros contraída no Banesto por uma empresa, na qual aqueles executivos detinham uma posição minoritária, e resultou na sua detenção durante vários dias.

A sentença hoje antecipada pelo jornal espanhol terá sido decidida em Dezembro e será divulgada oficialmente nos próximos dias, implicando a saída imediata do cargo do número dois do Santander.

MRA Alliance

Espanha deu lugar à Hungria no “clube da bancarrota”

sábado, janeiro 15th, 2011

Na sequência de uma tendência de baixa contínua da probabilidade de default (incumprimento da dívida soberana) desde terça-feira, a Espanha saiu do “clube” dos dez países de maior risco de incumprimento.

Depois de um pico na segunda-feira, em que atingiu um máximo de risco de 27,41%, Espanha caiu para 22,96%, cedendo a 10ª posição do “clube” à Hungria (que está intervencionada pelo Fundo Monetário Internacional), segundo o monitor da CMA DataVision. A distância entre o nível de risco da Hungria e de Espanha é, no entanto, muito pequena.

Em uma semana, Madrid conseguiu descer mais de 4 pontos percentuais e baixar o custo dos credit default swaps ligados à sua dívida soberana de cerca de 360 pontos base para 294. Espanha entrara na crise de novembro para o “clube” da bancarrota.

O movimento de baixa das yields (juros implícitos) dos títulos do Tesouro com maturidades a dez anos no mercado secundário ocorreu depois de um máximo na segunda-feira de 5,54%. Hoje, ao começo da noite, estavam em 5,33%.

O leilão de bonos com maturidades a cinco anos ocorrido ontem em Madrid mobilizando €2.999,8 milhões com uma taxa de remuneração inferior à yield no mercado secundário foi um fator positivo contribuindo para esta melhoria das condições de crédito.

Grécia (que viu, ontem, a sua notação de crédito passar a “lixo” na classificação da agência de rating Fitch), Irlanda e Portugal continuam com o risco de default também em queda, mas conservam as suas posições no referido “clube”, havendo pouco probabilidade de baixarem de posição a breve trecho, pois a distância entre a Grécia (1º lugar) e a Venezuela (2ºlugar) é, ainda, significativa, e a que separa Irlanda (4º lugar) e Portugal (5º lugar) da Argentina (6º lugar) também é significativa.

As yields relativas às obrigações do Tesouro portuguesas e aos títulos irlandeses a dez anos estavam hoje à tarde em alta. No caso português subiram para 6,82% depois do fecho ontem em 6,75%, segundo dados da Bloomberg.

MRA Alliance/Expresso

China diz que vai continuar a comprar dívida espanhola

segunda-feira, janeiro 3rd, 2011

A China vai continuar a comprar títulos do tesouro espanhol e “confia na capacidade de Espanha” para ultrapassar a crise e relançar a sua economia, anunciou o “número 2” do governo chinês, Li Keqiang, num artigo publicado hoje.

“Temos confiança no mercado financeiro de Espanha, o que se traduziu na compra da sua dívida pública, iniciativa que prosseguiremos no futuro”, escreveu o vice-primeiro-ministro executivo chinês no jornal espanhol El País.

O artigo saiu na véspera de Li Keqiang chegar a Madrid, primeira etapa de um périplo europeu de oito dias, que inclui a Alemanha e o Reino Unido.

MRA Alliance/DE

Portugal deveria sair do Euro e Espanha vai precisar de ajuda externa, diz Pimco

segunda-feira, dezembro 20th, 2010

Espanha, Itália e Bélgica estão cada vez mais perto de terem de pedir ajuda aos seus congéneres europeus, tal como já o fizeram a Grécia e a Irlanda. Quem o diz é Andrew Bosomworth, responsável da Pacific Investment Management (Pimco) na Alemanha, em entrevista ao jornal alemão Die Welt.

“Estes países não conseguirão recuperar sem a ajuda dos seus congéneres europeus”, sublinhou Bosomworth. O mesmo responsável assegurou ao jornal alemão que “mais tarde ou mais cedo, haverá obrigações europeias”, ainda que seja uma solução que não agrada à Alemanha nem à França.

Bosomworth defendeu as obrigações europeias, dizendo que seria uma forma de assegurar a unidade de acção na Europa, mediante a emissão de dívida comum, “o que sem dúvida penalizaria países como a Alemanha e França, que teriam de pagar mais para se financiarem”. Apesar deste efeito, o gestor da Pimco considera que esta medida ajudaria a estabilizar a União Europeia.

Bosomworth defendeu que “Grécia, Irlanda e Portugal não conseguirão por-se de pé sem uma de duas coisas: uma moeda própria ou elevadas transferências (provindas de organismos como a UE e o FMI)“, aconselhando que os três abandonem a Zona Euro caso não consigam baixar o peso da dívida.

O responsável pela divisão de gestão de carteiras de investimento da Pimco em Munique mostra-se também pouco convencido de que estes países voltarão rapidamente a níveis positivos de crescimento económico. “Não parto do princípio de que o crescimento vai regressar, como faz o Fundo Monetário Internacional e a União Europeia”, assinala.

“Os responsáveis políticos não podem excluir a possibilidade de uma falência no seio da Zona Euro”, comenta o gestor, que não acredita que as decisões tomadas pelo Conselho Europeu na última semana tenham resolvido os problemas na união monetária.

O responsável pela divisão de gestão de carteiras de investimento da Pimco em Munique mostra-se também pouco convencido de que estes países voltarão rapidamente a níveis positivos de crescimento económico. “Não parto do princípio de que o crescimento vai regressar, como faz o Fundo Monetário Internacional e a União Europeia”, assinala.

Bosomworth acredita que a crise da dívida soberana na Zona Euro está “longe de terminar” e que “as tensões nos mercados vão continuar em 2011”.

MRA Alliance

Moody’s ameaça cortar ‘rating’ da dívida espanhola

quarta-feira, dezembro 15th, 2010

A agência de notação financeira Moody’s colocou hoje a classificação da dívida espanhola sob revisão para uma possível redução da actual notação ‘Aa1’, face à elevada necessidade de financiamento, às potenciais perdas no sistema bancário e à credibilidade do Governo Zapatero reduzir o défice do país.

“As necessidades substanciais de financiamento, não apenas para o soberano [país], mas também para os governos regionais e os bancos, tornam o pais susceptível a novos episódios de ‘stress’ de financiamento”, afirma a analista da agência de notação financeira que acompanha Espanha, Kathrin Muehlbronner, numa nota divulgada hoje, citada pela Bloomberg.

No entanto, a Moody’s não prevê que Madrid venha a pedir para aceder ao fundo de resgate da União Europeia e do FMI. “A Moody’s não acredita que a solvência de Espanha esteja sob ameaça e nas suas assumpções não espera que o Governo espanhol tenha de pedir apoio do Fundo Europeu de Estabilização Financeira”, sublinha Muehlbronner.

A ameça de corte da Moody’s surge na véspera de o Estado espanhol tentar colocar entre dois mil e três mil milhões de euros em obrigações de 10 e 15 anos. Ontem, Espanha teve que pagar mais 40% para colocar Bilhetes do Tesouro que há um mês atrás. O país colocou 2,5 mil milhões de euros em títulos a 12 e a 18 meses. Na maturidade mais longa, a taxa situou-se nos 3,79%, enquanto na dívida a 12 meses fixou-se nos 3,52%.

MRA Alliance/DE

Cimeira ibero-americana relança diplomacia económica

domingo, dezembro 5th, 2010

Sócrates, Cavaco e Lula na XX Cimeira Ibero-americanaA 20.ª Cimeira Ibero-americana terminou ontem na Argentina com a aprovação de declarações sobre educação, justiça e uma forte carga política, mas a mala do primeiro-ministro foi e regressou carregada de incumbências de diplomacia económica.

A decisão de grande importância (elogiada pelo presidente da República, Cavaco Silva, e por José Sócrates, por dar à organização uma “dimensão política mais forte”) consiste numa “cláusula democrática”, que permite intervenções diplomáticas para ajudar o governo legítimo de um país cuja ordem constitucional seja interrompida, como aconteceu com as Honduras, cujo presidente foi deposto, e até suspender a sua participação nos órgãos da comunidade.

Dedicada ao tema “Educação para a inclusão social”, a cimeira, que decorreu na estância balnear de Mar del Plata, aprovou uma extensa declaração na qual os estados ibéricos e latino-americanos afirmam o seu compromisso de alcançar plena alfabetização de todos os países antes de 2015, entre outros objectivos.

O encontro, que valorizou a escola pública e se comprometeu no investimento de 76 mil milhões de euros em projectos educativos até 2011 e na criação de um fundo de cooperação e coesão educativa com uma dotação inicial de três mil milhões através de bancos públicos e privados, proclamou o acesso universal de alunos e professores às novas tecnologias de informação, a investigação e o desenvolvimento de estratégias inovadoras da sua incorporação no ensino e o intercâmbio de experiências.

Trata-se de um tema do agrado do primeiro-ministro, José Sócrates, que voltou a usar o fórum de chefes de Estado e de Governo para promover, entre outros negócios, os programas governamentais “e-escolas” e “e-escolinhas” junto dos líderes de vários países, com os quais se encontrou.

O presidente do Panamá mostrou-se interessado naqueles programas; Sócrates espera que em breve seja possível vender à Argentina entre 700 mil e 900 mil computadores “Magalhães”; o presidente da Guatemala pediu-lhe que envie ao seu país uma equipa técnica a expor a experiência portuguesa no domínio das tecnologias de informação; e a Venezuela mostrou interesse na área da protecção civil, especialmente na prevenção de cheias.

“Venho com a intenção de potenciar a nossa relação com a América Latina no plano económico. A América do Sul é um dos continentes que estão a crescer mais, com taxas que se distanciam de muitos outros países”, disse Sócrates ainda antes dos trabalhos da cimeira. Depois de um encontro com o presidente do Brasil, Lula da Silva, garantiu que há mais interesse em investimentos brasileiros no país. Antes de deixar Mar del Plata, anunciou que tem aprazadas para o primeiro trimestre visitas ao Panamá e ao México.

Um dos documentos mais importantes da cimeira é uma resolução sobre o uso de vídeo-conferência para facilitar a prestação de depoimentos de vítimas de crimes, testemunhas, peritos e acusados sem obrigar à sua deslocação.

MRA Alliance/JN

Governo espanhol aprovou novas medidas anti-crise

sexta-feira, dezembro 3rd, 2010

O governo espanhol aprovou hoje novas medidas anti-crise, que incluem uma baixa de impostos para as pequenas e médias empresas, aumentos de taxas sobre o tabaco e a privatização parcial da gestão de aeroportos e lotarias.A ministra da Economia, Elena Salgado, anunciou as novas medidas afirmando que pretendem “melhorar a competitividade da economia” e que “facilitarão o desenvolvimento da atividade empresarial”.

O executivo espanhol decidiu também hoje marcar para 28 de janeiro a aprovação em conselho de ministros da reforma do sistema de pensões, com aumento da idade de aposentação dos 65 para os 67 anos, para posterior debate no parlamento.

MRA Alliance/Lusa 

Alemanha avisa que não tem fundos para resgatar Portugal e Espanha

segunda-feira, novembro 29th, 2010

O ministro alemão da Economia, Rainer Brüderle, avisou ontem que a Alemanha, depois dos casos da Grécia e da Irlanda, “não pode ajudar a salvar nenhum outro país em caso de emergência”. Na prática, isto significa que para o governo alemão, Portugal ou Espanha, os países que se seguem na carruagem dos aflitos da dívida soberana e do défice público, poderá já não haver possibilidade de ajuda da UE nem do FMI.

Em entrevista ao jornal alemão “Bild am Sonntag”, Brüderle rejeitou totalmente a especulação acerca de um dominó sobre outros países europeus e lembrou que “a Espanha e Portugal fazem todo o possível para controlar o seu orçamento”.

Por cá, a especulação em torno da entrada do FMI (Fundo Monetário Internacional) ou do recurso ao Fundo de Estabilização Europeu mantém-se acesa. Nem a aprovação do Orçamento do Estado para 2011 foi suficiente para acalmar os mercados ou tirar de cima do Governo o fantasma da ajuda externa.

O líder da oposição social-democrata Pedro Passos Coelho admitiu que não recusa trabalhar com o FMI “se for essa a forma de ajudar o país”. Em entrevista ao Expresso, o líder do PSD disse acreditar que Portugal tem “condições de execução orçamental aprovadas este mês que podem dar alguma confiança aos mercados” e dispõe de um sistema bancário mais “saudável”, do que o irlandês.

Este discurso foi mal recebido pelo Governo. O ministro da Defesa, Augusto Santos Silva,  acusou Passos Coelho de estar a “enfraquecer a posição nacional” e de revelar “imaturidade política”.

Santos Silva assegurou que “a União Europeia não está a trabalhar em nenhum pacote de ajuda a Portugal”, e que essa possibilidade nem sequer é colocada pelo Governo actual que “está a trabalhar” para a impedir.

MRA Alliance/DE

Depois da Irlanda e Portugal agora é a Espanha que está na berlinda dos mercados

sábado, novembro 27th, 2010

Espanha deverá ser o próximo país a ver-se forçado a recorrer ao fundo de emergência UE/FMI, defendem cada vez mais analistas. As baterias antes apontadas a Portugal desviaram nos últimos dias a sua trajectória para o país vizinho, com um peso seis vezes maior na economia europeia e a passar por uma reestruturação do seu sistema bancário, que, embora a uma escala bem menor do que na Irlanda, não tem conseguido evitar as comparações.

Zapatero descarta “em absoluto” a necessidade de um resgate e diz basear-se em “dados concretos”. Mas a Irlanda também insistia na mesma tecla e não deixou de capitular, o que só prova que os mercados quando querem têm uma grande capacidade para transformar rumores em certezas.

Ontem, na Bloomberg, o economista Michael McDonough escrevia que o risco de Espanha é agora maior do que o de Portugal e que os seus problemas constituem uma ameaça superior para a estabilidade da moeda única. Desde logo, porque a Espanha é a quarta maior economia europeia e “o seu PIB representa 12% da economia da Zona Euro, mais do que o PIB acumulado de Irlanda, Grécia e Portugal”. Para McDonough, “Espanha está a tornar-se cada vez mais o ponto central dos receios em torno da estabilidade das economias mais debilitadas.”

Também uma nota de análise do Barclays Capital afirmava que a Espanha poderá ser o próximo país na mira dos mercados, partindo do exemplo irlandês – sem problemas de financiamento externo até ter de ir em socorro da banca. O Barclays agregou as dívidas, as necessidades e os timings de financiamento dos Estados e dos bancos em 2011 e concluiu que, só nos primeiros quatro meses, a Espanha deve ter de ir buscar ao mercado 30 mil milhões de euros, enquanto as necessidades de financiamento dos seus bancos poderão atingir os 40 mil milhões, existindo “um risco de execução substancial”. E afirma que, se houver uma crise de confiança dos mercados na dívida espanhola – pública ou bancária -, a que os bancos franceses e alemães estão muito expostos, o risco de contágio à Zona Euro é elevado.

Quanto a Portugal, considera que o financiamento da banca está bem distribuído ao longo do ano, sendo, além disso, a dívida soberana portuguesa (83% do PIB) uma das mais protegidas do contágio da dívida do sistema bancário (30%), porque o peso das duas somadas no PIB é inferior ao verificado na Grécia, na Bélgica, na Itália, na Irlanda, no Reino Unido e na Espanha.

Uma análise que cai como ouro sobre azul, depois de a edição alemã do Financial Times ter noticiado que o Banco Central Europeu (BCE) e a maioria dos países da Zona Euro estão a pressionar Portugal para pedir a ajuda do fundo de emergência europeu. Um plano que o presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso, nega. “É absolutamente falsa qualquer referência a um plano para salvar Portugal, nem foi pedido por nós, nem o sugerimos”, garantiu.

Fonte do gabinete do primeiro–ministro, José Sócrates, também assegurou que “a notícia do Financial Times não tem qualquer fundamento.

Mas os desmentidos vieram igualmente da própria Alemanha, com um porta-voz do Ministério das Finanças a afirmar que Berlim não fez, nem vai fazer, “pressão sobre ninguém”. Outro porta-voz do Governo de Angela Merkel foi ainda mais longe, acrescentando que “os esforços de consolidação orçamental de Portugal serão bem sucedidos” e que o País não precisará de pedir ajuda externa.

A ministra espanhola da Economia, Elena Salgado, também diz que Portugal adoptou as medidas de austeridade com que se comprometeu e que não há por isso necessidade de qualquer resgate internacional.

MRA Alliance/DN

Terrorismo: ETA anuncia mais um cessar-fogo em Espanha

domingo, setembro 5th, 2010

A ETA anunciou, este domingo, um cessar fogo, numa mensagem que foi transmitida em exclusivo pelo canal televisivo BBC. De acordo com o jornal espanhol “El Pais”, a organização enviou um vídeo à estação britânica anunciando que “não levará a cabo ações armadas”. Esta decisão terá sido tomada “há alguns meses” com vista a “pôr em marcha um processo democrático”, refere a BBC com base no vídeo enviado.

O presidente do Observatório de Segurança considerou hoje, citado pelo Público, que o anúncio do cessar-fogo da ETA é um “momento muito importante para Espanha” e representa uma “vitória” da linha independentista basca que quer uma solução pacífica para o problema.

Anes referiu que este cessar-fogo “resulta não da vontade da direcção militar da ETA, que é jovem e radical, mas da enorme pressão exercida” nos últimos tempos pelos membros e simpatizantes da ETA que querem uma “solução pacífica, recusando a via militar”.

O especialista enfatizou que “é um momento muito importante para Espanha”, mas também para a Europa e o mundo porque cessa um conflito armado que já “não fazia sentido”, numa altura em que o país basco, à semelhança da Catalunha, já possui grande autonomia.

Segundo José Manuel Anes, especialmente os “veteranos” da ETA estão “fartos” do conflito armado e também há muitos simpatizantes do movimento separatista basco a pressionar a direcção militar da ETA para haver “negociações políticas”.

Questionado sobre se, desta vez, há mais condições para que o processo negocial tenha sucesso, uma vez que em anteriores ocasiões houve o regresso à luta armada, o presidente do Observatório de Segurança, Criminalidade Organizada e Terrorismo (OSCOT) disse estar convencido de que sim, porque é isso que a maioria dos membros e simpatizantes da ETA pretendem neste momento. Observou contudo que “é um processo negocial que vai começar” e que é preciso esperar a sua evolução.

Histórico aconselha prudência

A notícia deverá ser encarada com prudência face ao histórico dos anúncios de suspensão da luta armada pela ETA nas últimas décadas. Com efeito, o último cessar-fogo da ETA, antes do hoje anunciado, ocorreu a 22 de março de 2006 e durou até 30 de dezembro desse ano quando a organização realizou um atentado no aeroporto de Barajas, Madrid, que fez dois mortos.

O cessar-fogo mais longo da organização separatista basca foi anunciado a 18 de setembro de 1998, tendo durado 439 dias. Ao longo da sua história, a ETA anunciou uma dezena de tréguas. Uma cronologia publicada na edição on-line do jornal espanhol El Mundo relembra os principais factos: 

Fevereiro de 1981 – O primeiro cessar-fogo deu-se poucos dias após o golpe de Estado de 23 de fevereiro e foi anunciada para um ano, tendo-se prolongado até agosto do ano seguinte.

29 de janeiro de 1988 – A ETA oferece ao Governo espanhol uma trégua de 60 dias com o objetivo de negociar uma saída para o conflito basco. Representantes da organização e do Governo mantêm contactos, que não dão frutos.

15 de fevereiro de 1988 – Nova proposta da ETA para uma trégua de 60 dias, mas que não se materializa.

30 de outubro de 1988 – A ETA oferece, nas mesmas condições, um cessar-fogo de 60 dias que, uma vez mais, não se chega a concretizar.

08 de janeiro de 1989 – A ETA declara uma trégua de duas semanas, coincidindo com o início das chamadas Conversações de Argel (entre o Governo de Madrid e a organização).

28 de janeiro de 1989 – A organização prolonga este cessar fogo por mais dois meses, enquanto prosseguem os contactos entre a ETA e o Governo em Argel.

27 de março de 1989 – Novo prolongamento de dois meses. Prosseguem as conversações entre os representantes das duas partes.

04 de abril de 1989 – Fracassam as conversações de Argel e a ETA anuncia o fim do cessar-fogo.

10 de julho de 1992 – A ETA propõe um cessar-fogo de 60 dias, pouco depois da queda da sua cúpula em Bidart (França).

26 de abril de 1995 – A organização apresenta a sua Alternativa Democrática com uma proposta para a pacificação do País Basco.

23 de junho de 1996 – A ETA declara uma trégua de uma semana e dá ao Governo a possibilidade de negociar uma saída do conflito, proposta a que o Governo não responde.

20 de novembro de 1997 – A cúpula da ETA declara uma trégua que virá a ser chamada “Frente de las cárceles”.

16 de setembro de 1998 – A organização anuncia uma trégua indefinida e sem condições que começaria dois dias depois. O Governo mostra-se disposto ao diálogo: em maio de 1999 realiza-se um encontro na Suíça que não deu frutos. Em finais de novembro do mesmo ano, a ETA anuncia o fim do cessar-fogo.

18 de fevereiro de 2004 – A um mês das eleições gerais espanholas, a organização anuncia uma trégua ilimitada no território da Catalunha.

18 de junho de 2005 – Um mês depois de o Congresso apoiar a moção do Partido Socialista espanhol para dialogar com a ETA, a organização anuncia o fim das suas “ações armadas” contra “os eleitos dos partidos políticos de Espanha”. Uma semana depois, a organização esclarece no seu boletim “Zutabe” que esta trégua não inclui os membros do Governo.

22 de março de 2006 – A ETA anuncia um cessar-fogo permanente para “impulsionar um processo democrático em Euskal Herria [País Basco]”. Um comunicado da organização marca o início desta trégua para 24 de março de 2006. Um dia antes do final do ano, o cessar-fogo foi violado com um atentado no aeroporto de Barajas que custou a vida a dois jovens equatorianos.

MRA Alliance/Público/Lusa 

Banca espanhola é a que tem mais entidades em stress

sábado, julho 24th, 2010

Das 7 entidades financeiras europeias que, entre 91, chumbaram nos testes de stress, as espanholas são as  mais atingidas. Em Espanha falharam cinco instituições. A escassez de capital das sete entidades que não passaram nestes testes de resistência é de 3,5 mil milhões de euros, segundo o CEBS – Comité dos Supervisores Bancários Europeus. Só as cinco “cajas” espanholas precisam de 2,043 mil milhões de euros. As sete entidades são a alemã Hypo Real Estate, a grega Agricultural Bank of Greece (ATE) e cinco “cajas” espanholas.

As entidades espanholas que levaram risco a vermelho são quatro “cajas” de aforro e a CajaSur, sublinha o “Cinco Días”. Os bancos comerciais espanhóis, por seu lado, passaram todos.

Entre os grupos espanhóis que precisam de proceder a aumentos de capital está a entidade que integra a Caixa Catalunya, Caixa Tarragona e Caixa Manresa, que necessita de 1.032 milhões de euros. Também uma outra fusão catalã, que deu lugar à Unnim, e que é composta pela Caixa Sabadell, Terrassa e Manlleu, chumba, pois precisa de 270 milhões.
A entidade que resultou da união das duas maiores “cajas” catelhanas, Caja Duero e España, também não alcançaria os mínimos de capitais próprios de 6%, precisando de 127 milhões de euros. As restantes entidades que chumbariam seriam a Banca Cívica (composta pela Caja Navarra, Caja Burgos e Caja Canarias) e a CajaSur.

No pior dos cenários possíveis para os oito bancos comerciais que estiveram sob avaliação em Espanha, a deterioração do balanço oscila entre 5,1% dos activos do Santander e 9,8% do Banco Pastor, salienta o “El Mundo”.

Os oito bancos comerciais espanhóis que estiveram sob avaliação manteriam um rácio de capital Tier 1 (rácio de adequação de fundos próprios de base) dentro do que era exigido nestes testes de stress – com um intervalo de 6% para o Banco Pastor e 19% para o Banca March, diz a mesma fonte.

MRA Alliance/JdN