Archive for the ‘Dívida’ Category

Défice público baixou 2.000 milhões em oito meses

terça-feira, setembro 20th, 2011

Após os sucessivos planos de austeridade lançados pelo anterior Governo e pelo actual, as contas do Estado parecem estar a melhorar. Entre Janeiro e Agosto deste ano, o défice público baixou em dois mil milhões de euros.

O saldo negativo está agora nos 7.200 milhões de euros, quando no mesmo período do ano passado estava nos 9.200 milhões de euros. Estes dados referem-se ao saldo do subsector Estado e à Segurança Social. Isto é, ficam de fora os Fundos e Serviços Autónomos, por exemplo, os hospitais, e também os municípios e as regiões autónomas, que como sabemos, no caso da Madeira, estão a mostrar surpresas negativas.

Por outro lado, as contas da execução orçamental referem-se ao saldo entre todas as verbas que a Administração Central e a Segurança Social receberam e tudo o que tiveram efectivamente de pagar, isto é a chamada contabilidade pública. De fora ficam os compromissos assumidos que só se percebem pela chamada contabilidade nacional. O que significa que, quando se fizer o acerto final das contas do estado neste período, o saldo pode ser diferente.

Recorde-se que é pela chamada contabilidade nacional que o Governo tem justificado o agravamento das medidas de austeridade por serem detectadas diferenças significativas nas contas do Estado.

MRA Alliance/SIC Noticias

Madeira: Passos isola politicamente Jardim e endurece críticas ao Governo Regional

terça-feira, setembro 20th, 2011

O líder do PSD e primeiro-ministro Passos Coelho não vai fazer campanha na Madeira ao lado de Alberto João Jardim para as eleições regionais, marcadas para 9 de Outubro, e não poupa críticas ao líder regional.

O primeiro-ministro, em entrevista à RTP1, afirmou que enquanto líder do Executivo não se deve envolver em disputas partidárias e menos ainda quando foi “conhecida uma situação greve e irregular”, referindo-se à dívida da região escondida por Alberto João Jardim e que rondará os 1891,3 milhões de euros.

“Nas actuais condições, em que foi conhecido pelo país uma situação que é grave e que é irregular, que tem custos de reputação para Portugal, não seria compreensível que o primeiro-ministro fizesse qualquer confusão de carácter partidário e se envolvesse na campanha eleitoral da Madeira”, afirmou.

O primeiro-ministro afirmou ainda que “o Governo tem de assegurar, em primeiro lugar, que todo o trabalho que vai ser feito e completado de avaliação da real situação da Madeira não será objecto de olhares partidários, mas de olhares de Estado”.

O Governo, acrescentou Passos Coelho, “tem nesta altura uma responsabilidade muito grande: aos eleitores da Madeira, ao país e à comunidade internacional mostrar exactamente qual é a dimensão das finanças públicas no arquipélago e, sobretudo, criar condições para que se possa corrigir uma coisa que não devia ter acontecido e que não pode voltar a acontecer”.

MRA Alliance/Público

Madeira merecia “tratamento exemplar” a nível penal, diz Catroga

terça-feira, setembro 20th, 2011

Eduardo Catroga defende que o caso da Madeira devia ter um tratamento exemplar do ponto de vista penal. “É pena que o quadro penal da chamada responsabilidade política não esteja mais desenvolvido no nosso País, porque este caso podia merecer um tratamento exemplar”, afirmou o ex-ministro das Finanças e responsável pela elaboração do programa eleitoral do PSD aos microfones da TSF.

Catroga responsabiliza, no entanto, todos os partidos políticos pela situação no arquipélago e explica que foi a Assembleia da República que deu meios a Alberto João Jardim e ao governo regional para que continuassem com a indisciplina de forma recorrente. “Todos os partidos políticos na Assembleia da República têm as suas culpas na medida em que todos normalmente aprovam medidas em relação à Madeira e aos Açores, quase sempre por unanimidade”, disse.

Entretanto, o Governo de Lisboa está a preparar um plano de austeridade para a Madeira que prevê mais impostos, maior corte de funcionários públicos e o fim de subsídios. A situação “insustentável” já definida pelo ministro das Finanças para as contas da Madeira – que desde 2008 omitiu vários encargos no total de 1.681 milhões de euros – vai levar o Executivo a impor um rigoroso programa de austeridade.

Entre as medidas está um corte do número de funcionários públicos mais ambicioso do que os 2% impostos pela ‘troika’ no programa de ajuda a Portugal, um aumento do IVA superior ao fixado no memorando de entendimento e a extinção do subsídio de insularidade que representa um acréscimo de 2% nos vencimentos dos cerca de 30 mil funcionários públicos madeirenses.

Estas são algumas das medidas em estudo pelo ministro das Finanças, soube o Diário Económico, num momento em que faltam menos de duas semanas para se conhecerem os resultados da auditoria às contas da Madeira – antes das eleições regionais de 9 de Outubro – e quando a derrapagem da Madeira domina a cena política nacional.

MRA Alliance

S&P corta ‘rating’ de Itália

terça-feira, setembro 20th, 2011

A agência de notação financeira informa, em comunicado, que desceu o ‘rating’ de Itália de A+ para A, mantendo o ‘outlook’ negativo, o que indica a possibilidade de um novo ‘downgrade’ nos próximos meses. Isto apesar de Itália ter aprovado este mês um pacote de austeridade de 54 mil milhões de euros, para convencer o Banco Central Europeu (BCE) a comprar títulos de dívida italiana no mercado secundário.

A S&P justifica o corte com a sua previsão de um fraco crescimento da economia italiana A agência reviu em baixa a expansão do PIB de Itália para um ritmo médio anual de 0,7% entre 2011 e 2014, contra a anterior projecção de um crescimento de 1,3%. “Acreditamos que o ritmo reduzido da actividade económica italiana até à data irá fazer com que sejam difíceis de atingir os objectivos orçamentais do Governo”, explica a S&P.

MRA Alliance/DE

PALOP devem a Portugal cerca de 1800 milhões

terça-feira, setembro 20th, 2011

A dívida dos Países Africanos de Língua Oficial Portuguesa (PALOP) ao Estado português registou, no ano passado, o maior crescimento em 15 anos, aumentando para 2407 milhões de dólares (1764 milhões de euros, à taxa de câmbio actual) no final de 2010.

Face ao ano anterior, Angola, Moçambique, Cabo Verde, Guiné-Bissau e São Tomé e Príncipe somaram mais 201 milhões de euros em dívida a Portugal, ou seja, mais 12,9%, mostram dados hoje revelados pelo Banco de Portugal (BdP) num documento sobre a evolução das economias nos PALOP e em Timor Leste. Já a dívida directa ao Estado caiu, no ano passado, 13 milhões de euros, uma tendência que já se verificou em 2009.

Angola é, dos cinco países, aquele com a maior fatia da dívida, cerca de 60%, equivalente a 1056 milhões de euros. O aumento foi de 62 milhões de euros.

MRA Alliance/Público

O começo do fim do jardinismo madeirense

segunda-feira, setembro 19th, 2011

Até sexta-feira passada, Alberto João Jardim era o único político português invencível – e inimputável também. Todos os líderes do pós-25 de Abril, de todos os partidos, ganharam e perderam, tiveram o amor do povo e o seu ódio correspondente, à vez. De Mário Soares a Cavaco Silva, todos viveram os seus momentos “horribilis”, provaram o fel da impopularidade e sofreram derrotas estrondosas. A única excepção à normalidade democrática era, de há 33 anos para cá, Alberto João Jardim, refere hoje a edição online do jornal i

Todos os que prometeram guerra a Jardim acabaram a deitar a toalha ao chão, humilhantemente. António Guterres, nos idos 90, descobriu o “défice democrático” da Madeira – e o seu líder parlamentar de então, Jaime Gama, levou a causa ao ponto de, numa famosa sessão parlamentar, ter comparado Jardim ao ditador da República Centro-Africana “Bokassa”. Quase vinte anos mais tarde, em 2008, já Presidente da Assembleia da República, o mesmo Jaime Gama foi à Madeira elogiar a governação de Alberto João e, mais, apontá-lo como “o exemplo supremo na vida democrática do que é um político combativo”.

Depois de António Guterres, até antes de ter chegado ao governo, ter metido a viola do défice democrático da Madeira no saco, veio Sócrates e tentou pôr cobro ao festival jardinista. A “megera lei socialista das finanças regionais” – como ainda ontem lhe chamou o presidente do governo regional da Madeira – foi o mote para a estrondosa demissão de Alberto João e convocação de eleições antecipadas. E o povo madeirense renovou a confiança a Alberto João Jardim.

As finanças regionais continuaram no centro do dramalhão político: a demissão do governo Sócrates esteve iminente, com Teixeira dos Santos a ameaçar demitir-se se as cedências a Jardim fossem feitas. Um braço-de-ferro neurótico que terminou a favor de Jardim, depois da tragédia que em Fevereiro de 2010 abalou a Região Autónoma. A desgraça aniquilou a guerra das transferências e Sócrates e Jardim ficaram amigos – com Teixeira dos Santos, isolado, a clamar que não deveria ser assim.

Isto é só um avo de uma história recente em que os insultos de nível abaixo de zero e as ameças  de independência pontuaram o discurso do homem que era “assim”, uma espécie de fardo que o PSD nacional e o país tinham de acarretar por obrigação democrática. As vitórias consecutivas aniquilavam qualquer resposta.

Agora, aparentemente, o mundo mudou. Pela primeira vez, Jardim foi apanhado em flagrante delito e com Portugal sob o fogo amigo dos mercados internacionais, a sua margem de manobra reduziu-se drasticamente. Pode não ser o fim, mas é o começo disso.

Regiões espanholas com dívida igual a 12,5% do PIB

sábado, setembro 17th, 2011

O Banco de Espanha revelou hoje que a dívida consolidada das 17 regiões semi-autónomas de Espanha atingiu no segundo trimestre um valor recorde de 133,2 mil milhões de euros, cerca de 12,4% do PIB.

Este valor compara com os 11,6% do PIB alcançados nos primeiros três meses do ano. Segundo cálculos do ministério das Finanças espanhol, divulgados a 8 de Setembro, o orçamento das 17 regiões terá registado uma correcção de 1,2% do PIB na primeira metade do ano.

O Banco de Espanha revelou ainda que a dívida pública do país liderado por José Zapatero é de, actualmente, 65,2% do PIB. O governo espanhol estima que o peso da dívida pública atinja 68,7% do PIB, no final do ano.

MRA Alliance/DE

INE: Omissão das dívidas pode “diminuir a credibilidade do País”

sexta-feira, setembro 16th, 2011

“Do ponto de vista de Portugal, a principal consequência poderá ser diminuir a credibilidade internacional do país”, disse à agência Lusa fonte oficial do Instituto Nacional de Estatística (INE), questionada sobre as consequências que as omissões dadas a conhecer hoje poderiam trazer para Portugal e para a Administração Regional da Madeira.

O INE explica ainda que, relativamente ao impacto no primeiro semestre, é apenas o que está contabilizado na nota hoje divulgada e confirmou ter dado conhecimento ao Eurostat da situação, tal como o gabinete de estatísticas das comunidades europeias já havia confirmado esta tarde.

Numa primeira reacção pública, o primeiro-ministro, Pedro Passos Coelho, disse que a situação da Madeira configura “uma irregularidade grave”, afirmando que o executivo já está a elaborar legislação para que tal não se repita. “O que se passou desde 2004 é uma irregularidade grave, sem compreensão”, afirmou Passos Coelho, em Paris, no final de um encontro com o presidente francês Nicolas Sarkozy.”

Na nota conjunta divulgada hoje o INE e o Banco de Portugal dão conta que nas últimas semanas receberam dados relativos a encargos assumidos pela Administração Regional da Madeira que não foram pagos aos credores nem reportados às duas entidades que apuram as contas nacionais portuguesas.

A irregularidade, também classificada como “grave” pelas duas entidades e pelo Ministério das Finanças, vai obrigar à revisão dos défices de 2008 a 2010, para incluir no défice orçamental português 1.113,3 milhões de euros só nestes três anos, a maior parte (915,3 milhões de euros) a incluir em 2010.

O impacto estimado no défice de 2008 é de 139,7 milhões de euros (0,08% do PIB), em 2009 de 58,3 milhões de euros (0,03%) e em 2010 915,3 milhões de euros (0,53 por cento).

As entidades explicam que as contas a integrar devido aos acordos de regularização de dívidas não dizem respeito apenas a 2010, mas “sobre a despesas realizadas em anos anteriores e não reportadas” e que se esse reporte tivesse sido feito o registo seria feito nos anos correspondentes em que as despesas foram realizadas, mitigando assim também o impacto no défice, que estimam em 0,1% do PIB entre 2004 e 2009.

O INE e o BdP dizem que após diligências, terão chegado informações entre o final de agosto e esta semana que dão conta de Acordos de Regularização de Dívidas celebrados em 2010, com um valor aproximado de 571 milhões de euros, dos quais não tinham conhecimento, mais 290 milhões de euros de juros de mora “que também não foram comunicados às autoridades estatísticas”.

Já para este ano, mais 11 milhões destes acordos respeitantes a dívidas contraídas desde 2005 e juros de mora no primeiro semestre de 32 milhões de euros. A Madeira não terá ainda comunicado encargos, que ainda não foram objecto destes acordos relativos a serviços de saúde de 2008, 2009 e 2010, em montantes de 20, 25 e 54 milhões de euros, respectivamente.

Imprensa internacional arrasa Governo Regional

No blogue de um dos seus colaboradores, o britânico Financial Times refere-se à Madeira como a “ilha desonesta”. “A Madeira, um pitoresco arquipélago de 267,000 pessoas, esbarrou com Portugal continental esta sexta-feira, espalhando-se em cacos de um novo passivo”, escreve o jornalista Joseph Cotterill no FT AlphaVille.

Também o Wall Street Journal colocou na sua homepage a notícia com o título: “Portugal encontra buraco de 1,5 mil milhões de dólares”. O jornal económico norte-americano adianta que o “Banco de Portugal revelou esta sexta-feira que a ilha da Madeira, uma pequena região autónoma, omitiu 1,1 mil milhões de euros (1,53 mil milhões de dólares) de endividamento nos últimos ano, situação que vai colocar mais pressão sobre o país no cumprimento dos objectivos orçamentais perante o seu resgaste internacional massivo”.

No país vizinho, é o La Vanguardia a dar conta do novo buraco madeirense, que “vai obrigar Portugal a rever o seu défice”, referindo-se a Jardim como um político “com uma reputação de rebelde dentro do seu partido e historicamente polémico nas suas declarações”. Já no Brasil, o Globo titula que a “llha da Madeira omite dívida bilionária e eleva pressão sobre Portugal

MRA Alliance/DE

Bancos centrais coordenam-se para injectar liquidez

sexta-feira, setembro 16th, 2011
O Banco Central Europeu (BCE) anunciou ontem uma acção concertada com a Reserva Federal (Fed) norte-americana, o Banco de Inglaterra, o Banco do Japão e o Banco Nacional Suíço para injectar liquidez em dólares aos bancos da Zona Euro.

A operação visa assegurar que a banca europeia tenha divisa norte-americana suficiente até ao final deste ano.

MRA Alliance/DD

Alemanha previne-se contra eventual default grego

segunda-feira, setembro 12th, 2011

O ministro das Finanças da Alemanha, Wolfgang Schäuble, prepara-se para a possibilidade do colapso da Grécia, depois de Atenas ter admitido que a economia do país deverá contrair 5% este ano, em vez da recessão de 3,8% anunciada em Junho. Nesse caso, será impossível atingir o défice de 7,6%, em 2011, acordado com a ‘troika, impedindo o envio da próxima parcela da ajuda financeira internacional.

A edição desta semana da revista Der Spiegel, citando fontes próximas do gabinete de Schäuble, revela que funcionários do Ministério das Finanças alemão estão a analisar cenários prevenindo um eventual incumprimento dos pagamentos da Grécia e avaliando o impacto dessa situação na zona euro.

A revista diz que estão a ser considerados dois cenários de uma eventual falência técnica da Grécia: no primeiro o país continua na zona euro, enquanto no segundo Atenas deixa a moeda única, voltando à dracma, o que provocaria uma subida em flecha da dívida pública grega, que está em euros, e o colapso dos bancos.

Nos dois cenários, os especialistas sugerem a abertura de linhas de crédito preventivas para países como Espanha e Itália, caso tenham dificuldade em financiar-se nos mercados, e az concessão de ajudas a alguns bancos da zona euro com  excesso de exposição à dívida grega.

O jornal alemão adianta que o Fundo Europeu de Estabilização Financeira (FEEF) e o Mecanismo Europeu de Estabilização Financeira (MEEF) também têm um papel importante na elaboração daqueles cenários. Brevemente, o FEEF terá mais poderes de acordo com as decisões tomadas na cimeira extraordinária da União Europeia de 21 de Julho.

A iminência de um incumprimento grego acentuou-se depois de terem sido suspensas as negociações entre o Governo helénico e a missão de inspectores da União Europeia e do FMI devido à descoberta de uma derrapagem orçamental de 1,7 mil milhões de euros.

MRA Alliance/DE

Grécia avança com mais austeridade para evitar incumprimento

segunda-feira, setembro 12th, 2011

O ministro das Finanças da Grécia, Evangelos Venizelos, perante a ameaça de congelamento da próxima parcela do resgate em vigor, anunciou ontem um novo imposto sobre o imobiliário, que vai afectar todos os proprietários de casas. Atenas vai cobrar, em média, quatro euros por cada metro quadrado, oscilando entre um mínimo de 50 cêntimos nas zonas mais pobres e um máximo de 10 euros nas áreas mais ricas do país. A medida vai durar dois anos. Além disso, o Governo decidiu também cortar um mês de salário a todos os políticos.

As novas medidas de austeridade de emergência foram aprovadas num conselho de ministros extraordinário, depois de o primeiro-ministro grego ter dito ontem que a prioridade é “salvar o país da bancarrota” e garantido que irá fazer tudo o que for necessário para atingir as metas orçamentais.

“Tomámos esta decisão para evitar a catástrofe para o nosso país e os nossos cidadãos. Vamos permanecer no euro e isso significa decisões difíceis”, disse o ministro das Finanças, sublinhando que o Governo “decidiu enfrentar uma situação especialmente nefasta à Grécia na Europa e nos mercados, fazendo um novo esforço nacional”.

As duas medidas vão ajudar o Governo a atingir as metas do défice de 17,1 mil milhões de euros em 2011 e de 14,9 mil milhões de euros em 2012, colmatando uma derrapagem orçamental de dois mil milhões de euros para este ano, motivada pelo agravamento da recessão, que será perto de 5% do PIB este ano, pior que a contracção de 3,8% esperada em Junho.

A nova vaga de austeridade surge depois de o euro ter resvalado para mínimos de seis meses e de os juros gregos terem voltado a bater novos máximos desde a adesão ao euro na semana passada, com os mercados a descontarem um ‘default’ da Grécia. As ‘yields’ gregas das maturidades a um e dois anos superaram os 57% e 97%, respectivamente.

O Comissário Europeu dos Assuntos Económicos, Olli Rehn, reagiu dizendo que as decisões tomadas pela Grécia demonstram o compromisso de Atenas de atingir as metas orçamentais este ano e no próximo. “A Grécia necessita de alcançar os objectivos orçamentais e levar a cabo as reformas estruturais acordadas para garantir” ajuda externa, disse.

Nos últimos dias, responsáveis da União Europeia e do Fundo avisaram que a próxima ajuda à Grécia não está garantida e que o Governo tem de cumprir as metas orçamentais acordadas. Isto depois de terem sido suspensas de uma forma intempestiva as negociações entre Atenas e a troika sobre a próxima parcela do actual resgate, no valor de 110 mil milhões de euros, concedido em 2010.

Em entrevista à edição de domingo do jornal alemão Der Tagesspiegel, publicada hoje, a chanceler Angela Merkel, revelou ter pedido ao Governo grego que não desista do seu esforço reformista e insistiu que as ajudas europeias só irão para a frente se Atenas cumprir com as condições impostas para o resgate. Num clima de crescente recusa dos alemães em prosseguir no apoio ao resgate da Grécia, Merkel pediu no entanto paciência para com o país mediterrânico, argumentando que os problemas criados durante anos não se podem resolver da noite para o dia.

MRA Alliance/DE

Agência de notação independente dos EUA diz as verdades inconvenientes…

sábado, setembro 10th, 2011

A Weiss Ratings, agência independente de notação financeira dos Estados Unidos, baixou ontem a classificação do Bank of America (BofA) para lixo (de D+ para D), confirmando crescentes rumores em Wall Street que admitem a possibilidade de o maior banco norte americano em activos – mais de USD 2,2 triliões (2,2 biliões na terminologia europeia) – correr sérios riscos de falência e de poder vir a ser nacionalizado pela administração Obama.

Entre Outubro de 2007 e Setembro de 2011 a cotação do banco passou de cerca de USD 50 (cinquenta) para menos de USD 7 (sete), por acção. Comparado com outras empresas cotadas que apresentam um similar nível de risco, os títulos do Bank of America , no entender da Weiss Ratings, “representam um mau investimento com base na sua cotação e valorização actuais”.

Na semana que agora termina, a agência de notação norte-americana para além de ter reafirmado a notação da dívida soberana dos Estados Unidos em “C–” anunciou ter baixado a notação de seis países europeus, conforme o quadro seguinte:  

Weiss Ratings – Dívidas Soberanas

País Novo
Rating
Rating           Anterior
Áustria C+ B+
Bélgica C– C
República Checa C C+
Finlândia C– C
Suíça B+ A–
Turquia C – C
© 2011 Weiss Ratings. All rights reserved.
Escala Weiss Ratings: A = excelente, B = bom, C = razoável, D = fraco, E = muito fraco; mais/menos = parte superior/inferior da notação.

Afectados por modestos desempenhos em termos de crescimento do PIB e pela evolução das dívidas soberanas dos chamados PIIGS – Portugal, Itália, Irlanda, Grécia e Espanha – todos os países agora analisados foram penalizados  pelos mercados financeiros, nos últimos meses,com particular destaque para os casos da Áustria e da Turquia, refere a agência.

O caso turco foi basicamente agravado pela sua proximidade e dependência do enfraquecido Mercado Único. O problema da proximidade contagiou igualmente a economia suíça. O banco central helvético teve mesmo que, no início da semana, tomar medidas drásticas para defender a sua moeda ao tê-la indexado ao euro e fixado o valor mínimo da moeda única em 1,20 francos suíços.

O analista financeiro da Weiss Ratings, Gavin Magor justificou as novas classificações pelo facto de “à medida que o contágio financeiro europeu se alarga para além dos óbvios candidatos [PIIGS], outras nações têm que adoptar severos programas de austeridade ou pagar juros mais altos aos compradores dos seus títulos de dívida.”

A qualidade das análises da Weiss Ratings é demonstrada por uma taxa de sucesso de 98% nas falências bancárias decretadas em 2011, nos Estados Unidos. Entre 68 acertou em 66…

MRA Alliance

Pedro Varanda de Castro, Consultor

Alemanha prepara plano B para os bancos caso a Grécia falhe

sexta-feira, setembro 9th, 2011

O governo alemão está a ultimar um plano para proteger os bancos caso a Grécia entre em default, noticia a agência financeira Bloomberg, citando fontes da coligação governamental liderada por Angela Merkel.

O plano de emergência envolve medidas de apoio aos bancos e seguradoras face a perdas eventuais de 50 por cento na dívida grega detida pelas instituições financeiras alemãs, isto, caso os líderes europeus não cheguem a acordo para o desbloqueio da próxima tranche do plano de apoio financeiro internacional à economia helénica.

As fontes citadas pela Bloomberg pediram anonimato, uma vez que as negociações estão a decorrer de forma confidencial, mas revelaram que o fundo introduzido pela Alemanha em 2008, após o colapso do Lehman Brothers, de apoio à banca, poderá ser desenvolvido para ajudar à recapitalização das entidades que sejam prejudicadas por um eventual incumprimento grego.

MRA Alliance/DD

Juros das obrigações gregas ultrapassam 55%

quinta-feira, setembro 8th, 2011

Os juros das obrigações gregas e o preço de um seguro contra o eventual incumprimento de Atenas sobem hoje até novos máximos, depois de o gabinete de estatísticas grego ter revisto em alta a quebra da economia grega de 6,9 para 7,3% nos 12 meses terminados no segundo trimestre deste ano, depois da contracção de 8,1% registada no primeiro trimestre.

“É a combinação do facto de a Grécia continuar a desapontar e provavelmente uma consciência crescente entre os investidores de que estão a deitar fora dinheiro”, comentou Gary Jenkins, especialista do Evolution Securities, à Bloomberg. “Estão finalmente a ter noção de que não vão receber de volta este dinheiro”, acrescentou.

É neste cenário que os juros das obrigações gregas sobem em todos os prazos, com a ‘yield’ a 2 anos a subir mais de 10 pontos para cima dos 55%, enquanto o juro a 3 anos dispara 28 pontos até muito perto dos 41%.

No mesmo sentido seguia o juro das obrigações a 12 meses: agravava-se em 178 pontos para 95,17%. São novos máximos desde a criação do euro, pelo menos.

No universo dos ‘credit-default swaps’ (CDS) sobre obrigações do Tesouro, que são uma espécie de seguro contra o eventual incumprimento de um Estado ou empresa, os CDS gregos eram os que registavam a subida mais acentuada, com um avanço de 105 pontos para 2.721,36 pontos. Quer isto dizer que por cada 10 milhões de euros aplicados em dívida pública grega os investidores têm de pagar um seguro anual de mais de 2.700 mil euros.

Durante a sessão, os CDS gregos atingiram os 3.045 pontos, com uma subida de 240 pontos, o que corresponde a um novo máximo. De acordo com cálculos da CMA Datavision, este valor significa que existe 91% de hipóteses de a Grécia entrar em bancarrota, ou seja, não conseguir cumprir com as suas obrigações junto dos seus credores.

MRA Alliance/DE

“Espanha e Itália, se forem mal geridas, serão um problema mundial”, diz economista do Citi

quinta-feira, setembro 8th, 2011

Economista-chefe do Citi diz que o BCE deve direccionar os seus poderes para proteger Espanha e Itália do contágio da crise de dívida. “Espanha e Itália, se forem mal geridas, não serão um problema europeu, mas mundial”, alerta Willem Buiter, em entrevista à Reuters, em Moscovo.

Buiter diz ainda que “os dois países têm de fazer compromissos mais credíveis do que aqueles que foram feitos até agora, especialmente no caso de Itália”. Isto mesmo depois de o Senado italiano ter aprovado ontem uma nova versão do plano de austeridade para alcançar o equilíbrio orçamental em 2013, que contempla uma subida de um ponto percentual no IVA, de 20 para 21%, e um imposto de 3% sobre os rendimentos superiores a 300 mil euros anuais.

O economista-chefe do grupo financeiro norte-americano defende ainda que cabe ao BCE, e não ao Fundo Europeu de Estabilização Financeira (FEEF), actuar como financiador de último recurso, fornecendo liquidez a Itália e Espanha. Quanto aos países intervencionados – Grécia, Irlanda e Portugal – o especialista diz que o BCE deve permitir a reestruturação das suas dívidas.

No mesmo comentário, Buiter considerou ainda que o BCE deve descer os juros em Outubro. “Eles têm de mudar o curso e não apenas congelar a subida dos juros. Eles têm realmente de cortar os juros”, disse.

O banco central reúne hoje para decidir a evolução da sua taxa directora, que, segundo os economistas, deve ficar em 1,5%.

MRA Alliance/DE

Salvar a Grécia, Irlanda e Portugal é mais barato do que “matar” o euro, diz UBS

quinta-feira, setembro 8th, 2011

Segundo a análise do banco suíço UBS, os custos de uma eventual saída do euro por parte dos países economicamente mais debilitados seriam “significativos”. No caso de Portugal custaria até 11.500 euros, em média, por pessoa e no primeiro ano. Mas a probabilidade de a moeda única entrar em colapso está “perto do zero”,  e deixá-lo morrer sairá bem mais caro do que resgatar “periféricos”, dizem os autores do estudo.

Stephane Deo, Paul Donovan e Larry Hatheway, os três economistas do UBS que redigiram o relatório intitulado Perspectivas económicas globais, partem da premissa de que com “a actual estrutura” o “euro não funciona”. “Este euro gera mais custos económicos do que benefícios”, algo que se “tornou dolorosamente óbvio para alguns dos seus participantes nos últimos anos”, defendem no documento.

Os economistas ressalvam, porém, que a probabilidade de a moeda única entrar em colapso está “perto do zero”, e enumeram as consequências económicas e políticas para os diferentes estados-membros.

A saída de um “país fraco” da zona euro, como Portugal, custaria, segundo as estimativas dos três economistas, entre 9.500 a 11.500 euros por pessoa no primeiro ano, o equivalente a 40 ou 50 por cento do PIB desse país. Nos anos seguintes, o custo iria variar entre os 3.000 e os 4.000 euros por cada cidadão.

Estes cálculos incluem as consequências que um país de menor dimensão económica sofreria caso abandonasse o euro: incumprimento da dívida pública (sovereign default), insolvência de empresas (corporate default), colapso do sistema financeiro e do comércio internacional.

Já para um “país forte” economicamente o rombo seria menor para a carteira dos cidadãos. Na Alemanha, por exemplo, um regresso à moeda anterior (o marco) implicaria um custo entre 6.000 a 8.000 euros a cada germânico no primeiro ano, o equivalente a 20 ou 25 por cento do PIB. Nos anos subsequentes, a saída do euro por parte da maior potência económica da Europa seria consolidada com um custo entre 3.500 e 4.500 euros por cidadão.

Face a estes cálculos, os economistas do UBS defendem que fica mais barato resgatar a Grécia, a Irlanda e Portugal, caso os três países periféricos entrassem em incumprimento (default). Nesse caso, o custo para os estados-membros situar-se-ia “ligeiramente acima de mil euros por pessoa, de uma só vez”.

Deo, Donovan e Hatheway ressalvam, porém, que estes cálculos não incluem os custos políticos que a fragmentação do euro poderia trazer, como a perda de influência da Europa no plano mundial. Por isso, defendem, os “custos económicos são, em múltiplos sentidos, a última das preocupações que os investidores deveriam ter acerca de uma ruptura [do euro]”.

MRA Alliance/Público

Juros da dívida portuguesa aliviam em todas as maturidades ao contrário da Grécia

segunda-feira, agosto 29th, 2011

Segundo dados compilados pela agência de informação financeira Bloomberg,  pelas 10H00, os juros exigidos pelos investidores para transacionar dívida  portuguesa a dois anos negociavam hoje no mercado secundário nos 13,249  por cento, ligeiramente abaixo da média de 13,317 por cento da sessão anterior,  com o ‘spread’ face à dívida alemã (referencial para a Europa) nos 1.259  pontos base. 

Neste prazo, o máximo jamais registado desde a adesão de Portugal ao  euro foi atingido a 18 de julho nos 20,359 por cento. A 10 anos, os juros da dívida portuguesa também cedem, ainda que muito  ligeiramente, passando dos 11,180 por cento da sessão de sexta-feira para  os 11,149 por cento. O ‘spread’ nestes títulos face aos títulos alemães é o mais baixo das  três maturidades analisadas, situando-se nos 896,9 pontos base. Já no prazo a cinco anos, registava-se esta manhã uma ligeira descida  para os 12,393 por cento, face à média de 12,512 por cento da sessão anterior,  com o ‘spread’ nos 1.114 pontos base. 

Na Grécia, depois de na quinta-feira os juros associados aos títulos  soberanos a dois anos terem batido o máximo histórico de 45,884 por cento,  estes negoceiam esta manhã nos 45,827 por cento, acima dos 43,944 por cento  da média do dia anterior. 

Estes valores, que se aproximam do máximo de 25 de agosto,  indicam que os investidores continuam a pressionar a dívida helénica perante  o impasse no segundo plano de resgate à Grécia, que pode não avançar face  às resistências da Finlâdia, que exige garantias bilaterais por parte de  Atenas para aceitar participar no pacote de ajuda. No prazo a cinco anos, os juros da dívida helénica negoceiam hoje nos  22,095 por cento, aproximando-se dos máximos de quinta-feira, dia em que  se posicionaram nos 22,430 por cento. Também na Grécia, os juros dos títulos a 10 anos, que fecharam na quinta-feira  em máximos de 18,278 por cento, negoceiam hoje nos 18,064 por cento.

MRA Alliance/SIC Noticias

Juros da dívida grega a dois anos superam os 44%

quinta-feira, agosto 25th, 2011
A taxa de juro da dívida portuguesa subiu ontem mais de 40 pontos base nas maturidades mais curtas, num dia em que a Grécia viu os juros a dois anos ultrapassarem os 44%. Em Portugal a “yield” das obrigações a dois anos subiram 26,1 pontos base para 13,276% e na dívida a cinco anos a subida foi de 41,4 pontos para 12,484%.

A subida mais acentuada registou-se na linha de financiamento a seis anos, que saltou 49,3 pontos base para 12,864%, enquanto os juros da dívida a 10 anos apreciaram 19,2 pontos base para 11,175%.

Depois de a Finlândia ter chegado a acordo para receber garantias em troco dos empréstimos concedidos a Atenas, são já mais quatro os países que pedem o mesmo tratamento.

A taxa de juro da dívida grega subiu 414,8 pontos base (4,148 pontos percentuais) para 44,025% na maturidade de dois anos e a taxa de retorno da dívida a cinco anos avançou 204,4 pontos base para 21,865

A mesma tendência de subida dos juros verificou-se em Espanha e Itália, apesar de o Banco Central Europeu ter estado a comprar dívida dos dois países.

A “yield” da dívida espanhola a dois anos apreciou 1,4 pontos base para 3,321% e na emissão a 10 anos os juros aumentaram 1,9 pontos base ara 5,010%. Também Itália viu os juros da dívida a 10 anos subir 4,1 pontos base para 4,047%.

“Existem receios de que o segundo pacote [de ajuda à Grécia] não se materialize”, disse o estratega do Commerzbank, Christoph Rieger, à Bloomberg. “Se a Finlândia cumprir a sua palavra e exigir garantias, poderemos chegar a um impasse”, acrescentou.

Também a Alemanha viu os seus juros subirem num dia em que em emitiu dívida pública e em que os investidores reduziram a sua exposição à segurança relativa das obrigações norte-americanas. A Alemanha “em geral” não concorda com acordos de entrega de garantias feitos em separado entre dois Estados-membros que ponham alguns governos em vantagem face a outros, disse o porta-voz do Governo alemão, Steffen Seibert, à imprensa. Os detalhes do acordo requerem aprovação pelos parceiros europeus, referiu o responsável em Berlim.

“Vamos acabar por ter alguma forma de reestruturação na Grécia”, disse o analista do mercado cambial do Société Général, Kit Juckes, à Bloomberg. “Se não conseguimos sequer ter o acordo quanto aos termos do resgate entre os finlandeses e os alemães, então teremos simplesmente reestruturação da dívida”, acrescentou.

MRA Alliance/JdN

Merkel recusa exigir ouro dos países resgatados

terça-feira, agosto 23rd, 2011

chanceler alemã recusou esta terça-feira a proposta do seu próprio partido de exigir como garantias as reservas de ouro para conceder empréstimos aos países que beneficiam dos financiamentos do Fundo Europeu de Estabilidade Financeira (FEEF).

Tanto Angela Merkel como o líder do grupo parlamentar conservador, Volker Kauder, expressaram a sua oposição a esta proposta, apresentada pela ministra alemã do Trabalho, Ursula von der Leyen, de acordo com a agência Efe.

A direcção do grupo parlamentar da CDU, o maior partido da coligação governamental alemã, decidiu ontem formar uma comissão para procurar soluções de consenso para a reforma do Fundo Europeu de Estabilidade Financeira (FEEF), que o Governo quer levar a votação no parlamento a 23 de Setembro.

À formação desta comissão, seguiu-se hoje uma reunião extraordinária do grupo parlamentar conservador, na qual participou Angela Merkel. Segundo a imprensa alemã, logo na abertura da reunião a chanceler alemã deixou clara a sua oposição a esta proposta.

Entre os deputados da CDU e do Partido Liberal Democrata, o parceiro de coligação de Angela Merkel, vai aumentando a oposição à reforma do FEEF, um dos resultados da cimeira de chefes de Estado e de Governo dos países da Zona Euro, a 21 de Julho.

Grande parte da oposição alemã, no entanto, assegura que vai apoiar a reforma, razão pela qual os observadores esperam a aprovação das novas medidas.

MRA Alliance/AF

“Madeira necessita urgentemente de liquidez”, alerta Jardim

sábado, agosto 20th, 2011

O líder do PSD-Madeira, Alberto João Jardim, disse na sexta-feira à noite que a Região Autónoma da Madeira necessita “urgentemente” de liquidez, acreditando ser possível um acordo com o Governo para solucionar a questão financeira.

“A Madeira tem muito património. Graças a Deus, o património que a Madeira tem é mais do que suficiente para cobrir muitas vezes a sua dívida, o problema é liquidez e nós precisamos, urgentemente, dessa liquidez para poder pagar os fornecedores em atraso, para poder terminar as obras que estão em curso”, afirmou Alberto João Jardim.

O presidente do PSD-M, discursava no Porto Santo, no tradicional comício que assinala a “rentrée” política do partido na região, ocasião em que explicou que é nesse sentido que “se vai procurar fazer um acordo com o actual Governo da República”, de coligação PSD/CDS-PP.

Alberto João Jardim, que há mais de 30 anos preside ao Executivo regional, justificou a dívida da Madeira com o “ataque financeiro” do Governo socialista através da Lei das Finanças Regionais.

MRA Alliance/DN

Troika avisa que não pode haver mais subida de impostos em Portugal

quarta-feira, agosto 17th, 2011

A ‘troika’ já garantiu que de acordo com a análise às contas públicas de 2011, e incluindo as duas subidas de impostos já anunciadas – a sobretaxa no IRS e a subida do IVA na electricidade e no gás – a redução do défice para 5,9% do PIB está garantida sem a necessidade de mais medidas de austeridade.  A Comissão Europeia, o FMI e o BCE, lembra o Diário Económico, já fez quatro recomendações para serem executadas pelo Governo de Passos Coelho:

1 – Não é preciso subir mais impostos este ano
“Não esperamos mais aumentos de impostos este ano”, garantiu Jürgen Kroeger, no final da semana passada, na conferência de imprensa que marcou o fecho da primeira avaliação da ‘troika’ à aplicação do memorando de entendimento em Portugal. O líder da missão por parte da Comissão Europeia garantiu mesmo que o conjunto das medidas adicionais que já foram anunciadas até agora permite dizer que “o buraco orçamental está fechado”.

2 – Faltam cortes na despesa pública
O que falta, são os cortes na despesa pública. Jürgen Kroeger disse mesmo que a missão da ‘troika’ “esperava ver mais cortes na despesa” e que este foi um ponto do memorando que não foi tão bem conseguido. Os líderes internacionais reconheceram que é preciso tempo para implementar reduções sustentáveis nos gastos, mas alertaram que esse passo terá de ser dado.

3 – Medidas estruturais são para implementar
“As reformas estruturais têm de ser implementada”, frisou Poul Thomsen, o líder do Fundo Monetário Internacional na ‘troika’. Só assim será possível manter as expectativas de evolução do PIB que servem de base ao memorando de entendimento e que antecipam a retoma económica em 2013. “Sem as reformas estruturais, o ajustamento será totalmente feito através de cortes no nível de vida, será feito através do empobrecimento e não com aumentos de competitividade”, avisou Thomsen. “E ninguém quer isso”, garantiu.
4 – O arranque foi bom, mas falta o mais difícil
FMI, Comissão Europeia e BCE concordaram que o arranque da aplicação do programa que permitiu resgatar a economia portuguesa da bancarrota foi “bom”. Contudo, deixaram o alerta: “O mais difícil ainda está para vir”, assegurou Poul Thomsen. E concretizou: “O sucesso do programa vai depender de abrir a economia portuguesa para criar crescimento e empregos”. Além disso, só se o Governo cumprir todos os termos do acordo – que incluem uma liberalização do mercado de trabalho e a redução do sector público – é que os parceiros internacionais continuarão a financiar a economia enquanto for necessário, lembrou.

MRA Alliance

Merkel e Sarkozy não travam queda do euro mas querem policiar política económica da UE

terça-feira, agosto 16th, 2011

O euro desvalorizou hoje cerca de 0,30%,  fixando-se nos 1,4405 dólares, no final da cimeira entre a chanceler alemã e o presidente francês, de onde saiu um conjunto de propostas para impulsionar a estabilidade no espaço da moeda única.

Nicolas Sarkozy e Angela Merkel apelaram à formação de um governo económico para ajudar a acalmar a crise da dívida soberana, remetendo para mais tarde a discussão sobre as euro-obrigações.

O novo órgão deverá ser liderado pelo actual presidente do Conselho Europeu, Herman Van Rompuy, que será convidado nos próximos dias, disse Sarkozy no final de um encontro entre os dois líderes.

Também a manutenção do rating norte-americano no nível máximo («AAA»), com perspectiva estável, pela Fitch deu força ao dólar. A justificar esta decisão está, precisamente, a confiança na moeda dos EUA pela agência  de notação financeira.

A pressão sobre a moeda da Eurolândia deve-se ao facto de a economia da Zona Euro ter crescido menos do que o esperado no segundo trimestre do ano, com especial incidência para a economia alemã (0,1%) e francesa (estagnação), com o PIB português registar um crescimento negativo em termos homólogos, no segundo trimestre, de 0,9%.

MRA Alliance/AF

BCE gasta 22 mil milhões de euros a comprar dívidas soberanas

segunda-feira, agosto 15th, 2011
Depois de 19 semanas fora do mercado, o BCE regressou em força à compra de obrigações soberanas dos países do euro, cumprindo a promessa de ser agressivo no mercado secundário. Na semana que terminou a 12 de Agosto a autoridade monetária europeia gastou 22 mil milhões de euros na compra de dívida soberana dos países do euro que estão no olho do furacão.

Este valor semanal é o mais elevado de sempre, superando os 16,5 mil milhões de euros que o BCE tinha gasto na primeira semana deste programa de compra de activos, em Maio do ano passado. Superou também largamente as previsões dos economistas consultados pela Bloomberg, que apontavam para um valor na ordem dos 15 mil milhões de euros.

Os 22 mil milhões de euros hoje anunciado pelo BCE contabilizam também as compras efectuadas na semana anterior, altura em que o BCE, de acordo com as agências de notícias, foi ao mercado comprar dívida portuguesa e irlandesa.

Depois de 19 semanas de ausência do mercado secundário, o BCE tinha decidido que ia ter uma postura agressiva na compra de dívida dos países do euro, para travar o contágio da crise a Itália e Espanha. A acção da autoridade monetária foi determinante para a descida dos juros que os investidores exigem para comprar dívida destes dois países, retirando pressão sobre Espanha e Itália.

O BCE terá também comprado dívida de Portugal e Itália, contribuindo para a descida pronunciada das “yields” das obrigações portuguesas, que estão agora longe dos recordes fixados em Julho.

MRA Alliance/JdN

Especulador Soros aposta na saída da Grécia e de Portugal da Zona Euro

segunda-feira, agosto 15th, 2011

O multimilionário especulador em divisas e commodities George Soros, numa entrevista à revista alemã Der Spiegel, defende que Portugal e a Grécia devem abandonar a Zona Euro como melhor forma de salvar a moeda única.

“O problema grego foi tão maltratado que, neste momento, o melhor talvez seja mesmo uma saída ordeira. O mesmo se aplica a Portugal. A União Europeia e o euro sobreviveriam”, diz Soros. Nas entrelinhas pode inferir-se que o seu sentimento é favorável a manobras especulativas que forçem a subida dos juros das dívidas soberanas grega e portuguesa.

Soros, que nos anos 90 fez ajoelhar o Banco de Inglaterra com manobras especulativas que culminaram com a forte desvalorização da libra, veste agora a pele do especulador bom ao defender a proibição imediata dos derivativos financeiros CDS (Credit Default Swaps), a versão moderna da apólice de seguros de risco financeiro. O fundador do hedge fund Quantum Fonds classifica os CDS como “produtos financeiros altamente perigosos” porque “fomentam a especulação na queda” das divisas ou dos activos. 

Soros, por outro lado, faz uma crítica demolidora à passividade das decisões dos políticos em geral, que acusa de tomarem decisões “para apenas ganharem tempo”, e da chanceler alemã Angela Merkel em particular a quem atribuiu a responsabilidade pelo início da crise do euro. 

O mega especulador insiste na necessidade de os países da Zona Euro se entenderem sobre a emissão de eurobonds (títulos de dívida europeus). “Quer queiramos, quer  não, o euro existe. Para que funcione bem, os países da zona euro deverão poder refinanciar grande parte das suas dívidas nas mesmas condições. Essa tarefa cabe à Alemanha (…) com regras financeiras claras ditadas pelos alemães “, disse Soros.

“Infelizmente – acrescentou – a Alemanha tem sobre isto ideias esquesitas. Os alemães devem estabelecer regras que os outros possam cumprir. A países como Espanha deverão ser permitidos défices orçamentais cíclicos até que consigam recuperar”. 

O controverso financeiro jurou  ainda ao Der Spiegel que a sua intenção não é a de especular contra o euro. “Seguramente, não estou a apostar contra o euro”, porque “os chineses estão muito interessados numa alternativa ao dólar e farão tudo para ajudar os europeus a salvá-lo [a moeda única]”.

MRA Alliance

Eurobonds: Governo alemão dividido entre a rejeição e a tolerância

domingo, agosto 14th, 2011
O ministro das Finanças da Alemanha, Wolfgang Schäuble, manifestou-se contra as ajudas ilimitadas aos países da zona euro em situação de pré-default e advertiu que «não haverá uma salvação a qualquer preço». Schäuble voltou a refutar expressamente a fórmula de criar títulos de dívida europeus, os chamados eurobonds, numa  entrevista concedida ao «Der Spiegel», que estará nas bancas amanhã.
 
 „Rejeito os eurobonds, enquanto os Estados-membros prosseguirem políticas fiscais distintas, quando nós precisamos de usar as taxas de juro para podermos dar incentivos ou impôr sanções tendo em vista termos uma política fiscal sólida”, precisou Schäuble. 
 
 «Não haverá uma divisão de dívidas nem um apoio ilimitado. Existem certos mecanismos de apoio que desenvolveremos sob condições estritas», reafirmou na  entrevista ao semanário «Der Spiegel», que estará nas bancas amanhã, citada na edição de hoje do diário Frankfurter Allgemeine Zeitung (FAZ).
Em contrapartida, a notícia do FAZ dá conta da existência de uma tendência crescente no seio da coligação cristã-liberal CDU/CSU-FDP de adesão à emissão de títulos de dívida comuns aos países da Zona Euro.

“Nos círculos da coligação aumenta a percepção de que possivelmente a União Europeia não terá salvação caso não seja adoptada uma medida deste tipo, escreve o “Welt am Sonntag”, citando membros do governo”, esclarece o FAZ. 

“A solução até agora adoptada de resgatar Estados aflitos com pacotes de ajuda multimilionários está a chegar aos limites,” acrescenta o influente jornal de Frankfurt, conotado com os meios de negócios alemães.

MRA Alliance

Dívida pública de Itália atinge recorde de 1,9 biliões de euros

sexta-feira, agosto 12th, 2011
Contribuição para o resgate de Portugal elevou a dívida pública de Itália, país que está também agora debaixo de fogo dos mercados. A dívida italiana subiu para 1,9 milhão de milhões de euros em Junho, um valor recorde que o banco central do país justifica com a contribuição da Itália para os pacotes de ajuda aos países do euro que foram resgatados.

De acordo com a Bloomberg, na primeira metade deste ano a ajuda a Portugal terá sido contabilizada na dívida italiana na parte da contribuição do país, o que justifica o crescimento para o valor recorde.

Este facto elevou também o défice orçamental do país, que subiu em 1,6 mil milhões de euros para 48,2 mil milhões de euros em Junho. De acordo com o banco central italiano, liderado por Mário Draghi, excluindo a contribuição para a ajuda à Grécia, o desequilíbrio orçamental teria descido em 1,6 mil milhões de euros, devido ao aumento das receitas fiscais.

O agravamento do défice e dívida de Itália surge numa altura em que o país está sob forte pressão dos mercados. Está agendado para hoje um Conselho de Ministros extraordinário, que poderá avançar com cortes na despesa de 45 mil milhões de euros nos próximos dois anos.

MRA Alliance/JdN

Portugal deve receber 11,5 mil milhões já em Setembro

sexta-feira, agosto 12th, 2011
A troika fez uma avaliação positiva à implementação das medidas por parte de Portugal. Assim, o País deverá receber uma nova tranche da ajuda externa, no valor de 11,5 mil milhões de euros, em Setembro. “A conclusão desta revisão vai permitir a disponibilização de 11,5 mil milhões de euros”, revela a troika (constituída pelo BCE, pela Comissão Europeia e pelo FMI) em comunicado.

A nota enviada adianta que a disponibilização deste valor “pode ocorrer em Setembro”, ainda que esteja sujeito “à aprovação” da direcção do FMI, do Ecofin e do Eurogrupo.

O líder da missão do FMI, Poul Thomsen, afirmou hoje, em conferência de imprensa que o programa estipulado para Portugal “está no bom caminho” e por isso os responsáveis que estiveram no País a avaliar a situação vão fazer recomendações de forma a que a nova tranche do pacote financeiro seja libertado.

Ainda assim, Jurgen Kroeger, o chefe de missão da Comissão Europeia, reconhece que a troika gostaria de já ter visto mais cortes na despesa. O representante da CE reconheceu que gostaria que o Governo tivesse feito mais cortes do lado da despesa do que fez até agora.
A troika foi confrontada com a adopção de uma receita extraordinária este ano – a transferência do fundo de pensões dos bancários para a Segurança Social – que o Governo justificou com outras despesas extraordinárias não esperadas: 320 milhões de euros do BN e 277 milhões a um desequilíbrio orçamental na Madeira.

O relatório de avaliação da troika criticará esta opção, embora reconheça que se tratam de receitas extraordinárias para cobrir despesas extraordinárias.

Também Poul Thomsen, do FMI, foi claro sobre a importância de cortes de despesa: “Terá de haver cortes substanciais de despesa no Orçamento de 2012” embora tenha avisado que isso não chega: “Para os cortes serem sustentáveis, duradouros e não terem impacto no crescimento é essencial que sejam suportados também em reformas estruturais”.

MRA Alliance/JdN 

Da apendicite grega ao tumor hispano-italiano

quarta-feira, agosto 10th, 2011

A bolsa nova-iorquina interrompeu ontem um ciclo de quedas consecutivas, ao fechar com valorizações de mais de quatro por cento nos principais índices. Pouco antes do fecho da sessão, aconteceu a repentina valorização após a Reserva Federal (Fed) norte-americana ter anunciado que manterá as taxas de juro de referência próximas de zero por mais dois anos.

Entre os índices de referência, o Nasdaq Composite Index, que agrega empresas de base tecnológica, foi o que mais disparou: 5,295 por cento (para 2,482.520 pontos). O índice Standard and Poor’s 500 Index cresceu 4,741 por cento (para 1,172.530 pontos) e o industrial Dow Jones avançou 3,977 por cento (para 11,239.770 pontos).

Porém, o dia foi marcado por uma acentuada volatilidade nas bolsas europeias e norte-americanas. Wall Street abriu positiva, mas o disparo só foi visível no final da sessão, após o anúncio do Fed.

Imediatamente a seguir à divulgação da notícia, os mercados reagiram com apetite pelo risco. O Nasdaq subia pouco mais de um por cento, o índice S&P 500 valorizava 0,2 por cento e o Dow estava em terreno negativo. Os minutos finais da sessão foram determinantes para a recuperação.

Mas a recuperação de ontem será de curta ou de média duração? Em nossa opinião, os fundamentais das economias nacionais e das empresas cotadas nas bolsas dos dois lados do Atlântico não enganam: estamos na antecâmara de uma nova fase da crise sistémica de que temos vindo a falar, desde 2007 (ver  exemplos aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, aqui, ou aqui).

Contrariamente à reacção de ontem das bolsas norte-americanas, outras praças indicam que entraram no território dos mercados recessivos (bear market). Em Londres, o índice de referência FTSE 100 recuou 20%, desde Fevereiro. De 6091 pontos escorregou para 4855 pontos. O mesmo aconteceu em Hong Kong. O índice Hang Seng recuou 23% desde o último máximo, registado em 8 de Novembro passado.  Idêntica situação aconteceu na brasileira Bovespa  (-31%). Por outro lado, refira-se que o entusiasmo de ontem nas praças americanas está ensombrado pela acelarada perda de 18% nas cotações do índice S&P 500 registada nos últimos meses…

A decisão da agência de rating Standard & Poor´s de baixar a notação da dívida norte-americana de AAA para Aaa, na sexta-feira, na sequência do recente aumento, pelo Congresso, do tecto da dívida federal acima da fasquia de USD 14,3 trillion, apesar de ter precipitado a presente situação, é apenas mais um episódio do colossal descontrolo financeiro norte-americano. A crise não está controlada. Longe disso.

A decisão do Fed agora anunciada de manter as taxas de juro próximas de zero até 2013 é tudo menos uma boa notícia. Dinheiro fácil e escandalosamente barato é mau conselheiro. É um viveiro de bolhas especulativas. Das dotcom às hipotecas subprime insistimos em trilhar um caminho perigoso. De bolha em bolha até à definitiva implosão do sistema financeiro global. Sem pretendermos ser exaustivos, propomos uma olhada sobre os sinais. Alguns têm tanto de elucidativos como de preocupantes:  

  • Na bolsa de futuros Comex, após o anúncio do Fed,  as posições relativamente aos contratos de ouro subiram 1,8%,  fixando-se no novo recorde histórico de  1740 dólares a onça;
  • O banco J.P. Morgan emitiu ontem uma nota segundo a qual a cotação do ouro deverá atingir os 2500 dólares a onça até ao final do ano, enquanto o Goldman Sachs prevê que esteja nos 1730 dólares dentro de seis meses e nos 1900 dólares dentro de 12 meses;
  • O metal amarelo prossegue a sua escalada enquanto activo à prova de crises. Continua a ser o refúgio mais seguro que o dinheiro pode comprar nos tempos que correm. Esta opinião é partilhada por alguns governadores de importantes bancos emissores;
  • Nos dois últimos meses, o banco central da Coreia do Sul comprou 25 toneladas de ouro, aumentando em 17 vezes as suas reservas de metal amarelo. No mesmo período, também o banco central da Tailândia aumentou as suas reservas de ouro em 15,5%, tendo passado de 3523 milhões de onças, em Maio, para 4,07 milhões, em Junho. No princípio do ano, a Tailândia já adquirira 9,3 toneladas de ouro. A Rússia comprou 41,8 toneladas e o México 99,2 toneladas. A China anunciou no início do ano que pretende, até 2020, aumentar drasticamente as suas reservas de ouro.   Das actuais 1054 toneladas quer chegar às 8-10 mil toneladas;
  • Os juros implícitos (yield)  dos títulos dos EUA a dez anos baixaram de 2,32% para 2,28%, entre segunda e terça-feira;
  • Até agora, perante a visível deterioração do clima económico nos sete países mais industrializados (G7) e a profunda crise das dívidas soberanas europeias,  a maioria dos investidores e especuladores comprava, devido ao risco quase inexistente,  títulos do tesouro americano na expectativa de que se valorizassem. Porém, se em vez disso eles se depreciarem, como já está a acontecer,  tal pode significar que a bolha do mercado das obrigações norte-americanas está prestes a rebentar. As consequências serão trágicas para a economia global;
  • Desde 24 de Julho, o pânico generalizado em todos os mercados mundiais gerou perdas globais de USD 8,1 trillion (mais de metade do PIB dos EUA). Este valor  corresponde  a 14,8% da capitalização bolsista do mundo;
  • Em apenas cinco anos (2008-2012), o montante das obrigações de dívida vencidas, emitidas pelo Tesouro norte-americano, atingirá o gigantesco volume de USD 5,6 trillion.   A totalidade do crescimento da dívida do país, entre 1776 (ano da declaração de independência) e 2008, foi de 4,6 trillion. Obama vai ultrapassar em apenas cinco anos o que o conjunto dos seus 43 antecessores fez em… 232 anos!!!
  • O custo global das ajudas financeiras aos bancos e empresas financeiras dos EUA e da Europa, desde 2008, na realidade, ascende a quase USD 24 trillion, segundo a estimativa de Neil Barofsky, o inspector-geral do TARP (Troubled Asset Relief Program), o mega programa de resgate aprovado pela administração Bush e continuado pela administração Obama. Se compararmos este número com o do défice reconhecido pelo Tesouro (USD 14,7 trillion) ficamos com uma ideia mais realista da enormidade dos problemas a resolver quando for apresentada a factura para liquidação; 
  • Se tivermos em conta que o rácio dívida/PIB da Grécia já atingiu os 150%, e que os EUA estão a caminho de ultrapassar rapidamente a psicológica barreira dos 100%, as perspectivas para o biénio 2012-2013 são ainda mais negras. Os efeitos sobre a evolução do crescimento e do emprego serão devastadoras. Também o dólar, enquanto reserva cambial mundial,  terá o seu canto do cisne;

E o que nos reserva a Europa dos 17 (Zona Euro),  ou dos 27 (UE)? Será que o sonho europeu, idealizado nos anos 50 pelo eixo Bona-Paris, poderá, meio século depois,  vir a transformar-se no pesadelo do eixo Berlim-Paris? A prazo é bem possível. Para já, é avisado estarmos preparados para o pior (desintegração da UE e fim do euro).

Os altos dirigentes dos países membros mais ricos e a elite dos eurocratas têm pautado a sua actuação pela incapacidade de gerar consensos, de elaborar discursos coerentes, de afirmar um projecto europeu credível e sustentável e de ter a noção dos timings certos para agir.

Se no debate sobre a subida do tecto da dívida federal, os congressistas norte-americanos e o Presidente Obama deram aquele risível espectáculo de marcar o golo (chegar a acordo) no período de descontos (praticamente no fim do prazo), o que dizer dos líderes europeus? Com os sucessivos avanços e recuos e os constantes desmentidos das promessas feitas na véspera, uns e outros colocaram a Europa a jeito da voracidade vampírica dos mercados (leia-se especuladores).

O que ontem era uma simples apendicite grega, passou hoje a ser um desconfortável pólipo luso-irlandês, o qual, num futuro próximo, ameaça evoluir para um fatal carcinoma hispano-italiano. 

Deste lado do Atlântico, os meteorologistas da política e do dinheiro têm o dedo no botão de alerta de tsunami, atentos a alguns sinais dos chamados “mercados”:

  • Um editorialista do Financial Times escreveu ontem que o futuro da Europa depende da qualidade da defesa da Espanha e da Itália pelo triunvirato UE/BCE/FMI.
  • Embora  Madrid tenha apresentado “bons resultados” no combate ao défice e na flexibilização do mercado de trabalho, o articulista elege como positivo o facto de registar um superávit primário e de os seus empréstimos terem maturidades confortáveis. Como aspecto negativo é sublinhado o elevado peso da dívida (a terceira maior da Zona Euro), as tímidas medidas de combate ao défice e a crónica incapacidade do governo Berlusconi para fazer crescer a economia,  melhorar a capacidade  competitiva e combater o excesso de burocracia;
  • Esta análise, em nossa opinião,  peca por benigna já que passa ao lado de uma variável essencial da equação – a estratégia dos especuladores e as ferramentas de que dispõem para desestabilizar qualquer economia ou moeda, independentemente do seu peso e dimensão;
  • A manipulação pelos especuladores (privados e institucionais) de instrumentos derivativos, designadamente os famigerados seguros de incumprimento financeiro – Credit Default Swaps (CDS) -, levou à falência do banco Lehman Brothers, à nacionalização da seguradora AIG, à insolvência da Islândia e a severas crises cambiais nos anos 90 que atiraram para as cordas as moedas da Rússia, da Malásia, da Coreia do Sul, do México e por aí fora;
  • Ninguém sabe ao certo qual o montante global dos tóxicos CDS que infectam os balanços de sonantes nomes da banca europeia – do germânico Deutsche Bank, ao britânico Barclays, ao francês Paribas, passando pelo espanhol Santander e pelo italiano Unicredit – mas diversos especialistas dividem-se entre estimativas estratosféricas (trillions ou quadrillions);  
  • Certo é que, contrariamente ao que tem sido vertido em muitas páginas de jornais e revistas especializadas, existe o perigo real de um ou mais bancos europeus de grande dimensão poderem vir a ser atacados pelo vírus Lehman Brothers. Quando chegar a hora, lembrem-se  de trautear “Don’t cry for me Argentina”;
  • A França, para alguns inesperada e injustamente, está na berlinda desde sexta-feira, dia em que a S&P despromoveu a qualidade da dívida norte-americana. Comparativamente a outros países com notações triple A, os juros implícitos, os CDS e os níveis do défice que afectam a economia gaulesa são variáveis consideradas excessivas pelas maiores agências de rating;
  • Na próxima sexta-feira, a França publicará dados estatísticos sobre o crescimento da economia no segundo trimestre. A generalidade dos analistas prevê números desanimadores da ordem dos 0,2%, ou seja 0,7% abaixo do valor registado no primeiro trimestre;
  • Caso se confirmem as previsões, as campainhas de alarme alertarão para a dificuldade de a França conseguir, em 2013, atingir a prometida meta de reduzir o actual défice (7,15% do PIB) para menos de 3%;
  • O facto de os CDS sobre a dívida francesa serem superiores aos pagos pelos compradores de dívida emitida pelas autoridades do Peru, Indonésia, África do Sul e da República Eslovaca é motivo de preocupação não apenas para o governo francês. As lideranças da UE, do BCE e do FMI receiam que a equacionável perda pela França da notação AAA possa pôr em causa toda a arquitectura do Fundo Europeu de Estabilização Financeira (FEEF) e inviabilizar futuros resgates;
  • De  resto, os recursos do FEEF (750 mil milhões de euros) são considerados insuficientes para fazer face às necessidades prováveis dos resgates. Chegam para atender o conjunto dos actuais três “clientes” – Grécia, Irlanda e Portugal e eventualmente de Chipre.  Caso a Espanha ou a Itália sejam forçadas a usá-lo precisaria de ser generosamente recapitalizado.  De resto, há mesmo quem pense que o resgate da terceira e da quarta economias da UE, a Itália e a Espanha respectivamente, necessitaria de um novo Plano Marshall, mas agora com a inclusão dos países emergentes do G20 (China, Índia, Brasil, Arábia Saudita, etc.);
  • Para apimentar o cenário, o mês de Setembro promete ser crítico. A troika irá a Atenas fazer a avaliação de desempenho do governo na aplicação dos programas de resgate em curso e em fase de implementação. A instabilidade política e social em que a Grécia está mergulhada faz temer a obtenção de resultados aquém dos desejados pelos credores, com efeitos negativos na evolução da crise europeia;
  • Na Alemanha, a Chanceler Merkel enfrenta uma resiliente frente de forças políticas e de individualidades da coligação que lidera (CDU/FDP) que discordam abertamente dos acordos pró-resgate por ela validados em Bruxelas. O regresso de férias dos deputados do Bundestag promete acessos debates.
  • Conhecida a sua propensão para o “nim”, bem como para protelar até ao limite decisões urgentes, a senhora Merkel poderá viver dias difíceis e voltar a dar sinais errados aos mercados de dívida. Qualquer sinal de instabilidade e de laisser-faire dado pela Alemanha pode complicar ainda mais as já ténues possibilidades de controlo da situação;
  • Também em Setembro, algumas “cajas de ahorros” espanholas irão ao mercado tentar obter empréstimos. Num cenário de eleições antecipadas, de escalada dos juros da dívida soberana e de insuficientes taxas de crescimento económico, para além de uma elevada taxa de desemprego (superior a 20%), este segmento da banca espanhola terá uma missão espinhosa e de resultados duvidosos;

Se, como tudo indica, nada de enérgico e proactivo for feito, em Agosto, pelos líderes europeus que ditam as políticas da UE – Merkel e Sarkozy – chegaremos a Setembro com uma situação mais degradada. Talvez irremediavelmente…

Nesse caso, e se persistirem os ataques especulativos contra as dívidas espanhola e italiana, com uma insustentável subida das taxas de juro e dos CDS, o último trimestre promete ser um osso duro de roer.

Neste momento, ninguém, do BCE ao FMI, passando por outras instituições de idêntico calibre, dispõe de recursos para resgatar financeiramente países como a Espanha e a Itália. Se tal for imperativo, como vão os mandantes da economia mundial resolver o problema?

A resposta é simples. Ninguém sabe. Nem eles…

Pedro Varanda de Castro, Consultor

MRA Alliance

Dívida dos EUA sob forte ataque da China

domingo, agosto 7th, 2011

A China “tem agora todos os direitos de exigir que os Estados Unidos tratem do problema estrutural da sua dívida”, após a diminuição do rating da dívida soberana pela Standard & Poor’s, argumentou ontem a agência oficial Nova China, citada pelo Diário Económico.

“Os dias em que o Tio Sam, cheio de dívidas, podia facilmente esbanjar quantidades infinitas de empréstimos do estrangeiro parecem contados”, adiantou a Nova China, num primeiro comentário depois da agência de notação financeira ter diminuído para ‘AA+’ a classificação da dívida norte-americana. A S&P mantém o ‘outlook’ negativo, o que indicia a possibilidade de novas descidas.

A China, de longe o maior credor estrangeiro dos Estados Unidos, já tinha criticado o plano que evitou o incumprimento no pagamento aos credores do Tesouro dos EUA, afirmando que os problemas estruturais da dívida permanecem sem solução.

A S&P, a maior agência de notação do Mundo, deu a notação máxima [‘triple A’] aos EUA, pela primeira vez, em 1941, e não mais mexeu na avaliação da sua qualidade. Até à passada sexta-feira o ‘rating’ da dívida manteve a nota máxima ‘AAA’.

A S&P tinha avisado em 14 de Julho de que poderia castigar os EUA pelo contínuo decontrolo da despesa federal. Na altura, a agência ameaçou cortar o ‘rating’ “face à inexistência de um plano credível para baixar o défice” após o Congresso ter aprovado a subida do tecto de endividamento, superior a 14,3 biliões/triliões de dólares.

“A decisão de baixar o ‘rating’ reflecte a nossa opinião de que o processo de consolidação orçamental recentemente aprovado pelo congresso e pela Administração não é suficiente para estabilizar a dinâmica da dívida a médio prazo”, justificou agência numa nota enviada aos mercados.

MRA Alliance

Bolsa saudita cai 5,5 % um dia após o corte no rating dos EUA

domingo, agosto 7th, 2011

O principal índice da bolsa da Arábia Saudita, a primeira praça financeira a reagir à redução da notação da dívida soberana dos Estados Unidos, perdeu ontem 5,46% no fecho do mercado. A bolsa saudita, a mais importante do mundo árabe, funciona aos sábados. 

Segundo a agência France Presse, a forte baixa no índice TASI deve-se ao nervosismo dos investidores face à decisão tomada na passada sexta-feira pela agência de notação financeira Standard & Poor’s, de reduzir o “rating” dos Estados Unidos de AAA (nota máxima) para AA+.

Pela primeira vez na história, a notação da dívida soberana dos EUA foi reduzida por uma  das três agências de “rating” globais, sinalizando que é mais arriscado investir em títulos de dívida daquele país.

Entre os países árabes exportadores de petróleo, a Arábia Saudita é o maior credor dos EUA. No seu conjunto, os países da OPEP, em Maio passado, tinham investidos quase 230 mil milhões de dólares naqueles instrumentos financeiros, segundo dados do Departamento do Tesouro.

MRA Alliance/Agências