Archive for the ‘Economia’ Category

Impostos à vista?

segunda-feira, outubro 31st, 2016

Sem reforma da Previdência país terá que aumentar impostos

Segundo o Ministro da Fazenda, “reforma seria mais difícil de aprovar se o país estivesse muito bem”

 

Sem reforma da Previdência país terá que aumentar impostos, diz Meirelles

O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, disse em entrevista ao jornal Folha de S.Paulo que a reforma da Previdência é essencial para o país e que sem ela vai ser preciso “aumento de tributação, porque tem que pagar a conta”.

Na entrevista publicada neste domingo, Meirelles afirmou que seria mais difícil aprovar a reforma se o país “estivesse muito bem”, uma vez que a crise representa um argumento para a necessidade do ajuste.

Perguntando se será candidato a presidente da República, Meirelles disse que “qualquer discussão sobre isso, principalmente minha, é negativa”.

“A preocupação do mercado é saber que meu foco é 100 por cento na economia, no ajuste fiscal, em botar o Brasil para crescer. E que não há concessão política. Não há dúvida a essa altura. Se vou ser candidato, não vou ser candidato, isso é conversa de político”, afirmou.

Reuters

Remessas de emigrantes portugueses em Angola crescem 30%

terça-feira, setembro 20th, 2011

O valor das remessas enviadas pelos portugueses a trabalhar em Angola continuou a subir em 2010, aumentando, num ano, 30,34%, para 134,9 milhões de euros.

A progressão, embora a um ritmo menor do que o crescimento verificado entre 2008 e 2009, impulsionou a subida do valor das remessas de emigrantes portugueses no conjunto dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP) mais Timor-Leste.

Angola mantém-se no pelotão da frente dos PALOP com o maior valor de remessas enviadas para Portugal, distante de Cabo Verde, que, com 3,1 milhões de euros em remessas, surge em segundo lugar, de uma lista revelada hoje pelo Banco de Portugal num relatório sobre a evolução das economias nestes países.

Somando Angola, Cabo Verde, Guiné-Bissau, Moçambique, São Tomé e Príncipe e Timor-Leste, as remessas de emigrantes totalizaram, de 2009 para 2010, 141,5 milhões de euros, mais 29,7% do que um ano antes.

O valor do dinheiro que entrou em Portugal vindo destes seis países é quase quatro vezes superior ao valor das remessas enviadas de Portugal para os PALOP e Timor-Leste, que desde 2008 está a cair e ficou, no ano passado, em 37,1 milhões de euros, menos 11,6% face a 2009. A maior queda registou-se entre os cabo-verdianos, que enviaram para o seu país de origem 12,9 milhões de euros, uma descida de 38,3%.

MRA Alliance/Público

FMI prepara reunião de urgência sobre a Grécia

sexta-feira, setembro 9th, 2011

O FMI prepara-se para realizar uma reunião de urgência sobre a Grécia, na próxima quarta-feira, diz hoje a imprensa grega, reunião que Atenas não confirma mas que considera “lógica”, dado o impasse na atribuição dos fundos de resgate ao país.

De acordo com os jornais Elefthérotypia e Kathimérini, esta “reunião excepcional” do conselho de administração do Fundo Monetário Internacional (FMI), a 14 de Setembro, visa transmitir informação à direcção do fundo, por parte do enviado especial à Grécia, Poul Thomsen.

Segundo os jornais, a direcção do fundo deverá discutir alterações de última hora ao programa de resgate grego, porque Thomsen deverá chegar no dia 14 de Setembro a Atenas, para recomeçar a auditoria às contas públicas gregas, ao lado dos outros elementos da ‘troika’ — o Banco Central Europeu e a União Europeia.

Na cimeira de chefes de Estado e de Governo da zona euro, em Bruxelas no dia 21 de Julho, os países da zona euro acordaram um segundo plano de ajuda à Grécia, no valor de 158,8 mil milhões de euros, cuja aplicação se tem complicado, após a missão da “troika” que avalia o programa de reforma e austeridade grego ter dito, na  semanapassada, que Atenas tem que fazer mais para reduzir o défice.

A ‘troika’ também duvida das revisões que Atenas fez no seu orçamento, indispensáveis para que a Grécia receba mais uma ‘tranche’ do resgate financeiro aprovado na primavera de 2010, que tem um valor total de 110 mil milhões de euros.

MRA Alliance/DN

FMI: Lagarde pede a governos e políticos que apoiem recuperação económica global

sexta-feira, setembro 9th, 2011

A directora do FMI declarou que os governos e os decisores políticos das economias avançadas deveriam apoiar a recuperação, dado que o risco de uma recessão ultrapassa a ameaça da inflação.

“Os países deverão agir agora – e agir audaciosamente – para orientar as suas economias através desta nova fase perigosa da recuperação”, disse Christine Lagarde num discurso em Londres realizado ontem. A política monetária nas economias avançadas “deverá permanecer altamente acomodatícia”, acrescentou.

“A actividade global abrandou e os riscos de deterioração aumentaram”, disse Lagarde, alertando que “o reequilíbrio da procura para um crescimento global sustentado estagnou”. “O fraco crescimento e os fracos balanços dos governos, as instituições financeiras e as famílias estão a contagiar o pessimismo umas às outras. Se o crescimento continuar a perder força os balanços dos governos irão piorar, a sustentabilidade fiscal será ameaçada, e o leque de políticas para salvar a recuperação irá esgotar-se”, comentou a directora do FMI.

Os banqueiros dos bancos centrais e os ministros das Finanças dos países do G-7 reúnem-se hoje em Marselha, França, para debater a recuperação global está a dar preocupantes sinais de abrandamento. Ontem, o BCE e o Banco de Inglaterra mantiveram as suas taxas de juro de referência inalteradas, por as perspectivas económicas terem piorado.

MRA Alliance/JdN

Salvar a Grécia, Irlanda e Portugal é mais barato do que “matar” o euro, diz UBS

quinta-feira, setembro 8th, 2011

Segundo a análise do banco suíço UBS, os custos de uma eventual saída do euro por parte dos países economicamente mais debilitados seriam “significativos”. No caso de Portugal custaria até 11.500 euros, em média, por pessoa e no primeiro ano. Mas a probabilidade de a moeda única entrar em colapso está “perto do zero”,  e deixá-lo morrer sairá bem mais caro do que resgatar “periféricos”, dizem os autores do estudo.

Stephane Deo, Paul Donovan e Larry Hatheway, os três economistas do UBS que redigiram o relatório intitulado Perspectivas económicas globais, partem da premissa de que com “a actual estrutura” o “euro não funciona”. “Este euro gera mais custos económicos do que benefícios”, algo que se “tornou dolorosamente óbvio para alguns dos seus participantes nos últimos anos”, defendem no documento.

Os economistas ressalvam, porém, que a probabilidade de a moeda única entrar em colapso está “perto do zero”, e enumeram as consequências económicas e políticas para os diferentes estados-membros.

A saída de um “país fraco” da zona euro, como Portugal, custaria, segundo as estimativas dos três economistas, entre 9.500 a 11.500 euros por pessoa no primeiro ano, o equivalente a 40 ou 50 por cento do PIB desse país. Nos anos seguintes, o custo iria variar entre os 3.000 e os 4.000 euros por cada cidadão.

Estes cálculos incluem as consequências que um país de menor dimensão económica sofreria caso abandonasse o euro: incumprimento da dívida pública (sovereign default), insolvência de empresas (corporate default), colapso do sistema financeiro e do comércio internacional.

Já para um “país forte” economicamente o rombo seria menor para a carteira dos cidadãos. Na Alemanha, por exemplo, um regresso à moeda anterior (o marco) implicaria um custo entre 6.000 a 8.000 euros a cada germânico no primeiro ano, o equivalente a 20 ou 25 por cento do PIB. Nos anos subsequentes, a saída do euro por parte da maior potência económica da Europa seria consolidada com um custo entre 3.500 e 4.500 euros por cidadão.

Face a estes cálculos, os economistas do UBS defendem que fica mais barato resgatar a Grécia, a Irlanda e Portugal, caso os três países periféricos entrassem em incumprimento (default). Nesse caso, o custo para os estados-membros situar-se-ia “ligeiramente acima de mil euros por pessoa, de uma só vez”.

Deo, Donovan e Hatheway ressalvam, porém, que estes cálculos não incluem os custos políticos que a fragmentação do euro poderia trazer, como a perda de influência da Europa no plano mundial. Por isso, defendem, os “custos económicos são, em múltiplos sentidos, a última das preocupações que os investidores deveriam ter acerca de uma ruptura [do euro]”.

MRA Alliance/Público

Portugal: Consumo privado vai ter contracção histórica

quarta-feira, agosto 17th, 2011

As previsões do Governo apontam para uma quebra acentuada do consumo privado, noticia hoje o Diário Económico. A economia portuguesa vai registar, este ano, uma quebra de 4,5% no consumo privado e de 3,3% no próximo, de acordo com as previsões do próprio Executivo.

O Estado é obrigado a conter gastos – é necessário cumprir a meta de 5,9% de défice em 2011, mesmo depois do desvio de dois mil milhões de euros detectado nas contas públicas deste ano -, por isso, nem o consumo, nem o investimento público podem funcionar como alavanca da economia.

E com os consumidores a optarem por alocar os aumentos de rendimento disponível à poupança – no primeiro trimestre do ano o rendimento disponível aumento 0,7%, mas o consumo privado só aumentou 0,4% – as empresas têm menos procura para os seus produtos e serviços no mercado interno e só lhes resta apostar nas exportações para evitar a falência. Ainda assim, 500 empresas fecharam portas mensalmente ao longo do primeiro semestre, um aumento de 10% face ao mesmo período do ano anterior.

Consequentemente, o desemprego aumenta e as famílias tornam-se ainda mais cautelosas nos seus gastos. As previsões apontam que Portugal chegue a 2012 com uma taxa de desemprego de 13,2%. O próprio ministro das Finanças já reconheceu que o desemprego vai continuar a penalizar as famílias: “Só a partir de 2013, o desemprego começará a decrescer e, ainda assim, lentamente”.

MRA Alliance

Troika avisa que não pode haver mais subida de impostos em Portugal

quarta-feira, agosto 17th, 2011

A ‘troika’ já garantiu que de acordo com a análise às contas públicas de 2011, e incluindo as duas subidas de impostos já anunciadas – a sobretaxa no IRS e a subida do IVA na electricidade e no gás – a redução do défice para 5,9% do PIB está garantida sem a necessidade de mais medidas de austeridade.  A Comissão Europeia, o FMI e o BCE, lembra o Diário Económico, já fez quatro recomendações para serem executadas pelo Governo de Passos Coelho:

1 – Não é preciso subir mais impostos este ano
“Não esperamos mais aumentos de impostos este ano”, garantiu Jürgen Kroeger, no final da semana passada, na conferência de imprensa que marcou o fecho da primeira avaliação da ‘troika’ à aplicação do memorando de entendimento em Portugal. O líder da missão por parte da Comissão Europeia garantiu mesmo que o conjunto das medidas adicionais que já foram anunciadas até agora permite dizer que “o buraco orçamental está fechado”.

2 – Faltam cortes na despesa pública
O que falta, são os cortes na despesa pública. Jürgen Kroeger disse mesmo que a missão da ‘troika’ “esperava ver mais cortes na despesa” e que este foi um ponto do memorando que não foi tão bem conseguido. Os líderes internacionais reconheceram que é preciso tempo para implementar reduções sustentáveis nos gastos, mas alertaram que esse passo terá de ser dado.

3 – Medidas estruturais são para implementar
“As reformas estruturais têm de ser implementada”, frisou Poul Thomsen, o líder do Fundo Monetário Internacional na ‘troika’. Só assim será possível manter as expectativas de evolução do PIB que servem de base ao memorando de entendimento e que antecipam a retoma económica em 2013. “Sem as reformas estruturais, o ajustamento será totalmente feito através de cortes no nível de vida, será feito através do empobrecimento e não com aumentos de competitividade”, avisou Thomsen. “E ninguém quer isso”, garantiu.
4 – O arranque foi bom, mas falta o mais difícil
FMI, Comissão Europeia e BCE concordaram que o arranque da aplicação do programa que permitiu resgatar a economia portuguesa da bancarrota foi “bom”. Contudo, deixaram o alerta: “O mais difícil ainda está para vir”, assegurou Poul Thomsen. E concretizou: “O sucesso do programa vai depender de abrir a economia portuguesa para criar crescimento e empregos”. Além disso, só se o Governo cumprir todos os termos do acordo – que incluem uma liberalização do mercado de trabalho e a redução do sector público – é que os parceiros internacionais continuarão a financiar a economia enquanto for necessário, lembrou.

MRA Alliance

Da apendicite grega ao tumor hispano-italiano

quarta-feira, agosto 10th, 2011

A bolsa nova-iorquina interrompeu ontem um ciclo de quedas consecutivas, ao fechar com valorizações de mais de quatro por cento nos principais índices. Pouco antes do fecho da sessão, aconteceu a repentina valorização após a Reserva Federal (Fed) norte-americana ter anunciado que manterá as taxas de juro de referência próximas de zero por mais dois anos.

Entre os índices de referência, o Nasdaq Composite Index, que agrega empresas de base tecnológica, foi o que mais disparou: 5,295 por cento (para 2,482.520 pontos). O índice Standard and Poor’s 500 Index cresceu 4,741 por cento (para 1,172.530 pontos) e o industrial Dow Jones avançou 3,977 por cento (para 11,239.770 pontos).

Porém, o dia foi marcado por uma acentuada volatilidade nas bolsas europeias e norte-americanas. Wall Street abriu positiva, mas o disparo só foi visível no final da sessão, após o anúncio do Fed.

Imediatamente a seguir à divulgação da notícia, os mercados reagiram com apetite pelo risco. O Nasdaq subia pouco mais de um por cento, o índice S&P 500 valorizava 0,2 por cento e o Dow estava em terreno negativo. Os minutos finais da sessão foram determinantes para a recuperação.

Mas a recuperação de ontem será de curta ou de média duração? Em nossa opinião, os fundamentais das economias nacionais e das empresas cotadas nas bolsas dos dois lados do Atlântico não enganam: estamos na antecâmara de uma nova fase da crise sistémica de que temos vindo a falar, desde 2007 (ver  exemplos aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, ou aqui).

Contrariamente à reacção de ontem das bolsas norte-americanas, outras praças indicam que entraram no território dos mercados recessivos (bear market). Em Londres, o índice de referência FTSE 100 recuou 20%, desde Fevereiro. De 6091 pontos escorregou para 4855 pontos. O mesmo aconteceu em Hong Kong. O índice Hang Seng recuou 23% desde o último máximo, registado em 8 de Novembro passado.  Idêntica situação aconteceu na brasileira Bovespa  (-31%). Por outro lado, refira-se que o entusiasmo de ontem nas praças americanas está ensombrado pela acelarada perda de 18% nas cotações do índice S&P 500 registada nos últimos meses…

A decisão da agência de rating Standard & Poor´s de baixar a notação da dívida norte-americana de AAA para Aaa, na sexta-feira, na sequência do recente aumento, pelo Congresso, do tecto da dívida federal acima da fasquia de USD 14,3 trillion, apesar de ter precipitado a presente situação, é apenas mais um episódio do colossal descontrolo financeiro norte-americano. A crise não está controlada. Longe disso.

A decisão do Fed agora anunciada de manter as taxas de juro próximas de zero até 2013 é tudo menos uma boa notícia. Dinheiro fácil e escandalosamente barato é mau conselheiro. É um viveiro de bolhas especulativas. Das dotcom às hipotecas subprime insistimos em trilhar um caminho perigoso. De bolha em bolha até à definitiva implosão do sistema financeiro global. Sem pretendermos ser exaustivos, propomos uma olhada sobre os sinais. Alguns têm tanto de elucidativos como de preocupantes:  

  • Na bolsa de futuros Comex, após o anúncio do Fed,  as posições relativamente aos contratos de ouro subiram 1,8%,  fixando-se no novo recorde histórico de  1740 dólares a onça;
  • O banco J.P. Morgan emitiu ontem uma nota segundo a qual a cotação do ouro deverá atingir os 2500 dólares a onça até ao final do ano, enquanto o Goldman Sachs prevê que esteja nos 1730 dólares dentro de seis meses e nos 1900 dólares dentro de 12 meses;
  • O metal amarelo prossegue a sua escalada enquanto activo à prova de crises. Continua a ser o refúgio mais seguro que o dinheiro pode comprar nos tempos que correm. Esta opinião é partilhada por alguns governadores de importantes bancos emissores;
  • Nos dois últimos meses, o banco central da Coreia do Sul comprou 25 toneladas de ouro, aumentando em 17 vezes as suas reservas de metal amarelo. No mesmo período, também o banco central da Tailândia aumentou as suas reservas de ouro em 15,5%, tendo passado de 3523 milhões de onças, em Maio, para 4,07 milhões, em Junho. No princípio do ano, a Tailândia já adquirira 9,3 toneladas de ouro. A Rússia comprou 41,8 toneladas e o México 99,2 toneladas. A China anunciou no início do ano que pretende, até 2020, aumentar drasticamente as suas reservas de ouro.   Das actuais 1054 toneladas quer chegar às 8-10 mil toneladas;
  • Os juros implícitos (yield)  dos títulos dos EUA a dez anos baixaram de 2,32% para 2,28%, entre segunda e terça-feira;
  • Até agora, perante a visível deterioração do clima económico nos sete países mais industrializados (G7) e a profunda crise das dívidas soberanas europeias,  a maioria dos investidores e especuladores comprava, devido ao risco quase inexistente,  títulos do tesouro americano na expectativa de que se valorizassem. Porém, se em vez disso eles se depreciarem, como já está a acontecer,  tal pode significar que a bolha do mercado das obrigações norte-americanas está prestes a rebentar. As consequências serão trágicas para a economia global;
  • Desde 24 de Julho, o pânico generalizado em todos os mercados mundiais gerou perdas globais de USD 8,1 trillion (mais de metade do PIB dos EUA). Este valor  corresponde  a 14,8% da capitalização bolsista do mundo;
  • Em apenas cinco anos (2008-2012), o montante das obrigações de dívida vencidas, emitidas pelo Tesouro norte-americano, atingirá o gigantesco volume de USD 5,6 trillion.   A totalidade do crescimento da dívida do país, entre 1776 (ano da declaração de independência) e 2008, foi de 4,6 trillion. Obama vai ultrapassar em apenas cinco anos o que o conjunto dos seus 43 antecessores fez em… 232 anos!!!
  • O custo global das ajudas financeiras aos bancos e empresas financeiras dos EUA e da Europa, desde 2008, na realidade, ascende a quase USD 24 trillion, segundo a estimativa de Neil Barofsky, o inspector-geral do TARP (Troubled Asset Relief Program), o mega programa de resgate aprovado pela administração Bush e continuado pela administração Obama. Se compararmos este número com o do défice reconhecido pelo Tesouro (USD 14,7 trillion) ficamos com uma ideia mais realista da enormidade dos problemas a resolver quando for apresentada a factura para liquidação; 
  • Se tivermos em conta que o rácio dívida/PIB da Grécia já atingiu os 150%, e que os EUA estão a caminho de ultrapassar rapidamente a psicológica barreira dos 100%, as perspectivas para o biénio 2012-2013 são ainda mais negras. Os efeitos sobre a evolução do crescimento e do emprego serão devastadoras. Também o dólar, enquanto reserva cambial mundial,  terá o seu canto do cisne;

E o que nos reserva a Europa dos 17 (Zona Euro),  ou dos 27 (UE)? Será que o sonho europeu, idealizado nos anos 50 pelo eixo Bona-Paris, poderá, meio século depois,  vir a transformar-se no pesadelo do eixo Berlim-Paris? A prazo é bem possível. Para já, é avisado estarmos preparados para o pior (desintegração da UE e fim do euro).

Os altos dirigentes dos países membros mais ricos e a elite dos eurocratas têm pautado a sua actuação pela incapacidade de gerar consensos, de elaborar discursos coerentes, de afirmar um projecto europeu credível e sustentável e de ter a noção dos timings certos para agir.

Se no debate sobre a subida do tecto da dívida federal, os congressistas norte-americanos e o Presidente Obama deram aquele risível espectáculo de marcar o golo (chegar a acordo) no período de descontos (praticamente no fim do prazo), o que dizer dos líderes europeus? Com os sucessivos avanços e recuos e os constantes desmentidos das promessas feitas na véspera, uns e outros colocaram a Europa a jeito da voracidade vampírica dos mercados (leia-se especuladores).

O que ontem era uma simples apendicite grega, passou hoje a ser um desconfortável pólipo luso-irlandês, o qual, num futuro próximo, ameaça evoluir para um fatal carcinoma hispano-italiano. 

Deste lado do Atlântico, os meteorologistas da política e do dinheiro têm o dedo no botão de alerta de tsunami, atentos a alguns sinais dos chamados “mercados”:

  • Um editorialista do Financial Times escreveu ontem que o futuro da Europa depende da qualidade da defesa da Espanha e da Itália pelo triunvirato UE/BCE/FMI.
  • Embora  Madrid tenha apresentado “bons resultados” no combate ao défice e na flexibilização do mercado de trabalho, o articulista elege como positivo o facto de registar um superávit primário e de os seus empréstimos terem maturidades confortáveis. Como aspecto negativo é sublinhado o elevado peso da dívida (a terceira maior da Zona Euro), as tímidas medidas de combate ao défice e a crónica incapacidade do governo Berlusconi para fazer crescer a economia,  melhorar a capacidade  competitiva e combater o excesso de burocracia;
  • Esta análise, em nossa opinião,  peca por benigna já que passa ao lado de uma variável essencial da equação – a estratégia dos especuladores e as ferramentas de que dispõem para desestabilizar qualquer economia ou moeda, independentemente do seu peso e dimensão;
  • A manipulação pelos especuladores (privados e institucionais) de instrumentos derivativos, designadamente os famigerados seguros de incumprimento financeiro – Credit Default Swaps (CDS) -, levou à falência do banco Lehman Brothers, à nacionalização da seguradora AIG, à insolvência da Islândia e a severas crises cambiais nos anos 90 que atiraram para as cordas as moedas da Rússia, da Malásia, da Coreia do Sul, do México e por aí fora;
  • Ninguém sabe ao certo qual o montante global dos tóxicos CDS que infectam os balanços de sonantes nomes da banca europeia – do germânico Deutsche Bank, ao britânico Barclays, ao francês Paribas, passando pelo espanhol Santander e pelo italiano Unicredit – mas diversos especialistas dividem-se entre estimativas estratosféricas (trillions ou quadrillions);  
  • Certo é que, contrariamente ao que tem sido vertido em muitas páginas de jornais e revistas especializadas, existe o perigo real de um ou mais bancos europeus de grande dimensão poderem vir a ser atacados pelo vírus Lehman Brothers. Quando chegar a hora, lembrem-se  de trautear “Don’t cry for me Argentina”;
  • A França, para alguns inesperada e injustamente, está na berlinda desde sexta-feira, dia em que a S&P despromoveu a qualidade da dívida norte-americana. Comparativamente a outros países com notações triple A, os juros implícitos, os CDS e os níveis do défice que afectam a economia gaulesa são variáveis consideradas excessivas pelas maiores agências de rating;
  • Na próxima sexta-feira, a França publicará dados estatísticos sobre o crescimento da economia no segundo trimestre. A generalidade dos analistas prevê números desanimadores da ordem dos 0,2%, ou seja 0,7% abaixo do valor registado no primeiro trimestre;
  • Caso se confirmem as previsões, as campainhas de alarme alertarão para a dificuldade de a França conseguir, em 2013, atingir a prometida meta de reduzir o actual défice (7,15% do PIB) para menos de 3%;
  • O facto de os CDS sobre a dívida francesa serem superiores aos pagos pelos compradores de dívida emitida pelas autoridades do Peru, Indonésia, África do Sul e da República Eslovaca é motivo de preocupação não apenas para o governo francês. As lideranças da UE, do BCE e do FMI receiam que a equacionável perda pela França da notação AAA possa pôr em causa toda a arquitectura do Fundo Europeu de Estabilização Financeira (FEEF) e inviabilizar futuros resgates;
  • De  resto, os recursos do FEEF (750 mil milhões de euros) são considerados insuficientes para fazer face às necessidades prováveis dos resgates. Chegam para atender o conjunto dos actuais três “clientes” – Grécia, Irlanda e Portugal e eventualmente de Chipre.  Caso a Espanha ou a Itália sejam forçadas a usá-lo precisaria de ser generosamente recapitalizado.  De resto, há mesmo quem pense que o resgate da terceira e da quarta economias da UE, a Itália e a Espanha respectivamente, necessitaria de um novo Plano Marshall, mas agora com a inclusão dos países emergentes do G20 (China, Índia, Brasil, Arábia Saudita, etc.);
  • Para apimentar o cenário, o mês de Setembro promete ser crítico. A troika irá a Atenas fazer a avaliação de desempenho do governo na aplicação dos programas de resgate em curso e em fase de implementação. A instabilidade política e social em que a Grécia está mergulhada faz temer a obtenção de resultados aquém dos desejados pelos credores, com efeitos negativos na evolução da crise europeia;
  • Na Alemanha, a Chanceler Merkel enfrenta uma resiliente frente de forças políticas e de individualidades da coligação que lidera (CDU/FDP) que discordam abertamente dos acordos pró-resgate por ela validados em Bruxelas. O regresso de férias dos deputados do Bundestag promete acessos debates.
  • Conhecida a sua propensão para o “nim”, bem como para protelar até ao limite decisões urgentes, a senhora Merkel poderá viver dias difíceis e voltar a dar sinais errados aos mercados de dívida. Qualquer sinal de instabilidade e de laisser-faire dado pela Alemanha pode complicar ainda mais as já ténues possibilidades de controlo da situação;
  • Também em Setembro, algumas “cajas de ahorros” espanholas irão ao mercado tentar obter empréstimos. Num cenário de eleições antecipadas, de escalada dos juros da dívida soberana e de insuficientes taxas de crescimento económico, para além de uma elevada taxa de desemprego (superior a 20%), este segmento da banca espanhola terá uma missão espinhosa e de resultados duvidosos;

Se, como tudo indica, nada de enérgico e proactivo for feito, em Agosto, pelos líderes europeus que ditam as políticas da UE – Merkel e Sarkozy – chegaremos a Setembro com uma situação mais degradada. Talvez irremediavelmente…

Nesse caso, e se persistirem os ataques especulativos contra as dívidas espanhola e italiana, com uma insustentável subida das taxas de juro e dos CDS, o último trimestre promete ser um osso duro de roer.

Neste momento, ninguém, do BCE ao FMI, passando por outras instituições de idêntico calibre, dispõe de recursos para resgatar financeiramente países como a Espanha e a Itália. Se tal for imperativo, como vão os mandantes da economia mundial resolver o problema?

A resposta é simples. Ninguém sabe. Nem eles…

Pedro Varanda de Castro, Consultor

MRA Alliance

Rogoff diz que vivemos a “Segunda Grande Contracção”

terça-feira, agosto 9th, 2011

Num artigo de opinião publicado hoje no Financial Times, o professor de Economia da Universidade de Harvard, Kenneth Rogoff, diz que depois de quatro anos em crise financeira, é cada vez mais claro que “o maior défice não é no crédito mas na credibilidade” e avança com o conceito de estarmos a viver a “Segunda Grande Depressão”

Isto porque, argumenta, “os mercados podem ajustar-se a uma quebra no crescimento mundial, mas não podem lidar com uma perda de confiança em espiral na liderança e com um sentimento crescente de que os políticos estão desligados da realidade”. E lança a questão: “O que é preciso fazer para nos afastarmos do precipício?”.

Para o ex-economista-chefe do Fundo Monetário Internacional (FMI) até agora o problema reside numa elevada dívida que tem aumentado a pressão para “acelerar a normalização do crescimento pós-crise”, que é geralmente muito lento. 

ogoff considera mesmo que “é melhor pensarmos que a economia global está a atravessar uma “Segunda Grande Contracção” (sendo a Grande Depressão a iniciada em 1929) envolvendo o mercado de crédito e o mercado imobiliário, e não apenas o crescimento e o desemprego”.

O economista vai mais longe ao considerar que a questão de as maiores economias do mundo enfrentarem um cenário de nova recessão “é quase irrelevante”, uma vez que “para todos os efeitos”, a maioria das economias europeias e a norte-americana nunca chegaram a sair totalmente da recessão.

Na opinião de Rogoff, as soluções financeiras e monetárias têm de ser reforçadas com reformas estruturais, envolvendo os “inustentáveis fundos de pensões e de saúde”. O professor de Harvard adianta que “se os responsáveis conseguissem, pelo menos, fazer o diagnóstico certo, seria um passo importante para a recuperação””, após “uma longa série de meias medidas e tropeções”.

Mas o economista deixa um sinal de esperança  ao considerar que “as opções estão a diminuir mas os líderes ainda não ficaram sem balas”. Em sua opinião esquemas de amortização da dívida, subidas temporárias da inflação e robustas reformas estruturais podem ajudar a resolver a crise.

Contudo, alerta Rodoff, “nesta conjuntura crítica”, os líderes devem dirigir-se aos problemas de uma “Grande Contracção e não apenas a uma grande mas convencional recessão”.

MRA Alliance/DE

Dilma e Kirchner querem blindar América do Sul da crise global

sábado, julho 30th, 2011

As presidentes do Brasil e da Argentina, Dilma Rousseff e Cristina Fernández de Kirchner, afirmaram nesta sexta-feira que a América do Sul deve adotar medidas conjuntas para se blindar contra a crise financeira global.

“Temos que defender nossos países da valorização das moedas e da avalanche de produtos que não encontram mercado nos países desenvolvidos e afetam nossas indústrias”, declarou Dilma.

A governante argentina, em sua primeira visita oficial ao Brasil desde que Dilma assumiu, disse que o assunto foi tratado na cúpula da União de Nações Sul-Americanas (Unasul) realizada em Lima nesta quinta-feira, durante a posse de Ollanta Humala como novo presidente peruano.

“É necessário adotar medidas comuns para defender os avanços conquistados e a inclusão social”, opinou Cristina.

De acordo com as únicas mulheres presidentes da região atualmente, a América do Sul acumulou nos últimos anos um forte desenvolvimento nas áreas social, econômica e industrial, que deve ser protegido de um possível agravamento da crise global.

Dilma esclareceu que não se trata apenas do que possa gerar uma possível moratória nos Estados Unidos, mas de um mundo que mergulhou em uma grande incerteza.

No entanto, a presidente garantiu que os países sul-americanos, em seu processo de integração, têm agora “a oportunidade histórica de aprender com os erros dos outros”, entre os quais citou a União Europeia (UE), em clara alusão às turbulências no bloco comunitário.

Embora tenham sido enfáticas em relação à necessidade dessa “blindagem” ser de caráter regional, nem Dilma nem Cristina deram pistas sobre quais seriam as medidas comuns que devem ser adotadas.

Nesse sentido, remeteram ao futuro imediato e a uma reunião que terão na próxima semana em Lima os ministros de Economia da região e a outra que reunirá em agosto em Buenos Aires os presidentes dos Bancos Centrais.

MRA Alliance/Terra Brasil

Aumento dos transportes públicos pode abrir vaga de fundo contra austeridade

quinta-feira, julho 21st, 2011

O ministro da Economia e do Emprego, Álvaro Santos Pereira, foi chamado pela oposição de esquerda a ir ao Parlamento dar esclarecimentos sobre os aumentos de 15% nos transportes públicos, num clima de forte contestação por parte dos sindicatos e das organizações de utentes que querem avançar com protestos públicos.

O PCP classificou a medida como um “colossal aumento” que afecta a população com menores rendimentos.  O BE quer saber que futuro o governo planeia para o sector. A deputada do Bloco de Esquerda Catarina Martins argumentou que “o aumento de 15% nos tarifários é escandaloso e inaceitável. Estamos a falar de um aumento quase cinco vezes superior ao da inflação”, afirmou, considerando que só “o extremismo ideológico do Governo e da `troika”” justificam a medida.

O PS criticou a decisão do Governo considerando que incentivará o uso do carro particular e agravará o défice externo, através do aumento da factura dos combustíveis.

O executivo contra-argumenta com números. Segundo o ministério da Economia, a dívida total das empresas públicas do sector ascendeu a 16,8 mil milhões de euros, um valor que triplicou nos últimos dez anos e que representa 10% do PIB.  O montante anual de encargos com juros, em 2010, ascendeu a 590 milhões de euros. No mesmo ano, o prejuízo de todas as empresas atingiu os 940 milhões de euros.

MRA Alliance/Agências

Trilateral lidera reorganização da diplomacia económica portuguesa

quarta-feira, julho 20th, 2011
O antigo ministro das Finanças e destacado membro da Comissão Trilateral, Jorge Braga de Macedo, vai coordenar o grupo de trabalho que proporá ao Governo o novo modelo de organização dos serviços do Estado ligados à diplomacia económica.
O economista e professor universitário Luís Campos e Cunha e o embaixador António Monteiro também farão parte do grupo. A equipa a criar pelo Governo será composta por seis elementos e deverá apresentar o seu relatório de actividades no prazo de 45 dias, disse à Lusa fonte governamental.

O objectivo do Governo é reestruturar os serviços e organismos públicos envolvidos na promoção e captação de investimento estrangeiro, na internacionalização da economia portuguesa e na cooperação para o desenvolvimento. Pretende-se a adopção de um modelo de coordenação de áreas tradicionalmente tuteladas pelos ministérios da Economia e dos Negócios Estrangeiros que seja mais forte e eficiente.

A Comissão Trilateral foi fundada em 1973, pelo banqueiro David Rockefeller, adepto da globalização e de um novo modelo de Ordem Mundial, partilhada entre os EUA, a UE e o Japão, após a ter proposto meses antes durante uma cimeira do Grupo Bilderberg.
MRA Alliance/Agências 

Economia paralela vale 20% do PIB português

quinta-feira, junho 30th, 2011

A economia paralela em Portugal representa quase 20% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional, o que equivale a 33 mil milhões de euros, segundo um estudo apresentado hoje pela Visa Europe e pela A.T Kearney, sob o tema “Economia paralela na Europa, 2010”. Os sectores mais afectados são a venda de automóveis, restaurantes e bares, táxis, lojas com serviços não especializados e cantinas e serviços de catering.

De acordo com o estudo, o valor está dentro da média europeia, representando no total 2,1 biliões de euros. No conjunto europeu, os países do leste são aqueles em que a economia subterrânea tem maior peso. Na Bulgária o peso é de 33% do PIB. No sul da Europa, a Grécia tem os piores valores, com 25% e pela positiva, destaca-se a Suíça que tem uma economia fantasma de apenas 8% do PIB.

Portugal tem introduzido nos últimos anos medidas com o objectivo de combater o trabalho e as vendas não declaradas como por exemplo a Campanha feita pela Direcção Geral dos Impostos – Peça Factura. Além disso, no último Orçamento do Estado, foi introduzida uma medida que tem como objectivo controlar os pagamentos feitos através de multibanco, com os chamados terminais de pagamento automático (TPA).

O estudo sugere o aumento de pagamentos electrónicos para aumentar o controlo e a existência de benefícios fiscais para incentivar o uso de cartões como descontos no IVA.

MRA Alliance/DE

Grécia: “Bancarrota seria uma catástrofe”, diz Papandreou

domingo, junho 19th, 2011

O primeiro-ministro grego, George Papandreou, afirmou esta tarde no parlamento helénico que as “consequências de uma bancarrota violenta ou a saída do euro” seriam uma “catástrofe imediata” para as pessoas, para os bancos e para a credibilidade do país.

No discurso que marcou o início de um debate de três dias sobre o novo plano de austeridade que terá de ser aprovado na terça-feira pelo Parlamento, Papandreou relembrou, de acordo com a Reuters, que o país está numa encruzilhada e que as suas reservas de dinheiro chegarão ao fim caso a Grécia não recebe a quinta tranche do apoio da UE e do FMI, no valor de cerca de 12 mil milhões de euros.

E, para que isso aconteça, o mais recente plano de corte de custos e aumento de receitas (nomeadamente via privatizações e subida dos impostos) terá de ter luz verde por parte da maioria dos deputados. À partida, isso terá sido assegurado pela remodelação governamental que Papandreou orquestrou no final desta semana, com destaque para a indigitação de Evangelos Venizelos na pasta das Finanças, substituindo Papaconstantinou.

Uma forma de apaziguar o interior do seu próprio partido, o Pasok, que detém a maioria no Parlamento. Venizelos, que era até aqui ministro da Defesa, tinha entrado em confronto com Papaconstantinou, e foi já como responsável das finanças que o responsável pelas contas gregas se deslocou hoje à reunião dos ministros da zona euro no Luxemburgo.

Em declarações aos jornalistas, antes da reunião, Venizelos garantiu que a Grécia irá cumprir as suas promessas de cortes orçamentais e de redução do défice. “Esta é uma boa ocasião para eu reafirmar a dedicação do governo grego e a vontade firme da população no sentido de cumprir o programa” de reajustamento acordado com a UE e com o FMI, afirmou o responsável, citado pela AFP.

A disponibilização da quinta fatia da ajuda à Grécia, bem como um novo tipo de apoio que poderá envolver, de forma voluntária, os detentores de dívida pública grega (como os bancos) é o tema central do encontro dos ministros das Finanças da zona euro, que termina amanhã. Nesta reunião também será feito o ponto da situação do programa de assistência financeira a Portugal, que se encontra representado pelo embaixador junto das instituições europeias, Manuel Lobo Antunes.

MRA Alliance/Público

Trichet diz que desequilíbrios entre economias são uma ameça global

domingo, junho 19th, 2011

O presidente do Banco Central Europeu recebeu hoje do Instituto de Estudos Económicos de Kiel (Alemanha) o Prémio de Economia Mundial e  aproveitou a ocasião para fazer a defesa do euro e deixar um alerta. O alargamento dos desequilíbrios entre as economias mundiais que, segundo o líder do BCE, se vai seguir à actual crise financeira terá consequências a nível global.

O chefe máximo do Banco Central Europeu procurou deixar de lado a crise grega – que hoje será abordada numa reunião especial dos ministros das Finanças da Zona Euro -, preferindo sublinhar a força da Zona Euro.

Por outro lado, com a Europa a atravessar um período de forte incerteza, Trichet retomou um dossier que, assegura, continua a ser a principal tarefa do BCE: o controle da inflação e a defesa da estabilidade dos preços.

“O que os cidadãos esperam do BCE é que garanta a estabilidade dos preços”, sublinhou o banqueiro-chefe, que deixaria ainda uma nota sobre receios que se avolumam para o período pós crise quanto à possibilidade de estar em marcha o aprofundamento global dos desequilíbrios.

Na opinião de Trichet, os desequilíbrios – foram já responsabilizados por contribuir para e por agravar os efeitos da crise de 2008 e 2009 – que poderão estabelecer-se a nível mundial constituirão um dos maiores desafios para a economia global.

“A preocupação é que, depois de uma redução parcial operada durante a crise, os desequilíbrios começam de novo a alargar-se”, apontou o banqueiro europeu, para acrescentar que este é um facto que devia colocar em alerta as agências mundiais, nomeadamente para a necessidade de uma vasta cooperação monetária e fiscal.

MRA Alliance/Agências

“Vai haver acidentes pelo caminho” nas metas da ‘troika’, diz ex-ministro das Finanças

segunda-feira, junho 13th, 2011

Silva Lopes, em entrevista ao Diário Económico, alerta hoje para acidentes de percurso na implementação do programa acordado com a ‘troika’. O ex-ministro das Finanças espera, porém, que as metas vão sendo cumpridas na generalidade. Eis o conteúdo da entrevista publicada na edição online do jornal.

Não haverá ganhos de poder de compra até 2016. E salário mínimo arrisca ficar como está. Um mal necessário?

Não me admira que Portugal não consiga aumentar o rendimento per capita em termos reais até 2016. Vai haver uma quebra grande [no crescimento] este ano e no próximo. O aumento do rendimento parece uma hipótese absurda. Quanto ao salário mínimo, não terá necessariamente que ser assim. É possível e desejável que o salário mínimo não tenha a mesma evolução do rendimento per capita. Pode haver outros rendimentos a ter evolução desfavorável, para que o salário mínimo possa ter uma evolução mais favorável. Não espero grandes aumentos, mas, se as coisas não correrem mal de todo, e houver determinação, pode haver uma evolução mais favorável do salário mínimo.

Não se consegue melhorar a produtividade por outra via que não custos de trabalho?

Em três ou quatro anos não conseguimos aumentos de produtividade suficientes para que os salários pelo menos permaneçam, em termos reais,
ao nível que estão. A longo prazo, pode aumentar, sim. Mas quaisquer reformas estruturais feitas agora não terão resultados imediatos. Ainda por cima, com a recessão este ano e no próximo, se a produtividade aumentar muito é porque o desemprego está a ficar pior. Mas claro que não se ganha poder competitivo só à conta dos salários. São importantes, mas não chegam. É preciso actuar em todas as frentes.

Portugal tem vantagem face à Grécia e à Irlanda para se tornar um exemplo de um resgate bem sucedido?

Corremos grandes riscos de também não voltarmos ao mercado tão depressa. Espero que do nosso lado se faça o possível e o impossível para cumprir as metas acordadas. Mas algumas são difíceis e não me admiraria que, em alguns casos, não as atingíssemos por inteiro. Espero que isso não seja generalizado e que consigamos, avançando e obtendo o financiamento inteiramente. Mas não esperemos o cumprimento das metas a 100%, vai haver acidentes pelo caminho.

MRA Alliance

Troika: O que muda com o novo memorando

domingo, junho 5th, 2011

O Governo comprometeu-se a um “corte substancial das contribuições patronais para a segurança social” – ou seja, da taxa social única (TSU) paga pelos patrões – no memorando de entendimento com o FMI. Afinal, a carta referida por Francisco Louçã no frente-a-frente com o primeiro-ministro, José Sócrates, sempre existe. Este é apenas um dos detalhes revelados ontem com a publicação do documento, cujos pormenores são hoje destacados pelo Diário Económico.

1 – Corte substancial da TSU
“Caro Mr. Strauss-Kahn”, começa a carta enviada por Teixeira dos Santos, ministro das Finanças, e Carlos Costa, governador do Banco de Portugal, ao FMI. “No seguimento das medidas já anunciadas, acreditamos serem necessárias acções adicionais em três frentes”, reconhecem os signatários. E a primeira frente remete de imediato para a questão da TSU: “Profundas reformas estruturais para aumentar o crescimento potencial, criar empregos e melhorar a competitividade (incluindo através de uma desvalorização fiscal)”. Em anexo, o memorando de entendimento esclarece o que é a dita desvalorização: é “um objectivo crítico”, que implica “uma redução substancial das contribuições patronais para a Segurança Social”.

2 – Municípios grandes mais controlados
O controlo da execução dos orçamentos dos municípios de maiores dimensões vai apertar. O acordo com o FMI estabelece que todas as autarquias com mais de cem mil habitantes terão de apresentar a sua execução orçamental ao Governo e à ‘troika’ todos os meses. O seu saldo vai passar a ser incluído no reporte do défice em contabilidade pública do conjunto das administrações públicas. O objectivo será alargar a obrigação de reporte a todos os municípios, mas enquanto as alterações legais que forem necessárias não estiverem no terreno, será da responsabilidade do ministro das Finanças apresentar estimativas trimestrais da sua execução.

3 – Contributo da despesa sobe e o da receita cai
O documento do FMI também actualiza alguns números. Desde logo, adianta que a dimensão do pacote de austeridade deste ano é de 5,4% do PIB e não de 5,25%, conforme tinha sido adiantado na versão ainda preliminar, que foi entregue aos partidos. Além disso, refaz as contas ao programa negociado com a ‘troika’: o contributo da despesa para a consolidação orçamental ganha peso (passa de 3,4% do PIB para 3,5%) e o da receita perde expressão (passa de 1,7% para 1,4% do PIB).

4 – Cinco metas estruturais estão cumpridas
Além dos quatro critérios quantitativos o empréstimo do FMI está sujeito ao cumprimento de 22 metas estruturais. Destas, cinco já estão alcançadas, reconhece o documento firmado entre o Governo e o Fundo. São elas a indicação, dada por parte do Banco de Portugal à banca nacional, de que tem de melhorar os seus rácios ‘Tier 1′; a preparação de um relatório sobre as dez empresas públicas que colocam mais riscos às metas orçamentais assumidas por Portugal; um relatório sobre todos os benefícios e deduções fiscais e respectivos gastos; a criação de um grupo de trabalho de juízes, para lidar com processos fiscais de montante superior a um milhão de euros; e a aprovação de uma definição ‘standard’ de compromissos e atrasos de pagamentos.

MRA Alliance

Espanhóis dizem que nível de vida está cada vez mais caro em Portugal

domingo, maio 1st, 2011

“Os preços de bens de primeira necessidade são mais baratos em Espanha face a Portugal. O valor do IVA é diferente nos dois países, sendo que este factor poderá marcar a diferença dos preços de alguns produtos”, considerou Mary Cármen, uma turista oriunda da Valladolid (Espanha).

A constatação foi feita hoje, no decurso da romaria internacional da Senhora da Luz, certame que decorreu junto à fronteira de Portugal com Espanha, nas proximidades de Constantim, concelho de Miranda do Douro.

Já Manuel Ferreira, um vendedor ambulante português, afirmou que o preço “elevado” dos combustíveis praticado em Portugal reflecte-se sempre no produto final.

“Eu vendo frangos assados, sou obrigado a comercializar o meu produto a um preço mais caro que o meu concorrente espanhol, já que o preço do gás é mais alto em Portugal,” justificou.

A romaria realiza-se anualmente mesmo em cima da fronteira, onde comerciantes espanhóis e portugueses estão separados apenas por uma linha branca que delimita os dois territórios.

Os visitantes rondam alguns milhares vindos um pouco de toda a província espanhola de Castela e Leão e da região norte de Portugal.

Os romeiros são atraídos não só pela feira internacional, mas igualmente pela devoção manifestada ao culto Mariano, em honra da Senhora da Luz.

Ali chegados, é possível ouvir os pregões dos vendedores tanto em castelhano como em português. Em algumas circunstâncias a fusão dos dois idiomas resulta numa mistura linguística que os locais apelidam de “portunhol”.

Independentemente da língua utilizada, a mensagem passa, e os cerca de 500 comerciantes que ali montaram os seus pontos de venda apontam sempre na mesma direcção: “ó freguês compre aqui que é mais barato”.

Por seu lado Vítor Ferreira, um comerciante português ligado ao sector alimentar, sempre foi dizendo que os espanhóis aparentam ter mais dinheiro.

“Os espanhóis quando é na hora de comprar não regateiam o preço. Chegam à banca, verificam a qualidade do produto e se lhes interessar levam sem olhar ao preço”, acrescentou o vendedor ambulante.

Quem não se queixa da crise é a comissão que organiza a romaria que garantiu que mesmo em “tempo de contenção” não foi registada qualquer quebra no valor das esmolas ou das promessas feitas à Senhora da Luz.

“Em tempo de crise as pessoas torna-se mais devotas”, disse à Lusa fonte ligada à Comissão Fabriqueira da Senhora da Luz.

MRA Alliance/DE

Efeitos práticos da catástrofe no Japão na economia mundial

segunda-feira, março 14th, 2011

Japão - Imagens dos efeitos dos sismos e do tsunamiEmbora seja difícil de estimar as consequências humanas e económicas do sismo de 8,9 e da onda gigante de 10 metros que se seguiu, os especialistas alertam que as consequências vão ser profundas e globais, adianta o Diário Económico.

“O sismo do Japão vai ser uma das catástrofes mais caras da história. Esta não é apenas uma circunstância japonesa, vai afectar ambos os lados do Pacifico e o custo vai subir muito rapidamente”, afirma Dennis Gartman, gestor de ‘hedge funds’, à CNBC

De acordo com as estimativas da empresa de modelo de risco AIR Worldwide, só em propriedades seguradas as perdas deverão ascender aos 24,62 biliões de euros, mais do que todos os custos causados por catástrofes em 2010.

Porém, depois de o Japão lidar com as massivas perdas humanas e económicas, o país terá de se concentrar na reconstrução das áreas destruídas, o que poderá dar força à economia nipónica, segundo alguns peritos. “Obviamente, o custo humano é o mais importante “, sublinhou Nicholas Colas, especialista da ConvergEx. “Mas a reconstrução vai criar muitos postos de trabalho e gerar riqueza”.

Também David Resler, economista chefe da Nomura Securities, frisa que “muitos recursos vão ser direccionados para a reconstrução do Japão. Mas nem todos os fundos virão do Governo. Alguns recursos para reconstruir uma parte devastada da ilha virão das companhias de seguros e empresas privadas”.

É esperado que o iene, tido como fraco, historicamente, comece a valorizar contra as restantes divisas mundiais, puxado pelo aumento da circulação da moeda no país, por causa da reconstrução. Esta tendência de subida foi observada na sexta-feira, quando o iene avançou quase 1,5% face ao dólar e apreciou perto de 1% em relação ao franco suíço. “O dinheiro vai ser repatriado para o Japão, de forma a ajudar a pagar os danos”, afirmou Dennis Gartman.

Outra consequência será a queda dos preços do petróleo uma vez que as dificuldades económicas no Japão vão afectar negativamente a procura mundial da matéria-prima. Foi neste cenário que os preços do ‘ouro negro’ caíram mais de 1% em Londres e nos Esrados Unidos, na sexta-feira.

Os encargos com a reconstrução devem ainda levar o Japão a reduzir a compra de obrigações dos Estados Unidos. O Japão é o terceiro maior detentor de dívida pública dos EUA, depois da Reserva Federal (Fed) e da China. “Levanta-se a questão de saber se os japoneses poderão continuar a ser grandes compradores das nossas obrigações [dos EUA]”, disse Quincy Krosby, especialista da Prudential Financial. “Eles vão usar uma quantia substancial para a reconstrução de infra-estruturas”, acrescentou. No final de 2010, o Japão detinha 882 mil milhões de dólares em obrigações do Tesouro, enquanto a China possuía 1,16 biliões de dólares em dívida norte-americana.

Os mercados accionistas reagiram em baixa ao sismo no Japão, com as bolsas asiáticas a tombarem cerca de 5%. Mas depois de os investidores terem ‘digerido’ a situação, as bolsas recuperaram. “Não acredito que este evento vá criar medo e incerteza no mercado. É um acontecimento natural. Eles vão recuperar”, sublinhou Todd Horwitz, analista do Adam Mesh Trading Group.

MRA Alliance

Economia portuguesa 18 vezes mais endividada do que em 1996

segunda-feira, janeiro 31st, 2011

No final do ano passado, o País devia, em termos líquidos, 180 mil milhões de euros aos estrangeiros, um valor superior à riqueza produzida num ano. Trata-se de uma dívida 18 vezes superior à que se registava há 14 anos, no final de 1996.

O Estado é responsável por uma parcela da dívida, mas é no endividamento privado que se encontra a explicação para os crescimentos dos últimos anos. A explosão do consumo, alimentado pelo crédito e sem um correspondente aumento da produtividade, é a causa que os economistas costumam apontar para o crescente endividamento dos privados.

MRA Alliance/JdN

Portugal será a terceira pior economia do Mundo em 2011, prevê “The Economist”

quinta-feira, janeiro 6th, 2011

A revista britânica ‘The Economist’ avança que Portugal será o terceiro país do Mundo com a pior recessão em 2011. Sendo as economias de Porto Rico e da Grécia as apontadas como as que sofrerão as maiores contracções do PIB, com 4 e 3,6 por cento respectivamente.

A previsão é feita pela ‘Economist Inteligence Unit’, uma empresa do mesmo grupo da revista, que coloca Portugal entre os piores do mundo para 2011. Os britânicos prevêem que a economia portuguesa sofra uma contracção económica superior a um por cento.

Estes números, avançados no ‘The Economist’, contradizem os previstos pelo Governo português que estima que o PIB cresça 0,2 por cento em 2011. A Comissão Europeia tinha anunciado em Novembro que apontava para um recuo de um por cento do PIB nacional, enquanto o FMI estabelece uma recessão de 1,5 por cento. A Ernst & Young aposta num resultado também negativo de 0,7 por cento.

Brasil e Angola estão cotados na lista do ‘The Economist’ como as economias lusófonas que apresentam fortes crescimentos.

Apesar dos receios manifestados em relação à economia espanhola, é esperado um desempenho positivo para a economia vizinha, próxima do um por cento.

MRA Alliance/CM

Portugal: Total de créditos incobráveis ascende a seis mil milhões

quarta-feira, dezembro 15th, 2010

Se todos os créditos incobráveis em Portugal fossem pagos, a economia portuguesa receberia de imediato uma injecção de seis mil milhões de euros, valor estimado pela consultora internacional Intrum Justitia, para créditos e outras facturas classificadas como incobráveis.

Um outro estudo apresentado por esta consultora revela que, na Europa, empresas e particulares registam um valor de dívidas por cobrar de 300 mil milhões de euros. Este  valor é igual à dívida pública da Grécia.

Ao analisar os comportamentos de pagamentos em diversos países e sectores, o estudo conclui que as empresas do imobiliário apresentam a mais elevada percentagem de incobráveis na Europa (4%). O imobiliário é também o sector da economia que leva mais tempo a receber pagamentos, a par da construção.

MRA Alliance/DN

Portugal: Economia paralela vale 31 mil milhões e representa 1/4 do PIB

sexta-feira, dezembro 10th, 2010

Em 30 anos, o peso da economia não registada na riqueza criada subiu dos 9,3% para os 24,2%. Nos últimos dois anos, o problema tem-se agravado. A chamada economia-paralela (que não é registada e foge ao fisco) valeu, no ano passado, 31 mil milhões de euros, o equivalente a 85 milhões por dia. O número é apontado no ‘Índice de Economia Não Registada’, apresentado ontem no Porto pelo Observatório de Economia e Gestão de Fraude da Faculdade de Economia do Porto. A elevada carga fiscal e o desemprego estão entre as principais causas do problema.

O índice, que resulta da tese de mestrado de Nuno Gonçalves, mostra que entre 1970 e 2009, a economia não registada evoluiu de um peso de 9,3% no Produto Interno Bruto (PIB) para 24,2%. Os números mais recentes apontavam apenas para um valor na ordem dos 20% da riqueza produzida, pelo que a economia paralela tem ganho relevância nos últimos anos. Segundo Nuno Gonçalves, o estudo mostra que “há picos de evolução” do peso desta realidade na economia oficial: “Entre 1974 e 76, depois no final dos anos 80 e início dos anos 90 e finalmente agora, nos últimos dois anos.”

“A carga dos impostos directos e das contribuições para a Segurança Social, o desemprego e os benefícios transferidos para os agentes económicos, ou seja, famílias e empresas” estão entre as principais causas apontadas pelo índice para o agravamento deste fenómeno. Segundo Nuno Gonçalves, “quanto maior é a carga fiscal, maior é a tendência que os agentes económicos têm em optar pela economia não registada”. No caso das empresas, existe a percepção de que “se maximiza o lucro não pagando os impostos”. Do lado da força laboral, “quanto maior é a carga fiscal que se tem de suportar, mais há tendência e apetência para ir buscar um trabalho fora da economia oficial”.

O índice – que assinala também o Dia Internacional da Luta Contra a Corrupção – mostra que o sector dos serviços foi aquele em que a economia não registada “mais aumentou”. Neste grupo surgem actividades como o comércio, restauração, hotelaria, informática, Pelo contrário, o agravamento nos sectores da indústria e da agricultura foram menores devido à desaceleração da actividade em ambos.

MRA Alliance/CM

Cimeira ibero-americana relança diplomacia económica

domingo, dezembro 5th, 2010

Sócrates, Cavaco e Lula na XX Cimeira Ibero-americanaA 20.ª Cimeira Ibero-americana terminou ontem na Argentina com a aprovação de declarações sobre educação, justiça e uma forte carga política, mas a mala do primeiro-ministro foi e regressou carregada de incumbências de diplomacia económica.

A decisão de grande importância (elogiada pelo presidente da República, Cavaco Silva, e por José Sócrates, por dar à organização uma “dimensão política mais forte”) consiste numa “cláusula democrática”, que permite intervenções diplomáticas para ajudar o governo legítimo de um país cuja ordem constitucional seja interrompida, como aconteceu com as Honduras, cujo presidente foi deposto, e até suspender a sua participação nos órgãos da comunidade.

Dedicada ao tema “Educação para a inclusão social”, a cimeira, que decorreu na estância balnear de Mar del Plata, aprovou uma extensa declaração na qual os estados ibéricos e latino-americanos afirmam o seu compromisso de alcançar plena alfabetização de todos os países antes de 2015, entre outros objectivos.

O encontro, que valorizou a escola pública e se comprometeu no investimento de 76 mil milhões de euros em projectos educativos até 2011 e na criação de um fundo de cooperação e coesão educativa com uma dotação inicial de três mil milhões através de bancos públicos e privados, proclamou o acesso universal de alunos e professores às novas tecnologias de informação, a investigação e o desenvolvimento de estratégias inovadoras da sua incorporação no ensino e o intercâmbio de experiências.

Trata-se de um tema do agrado do primeiro-ministro, José Sócrates, que voltou a usar o fórum de chefes de Estado e de Governo para promover, entre outros negócios, os programas governamentais “e-escolas” e “e-escolinhas” junto dos líderes de vários países, com os quais se encontrou.

O presidente do Panamá mostrou-se interessado naqueles programas; Sócrates espera que em breve seja possível vender à Argentina entre 700 mil e 900 mil computadores “Magalhães”; o presidente da Guatemala pediu-lhe que envie ao seu país uma equipa técnica a expor a experiência portuguesa no domínio das tecnologias de informação; e a Venezuela mostrou interesse na área da protecção civil, especialmente na prevenção de cheias.

“Venho com a intenção de potenciar a nossa relação com a América Latina no plano económico. A América do Sul é um dos continentes que estão a crescer mais, com taxas que se distanciam de muitos outros países”, disse Sócrates ainda antes dos trabalhos da cimeira. Depois de um encontro com o presidente do Brasil, Lula da Silva, garantiu que há mais interesse em investimentos brasileiros no país. Antes de deixar Mar del Plata, anunciou que tem aprazadas para o primeiro trimestre visitas ao Panamá e ao México.

Um dos documentos mais importantes da cimeira é uma resolução sobre o uso de vídeo-conferência para facilitar a prestação de depoimentos de vítimas de crimes, testemunhas, peritos e acusados sem obrigar à sua deslocação.

MRA Alliance/JN

“Erro grosseiro” de Bruxelas prejudicou economia portuguesa, acusa presidente da AICEP

quinta-feira, dezembro 2nd, 2010

Basílio Horta — Presidente da AICEPA Comissão Europeia devia “ter alguma prudência e alguma discrição quando analisa o futuro”, afirmou ontem Basílio Horta, presidente da Agência para o Investimento e Comércio Externo de Portugal (AICEP), tecendo fortes críticas à revisão das previsões económicas do Executivo comunitário para 2010. Nos últimos dias, Bruxelas e Lisboa têm estado sob “fogo cruzado”, com os dirigentes europeus a pedirem mais reformas a Portugal e José Sócrates a responder que “não precisamos de sugestões de ninguém”.

Em declarações aos jornalistas em Mangualde, no final da assinatura de protocolos de investimento da “Diplomacia Económica Local”, Basílio Horta lembrou que, para este ano, a Comissão tinha previsto um crescimento do PIB de 0,3% e das exportações de 3%. No entanto, na segunda-feira, “a Comissão vem dizer que afinal se enganou, que não é 0,3%, é 1,3%. Que afinal não são 3% das exportações, são 9,4%”, criticou.

Na opinião deste responsável, “teria havido uma grande diferença na análise da economia portuguesa se a Comissão não se tivesse enganado”. E relembrou que é com base nestes números que “as agências de rating dão uma imagem de Portugal como um país que tem dificuldades em pagar a sua dívida, logo, as taxas de juro sobem e as dificuldades de financiamento crescem”.

Em declarações ao DN, o presidente da AICEP salientou que estas diferenças são “um erro grosseiro” e causam “prejuízos a Portugal”. E espera que quando esta entidade fizer de novo previsões “tenha muito cuidado e não caia no mesmo erro”.

MRA Alliance/DN

Economia portuguesa afundou-se na última década

segunda-feira, outubro 25th, 2010

Portugal foi um dos países que menos enriqueceram no Mundo nos últimos dez anos. Apenas o Haiti e Itália se mostram pior do que o nosso país quando se compara o crescimento do Produto Interno Bruto (PIB) entre 2000 e 2010. A Guiné Equatorial lidera o ranking do crescimento económico, com uma valorização de 387 por cento.

Portugal registou na última década um crescimento do PIB de apenas 6,47 por cento, enquanto Itália se ficou pelos 2,43 por cento e o Haiti decresceu 2,39 por cento, o único caso do Mundo em que a evolução foi negativa.

Com um PIB de cerca de 160 mil milhões de euros em 2010, segundo dados do Fundo Monetário Internacional (FMI) citados pelo jornal espanhol ‘El País’, Portugal caiu do 35º lugar que ocupava em 2000 para o 38º em 2010 no ranking das maiores economias.

Esta evolução do PIB nacional é, à luz das teorias económicas, uma quase estagnação – o que é considerado aceitável quando é registada em economias muito desenvolvidas (como o Jpão), devido aos patamares alcançados, e preocupante em economias como a portuguesa e a italiana. Segundo o jornal espanhol, trata-se de um crescimento em ‘L’, denominado de estagnação económica.

Para esta situação, contribuem a ausência de uma política fiscal sólida, do controlo das contas públicas e a redução do endividamento, segundo o ‘El País’.

A própria Comissão Europeia já tinha sublinhado o “débil crescimento económico” de Portugal, desde o princípio da década.

MRA Alliance/CM

“Grandes líderes são sóbrios, discretos e não ganham grandes salários”, diz Belmiro

sexta-feira, outubro 22nd, 2010

Belmiro de AzevedoBelmiro de Azevedo defendeu que um líder deve respeitar “muito mais” os valores do que as contas da empresa ou as cotações. O presidente da Sonae falava no encerramento da Conferência Fulbright Brainstorms 2010, integrada nas comemorações dos 50 anos da administração do Programa Fulbright em Portugal, que começou na quinta-feira em Lisboa.”O principal de um grande líder é formar líderes melhores do que ele próprio. Se não assume isso, está o caldo entornado. Não devemos morrer agarrados ao cadeirão, mas nem sempre é assim, até na política”, afirmou para uma parca plateia que assistia ao encerramento daquele encontro na Gulbenkian.

O empresário defendeu também que os grandes líderes têm uma dupla característica: “são muito sóbrios, muito discretos, e não ganham grandes salários”, disse, explicando basear-se em estudos norte-americanos sobre liderança.

“Para chegar á liderança é preciso poder, ou seja ter formação, e querer”, afirmou Belmiro de Azevedo, defendendo que os grandes líderes “devem saber arriscar numa mudança de paradigma, económico ou de educação” e que “educar para a liderança é também responsabilização pelo desperdício”.

O empresário defendeu mesmo a criação de uma disciplina no ensino secundário e universitário sobre ciências humanas, salientando que um grande líder “tem de respeitar muito mais os valores” do que as contas ou as cotações da empresa.

Temos de formar líderes que não sejam egocêntricos ou escravos das luzes e de si próprios”, acrescentou, salientando que estes líderes são necessários nas empresas e na política.

Eduardo Marçal Grilo, administrador da Fundação Calouste Gulbenkian e coordenador científico da conferência, defendeu também a importância das ciências humanas na formação por darem capacidade de ver o mundo em todas as suas facetas. “O poder está nas ideias, não está no dinheiro ou no Ministério da Defesa”, concluiu Marçal Grilo no encerramento daquele encontro.

MRA Alliance/DE

maioria dos portugueses é financeiramente iletrada e 10% não têm conta bancária

terça-feira, outubro 19th, 2010

Há cerca de um milhão de portugueses, dez por cento da população, que não têm conta bancária e dos que têm, metade não faz qualquer poupança. O motivo para ambas as situações é a falta de dinheiro, segundo revelam os primeiros resultados do inquérito sobre literacia financeira do BdP.

Os termos “spread” e TAEG são conhecidos e referidos por muitos portugueses. Mas serão importantes na hora de contrair um empréstimo? Os resultados preliminares do inquérito à literacia financeira conduzido pelo Banco de Portugal (BdP), mostram claramente que não.

São 41% os portugueses que dizem desconhecer o spread do seu empréstimo da casa e a mesma percentagem sublinha que foi o valor da prestação mensal do crédito o factor principal para a escolha do banco onde pedir o dinheiro.

Apenas 4% reconhecem que a TAE (que inclui comissões, juros e seguros obrigatórios) foi relevante para a escolha do banco.

MRA Alliance/JN

Petróleo: Chineses sobem fasquia no pré-sal brasileiro

sábado, outubro 2nd, 2010

sinopec_petrobras.jpgA petroleira espanhola Repsol anunciou ontem a venda de 40% de sua subsidiária brasileira para a chinesa Sinopec por US$ 7,1 bilhões. Foi a maior aquisição do setor no País e a segunda maior feita por uma petroleira chinesa no mundo.

Em busca de garantia de suprimento futuro de petróleo, a China já acumula investimentos de mais de US$ 10 bilhões no País e desponta como a principal interessada nos ativos da OGX, de Eike Batista. Segundo a Repsol, os recursos chineses serão aportados na própria Repsol Brasil, em uma espécie de capitalização. A companhia resultante da operação terá capital de US$ 17,8 bilhões e participação em 22 blocos exploratórios e no campo produtor de Albacora Leste, operado pela Petrobrás.

O valor da operação surpreendeu analistas do mercado financeiro, que projetavam números bem mais modestos, e provocou uma corrida por ações de petroleiras na Europa. A diferença pode ser explicada, em parte, pelo apetite chinês por novas fontes de suprimento de petróleo, que vem resultando em várias aquisições no setor. “A precificação dos ativos é subjetiva. Há outros fatores envolvidos”, comentou o advogado Ricardo Assaf, do escritório Machado, Meyer, Sendacz e Opice, que assessorou a Sinopec.

Nesse sentido, a maior operação já realizada por uma petroleira chinesa foi a compra da Addax Petroleum pela própria Sinopec por US$ 7,2 bilhões em 2009. Em maio deste ano, a Sinochem anunciou a compra de 40% do campo de Peregrino, na Bacia de Campos, da norueguesa Statoil por US$ 3,07 bilhões. Sinopec e Cnooc estariam negociando ainda a compra de 30% dos ativos da OGX em Campos.

No Brasil, a Sinopec tem participação em dois blocos exploratórios da Petrobrás na Bacia do Pará-Maranhão.

MRA Alliance/Estado São Paulo

Portugal: Caos das finanças públicas podem obrigar a intervenção do FMI

quinta-feira, setembro 16th, 2010

A hipótese de Portugal ter de se sujeitar a uma intervenção do FMI não é de descartar, disse o economista Jacinto Nunes numa entrevista publicada hoje pelo Diário Económico. Quando o BCE fechar a torneira à banca nacional, se o financiamento externo se tornar ainda mais caro, Portugal pode ter que optar pelo fundo de emergência europeu.

O economista e ex-ministro das Finanças, porém, adianta que esse será o pior dos cenários. E diz ainda que a economia nacional não consegue entrar na ordem sem que alguém de fora a obrigue, como o FMI.“Isto assim não é sustentável, a dada altura vamos estar a ir buscar dinheiro só para pagar juros” frisou Jacinto Nunes para quem, “em último caso, se nos exigirem juros como os que já andámos a pagar, de 6%, se calhar temos que repensar o financiamento.”

Nas circunstâncias actuais mais vale Portugal recorrer ao Fundo de Emergência Europeu, disse o ex-ministro que, porém, frisou não acreditar “que a União Europeia nos dê acesso ao fundo de emergência sem nos sujeitarmos ao FMI. E aí é que vai doer, porque depois vamos ter que cortar a sério. Mas nós também só entramos na ordem quando alguém nos põe na ordem à força, por isso, se calhar, lá terá que ser. Mas isto é o pior dos cenários.”

MRA Alliance/Económico Online