
O número de postos de trabalho líquidos criados nos Estados Unidos em Outubro de 2007 foi de 166 000, acima das previsões (93 000), mas o índice de desemprego manteve-se nos 4,7% da população activa, informou ontem o Departamento de Trabalho, em Washington, D.C., U.S.A.
Os números e a metodologia
No entanto, os números do Governo também mostram que cerca de 250.000 pessoas deixaram de procurar trabalho. Para as estatísticas oficiais do emprego nos EUA contam apenas as pessoas que estão a trabalhar ou as que, tendo perdido o emprego, procuram uma nova actividade laboral. Quando um trabalhador por conta de outrém ignora a oferta de empregos, após seis meses, é eliminado das estatísticas federais e estaduais de desemprego. Assim, o relatório do governo estadunidense mostra que, entre Outubro de 2006 e 2007, o número de pessoas empregadas caiu de 146,125 milhões para 146 milhões (- 125 mil assalariados). A empregabilidade, no mesmo período, baixou de 63,6% para 62,7% (- 0,9%) e o número de desempregados aumentou. De 6,272 milhões passou para 7,245 milhões de pessoas (+ 973 mil pessoas desempregadas). Perante estes factos, causa alguma perplexidade que os media americanos e as agências estrangeiras, como a espanhola EFE, considerem que “o forte lucro líquido de empregos em Outubro e os dados sobre as remunerações” levem os analistas a concluir que “apesar da crise no sector imobiliário, iniciada há quase um ano, os Estados Unidos evitarão uma recessão económica.”
Sectores “empregadores” e “desempregadores”
Nos Estados Unidos, em Outubro, o sector fabril e a construção civil (pelo efeito da crise imobiliária) foram os principais sectores destruidores de emprego. Em contrapartida, os geradores de novos postos de trabalho foram no sector público, as escolas e os serviços de saúde. No sector privado, os principais empregadores foram os serviços empresariais, as empresas de outsourcing/pessoal temporário e a hotelaria/restauração. A remuneração horária média subiu três centavos (0,2%) em Outubro, para USD 17,58. Nos últimos 12 meses, aquele valor registou um crescimento de 3,8%.
Desemprego: comparação entre Estados Liberais e Estados Providência
O sector do emprego/desemprego, segundo a OCDE, é aquele onde as diferenças e vantagens/desvantagens são mais gritantes. Os países com sistemas sociais de orientação neoliberal, como os EUA e a Grã-Bretanha, praticam políticas de acentuados cortes e restrições de benefícios sociais com o argumento de que é a forma mais eficaz de desencorajar a dependência, o oportunismo económico e a preguiça laboral, forçando a população activa a procurar emprego e a receber menos subsídios, por períodos de tempo mais curtos. Ao contrário, os Estados Providência, como a França e a Alemanha, orçamentam nos seus gastos públicos generosos subsídios, entre outros benefícios sociais, sendo criticados pelos liberais de promover o desemprego e da inflecxibilidade dos seus mercados de trabalho. Enquanto um americano recebe apenas 6% do salário médio que usufruiu durante 60 meses (5 anos) um francês recebe 68%.
(pvc/OG’s/Agências)