Miguel Poiares Maduro, professor catedrático especialista em Direito da União Europeia, venceu a edição bienal do Prémio Gulbenkian Ciência, que em 2010 foi dedicado às Ciências Sociais e Humanas. Maduro afirmou ao Ciência Hoje que o prémio dado a um jurista da área da investigação é o reconhecimento da importância do desenvolvimento de carreiras científicas no Direito”, mas foi cáustico – “a investigação realizada no nosso país é de cariz auto-referencial, pautada pela prática e pouco crítica”.
A “excelência” do trabalho do vencedor, sobretudo nos domínios do Direito da União Europeia e do estudo comparado do Direito Constitucional e do Direito do Comércio Internacional foi unanimemente reconhecida pelo júri, composto por constituído por Fernando Lopes da Silva, João Ferreira de Almeida, Jorge Gaspar, Jaime Reis e Luís Cabral.
Na opinião do jurista, o reconhecimento da dimensão internacional da sua carreira é uma prova de que o trabalho científico realizado em Portugal na área do Direito tem de se globalizar. Uma vez que “o trabalho científico é encarado como um sub-produto” e geralmente realizado por “juristas na prática do Direito”, quando é feito por “pessoas de fora da área é visto com desconfiança”, lamenta.
Embora reconheça que sempre houve “grandes juristas” no país, o professor do Instituto Universitário Europeu, em Florença (Itália), defende que a comunidade científica é “muito pequena, contaminada e dominada pela prática”, havendo a necessidade da sua internacionalização.
“O Direito é entendido, de uma forma errada, como uma área puramente nacional, o que reduz a comunidade científica, a crítica e o debate, pelo que internacionalizar é a única solução”, referiu. No entanto, o investigador acredita que este panorama pode ser alterado pela “nova vaga de juristas”, que “está a dar passos nesse sentido”.
MRA Alliance