Archive for the ‘Divisas’ Category

Venezuela pondera transferir reservas internacionais para China, Rússia e Brasil

quarta-feira, agosto 17th, 2011

O Governo venezuelano pondera transferir as reservas internacionais que tem atualmente na Europa e nos Estados Unidos para bancos da China, Rússia e Brasil, segundo um documento divulgado hoje pela oposição.

O anúncio foi feito pelo deputado da oposição Júlio Montoya, que criticou o Governo por não informar das suas intenções, questionando se a China e a Rússia teriam “exigido ao presidente Hugo Chávez o depósito das reservas internacionais, tendo em vista o endividamento” da Venezuela.

O documento, de 12 páginas, terá sido apresentado recentemente ao primeiro mandatário venezuelano pelo ministro de Planeamento e Finanças, Jorge Giordani, e o presidente do Banco Central da Venezuela, Nelson Merentes.

MRA Alliance/Lusa

Merkel e Sarkozy não travam queda do euro mas querem policiar política económica da UE

terça-feira, agosto 16th, 2011

O euro desvalorizou hoje cerca de 0,30%,  fixando-se nos 1,4405 dólares, no final da cimeira entre a chanceler alemã e o presidente francês, de onde saiu um conjunto de propostas para impulsionar a estabilidade no espaço da moeda única.

Nicolas Sarkozy e Angela Merkel apelaram à formação de um governo económico para ajudar a acalmar a crise da dívida soberana, remetendo para mais tarde a discussão sobre as euro-obrigações.

O novo órgão deverá ser liderado pelo actual presidente do Conselho Europeu, Herman Van Rompuy, que será convidado nos próximos dias, disse Sarkozy no final de um encontro entre os dois líderes.

Também a manutenção do rating norte-americano no nível máximo («AAA»), com perspectiva estável, pela Fitch deu força ao dólar. A justificar esta decisão está, precisamente, a confiança na moeda dos EUA pela agência  de notação financeira.

A pressão sobre a moeda da Eurolândia deve-se ao facto de a economia da Zona Euro ter crescido menos do que o esperado no segundo trimestre do ano, com especial incidência para a economia alemã (0,1%) e francesa (estagnação), com o PIB português registar um crescimento negativo em termos homólogos, no segundo trimestre, de 0,9%.

MRA Alliance/AF

Da apendicite grega ao tumor hispano-italiano

quarta-feira, agosto 10th, 2011

A bolsa nova-iorquina interrompeu ontem um ciclo de quedas consecutivas, ao fechar com valorizações de mais de quatro por cento nos principais índices. Pouco antes do fecho da sessão, aconteceu a repentina valorização após a Reserva Federal (Fed) norte-americana ter anunciado que manterá as taxas de juro de referência próximas de zero por mais dois anos.

Entre os índices de referência, o Nasdaq Composite Index, que agrega empresas de base tecnológica, foi o que mais disparou: 5,295 por cento (para 2,482.520 pontos). O índice Standard and Poor’s 500 Index cresceu 4,741 por cento (para 1,172.530 pontos) e o industrial Dow Jones avançou 3,977 por cento (para 11,239.770 pontos).

Porém, o dia foi marcado por uma acentuada volatilidade nas bolsas europeias e norte-americanas. Wall Street abriu positiva, mas o disparo só foi visível no final da sessão, após o anúncio do Fed.

Imediatamente a seguir à divulgação da notícia, os mercados reagiram com apetite pelo risco. O Nasdaq subia pouco mais de um por cento, o índice S&P 500 valorizava 0,2 por cento e o Dow estava em terreno negativo. Os minutos finais da sessão foram determinantes para a recuperação.

Mas a recuperação de ontem será de curta ou de média duração? Em nossa opinião, os fundamentais das economias nacionais e das empresas cotadas nas bolsas dos dois lados do Atlântico não enganam: estamos na antecâmara de uma nova fase da crise sistémica de que temos vindo a falar, desde 2007 (ver  exemplos aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, ou aqui).

Contrariamente à reacção de ontem das bolsas norte-americanas, outras praças indicam que entraram no território dos mercados recessivos (bear market). Em Londres, o índice de referência FTSE 100 recuou 20%, desde Fevereiro. De 6091 pontos escorregou para 4855 pontos. O mesmo aconteceu em Hong Kong. O índice Hang Seng recuou 23% desde o último máximo, registado em 8 de Novembro passado.  Idêntica situação aconteceu na brasileira Bovespa  (-31%). Por outro lado, refira-se que o entusiasmo de ontem nas praças americanas está ensombrado pela acelarada perda de 18% nas cotações do índice S&P 500 registada nos últimos meses…

A decisão da agência de rating Standard & Poor´s de baixar a notação da dívida norte-americana de AAA para Aaa, na sexta-feira, na sequência do recente aumento, pelo Congresso, do tecto da dívida federal acima da fasquia de USD 14,3 trillion, apesar de ter precipitado a presente situação, é apenas mais um episódio do colossal descontrolo financeiro norte-americano. A crise não está controlada. Longe disso.

A decisão do Fed agora anunciada de manter as taxas de juro próximas de zero até 2013 é tudo menos uma boa notícia. Dinheiro fácil e escandalosamente barato é mau conselheiro. É um viveiro de bolhas especulativas. Das dotcom às hipotecas subprime insistimos em trilhar um caminho perigoso. De bolha em bolha até à definitiva implosão do sistema financeiro global. Sem pretendermos ser exaustivos, propomos uma olhada sobre os sinais. Alguns têm tanto de elucidativos como de preocupantes:  

  • Na bolsa de futuros Comex, após o anúncio do Fed,  as posições relativamente aos contratos de ouro subiram 1,8%,  fixando-se no novo recorde histórico de  1740 dólares a onça;
  • O banco J.P. Morgan emitiu ontem uma nota segundo a qual a cotação do ouro deverá atingir os 2500 dólares a onça até ao final do ano, enquanto o Goldman Sachs prevê que esteja nos 1730 dólares dentro de seis meses e nos 1900 dólares dentro de 12 meses;
  • O metal amarelo prossegue a sua escalada enquanto activo à prova de crises. Continua a ser o refúgio mais seguro que o dinheiro pode comprar nos tempos que correm. Esta opinião é partilhada por alguns governadores de importantes bancos emissores;
  • Nos dois últimos meses, o banco central da Coreia do Sul comprou 25 toneladas de ouro, aumentando em 17 vezes as suas reservas de metal amarelo. No mesmo período, também o banco central da Tailândia aumentou as suas reservas de ouro em 15,5%, tendo passado de 3523 milhões de onças, em Maio, para 4,07 milhões, em Junho. No princípio do ano, a Tailândia já adquirira 9,3 toneladas de ouro. A Rússia comprou 41,8 toneladas e o México 99,2 toneladas. A China anunciou no início do ano que pretende, até 2020, aumentar drasticamente as suas reservas de ouro.   Das actuais 1054 toneladas quer chegar às 8-10 mil toneladas;
  • Os juros implícitos (yield)  dos títulos dos EUA a dez anos baixaram de 2,32% para 2,28%, entre segunda e terça-feira;
  • Até agora, perante a visível deterioração do clima económico nos sete países mais industrializados (G7) e a profunda crise das dívidas soberanas europeias,  a maioria dos investidores e especuladores comprava, devido ao risco quase inexistente,  títulos do tesouro americano na expectativa de que se valorizassem. Porém, se em vez disso eles se depreciarem, como já está a acontecer,  tal pode significar que a bolha do mercado das obrigações norte-americanas está prestes a rebentar. As consequências serão trágicas para a economia global;
  • Desde 24 de Julho, o pânico generalizado em todos os mercados mundiais gerou perdas globais de USD 8,1 trillion (mais de metade do PIB dos EUA). Este valor  corresponde  a 14,8% da capitalização bolsista do mundo;
  • Em apenas cinco anos (2008-2012), o montante das obrigações de dívida vencidas, emitidas pelo Tesouro norte-americano, atingirá o gigantesco volume de USD 5,6 trillion.   A totalidade do crescimento da dívida do país, entre 1776 (ano da declaração de independência) e 2008, foi de 4,6 trillion. Obama vai ultrapassar em apenas cinco anos o que o conjunto dos seus 43 antecessores fez em… 232 anos!!!
  • O custo global das ajudas financeiras aos bancos e empresas financeiras dos EUA e da Europa, desde 2008, na realidade, ascende a quase USD 24 trillion, segundo a estimativa de Neil Barofsky, o inspector-geral do TARP (Troubled Asset Relief Program), o mega programa de resgate aprovado pela administração Bush e continuado pela administração Obama. Se compararmos este número com o do défice reconhecido pelo Tesouro (USD 14,7 trillion) ficamos com uma ideia mais realista da enormidade dos problemas a resolver quando for apresentada a factura para liquidação; 
  • Se tivermos em conta que o rácio dívida/PIB da Grécia já atingiu os 150%, e que os EUA estão a caminho de ultrapassar rapidamente a psicológica barreira dos 100%, as perspectivas para o biénio 2012-2013 são ainda mais negras. Os efeitos sobre a evolução do crescimento e do emprego serão devastadoras. Também o dólar, enquanto reserva cambial mundial,  terá o seu canto do cisne;

E o que nos reserva a Europa dos 17 (Zona Euro),  ou dos 27 (UE)? Será que o sonho europeu, idealizado nos anos 50 pelo eixo Bona-Paris, poderá, meio século depois,  vir a transformar-se no pesadelo do eixo Berlim-Paris? A prazo é bem possível. Para já, é avisado estarmos preparados para o pior (desintegração da UE e fim do euro).

Os altos dirigentes dos países membros mais ricos e a elite dos eurocratas têm pautado a sua actuação pela incapacidade de gerar consensos, de elaborar discursos coerentes, de afirmar um projecto europeu credível e sustentável e de ter a noção dos timings certos para agir.

Se no debate sobre a subida do tecto da dívida federal, os congressistas norte-americanos e o Presidente Obama deram aquele risível espectáculo de marcar o golo (chegar a acordo) no período de descontos (praticamente no fim do prazo), o que dizer dos líderes europeus? Com os sucessivos avanços e recuos e os constantes desmentidos das promessas feitas na véspera, uns e outros colocaram a Europa a jeito da voracidade vampírica dos mercados (leia-se especuladores).

O que ontem era uma simples apendicite grega, passou hoje a ser um desconfortável pólipo luso-irlandês, o qual, num futuro próximo, ameaça evoluir para um fatal carcinoma hispano-italiano. 

Deste lado do Atlântico, os meteorologistas da política e do dinheiro têm o dedo no botão de alerta de tsunami, atentos a alguns sinais dos chamados “mercados”:

  • Um editorialista do Financial Times escreveu ontem que o futuro da Europa depende da qualidade da defesa da Espanha e da Itália pelo triunvirato UE/BCE/FMI.
  • Embora  Madrid tenha apresentado “bons resultados” no combate ao défice e na flexibilização do mercado de trabalho, o articulista elege como positivo o facto de registar um superávit primário e de os seus empréstimos terem maturidades confortáveis. Como aspecto negativo é sublinhado o elevado peso da dívida (a terceira maior da Zona Euro), as tímidas medidas de combate ao défice e a crónica incapacidade do governo Berlusconi para fazer crescer a economia,  melhorar a capacidade  competitiva e combater o excesso de burocracia;
  • Esta análise, em nossa opinião,  peca por benigna já que passa ao lado de uma variável essencial da equação – a estratégia dos especuladores e as ferramentas de que dispõem para desestabilizar qualquer economia ou moeda, independentemente do seu peso e dimensão;
  • A manipulação pelos especuladores (privados e institucionais) de instrumentos derivativos, designadamente os famigerados seguros de incumprimento financeiro – Credit Default Swaps (CDS) -, levou à falência do banco Lehman Brothers, à nacionalização da seguradora AIG, à insolvência da Islândia e a severas crises cambiais nos anos 90 que atiraram para as cordas as moedas da Rússia, da Malásia, da Coreia do Sul, do México e por aí fora;
  • Ninguém sabe ao certo qual o montante global dos tóxicos CDS que infectam os balanços de sonantes nomes da banca europeia – do germânico Deutsche Bank, ao britânico Barclays, ao francês Paribas, passando pelo espanhol Santander e pelo italiano Unicredit – mas diversos especialistas dividem-se entre estimativas estratosféricas (trillions ou quadrillions);  
  • Certo é que, contrariamente ao que tem sido vertido em muitas páginas de jornais e revistas especializadas, existe o perigo real de um ou mais bancos europeus de grande dimensão poderem vir a ser atacados pelo vírus Lehman Brothers. Quando chegar a hora, lembrem-se  de trautear “Don’t cry for me Argentina”;
  • A França, para alguns inesperada e injustamente, está na berlinda desde sexta-feira, dia em que a S&P despromoveu a qualidade da dívida norte-americana. Comparativamente a outros países com notações triple A, os juros implícitos, os CDS e os níveis do défice que afectam a economia gaulesa são variáveis consideradas excessivas pelas maiores agências de rating;
  • Na próxima sexta-feira, a França publicará dados estatísticos sobre o crescimento da economia no segundo trimestre. A generalidade dos analistas prevê números desanimadores da ordem dos 0,2%, ou seja 0,7% abaixo do valor registado no primeiro trimestre;
  • Caso se confirmem as previsões, as campainhas de alarme alertarão para a dificuldade de a França conseguir, em 2013, atingir a prometida meta de reduzir o actual défice (7,15% do PIB) para menos de 3%;
  • O facto de os CDS sobre a dívida francesa serem superiores aos pagos pelos compradores de dívida emitida pelas autoridades do Peru, Indonésia, África do Sul e da República Eslovaca é motivo de preocupação não apenas para o governo francês. As lideranças da UE, do BCE e do FMI receiam que a equacionável perda pela França da notação AAA possa pôr em causa toda a arquitectura do Fundo Europeu de Estabilização Financeira (FEEF) e inviabilizar futuros resgates;
  • De  resto, os recursos do FEEF (750 mil milhões de euros) são considerados insuficientes para fazer face às necessidades prováveis dos resgates. Chegam para atender o conjunto dos actuais três “clientes” – Grécia, Irlanda e Portugal e eventualmente de Chipre.  Caso a Espanha ou a Itália sejam forçadas a usá-lo precisaria de ser generosamente recapitalizado.  De resto, há mesmo quem pense que o resgate da terceira e da quarta economias da UE, a Itália e a Espanha respectivamente, necessitaria de um novo Plano Marshall, mas agora com a inclusão dos países emergentes do G20 (China, Índia, Brasil, Arábia Saudita, etc.);
  • Para apimentar o cenário, o mês de Setembro promete ser crítico. A troika irá a Atenas fazer a avaliação de desempenho do governo na aplicação dos programas de resgate em curso e em fase de implementação. A instabilidade política e social em que a Grécia está mergulhada faz temer a obtenção de resultados aquém dos desejados pelos credores, com efeitos negativos na evolução da crise europeia;
  • Na Alemanha, a Chanceler Merkel enfrenta uma resiliente frente de forças políticas e de individualidades da coligação que lidera (CDU/FDP) que discordam abertamente dos acordos pró-resgate por ela validados em Bruxelas. O regresso de férias dos deputados do Bundestag promete acessos debates.
  • Conhecida a sua propensão para o “nim”, bem como para protelar até ao limite decisões urgentes, a senhora Merkel poderá viver dias difíceis e voltar a dar sinais errados aos mercados de dívida. Qualquer sinal de instabilidade e de laisser-faire dado pela Alemanha pode complicar ainda mais as já ténues possibilidades de controlo da situação;
  • Também em Setembro, algumas “cajas de ahorros” espanholas irão ao mercado tentar obter empréstimos. Num cenário de eleições antecipadas, de escalada dos juros da dívida soberana e de insuficientes taxas de crescimento económico, para além de uma elevada taxa de desemprego (superior a 20%), este segmento da banca espanhola terá uma missão espinhosa e de resultados duvidosos;

Se, como tudo indica, nada de enérgico e proactivo for feito, em Agosto, pelos líderes europeus que ditam as políticas da UE – Merkel e Sarkozy – chegaremos a Setembro com uma situação mais degradada. Talvez irremediavelmente…

Nesse caso, e se persistirem os ataques especulativos contra as dívidas espanhola e italiana, com uma insustentável subida das taxas de juro e dos CDS, o último trimestre promete ser um osso duro de roer.

Neste momento, ninguém, do BCE ao FMI, passando por outras instituições de idêntico calibre, dispõe de recursos para resgatar financeiramente países como a Espanha e a Itália. Se tal for imperativo, como vão os mandantes da economia mundial resolver o problema?

A resposta é simples. Ninguém sabe. Nem eles…

Pedro Varanda de Castro, Consultor

MRA Alliance

Cidade galega reintroduz a peseta como moeda concorrente do euro

domingo, março 6th, 2011

A pequena cidade galega de Mugardos decidiu reintroduzir a peseta na circulação monetária juntamente com o euro para estimular a economia local. Os lojistas de Mugardos desafiam os consumidores que possuem moedas ou notas da antiga moeda nacional esquecidas em casa a usarem-nas na compra de bens ou de serviços. De início muitos comerciantes torceram o nariz à ideia nas hoje a experiência está a reveler-se um sucesso. 

A crise económica local, onde 60 estabelecimentos comerciais já fecharam as portas, e os impactos negativos da recessão a nível nacional, com uma taxa de desemprego superior a 20% e milhares de falências de empresas, serviram de inspiração aos comerciantes da pequena cidade pesqueira da Galiza. 

Muitos forasteiros estão a deslocar-se a Mugardos para gastarem as pesetas que nunca chegaram a converter em euros. Esta semana uma tostadeira foi vendida por 10 mil pesetas.  

A velha divisa espenhola ainda pode ser trocada por euros mas apenas aos balcões do banco central. O Banco de Espanha estima em 1,7 mil milhões de euros o montante total das pesetas não convertidas oficialmente após a respectiva introdução no mercado em 1 de Janeiro de 2002. Muitas delas foram guardadas como recordação, ou como unidades de coleccionismo ou perderam-se nos bolsos dos muitos turistas que até então visitaram Espanha.

MRA Alliance/BBC

Guerra cambial com novas desvalorizações prenuncia guerra comercial global

quarta-feira, outubro 13th, 2010

O ministro alemão da Economia, Rainer Bruederle, disse ontem ao chegar à China que está iminente uma guerra comercial a nível global, com a desvalorização das moedas a servir como arma de ataque para os países promoverem as suas exportações e incentivarem a recuperação económica.

Na sequência de uma reunião do Fundo Monetário Internacional, que não produziu nenhum acordo no passado fim-de-semana, países asiáticos como a Tailândia, Japão e China anunciaram ontem medidas que poderão confirmar as previsões do ministro alemão e fazer regressar à região a crise financeira asiática de 1997, que se alastrou a todo o mundo.Na Tailândia, o governo chegou a acordo para implementar um novo imposto de 15% sobre os juros e ganhos de capital obtidos por investidores estrangeiros no mercado de obrigações do país, como parte de um pacote de medidas para limitar a rápida valorização da moeda tailandesa, o bath (subiu 11% em 2010).

Por seu lado, o ministro japonês das Finanças, Yoshihiko Noda, disse ontem que o governo adoptará medidas “decisivas” para travar a constante apreciação do iene face ao dólar, o que poderá significar uma nova intervenção de Tóquio no mercado cambial.Face ao iene, o dólar permanece nos níveis mais baixos dos últimos 15 anos, uma situação que alimenta a deflação no Japão, prejudica os as exportações e põe em perigo a manutenção da recuperação da economia japonesa, já ultrapassada pela China. Em Setembro, o governo de Tóquio interveio no mercado cambial pela primeira vez em seis anos e meio, para desvalorizar o iene.

Entretanto, o ministro da Economia do Brasil pediu ontem que o G20 chegue a um acordo na sua próxima reunião, na Coreia do Sul, para pôr fim à “guerra cambial” e evitar uma batalha comercial. Guido Mantega defendeu que, na reunião do G20, “os líderes possam discutir a questão cambial e tentar algum tipo de acordo para organizar esta disputa, que, no final das contas, é uma disputa comercial”. Falando numa iniciativa que decorreu no Conselho das Américas, em Nova Iorque, em parceria com a Câmara de Comércio Brasil-EUA, o ministro disse que, sem um acordo na área cambial, o mundo corre “o risco de ter um proteccionismo comercial e restrições para o livre fluxo de capitais”.MRA Alliance/Diário Económico

“Guerra de divisas” assusta Brasil e estremece América Latina

quinta-feira, outubro 7th, 2010

O fluxo financeiro para a América Latina quase quadruplicou em 2010, totalizando 91,2 mil milhões de dólares, revela o Fundo Monetário Internacional (FMI) no seu relatório semestral.

Os fluxos financeiros privados líquidos, em 2009, totalizaram 25,1 mil milhões de dólares, contra os quase 60 mil milhões em 2008, segundo o documento publicado na quarta-feira, em Washington. Para 2011, o Fundo calcula um fluxo de capital pouco superior a 100 mil milhões de dólares.

Os fluxos de investimento financeiro na região preocupam especialmente o Brasil, que endureceu as suas taxas para dissuadir a entrada de dólares. O Brasil está preocupado com o impacto que esta entrada de capital possa ter sobre o real. 

A valorização involuntária do real em relação ao dólar faz parte de uma “guerra de divisas” no planeta, como destacou na semana passada o ministro brasileiro da Fazenda, Guido Mantega.

A queda do dólar e a valorização de outras moedas são temas que certamente dominarão a reunião semestral do FMI, que começa nesta sexta-feira.

MRA Alliance/AFP

Pequim promete apoiar euro mas recusa valorizar yuan

quinta-feira, outubro 7th, 2010

Wen Jiabao com Durão BarrosoO primeiro ministro chinês, Wen Jiabao, foi claro na mensagem que deixou hoje aos europeus, na cimeira bilateral de Bruxelas: a China vai continuar a apoiar o euro mas não cede às pressões para valorizar o yuan. Wen garantiu que a China é “o verdadeiro amigo da Europa”, como demonstra o facto de “não se manter de parte quando alguns países da Zona Euro tiveram dificuldades” durante a crise de dívida que eclodiu na primavera.“Comprámos uma quantia importante de títulos [de dívida] europeus na época mais difícil, entre eles da Grécia, da Irlanda, de Espanha, de Portugal e de Itália”, recordou o primeiro ministro chinês, assegurando que vai continuar com esta política enquanto “os países do euro tiverem problemas”.

No entanto, pediu aos líderes políticos e empresariais europeus que parem de pressionar a China para que permita uma maior flutuação da sua moeda, uma vez que, consideram os chineses, uma valorização do yuan poderia provocar uma crise no gigante asiático, provocando a perda de milhares de empregos e um “desastre” para a economia de Pequim.

A valorização da moeda chinesa é uma exigência reiterada tanto dos Estados Unidos como da Europa, que defendem que um yuan baixo favorece as exportações chinesas mas penaliza os produtos norte-americanos e europeus.

Wen Jiabao, por seu lado, entende que os desequilíbrios comerciais entre a Europa e a China respondem mais à estrutura do comércio internacional do que ao baixo valor do yuan, como prova o facto de o excedente comercial chinês se ter multiplicado nos últimos anos, apesar da subida controlada do valor da sua divisa.

No encontro, o presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso, exigiu às autoridades chinesas uma “apreciação do yuan ampla e ordenada” para evitar danos na recuperação económica da União Europeia.

MRA Alliance/Lusa

China: Política cambial mais flexível é criticada internamente

domingo, junho 20th, 2010

A China foi criticada internamente por decidir flexibilizar as taxas de câmbio, para permitir uma apreciação do yuan face ao dólar, mas este domingo o Banco Central declarou que a decisão não provocará «alterações de maior».

Sábado, o banco emissor chinês justificou a decisão com as situações económicas dos mercados nacional e internacional e da balança de pagamentos. No texto publicado no seu site, a instituição, não chega, porém, a anunciar uma reapreciação da moeda, que é designada oficialmente como «renmimbi» (moeda do povo), mas que a nível internacional é conhecida como yuan. No entanto, este domingo o Banco Central chinês referiu que vai manter os câmbios estáveis e não antecipou alterações de maior no valor do yuan.

Vários países argumentavam que o yuan permanecia deliberadamente subvalorizado para que as exportações continuassem injustamente baratas. O economista do Banco Industrial Jiang Shu afirmou, ao jornal «National Business Daily», que a altura do anúncio, feito antes de uma reunião dos G-20, é uma tentativa para iludir as críticas durante esse encontro. Pela Internet lêem-se opiniões de especialistas e comentadores chineses referindo um esconderijo da pressão estrangeira, que poderia prejudicar o sector da exportação, que é crucial para o país. Zhao Xijun, da Universidade de Renmin, afirma que em termos de efeitos políticos e de macroeconomia, a flexibilização pode ser vista como resultado de uma «necessidade de equilíbrio», enquanto o economista Ye Tan argumenta que a pressão já existente nos exportadores vai aumentar, assim como crescerão os custos laborais.

Pequim manteve a sua moeda congelada face ao dólar para ajudar os fabricantes chineses a competirem a nível global, uma posição que se alterou em 2005, mas que voltou a ser igual em 2008, com a crise financeira. Desde essa altura, um dólar manteve o valor de 6.83 para cada yuan.

MRA Alliance/TVI24

Chávez desvaloriza bolívar e cria dupla taxa de câmbio

sábado, janeiro 9th, 2010

O presidente da Venezuela, Hugo Chávez, anunciou na sexta-feira a primeira desvalorização do bolívar, desde 2005. Além disso, o presidente anunciou ainda uma taxa cambial dupla – um nível será destinado aos setores básicos, no qual um dólar será correspondente a 2,60 bolívares e outro para o restante da economia, no qual o dólar será cotado a 4,30 bolívares.

A taxa oficial de câmbio vem se mantendo estável pelo governo a 2,15 bolívares por dólar desde 2005, quando o presidente desvalorizou a moeda em 11%.

“No marco do controle de câmbio esse primeiro nível do dólar a 2,60 será utilizado para um primeiro conjunto de setores da economia, como alimentos, saúde, maquinário e equipamentos para o desenvolvimento econômico, ciência e tecnologia, bibliotecas, materiais escolares”, disse Chávez.

Segundo o presidente, os demais setores – automobilístico, telecomunicações, construção, etc – corresponderão ao âmbito do dólar “petroleiro”, ou seja, 4,30 bolívares.

Além do anúncio sobre a desvalorização da moeda, Chávez disse ainda que o governo vai intervir no mercado paralelo, onde recentemente o bolívar vem fechando a cerca de 30% da taxa oficial.

O anúncio ocorre no momento em que o país, quinto maior exportador de petróleo do mundo, sofre com a recessão e com uma inflação de 25% – a maior da América Latina.

MRA Alliance/Globo 

FMI: Entre o aumento “considerável” dos recursos e as ameaças dos “ricos”

domingo, outubro 4th, 2009

O novo papel do Fundo Monetário Internacional (FMI) implicará um “aumento considerável” dos seus recursos, declarou hoje em Istambul o director geral do FMI, Dominique Strauss-Kahn, à margem da assembleia dos 186 Estados membros do fundo. Veladamente os países ricos ameaçam com “menos generosidade” se perderem poder de voto. Tudo isto num cenário internacional de crescente vulnerabilidade do dólar como divisa mundial de reserva.

O FMI anunciou em Setembro que já reuniu os 500 mil milhões de dólares (cerca de 343 mil milhões de euros) suplementares prometidos na cimeira do G20 em Londres, em Abril.

Porém, Strauss-Kahn lembrou em Istambul que ainda são precisos mais recursos para incitar os Estados membros a confiar na capacidade de empréstimo do Fundo e para promover a recuperação da economia mundial, evitando futuras crises.

“Os desequilíbrios provêm da edificação de imensas reservas e estas imensas reservas provêm do facto de que (os países) têm medo de estar sozinhos, confrontados com uma especulação sobre (a sua) moeda”, comentou.

“Mas há uma outra solução, menos custosa, mais eficaz, para evitar isso, que são as reservas comuns”, na origem no espírito dos fundadores do FMI, acrescentou.

Este ano, o FMI já emprestou mais de 50 mil milhões de dólares (cerca de 34 mil milhões de euros) a países por todo o mundo.

De momento, o processo de reforço do papel do FMI está a ser marcado pelo debate sobre quanto poder as nações ricas querem ceder aos países em desenvolvimento.

As maiores nações em desenvolvimento estão a pedir um aumento do seu poder de voto no FMI. “Só podemos esperar que os países sobre-representados compreendam que podem prejudicar o Fundo se tentarem bloquear ou adiar a reforma das quotas”, comentou hoje Guido Mantega, ministro brasileiro das Finanças. Mantega considerou que o Fundo precisa mudar a estrutura dos seus quadros para deixar de ser visto como uma instituição americana e europeia e tornar-se uma “instituição verdadeiramente multilateral”.

Contrariamente, o ministro sueco das finanças, Anders Borg, ameaçou que a Europa poderá tornar-se menos generosa no apoio financeiro ao FMI se perder influência.

MRA Alliance/Agências

São Tomé e Príncipe deverá indexar dobra ao euro

segunda-feira, julho 27th, 2009

Dobra são-tomenseSão Tomé deverá ser o segundo país africano de língua portuguesa a indexar a sua moeda ao euro, uma prática muito seguida por França em relação às suas ex-colónias.

A medida surge na sequência de um acordo de paridade cambial que São Tomé e Príncipe e Portugal vão assinar esta semana.

O acordo permitirá à moeda são-tomense, a dobra, «ancorar-se ao euro», segundo explicou o director do Centro de Investigação e Análise da Politica de Desenvolvimento, Adelino Castelo David citado pela Lusa.

Cabo Verde foi o primeiro país africano de língua portuguesa a indexar, a 1 de Abril de 1998, o escudo cabo-verdiano ao escudo português e, posteriormente, ao euro. MRA Alliance/Agências

G8: Medvedev apresentou amostra da “moeda única mundial”

sexta-feira, julho 10th, 2009

Medmedev - Amostra da nova moeda mundial“Este é o símbolo da nossa unidade e do nosso desejo de resolver os problemas em conjunto. (…) Aqui está ela. Podem vê-la e tocá-la”, disse o presidente da Rússia Dmitri Medvedev ao apresentar aos jornalistas a amostra da nova moeda global, durante uma conferência de imprensa em L’Aquila (Itália), após a cimeira das nações que integram o Grupo dos Oito (G8).

A agência russa  RIA Novosti  apresentou-a como o “exemplo” de “uma possível moeda global”. Por seu turno, a agência financeira norte-americana Bloomberg, referiu que a amostra ostenta a frase “unidade na diversidade”, foi cunhada na Bélgica e apresentada aos líderes do G8 pelo presidente russo durante a cimeira.

Medvedev esclareceu que a nova moeda será usada como meio de pagamento pelos cidadãos de todos os países do mundo e descreveu-a como a “futura moeda única mundial”. “Penso que é um bom sinal de que percebemos a nossa interdependência”, precisou.

As principais economias emergentes do mundo, sob a liderança da China e da Rússia, têm apelado repetidamente nos últimos meses para a necessidade de ser criada uma nova reserva monetária mundial que substitua o dólar e ponha fim à dominância financeira mundial dos Estados Unidos, desde 1944, data da assinatura do acordo de Bretton Woods.

A iniciativa de Medvedev pode ser entendida como um inteligente golpe de relações públicas destinado a dizer às principais potências mundiais que, apesar da sua resistência e cepticismo, os países emergentes, produtores de quase metade do PIB mundial, estão decididos a impor aos países ricos novas regras de governança das finanças globais.

MRA Alliance/Agências

EUA e Banco Mundial devem passar a emitir obrigações em yuan, diz banqueiro chinês

terça-feira, junho 9th, 2009

Guo Shuqing - Presidente do banco chinês CCBGuo Shuqing, presidente do China Construction Bank (CCB), o segundo maior banco do mundo em capitalização bolsista, aconselhou os Estados Unidos e o Banco Mundial a procederem à emissão de títulos de dívida em yuan nos mercados de Hong Kong e de Xangai como forma de aprofundar o desenvolvimento daqueles mercados financeiros e promover a divisa chinesa como moeda internacional de referência.

A importância das declarações de Guo reside na circunstância de ser um alto quadro do Partido Comunista Chinês que anteriormente presidiu à autoridade monetária da China. 

Em declarações à agência Reuters, no decorrer da visita que está a efectuar a Nova Iorque, Guo considerou ser do interesse dos EUA a colocar o yuan (renminbi) como instrumento preferencial de troca no comércio internacional. O banqueiro chinês justificou a sugestão devido à “relação simbiótica” entre a compra de produtos chineses pelos americanos e o financiamento da dívida pública estadunidense pela China.

O banqueiro chinês manifestou-se convencido de que a “médio-longo prazo” o yuan ascenderá ao estatuto de reserva monetária mundial, posição detida pelo dólar desde 1944. O processo de aceleração da convertibilidade da divisa chinesa foi classificado por Guo como uma das prioridades das autoridades chinesas, mas acentuou que Pequim será particularmente cauteloso na regulação de instrumentos derivativos para evitar movimentos especulativos sobre o yuan.  

Na quarta feira passada, os bancos HSBC Holdings e Standard Chartered Bank anunciaram o lançamento de obrigações em yuan no mercado chinês para ajudar a China a desenvolver localmente novos instrumentos monetários e financeiros. No mês passado o governo de Pequim anunciou a abertura daquele segmento a operadores estrangeiros que se enquadra no plano de transformar Xangai no maior mercado financeiro da Ásia até ao ano 2020.

MRA Alliance/Agências

Hegemonia do dólar ameaçada pelo factor 4R

sexta-feira, maio 22nd, 2009

O jornal russo Vedomosti informou ontem que “o dólar norte-americano já não é mais a divisa base das reservas monetárias da Rússia”. De acordo com o artigo, citado pelo Pravda, “em 1 de Janeiro de 2009, a quota de reservas do Banco Central da Rússia, contabilizadas em euros, aumentou para 47,5% e excedeu os investimentos em activos ‘dolarizados’, que atingiram 41,5%.”

O diário russo assenta a sua conclusão na análise que fez do relatório anual entregue pela autoridade monetária ao parlamento do país (Duma). Segundo o Pravda, a mudança na estrutura das reservas monetárias da Rússia não afectou a paridade oficial do rublo face ao dólar (USD 0,55) e ao euro (EUR 0,45).

A propósito das movimentações sino-brasileiras relativamente ao abandono da divisa americana no comércio bilateral, substituindo-a pelas duas moedas nacionais – yuan (renminbi) e real – Edward Hadas escreveu ontem no “Le Monde”: “A ideia de um mundo liberto do domínio do bilhete verde avança. Moscovo e Nova Déli poderão juntar-se ao movimento e permitir às divisas dos BRIC – Brasil, Rússia, China e Índia – formarem o bloco  “4 R” – Real, Rublo, Rupia, Renminbi. O fim do reinado do dólar será, talvez, lento, mas não menos inevitável”.

MRA Alliance/Agências/pvc

China lidera ataque ao dólar como reserva monetária global

domingo, maio 3rd, 2009

Sinais para concretizar a substituição do dólar como reserva monetária global avolumaram-se nos últimos três meses. Todavia, nas últimas semanas, constata-se que a China tomou a dianteira no processo de destronar a divisa norte-americana do seu pedestal e desafiar os jurássicos poderes e interesses estabelecidos.

A agressividade dos chineses poderá mesmo surpreender o prémio Nobel da Economia, Joseph Stiglitz, presidente do painel de especialistas da ONU sobre a reforma monetária. Na véspera da última cimeira do G20, em Londres, o professor da Universidade de Columbia, disse aquela situação poderia ser uma realidade “dentro de um ano” através de mecanismos cambiais do FMI. Mas a China parece ter outra solução em mente.

O que estão a fazer os chineses?

O discurso oficial sustenta que o país está a desenvolver sistemas e processos para anular os efeitos das crises conjugadas de crédito e cambial que tanto afectaram as exportações chinesas em 2008. Não sendo mentira, trata-se apenas de meia verdade. Senão vejamos:

  • A China assinou um swap cambial com a Argentina no montante de 70 mil milhões/bilhões (mm/bi) de yuan para pagamento das importações chinesas. A carne e cereais argentinos passam a ser pagos pelos chineses com a sua divisa e não mais com dólares;

  • Acordos similares, no valor global 650 mm/bi de yuan (USD 95 mm/bi) foram também assinados nos últimos meses com a Malásia, Coreia do Sul, Hong Kong, Bielorússia e Indonésia;

  • Pequim já autorizou que cinco dos seus maiores centros de comércio externo – Xangai, Guangzhou, Shenzhen, Dongguan e Zhuhai – passassem a usar o yuan em todas as operações de exportação e importação;

 Vários significados, uma leitura

A China está a abandonar o dólar como instrumento de troca e, inevitavelmente, a reduzir a exposição das suas reservas monetárias à volatilidade e à inevitável desvalorização do bilhete verde.

Ao facilitar aos países seus clientes e fornecedores a acumulação de reservas em yuan, Pequim mata dois coelhos de uma cajadada.

Por um lado, restabelece a emissão de cartas de crédito nas trocas comerciais, para desconto bancário. Assim, consegue combater um dos mais sérios problemas gerados pelo aperto global do crédito que quase paralizou o movimento internacional de bens e de serviços.

Por outro, está a construir as bases necessárias para colocar o yuan como concorrente do dólar, e de outras divisas ou instrumentos cambiais, na disputa pelo papel de reserva monetária mundial.

A principal mensagem da China tem um grupo específico de destinatários: os banqueiros centrais do planeta.

Hu Jintao e os seus pares mostram que duvidam da bondade das decisões do G20 relativamente à emissão pelo FMI de USD 250 mm/bi de Direitos Especiais de Saque (SDR, em inglês) como primeiro passo para a criação de um sistema monetário global onde aqueles instrumentos substituiriam o dólar como reserva monetária de referência. SDR é o cabaz de divisas dos países ricos do G7 – euro, iéne, libra e dólar – gerido pelo FMI. Esta foi a solução proposta pelo painel de especialistas da ONU, presidido por Stieglitz, apresentada no final de Março, para a reforma global do sistema.

Os chineses, tal como os russos e outros países emergentes, têm razões para desconfiar da imparcialidade do FMI e da vontade dos sete – EUA, Japão, Alemanha, Inglaterra, Canadá, França e Itália – para aceitarem a partilha do poder financeiro global.

Como o próprio Stieglitz reconhece, os chineses têm razão. O presente sistema obriga os países pobres e em desenvolvimento a emprestarem milhares de biliões de dólares aos EUA a taxas de juro nulas, ou quase. O economista americano foi mesmo sincero: “Na prática, trata-se de uma transferência líquida de ajuda externa para os EUA.”

Como é hábito, os chineses jogam em todos os tabuleiros. A sua qualidade de fortes candidatos ao primeiro lugar da economia mundial justifica os meios.

Afinal de contas, eles apenas tentam ganhar no campo aquilo que os outros já só ganham na secretaria.

 

MRA Alliance

Pedro Varanda de Castro, Consultor

Brasil: Moedas sociais substituem Real e reduzem insolvência

sábado, abril 11th, 2009

Cocal - Moeda social brasileiraIta significa pedra em tupi-guarani, mas na aldeia dos índios Tremembé, que ajudaram os portugueses a expulsar os holandeses do Estado do Ceará no século XVI, ita também é o nome de uma moeda que tem trazido muitos benefícios para a comunidade, noticía a agência Lusa.

A ita é utilizada para comprar mercadorias, contratar serviços e alavancar os empreendimentos solidários, com validade apenas na área de actuação do Banco de Tremembé, um dos 44 bancos comunitários que existem hoje no Brasil.

De acordo com o coordenador-geral do projecto de bancos comunitários do Ministério do Trabalho e Emprego, Haroldo Mendonça, a experiência que atinge sete estados brasileiros surgiu há 11 anos no bairro Palmeiras, na periferia de Fortaleza, com a criação de uma moeda local, a palma.

Hoje são muitas as chamadas moedas sociais a circular no Brasil. Além da ita, há a castanha, a paz, o sabiá, o guará, o girassol, o cocal, o feiticeiro, entre outras – todas com cotação oficial idêntica à da moeda brasileira.

Segundo o coordenador-geral do projecto, os bancos comunitários movimentaram nos últimos dois anos cerca de 1,2 milhões de reais (400 mil euros) e o índice de inadimplência não ultrapassa dois por cento, quatro vezes menor do que a taxa do mercado financeiro convencional.

MRA Alliance/Lusa

Crise afecta seriamente reservas monetárias e moedas de alguns BRIC

sexta-feira, fevereiro 20th, 2009

Um estudo da ASSOCHAM Eco Pulse publicado hoje revela que desde o colapso do banco americano Lehman Brothers, em Setembro de 2008,  a queda das reservas monetárias da Rússia atingiu 10% do PIB, seguida da Índia (-3,5%) e da China (-1%). O Brasil registou a queda mais modesta – 0,4% do PIB –   dando mostras de alguma resiliência.

As reservas russas encolheram USD 175 mil milhões/bilhões (mm/bi), as indianas USD 43,2 mm/bi, as chinesas USD 4 mm/bi e as brasileiras USD 6 mm/bi. Em conjunto, o bloco BRIC representa 41% do total das reservas monetárias mundiais.

Entre Setembro/2008 e Janeiro/2009, algumas das divisas BRIC sofreram significativas perdas face ao dólar – rublo (- 44.71%), real (-41,46%), rupia (-12,8%). Apenas a divisa chinesa yuan teve um comportamento ligeiramente negativo (- 0,19%) devido aos volumosos excedentes das balanças de transações correntes e de capitais.

MRA Alliance/AEP

Leste Europeu à beira de uma crise cambial, diz Roubini

sábado, fevereiro 7th, 2009

O economista norte-americano Nouriel Roubini sustentou que os países bálticos e a Bulgária vão ser os motores de arranque de uma crise cambial na Europa de Leste provocada por insustentáveis défices das contas correntes e por moedas sobreavaliadas.

Numa entrevista à agência Baltic Business News, em Moscovo, Roubini considerou que tal crise implicará problemas acrescidos para os já deprimidos mercados bancários e de habitação. “Caso os fundamentais estejam fora de controlo, vocês estão na calha para uma eventual crise cambial”, disse o professor da Universidade de Nova Iorque que, em 2006, previu a gravidade da presente crise global.

A opinião de Roubini é partilhada por vários especialistas europeus e norte-americanos, desde Outubro de 2008. O Cazaquistão viu o “tenge” desvalorizar 22%, na passada quinta-feira. O rublo russo perdeu 35% desde Agosto, face a um cabaz de divisas estrangeiras que inclui o dólar e o euro. O rublo bielo-russo foi desvalorizado pelo governo em 20%, durante o mês de Janeiro. A moeda da Ucrânia – hryvnia – perdeu 40% nos últimos seis meses. 

Na expectativa de adesão ao Euro, as taxas de câmbio da Letónia, Lituânia e Estónia mantiveram-se artificialmente estáveis, em comparação com a divisa europeia, apesar das abruptas quebras do consumo e da retracção do crédito externo do qual são fortemente dependentes. 

Os bancos centrais dos três países bálticos, através da venda massiva de reservas, conseguiram temporariamente suster a inevitável desvalorização. No segundo semestre de 2008, as reservas da Letónia, encolheram 20%, para USD 5,3 mm/bi, as da Estónia 5% (USD 3,9 mm/bi) e as da Lituânia 13% (USD 6,3 mm/bi). O mesmo aconteceu com o “lev”, com a Bulgária a perder mais de 16% das suas reservas.

“Uma vez que as condições económicas continuam a piorar, os mecanismos fixos de câmbio vão estar sob pressão. (…) Uma crise cambial vai originar uma crise bancária, depois uma crise imobiliária e a seguir uma crise no pagamento do serviço da dívida externa”, acrescentou Roubini. “Depois, transforma-se numa crise das empresas, uma vez que cada segmento destas economias deve enormes quantidades de dinheiro ao estrangeiro”, disse.

“A Europa de Leste está a seguir a rota do desastre. Quanto mais tentam defender uma ligação cambial [peg] insustentável maiores vão ser os ataques dos especuladores e mais reservas vão perder”, concluiu Rubini.

MRA Alliance/Agências

Dólar fraco causa inflação global, diz chefe do BC chinês

terça-feira, junho 17th, 2008

O governador do Banco Central da China, Zhou Xiao Chuan, advertiu hoje que a queda do dólar provoca o aumento dos preços do petróleo e de outras matérias-primas, fortalece a inflação e afecta as nações em desenvolvimento. “Um dólar fraco inevitavelmente causará o aumento das matérias-primas, incluindo o petróleo, e os preços dessas commodities subirão fortemente”, advertiu Zhou aos jornalistas, depois de se reunir com o presidente da Reserva Federal (Fed) dos EUA, Ben Bernanke, e com o secretário do Tesouro, Henry Paulson, em encontros de alto nível realizados em Annapolis (Maryland). Chuan disse também que o aumento dos preços das matérias-primas causa “pressões” para a valorização da moeda chinesa, o que “fortalecerá a inflação”. O dólar permanece em queda apesar das aparentes tentativas de Washington de sustentar a sua moeda, de manter a inflação sob controle e reduzir a subida das taxas de juros, que podem afectar o crescimento económico. O yuan valorizou-se cerca de 20% em relação ao dólar, nos últimos três anos. MRA/Agências

Euro já força a barreira psicológica para chegar aos USD 1,50

sexta-feira, novembro 23rd, 2007

Dólar em queda livreMoeda única sobe na expectativa de corte de juros nos EUA. A moeda única europeia já ultrapassou a barreira dos 1,49 dólares pela primeira vez, face à especulação sobre a provável nova descida das taxas de juro nos Estados Unidos. Esta manhã, na abertura dos mercados, valorizou-se 0,27% (USD 1,4903), mas esta sexta-feira já flutuou no novo máximo histórico – USD 1,4967 – que antecipa a esperada cotação psicológica dos USD 1,50.

Se o Fed decidir descer novamente o preço do dinheiro outra vez – hoje circulam rumores de que poderá baixar até 1% – para evitar que a crise de crédito hipotecária de alto risco prejudique o crescimento económico nos Estados Unidos, pioram as perspectivas para a divisa americana e para a economia global.

A confirmar-se, a queda do dólar vai continuar e a fuga dos investidores dos activos “dolarizidos” acelerará. Significa, na prática, a confirmação de que a economia americana entrou técnicamente num período de recessão, até agora negada pelos bancos emissores e por um decrescente numero de analistas. (pvc/agências)

“Declaração de Riad” encerra cimeira da OPEP com petrodólar em crise aguda

segunda-feira, novembro 19th, 2007

Foto da Família OPEP em Riade - Chávez e Ahmadinejad destacam-se pela afectividade

A Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) encerrou ontem, em Riad, a III Cimeira de Chefes de Estado e Governo com a aprovação de uma estratégia política conjunta de longo prazo. No entanto foram claras as divergências entre os membros “moderados” e os “não alinhados/adversários” dos Estados Unidos, e dos seus aliados político-militares. Numa única coisa todos concordaram. Acabou o petróleo barato. Para que atinja os preços históricos após o segundo “choque petrolífero” (1979-198o), corrigido o efeito inflação, o crude deve subir, nos próximos meses, mais uns dólares por barril.

O cartel petrolífero, após a entrada de Angola, no início de 2007, passou a contar, a partir de ontem, com 13 membros, na sequência da readmissão do Equador, após o seu afastamento, em 1992. Com estes e novos membros em fila de espera, o valor do crude a galgar para mais de USD 100,00/barril, a OPEP apresentou-se ao mundo fortalecida, apesar das evidentes fracturas estratégicas entre os 13 países.

O presidente venezuelano, Hugo Chávez, no discurso inaugural, no sábado, pediu a transformação da OPEP numa arma político-económica a ser usada sempre que quaisquer países-membros sejam ameaçados ou agredidos pelos “poderosos do mundo”. Com a ameaça, diplomaticamente recusada pelos países árabes do Golfo Pérsico, liderados pela Arábia Saudita, de os preços do crude poderem chegar aos USD 150/200 por barril se “os Estados Unidos invadirem ou atacarem o Irão”, o conclave dos hidrocarbonetos ainda procurou gerar os consensos possíveis.

Numa primeira reacção às agressivas propostas de Chávez, o monarca saudita Abdullah bin Abdul Aziz, não escondeu o seu desagrado com a sugestão e moderou os ímpetos do líder da “Revolução Bolivariana” recusando liminarmente que o cartel transforme o petróleo numa “arma de destruição.” Coube a Abdalla el-Badri, secretário-geral, o papel de refocar o debate nas futuras orientações estratégicas da organização. Os países exportadores de crude estão prontos para investir no aumento da respectiva capacidade de produção desde que, os países consumidores, executem políticas “fiáveis e transparentes” que permitam aumentar a oferta para prevenir eventuais desequilíbrios com a procura.

A OPEP controla cerca de 42% da produção mundial de petróleo. Com a inclusão de países como a Rússia, voltaria a recuperar o poder e a influência perdidos desde os anos 90. Porém, o texto da “Declaração de Riad” não conseguiu esconder as profundas divergências geopolíticas e económico-financeiras entre os cinco moderados – Arábia Saudita, Emiratos Árabes Unidos, Koweit, Qatar e Iraque (militarmente ocupado pelos exércitos americano e britânico) – e os oito não alinhados ou hostis ao eixo anglo-americano e ocidental – Argélia, Angola, Equador, Indonésia, Irão, Líbia, Nigéria e Venezuela.

O ministro de Energia argelino, Chakib Khelil, citado pela agência espanhola EFE, enfatizou que a “Declaração de Riade” procura definir “a estratégia a longo prazo da organização” para estabilizar o mercado. “Esta é a primeira vez que uma declaração deste tipo, estabelece orientações claras para os ministros no futuro. Ou seja, a estabilidade do preço e do mercado são os assuntos mais importantes para nós”, destacou Khelil.

A erosão do valor do dólar e o seu efeito no mecanismo monetário global assente nos petrodólares – reservas monetárias dos países exportadores reféns do valor da greenback – foi o pomo da discórdia entre moderados e não alinhados. Enquanto os aliados dos EUA no Golfo não desejam, por enquanto, publicamente, dar um sinal aos mercados que vão abandonar o dólar, os independentes, liderados por Caracas e Teerão, têm uma estratégia oposta.

Mahmoud Ahmadinejad foi claro. “Eles [EUA] compram o nosso petróleo e, em troca, dão-nos bocados de papel sem nenhum valor. (…) “ Todos sabemos que o dólar americano não tem qualquer valor económico.” Na conferência de imprensa final, Hugo Chávez, voltou ao ataque. “Eu acho que (o dólar) vai continuar a cair. (…) A queda do dólar não é a queda do dólar, é a queda do império americano. É preciso que todos se preparem para isso”, sublinhou.

As contas dos adversários do dólar são assentes em factos difíceis de desmentir. Comparativamente a uma cesta cambial que contém as divisas mais estáveis e valorizadas do mundo, desde Janeiro, o valor do dólar caíu 16%, mas face ao euro desvalorizou-se 44% desde 2000, data da II Cimeira da OPEP, em Caracas, na Venezuela. Fontes governamentais iranianas citadas pelas agências internacionais, presentes em Riade, esclareceram que, este ano, o preço médio do barril de petróleo é de USD 63,00/barril. No mesmo período, em 2006, era de USD 61,00. Cotado em euros, em 2007, o preço do crude é mais baixo de que no ano passado. Em termos nocionais (valor teórico) os preços do petróleo iraniano são cotados em euros mas, na prática, Teerão recebe o respectivo contravalor em dólares, nas transacções comerciais.

 

Outra aparente alteração de estratégia do cartel, liderada pela Arábia Saudita, prende-se com a questão do combate ao aquecimento global e à diminuição de emissões de CO2 provocadas pelas energias fósseis. O rei Abdullah anunciou a crição de um fundo saudita, com uma capitalização inicial de 300 milhões de dólares para aquele fim. O ministro saudita do Petróleo, Ali Naimi, informou que o seu país vai investir “fortemente” na investigação e desenvolvimento de novas tecnologias para a captura e sequestro de carbono, a fim de reduzir o impacto negativo da poluição provocada pelo petróleo e seus derivados.

 

Tacticamente, o tema foi omitido na declaração final mas transpirou para o exterior que, numa reunião realizada na sexta-feira, o príncipe Saud Al-Faisal, chefe da diplomacia saudita, terá advertido para os perigos do “colapso” do dólar nos mercados mundiais, caso fosse explicitamente citado na declaração final.

 

Em vésperas de um inverno que os metereologistas prevêem “severo”, a possibilidade de a OPEP aumentar a oferta de crude para baixar os preços, como pediram os Estados Unidos e a Agência Internacional de Energia (AIE), para já, foi afastada. O tema será discutido na 145ª conferência ministerial da organização, no dia 5 de Dezembro, em Abu Dhabi. O petrodólar, pela sua delicadeza, está igualmente na agenda. Para ser tratado com pinças. É conveniente não esquecer que a maior parte dos activos e reservas sauditas estão “dolarizados”…

O euro pode chegar a valer 1,50 dólares?

domingo, novembro 11th, 2007

Euro 1,00 = USD 1,50?!A experiência aconselha a que partamos do princípio universal de que «nada é impossível». Porém, o passado está cheio de exemplos onde a inevitabilidade absoluta é igualmente enganadora, senão mesmo falaciosa, que pode complicar muitas estratégias de investimento sensatas, saudavelmente conservadoras e com rácios equilibrados de risco/segurança. Dito isto que responder à pergunta que titula este post?

Os factos

– Os indicadores fundamentais da economia estadunidense continuam a dar perigosos e ameaçadores sinais de fraqueza e vulnerabilidade;

– As doenças crónicas (dívidas públicas estaduais e federal , défices orçamentais, relaxamento fiscal, balança de transações correntes e fluxos de capital negativos) são integralmente desfavoráveis ao dólar; a resiliência das ameaças atinge níveis históricos;

– Os níveis confiança dos empresários, investidores e consumidores revelam uma acentuada desaceleração da actividade económica, demonstrativa de que a contaminação da economia real pelos factores «subprime» e «crise de liquidez do mercado interbancário», estão a chegar ao ponto crítico da recessão. A questão já é meramente semântica. Para uns, os «bears», ela já começou e é visível. Para outros, os «bulls» não gostam de a usar. Preferem crise, turbulência, instabilidade. Admitem, todavia, que é mais grave e maior do que pensaram. Optimistas encartados ou wishful thinkers, descortinam no horizonte «alguns sinais» encorajadores. Notícias menos más, um ou outro indicador (desemprego, consumo de certos bens e serviços) são descodificados como sinais de que «não há motivo para pânicos injustificados». Uma recessão ao virar da esquina? Cruzes, credo!

– A margem de manobra e a eficácia das políticas da Reserva Federal (Fed) são bastante reduzidas ou nulas. Até agora, apenas pontualmente, durante escassas horas ou dias, conseguiram recuperar alguma confiança no sistema. Mas, como todos sabemos, foi sempre sol de pouca dura. Nem conteve qualquer racional de sustentabilidade.

Das fortes chuvadas, às tempestades, ciclones, maremotos e outros financeiros «acts of God» resultaram a sistemática fuga dos investidores para o ouro ou para outras commodities a surfar na crista da onda, para a sustentada subida do petróleo e seus derivados. O dólar, esse, até mete dó. Tenta esconder-se num canto qualquer, longe dos “produtos estruturados” e dos «veículos especiais de investimento», e aguardar que a crise passe.

As emoções

– O sentimento generalizado dos mercados é de medo, quando não de um mal disfarçado pânico.

– As benignas acções do Fed, e do seu patrão Ben Bernanke, paradoxalmente, ajudam à turbulência e à volatilidade dos mercados, à constante depreciação dos activos, à paralisia das transações de papel de curto-prazo (o oxigénio financeiro das empresas nesta fase asmática dos negócios) e ao afogamento da divisa americana. Os «traders» e investidores perderam confiança na fiabilidade e solvabilidade do dólar. As sucessivas reduções das taxas de juro e as perdulárias injecções – himalaias de notas verdes, acabadinhas de sair das tipografias do Fed – são sinais de que “algo está podre no reino de Wall Street”.

Conclusão: 1 euro = 1,50 dólares é bem mais possível e rápido do que muitos poderiam imaginar há escassos três meses atrás. Alguns, poucos é certo, previsionaram este filme da “execução sumária” do dólar, há um bom par de anos…

Pedro Varanda de Castro

MRA, Dep. Data Mining

Consultor

China despedaça USD e dita regras para Nova Ordem Mundial

quarta-feira, novembro 7th, 2007

O abismoA divisa estadunidense entrou em forte queda nos mercados internacionais, após as autoridades de Pequim terem admitido hoje, mais uma vez, a sua intenção de abandonarem o dólar como moeda de referência na sua carteira de divisas estrangeiras. Cheng Siwei, vice-presidente do Congresso Nacional do Povo da China, disse aos jornalistas, em Pequim, que o seu país “irá favorecer divisas mais fortes em relação às mais fracas, e por isso vamos reajustar as nossas reservas de moeda estrangeira”. Face à sua posição institucional e ao organismo que representa, Siwei sinalizou uma decisão política tomada ao mais alto nível da hierarquia do Estado chinês que, em nossa opinião, liquida definitivamente o dólar como divisa de reserva a nível global. Depois da 2.ª Guerra Mundial, esta decisão da China, vai redefinir as regras para uma Nova Ordem Mundial, relegando para plano secundário, o peso e a influência dos EUA nos mercados, e na geopolítica, à escala planetária. (pvc c/ Reuters e Xinhua)

China abandona dólar como reserva monetária global

quarta-feira, novembro 7th, 2007

O poder das reservas chinesasO Tesouro da China possuiu actualmente 1,43 milhões de biliões (1 430 000 000 000/trilhões) de dólares em reservas estrangeiras. Aquela notícia, conjugada com os outros factores, no final da manhã, fez apreciar o valor do Euro face à moeda americana. A divisa europeia era transaccionada nos mercados cambiais a USD 1,4670. Durante a madrugada, a margem de flutuação situou-se entre os USD 1,4556 e os USD 1,4703. Este último, foi o valor historicamente mais alto na paridade €/$ desde a introdução da moeda única europeia nos mercados cambiais. O USD atingiu o patamar mais baixo face ao Euro, comparativamente às flutuações cambiais anteriores a 1999. A paridade, em Março de 1995, atingiu o auge quando a então moeda mais forte da CEE, o marco alemão, registou o maior valor face ao dólar estadunidense.

Fontes: MRA Data Mining com Diário Económico/Xinhua/Bloomberg/

Exportações brasileiras sustentam a queda do dólar, dizem economistas

terça-feira, outubro 30th, 2007

A valorização do real face ao dólar vai continuar em 2008 (MRA, Data Mining)O dólar fechou na segunda-feira (29) cotado a R$ 1,756, acumulando uma queda de quase 20% desde o início do ano. O valor de fechamento é o menor desde abril de 2000 – mas o movimento de queda está baseado em fundamentos mais sólidos do que há sete anos. “Em 2000, parte da desvalorização do dólar foi puxada pela entrada de capital de curtíssimo prazo, que é muito volátil”, diz Alessandra Ribeiro, da Tendências Consultoria. Esse capital de curto prazo vinha em busca da remuneração propiciada pela alta taxa de juros, então em 16,5% (outubro de 2000). Embora continue atrativa ao capital estrangeiro, a taxa atual é muito mais baixa: 11,25%. Em 2007, o fator determinante para explicar a queda na taxa de câmbio é o fluxo comercial. De janeiro a setembro de 2000, as exportações brasileiras somaram US$ 41,399 bilhões e as importações, US$ 40,682 bilhões. De lá para cá, as importações dobraram – passando a US$ 85,652 bilhões nos nove primeiros meses de 2007. As exportações, no entanto, registraram alta sensivelmente maior, passando a US$ 116,599 bilhões, influenciadas especialmente pela alta nos preços das commodities. Fonte: O Globo