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Especulador Soros aposta na saída da Grécia e de Portugal da Zona Euro

segunda-feira, agosto 15th, 2011

O multimilionário especulador em divisas e commodities George Soros, numa entrevista à revista alemã Der Spiegel, defende que Portugal e a Grécia devem abandonar a Zona Euro como melhor forma de salvar a moeda única.

“O problema grego foi tão maltratado que, neste momento, o melhor talvez seja mesmo uma saída ordeira. O mesmo se aplica a Portugal. A União Europeia e o euro sobreviveriam”, diz Soros. Nas entrelinhas pode inferir-se que o seu sentimento é favorável a manobras especulativas que forçem a subida dos juros das dívidas soberanas grega e portuguesa.

Soros, que nos anos 90 fez ajoelhar o Banco de Inglaterra com manobras especulativas que culminaram com a forte desvalorização da libra, veste agora a pele do especulador bom ao defender a proibição imediata dos derivativos financeiros CDS (Credit Default Swaps), a versão moderna da apólice de seguros de risco financeiro. O fundador do hedge fund Quantum Fonds classifica os CDS como “produtos financeiros altamente perigosos” porque “fomentam a especulação na queda” das divisas ou dos activos. 

Soros, por outro lado, faz uma crítica demolidora à passividade das decisões dos políticos em geral, que acusa de tomarem decisões “para apenas ganharem tempo”, e da chanceler alemã Angela Merkel em particular a quem atribuiu a responsabilidade pelo início da crise do euro. 

O mega especulador insiste na necessidade de os países da Zona Euro se entenderem sobre a emissão de eurobonds (títulos de dívida europeus). “Quer queiramos, quer  não, o euro existe. Para que funcione bem, os países da zona euro deverão poder refinanciar grande parte das suas dívidas nas mesmas condições. Essa tarefa cabe à Alemanha (…) com regras financeiras claras ditadas pelos alemães “, disse Soros.

“Infelizmente – acrescentou – a Alemanha tem sobre isto ideias esquesitas. Os alemães devem estabelecer regras que os outros possam cumprir. A países como Espanha deverão ser permitidos défices orçamentais cíclicos até que consigam recuperar”. 

O controverso financeiro jurou  ainda ao Der Spiegel que a sua intenção não é a de especular contra o euro. “Seguramente, não estou a apostar contra o euro”, porque “os chineses estão muito interessados numa alternativa ao dólar e farão tudo para ajudar os europeus a salvá-lo [a moeda única]”.

MRA Alliance

Eurobonds: Governo alemão dividido entre a rejeição e a tolerância

domingo, agosto 14th, 2011
O ministro das Finanças da Alemanha, Wolfgang Schäuble, manifestou-se contra as ajudas ilimitadas aos países da zona euro em situação de pré-default e advertiu que «não haverá uma salvação a qualquer preço». Schäuble voltou a refutar expressamente a fórmula de criar títulos de dívida europeus, os chamados eurobonds, numa  entrevista concedida ao «Der Spiegel», que estará nas bancas amanhã.
 
 „Rejeito os eurobonds, enquanto os Estados-membros prosseguirem políticas fiscais distintas, quando nós precisamos de usar as taxas de juro para podermos dar incentivos ou impôr sanções tendo em vista termos uma política fiscal sólida”, precisou Schäuble. 
 
 «Não haverá uma divisão de dívidas nem um apoio ilimitado. Existem certos mecanismos de apoio que desenvolveremos sob condições estritas», reafirmou na  entrevista ao semanário «Der Spiegel», que estará nas bancas amanhã, citada na edição de hoje do diário Frankfurter Allgemeine Zeitung (FAZ).
Em contrapartida, a notícia do FAZ dá conta da existência de uma tendência crescente no seio da coligação cristã-liberal CDU/CSU-FDP de adesão à emissão de títulos de dívida comuns aos países da Zona Euro.

“Nos círculos da coligação aumenta a percepção de que possivelmente a União Europeia não terá salvação caso não seja adoptada uma medida deste tipo, escreve o “Welt am Sonntag”, citando membros do governo”, esclarece o FAZ. 

“A solução até agora adoptada de resgatar Estados aflitos com pacotes de ajuda multimilionários está a chegar aos limites,” acrescenta o influente jornal de Frankfurt, conotado com os meios de negócios alemães.

MRA Alliance

BCE vai intervir em força nos mercados para travar crise

segunda-feira, agosto 8th, 2011

A reunião de emergência, via teleconferência, do Banco Central Europeu, segundo o relato de uma fonte citada pela Reuters, abordou as medidas a tomar para suster ataques especulativos contra as dívidas soberanas  de Itália e da Espanha.

A Itália já é vista como a próxima vítima da crise de dívida com a taxa de  juro a dez anos a superar, na sexta-feira, a ‘yield’ dos títulos espanhóis da mesma maturidade. 

Segundo aquela fonte, o BCE deverá começar a comprar obrigações de Espanha e Itália no mercado secundário para evitar que o contágio acelere a crise de dívida. No final da semana passada, o Governo italiano garantiu que o BCE prometeu iniciar a compra de obrigações do país no mercado secundário a partir de hoje.

“O sistema do euro vai intervir de uma forma muito significativa nos mercados e responder de uma forma coesa”, afirmou a fonte, acrescentando que brevemente o BCE divulgará um comunicado.

Também hoje a chanceler alemã Angela Merkel e o Presidente francês Nicolas Sarkozy emitiram um comunicado conjunto onde reafirmam o seu compromisso com as decisões tomadas na cimeira extraordinária da zona euro de Julho. Entre elas está a possibilidade de o fundo europeu de estabilização financeira (FEEF) comprar dívida dos países intervencionados no mercado secundário. Nesse sentido, os dois líderes sublinharam ainda a importância de os parlamentos nacionais aprovaram as medidas até ao fim de Setembro.

Merkel e Sarkozy congratularam-se com os recentes esforços de consolidação orçamental decidos por Madrid e Roma, frisando que “a rapidez de implementação das medidas anunciadas é fundamental para restaurar a confiança nos mercados”.

O executivo italiano anunciou ontem que vai acelerar as medidas de austeridade para cortar o défice orçamental para um valor abaixo dos 3% já em 2013, um ano antes do previsto. Berlusconi prometeu ainda introduzir na lei o mecanismos de equilíbrio orçamental orçamentos equilibrados, liberalizar o mercado de trabalho e vender activos.

A ministra de a Economia espanhola, Elena Salgado, garantiu este domingo que o Conselho de Ministros vai aprovar novas medidas para combater o défice, ainda em Agosto. Madrid quer introduzir melhorias na gestão do imposto sobre sociedades e flexibilizar o contrato a tempo parcial.

MRA Alliance/DE

EUA: Câmara dos Representantes aprova aumento do limite da dívida

terça-feira, agosto 2nd, 2011

A Câmara dos Representantes aprovou com 269 votos a favor e 161 contra a subida do limite do endividamento dos Estados Unidos. O último teste para o Congresso aprovar o acordo que evita a entrada dos EUA em incumprimento da dívida deverá ser superado esta terça-feira, na votação no Senado.

Na Câmara do Congresso onde os republicanos têm maioria, a dos Representantes, a votação acabou por confirmar o optimismo que foi tomando conta dos responsáveis democratas e republicanos ao longo do dia.

Apesar de restarem escassas horas para a data limite para a segunda Câmara do Congresso norte-americano fechar a votação sobre a subida do tecto do endividamento americano, o Senado apenas vai votar esta terça-feira (sem hora definida até ao momento) a proposta acordada entre a Casa Branca e a oposição para o aumento do nível da dívida pública para além dos 14,3 milhões de milhões de dólares (10,2 milhões de milhões de euros) atingidos em Maio passado.

Inicialmente, esperava-se que as duas Câmaras do Congresso, a dos Representantes e o Senado (de maioria democrata) dessem por terminado na segunda-feira o episódio da votação da subida do tecto legal do endividamento dos Estados Unidos em mais 2,4 milhões de milhões de dólares (1,6 milhões de milhões de euros).

O voto determinante pertenceu à Câmara dos Representantes, já que os conservadores do Tea Party não estavam convencidos a votar favoravelmente ao acordo e restavam ainda alguns democratas por convencer.

Mesmo assim, a aprovação do aumento do nível da dívida foi sendo dado como praticamente assegurada na Câmara dos Representantes, depois de alguns cépticos terem dito que votariam “sim” apesar de discordarem do acordo na totalidade.

Depois de meses de braço-de-ferro entre democratas e republicanos, as partes acordaram um aumento do limite legal em duas fases (uma cedência aos republicanos) que prevê um corte na despesa como contrapartida de uma primeira subida do tecto da dívida.

Caberá, depois, a um comité onde têm assento democratas e republicanos apresentar ao Congresso um plano de redução do défice, que, no caso de não conseguir a aprovação no plenário, fará accionar um outro plano – de poupança.

Até aqui, para contornar o facto de já ter atingido o limite da dívida, o Tesouro tem recorrido a medidas extraordinárias, mas Washington tinha dado 2 de Agosto como a data para fazer aprovar um acordo que não fizesse o Governo suspender os pagamentos nos primeiros dias de Agosto por falta de liquidez.

MRA Alliance/Público

Obama e democratas correm contra o tempo para evitar default

domingo, julho 31st, 2011

Os líderes democratas do Congresso reuniram-se neste sábado com o presidente Barack Obama, numa tentativa desesperada para conseguir um acordo com a oposição republicana para evitar que os Estados Unidos fiquem sem dinheiro para pagar as dívidas aos credores [default]. Se tal vier a acontecer, a partir de terça-feira, as consequências serão desastrosas para o país e para a economia mundial.

O senador Harry Reid, que lidera os democratas de Obama no Senado, onde tem maioria, e a líder da minoria democrata na Câmara dos Representantes, Nancy Pelosi, reuniram-se durante uma hora e meia na Casa Branca. Nenhum dos dois líderes democratas no Congresso falou sobre os resultados da reunião. 

A Câmara dos Representantes, dominada pelos republicanos, rejeitou ontem por 173 votos contra 246 o projeto de Reid para evitar o incumprimento financeiro do país. A rejeição ocorreu depois de na sexta-feira o Senado, dominado pelos democratas, ter votado contra o projecto de lei republicano.

“Há muitas formas de sair desse impasse. Mas resta-nos pouco tempo”, advertiu Obama na sua mensagem semanal, este sábado, enquanto o Congresso mantinha uma agitada sessão de fim de semana, antes do vencimento do prazo, em 2 de agosto.

Boehner e o líder da minoria republicana no Senado, Mitch McConnell, manifestaram-se “confiantes” de que se chegará a um acordo com a Casa Branca antes de terça-feira. “Apesar de nossas diferenças, acredito que tratamos com gente razoável, responsável e que quer colocar fim a esta crise”, disse Boehner numa conferência de imprensa.

Obama declarou que um eventual default poderá fazer com que as agências de rating rebaixem a nota da dívida americana, o que aumentará os juros e afetará a já frágil recuperação económica. A agência Moody’s disse na sexta-feira que dava aos Estados Unidos mais de uma chance de conservar a nota máxima “AAA” associada à sua dívida pública.

A economia americana alcançou seu teto legal da dívida de 14,3 trilhões de dólares (ou seja, quase 100% do PIB) em 16 de maio, e utilizou gastos e ajustes de contabilidade para continuar operando, mas só poderá continuar a fazê-lo até à próxima terça-feira.

MRA Alliance/AFP

Presidente do BPI arrasa plano da ‘troika’ para a banca

terça-feira, julho 26th, 2011

O presidente do BPI critica o programa de ajustamento da ‘troika’ para o sector bancário. Fernando Ulrich foi peremptório: “lamento dizer mas o plano da ‘troika’ para o sector financeiro não tem sentido e por isso tem de ser repensado”.

O presidente do BPI enumera os problemas das metas que a ‘troika’ exigiu aos bancos a curto prazo. “Desde logo a questão do ‘core capital’ que era de 7%, passou para 9% e vai passar para 10%. Assim está sempre a faltar capital”. Depois lembrou que 50% dos activos do BPI são créditos de médio e longo prazo (a 30 anos) que foram concedidos no pressuposto de um ‘core capital’ de 4% e não da exigência de um ‘core capital’ de 10%”. Não foi por acaso, diz Ulrich, que “Basileia III deu calendários de 10 anos para a banca se adaptar às novas regras”.

Este programa é, na opinião do banqueiro, incompatível com as medidas adoptadas pela União Europeia na semana passada onde “finalmente foi reconhecido que os bancos não vão voltar ao mercado tão cedo”.

“Um dos argumentos que tem sido apresentado a favor de conceder mais capital aos bancos é o regresso ao mercado de capitais. Mas gostava de chamar a atenção: enquanto me lembrar do que o mercado de capitais me fez, não quero voltar ao mercado tão cedo. Não podemos estar reféns do mercado, que este é por definição ganancioso”, afirmou. O programa da troika só não é pior, diz Ulrich por causa do Banco de Portugal.

MRA Alliance/DE

Impasse no acordo para aumento da dívida dos EUA em perigosa contagem decrescente

sábado, julho 23rd, 2011

O presidente norte-americano, Barack Obama, confirmou hoje o fracasso das negociações sobre o aumento da dívida do país com o líder republicano da Câmara dos Representantes, garantindo que o caminho que propôs era “extremamente justo”.

O Tesouro norte-americano preveniu que, sem que o limite da dívida seja elevado pelos eleitos até 2 de Agosto, os Estados Unidos ficam sem capacidade de fazer face às suas obrigações, o que poderá ter consequências perigosas para a economia.

Os norte-americanos “estão indignados pela incapacidade do Congresso em agir”, afirmou Obama, numa declaração à imprensa, em que também convocou os responsáveis do Congresso para uma reunião sábado de manhã, noticia a AFP, citada pelo Público.

Na sua declaração, o presidente norte-americano afirmou ainda que está preparado para assumir “sozinho” a responsabilidade de aumentar o limite da dívida, medida que pretende evitar que a maior economia do mundo entre em incumprimento já a 2 de Agosto.

O líder republicano da Câmara dos Representantes, John Boehner, tinha já anunciado que vai dar por concluídas as negociações com Barack Obama sobre o aumento do limite da dívida norte-americana, por não ter entrado em acordo com o Presidente.

Boehner repetiu hoje, numa carta dirigida aos seus colegas na Câmara dos Representantes, que um acordo com Obama “nunca foi atingido e nunca esteve próximo”, pelo que não foi possível chegar a um entendimento com o Presidente norte-americano, devido às “diferentes visões para o país”.

A dívida bruta federal, de cerca de 14,3 biliões de dólares (9,9 biliões de euros), atingiu em meados de maio o limite máximo autorizado pelo Congresso e o défice orçamental deve atingir os 1,6 “triliões” de dólares (1,108 biliões de euros) este ano.

MRA Alliance

Dívida: Europa vai aliviar condições financeiras do resgate aos periféricos

quinta-feira, julho 21st, 2011

A cimeira extraordinária  dos líderes da zona euro, em Bruxelas, sobre o novo resgate à Grécia, aprovou condições e modalidades financeiras menos pesadas e mais amplas, que poderão igualmente favorecer Portugal e a Irlanda, de acordo com o esboço do documento final da reunião.

Portugal deverá assim beneficiar de uma redução das taxas de juro que poderá aplicar-se às tranches dos empréstimos futuros, ou mesmo às taxas dos empréstimos já contratados. No entanto,  a actual versão do documento ainda é inconclusiva sobre a matéria.

As condições hoje acordadas para os empréstimos do Fundo Europeu de Estabilidade Financeira (FEEF) prevêem o alargamento do prazo do novo empréstimo concedido à Grécia – entre os 7,5 e os 15 anos -, tal como a redução da taxa de juro de 4,5 para 3,5 por cento.

Por outro lado, os 17 países membros da zona euro, deverão dar luz verde à utilização do FEEF para a compra de dívida no mercado secundário, uma alternativa até agora firmemente rejeitada pela Alemanha.  No entanto, segundo um diplomata europeu, citado pelo Público, esta possibilidade só deverá ser admitida para a Grécia, que poderá reduzir por esta via uma parte do volume da dívida.

A questão mais difícil das negociações, o envolvimento dos credores privados no novo pacote de ajuda à Grécia, deverá ser resolvida no quadro de um acordo que está a ser concebido com os principais banqueiros europeus que também participam na cimeira. 

Admite-se a possibilidade de os bancos aceitarem a reestruturação da dívida grega, nos próximos cinco anos, com uma perda de 20% em juros e capital, para um valor a rondar os 150 mil milhões de euros.

MRA Alliance/Agências

Ministro britânico diz que Grécia está «claramente insolvente»

quinta-feira, julho 21st, 2011

O ministro britânico do Comércio, Vince Cable, disse hoje que a Grécia se tornou «claramente insolvente» e que os países da zona euro terão de aceitar que Atenas não poderá reembolsar as dívidas na íntegra. «Os gregos estão claramente insolventes. Tornou-se evidente desde há algum tempo, e os países da zona euro não podem ignorar esse problema. Eles vão ter de reconhecer que parte das dívidas [deverá ser] apagada», declarou Vince Cable à cadeia televisiva Sky News.

Por outro lado, Cable frisou que o fracasso da Grécia aumenta exponencialmente os perigos para a economia britânica, já que a zona euro absorve metade das exportações britânicas: «Não sabemos que impacto teria um incumprimento de pagamentos a grande escala, mas isso seria evidentemente muito perigoso e penso que isso implica sobretudo que devemos começar a endireitar os nossos próprios bancos e a reformá-los.”

MRA Alliance/Agências

Merkel e Sarkozy de acordo sobre novo resgate grego

quinta-feira, julho 21st, 2011

A chanceler alemã, Angela Merkel, e o Presidente francês, Nicolas Sarkozy, chegaram a acordo esta madrugada sobre uma nova ajuda à Grécia, com o apoio do presidente do Banco Central Europeu (BCE), Jean-Claude Trichet.

Nas cerca de sete horas de reunião, em Berlim, para debater a crise da dívida na Europa, Sarkozy e Merkel «acordaram uma posição comum que foi transmitida ao presidente do Conselho Europeu, Herman Van Rompuy, para integrar estes elementos nas suas consultas preparatórias da reunião dos líderes da Zona Euro», que terá hoje lugar, em Bruxelas, refere um comunicado da presidência francesa.

Também o porta-voz do governo alemão, Steffen Seibert, informou que Merkel e Sarkozy estão determinados em aprovar o resgate grego e que o seu plano foi discutido com o presidente do BCE, que se juntou à reunião em Berlim, como com o presidente do Conselho Europeu, por telefone.

MRA Alliance/Agências

Portugal: Exposição à dívida soberana é o maior risco da banca portuguesa, diz Fitch

quarta-feira, julho 20th, 2011

A exposição da banca portuguesa à dívida soberana do País é significativa, estando compreendida entre 59% e 183% do “core capital”. O alerta é lançado pela agência de “rating” Fitch no seu terceiro relatório dedicado à análise dos testes de stress, cujos resultados foram divulgados na semana passada. Os quatro bancos portugueses submetidos aos testes de resistência – Grupo BES, BPI, BCP e CGD – passaram nas provas.

A Fitch salienta que todos os bancos poderão ser significativamente afectados por um potencial “haircut” de 25% sobre a dívida soberana apresentada nos balanços. Essa dívida tem, na sua grande maioria, maturidades de médio prazo. “Haircut”, recorde-se, é a perda de capital e/ou juros resultante da renegociação da dívida ou do incumprimento no pagamento dos juros ou reembolsos.

Segundo o relatório da agência norte-americana de rating, o rácio “Tier 1” resultante cairia para 3,7% no caso do BPI, para 4,6% na CGD e para 4,7% no Millennium bcp. “Isto sublinha a vulnerabilidade do capital aos choques soberanos e a necessidade de um reforço adicional dos seus níveis de capital devido aos crescentes receios em torno da dívida soberana”, refere o documento.

A agência espera que os bancos nacionais reforcem os seus rácios de capital. , Os bancos deverão ter um “Core Tier 1” de 9% no final de 2011 e de 10% no final de 2012. “Se os bancos não conseguirem [estes níveis], terão de recorrer ao fundo de recapitalização de 12 mil milhões de euros providenciado pela UE e pelo FMI no âmbito do pacote de resgate a Portugal no valor de 78 mil milhões de euros”, diz a Fitch .

A agência norte-americana conclui dizendo que os “ratings” para a dívida de longo prazo dos bancos portugueses continuam sob vigilância negativa.

MRA Alliance/Agências

Crise não ficará resolvida na cimeira de quinta-feira, avisa Merkel

terça-feira, julho 19th, 2011

A chanceler alemã não vai ceder na cimeira de líderes europeus agendada para quinta-feira e corre o risco de ficar na história como a primeira presidente da comissão liquidatária do euro e, eventualmente, como a coveira da União Europeia

“Existem outros passos necessários que têm de ser tomados e não é uma solução espectacular que vai resolver todos os problemas”, afirmou Angela Merkel, em conferência de imprensa, ao lado do presidente russo Demitry Medvedev.

Segundo a Reuters, a líder alemã considera que a solução dos problemas da zona euro têm de vir “de dentro”, através da redução da dívida e do aumento da competitividade.

As declarações de Merkel surgem dois dias antes da cimeira extraordinária de chefes de Estado e de Governo da zona euro, em Bruxelas, onde será debatida a crise de dívida e de onde muitos esperam decisões concretas e eficazes para a resolver.

MRA Alliance/DE

Juro grego a dois anos perto dos 40%

terça-feira, julho 19th, 2011

A ‘yield’ dos títulos de dívida da Grécia a dois anos subiu hoje 300 pontos base para um novo recorde, face à incerteza sobre o segundo resgate ao país, que será discutido na cimeira europeia extraordinária de quinta-feira, em Bruxelas.

Os títulos de dívida gregos a dois anos tingiram 39,13%, um novo máximo desde que a Grécia entrou para a zona euro. No mesmo sentido, seguem as taxas a cinco, oito e nove anos, que galgaram até aos 21,766%, 20,376% e 19,496%, respectivamente.

Apesar deste clima de alta tensão, a Grécia conseguiu vender hoje 1,25 mil milhões de euros em títulos a três meses no mercado primário a uma taxa média ponderada de 4,58%, ligeiramente abaixo dos 4,62% registados no último leilão comparável realizado a 21 de Junho.

Hoje, as autoridades gregas informaram que a taxa de desemprego em Abril atingiu os 15,8% , mais 3,9 pontos percentuais face ao mesmo período do ano passado.

MRA Alliance/DE

Dívida: Juros disparam para níveis incomportáveis

terça-feira, julho 19th, 2011

O efeito dos resultados dos testes de stresse à banca da zona euro foi nulo no mercado secundário dos títulos soberanos face às incertezas sobre as resoluções que serão tomadas na reunião de 5ª feira dos ministros das Finanças dos 17 países membros da zona euro (Eurogrupo).

As yields (juros implícitos) dos títulos da dívida pública dos seis países da zona euro sob observação destes mercados financeiros (Grécia, Portugal, Irlanda, Espanha, Itália e Bélgica) voltaram a registar subidas significativas, com particular destaque nas variações diárias para os juros dos títulos gregos a 2 anos e dos juros a 2 e a 3 anos das obrigações espanholas e dos títulos italianos.

A Grécia está, de novo, com juros recordes a 2 e a 3 anos; os primeiros fecharam em 35,9% e os segundos em 34,54%, segundo dados da Bloomberg. Entretanto, o custo dos credit default swaps (seguros financeiros contra o risco de incumprimento) ligados à dívida grega ultrapassaram os 3000 pontos base, atingindo 3051,79 pontos base, com uma probabilidade de bancarrota de mais de 88%, segundo dados da CMA DataVision.

Os juros das obrigações do Tesouro (OT) portuguesas atingiram quase 21% na maturidade a 3 anos e ficaram em 20,36% na maturidade a 2 anos. A pressão concentra-se nestas duas maturidades mais próximas refletindo o temor de um default num horizonte próximo, em contraste com o comportamento dos juros nas OT a 5 e a 10 anos que estiveram em baixa. Os juros das OT a 10 anos fecharam em 12,67%, um valor que é superior ao máximo de 12,17% ocorrido em abril de 1995, antes da adesão ao euro. A probabilidade de incumprimento da dívida subiu para 64,31%, tendo fechado na sexta-feira em 62,74%.

Os juros dos títulos irlandeses a 2 e a 10 anos – os que estão a ser transacionados no mercado secundário – estão a níveis superiores aos das OT portuguesas com as mesmas maturidades. Fecharam em 23,22% para as maturidades a 2 anos e em 14,08% para as maturidades a 10 anos. O risco de default do tigre celta também continuou a subir, estando em 63,65%.

Espanha e Itália assistiram hoje a uma enorme pressão nos títulos a 2 e 3 anos. Mas o facto do dia, que chamou à atenção dos analistas, foi a ultrapassagem, de novo, da barreira dos 6%, no caso das obrigações espanholas (OE) a 10 anos (que fecharam em 6,32%), e a aproximação a esse nível por parte dos juros a 10 anos dos títulos italianos (que fecharam em 5,97%). Os juros dos títulos espanhóis e italianos estão, agora, em valores muito próximos; e no caso dos juros dos títulos italianos a 2 anos já são superiores aos juros das OE com a mesma maturidade. A probabilidade de default para Espanha subiu para 28,6% e da Itália para 25,23%.

Também os juros dos títulos belgas estiverem em alta, ainda que em patamares muito mais baixos.

Em total contraste, os juros dos títulos alemães, os Bunds, continuaram em baixa, o que ainda alarga mais o spread (diferença) em relação aos juros dos “periféricos”. No entanto, hoje o risco de default da dívida alemã esteve a subir, fechando a um nível de 5,6%, o que contrasta com 4,7% há uma semana.

À subida no risco de incumprimento e nas yields dos “periféricos” correspondeu uma vaga de crashes nas bolsas europeias, com quedas acima de 2% nos casos dos índices CAC 40 (francês), MIB italiano, PSI 20, Bel 20 (belga), OMX finlandês, OMX de Estocolmo (sueco), húngaro, austríaco e polaco.

A subir, também, o preço da onça de ouro que fixou novo máximo histórico acima de 1600 dólares e da prata que subiu quase 4% para 40,61 dólares por onça (ainda que distante do máximo histórico de 1981 nos 49,45 dólares). O ouro valorizou-se já 16% nos últimos seis meses e 33% no último ano, uma boa valorização, mas mesmo assim abaixo da prata: 35% nos últimos seis meses e 121% nos últimos doze meses.

MRA Alliance/Expresso

Itália: Mais austeridade num país com mais de oito milhões de pobres

sexta-feira, julho 15th, 2011

A Itália contava, no final de 2010, mais de oito milhões de pobres, anunciou hoje o Instituto de Estatísticas italiano (ISTAT), dia em que o parlamento vai aprovar um plano de austeridade para tentar poupar 79 mil milhões de euros.

De acordo com os últimos dados, 8.272.000 italianos, ou 13,8 por cento da população, são considerados “relativamente pobres”, com um rendimento inferior a 992,46 euros por mês para duas pessoas. No final de 2009, 7,81 milhões de italianos (13,1 por cento) eram “relativamente pobres”.

A pobreza relativa aumentou nas famílias de cinco ou mais membros, passando de 24,9 por cento para 29,9 por cento, nas famílias monoparentais (de 11,8 para 14,1 por cento), nas famílias com três filhos ou mais menores de idade e nos agredados de idosos nos quais apenas um elemento recebe uma reforma.

A Itália conta também 3,129 milhões de pessoas, 5,2 por cento da população, a viver numa situação de “pobreza absoluta”. Este número estabilizou relativamente a 2009, quando estas pessoas eram 3,074 milhões.

A “pobreza absoluta” caracteriza-se pela impossibilidade de pagar bens e serviços considerados essenciais para ter um nível de vida «minimamente aceitável» e varia em função da tipologia familiar e das zonas – o custo de vida é mais barato no sul do que no norte do país.

MRA Alliance/DN 

Bancos portugueses passam nos testes de “stress”

sexta-feira, julho 15th, 2011

O Espírito Santo Financial Group, BCP, CGD e BPI, cerca de 70 por cento do mercado português, são quatro dos bancos europeus cujos resultados foram considerados suficientes para passarem nos testes de “stress” a que foram sujeitos pela Autoridade Bancária Europeia (ABE).

Ao todo a ABE efetuou testes a 91 bancos, ou seja, 65 por cento dos ativos bancários na Europa, cujos resultados serão divulgados hoje à tarde, altura em que será conhecido um sumário e a publicação dos resultados em termos de crédito e exposição às dívidas públicas pela ABE.

Sabendo desde já cada um dos bancos portugueses de forma individual que passou no respetivo teste, falta agora saber em que posição surgirá na lista global cada uma das entidades sabendo-se que quanto mais distante dos cinco por cento ficar o rácio, melhor o avaliado será visto aos olhos dos mercados.

Ao nível europeu soube-se já ontem que entre os 91 bancos que se submeteram aos testes de “stress” da Autoridade Bancária Europeia, chumbaram um banco alemão e cinco espanhóis.

Os testes foram conduzidos pela ABE, em conjunto com as autoridades supervisoras nacionais, a Administração Europeia de Risco Sistémico (AERS), o Banco Central Europeu (BCE) e a Comissão Europeia.

Em 2010, as quatro entidades portuguesas obtiveram avaliação positiva, tendo o BPI ficado com a melhor nota, ou seja, o mais resistente ao pior cenário, seguido pelo BCP, CGD e ESFG.

MRA Alliance/RTP

Berlim pressiona BCE a admitir default grego

quinta-feira, julho 14th, 2011

O Banco Central Europeu está sob forte pressão da Alemanha para mudar de tom e explicar como vai manter a torneira aberta à Grécia mesmo que o país não honre as suas obrigações e seja forçado a entrar em incumprimento parcial.

Este braço-de-ferro ficou bem exposto no recente Eurogrupo, onde se abriram várias portas a uma reestruturação grega, e continua a subir de tom com a indicação de que a chanceler Angela Merkel se recusa a participar numa cimeira sem resultados. A revisão do Fundo de socorro europeu ainda não está concluída e o encontro seria sempre inconclusivo se o BCE não validasse um ‘default’ grego.

Analistas e fontes diplomáticas recordavam ontem que há várias soluções no quadro da actuação dos bancos centrais para segurar a economia grega após um incumprimento. O problema, como já alertou o membro do BCE, Lorenzo Bini-Smaghi, é que um ‘default’ sairia muito mais caro aos contribuintes europeus. A nível técnico, a primeira solução de financiamento pode vir de uma assistência de emergência de liquidez através dos bancos centrais.

Herman Van Rompuy, presidente do Conselho Europeu, insiste na reunião. Tentou apresentar esta cimeira extraordinária em Madrid e depois em Lisboa, apontando para sexta-feira, mas Berlim continua a invocar problemas. Wolfgang Schaüble, o ministro alemão das Finanças, disse ontem que não há razão para tomar “decisões apressadas” visto que a Grécia tem “financiamento garantido até Setembro”, mas admite que um tal encontro pode ser preciso para dar “um sinal psicológico” aos mercados, caso não o tenham percebido com a declaração do Eurogrupo.

Mas os mercados devem ter percebido bem esse sinal porque continuaram ontem a penalizar os países periféricos, receando que estes sigam o caminho da Grécia – depois de rotular a dívida portuguesa como “lixo”, a Moody’s fez o mesmo à Irlanda.

A irritação entre os líderes dos periféricos é patente nas palavras do líder espanhol que acusou de forma velada a Alemanha de atiçar o contágio. Mas a consequência é mais aperto, até porque estes países não têm, nesta fase, qualquer margem negocial no Conselho. Por exemplo, a ministra espanhola, Elena Salgado, aceitou a contragosto empurrar a Grécia para o incumprimento e quando chegou a Madrid admitiu necessidade de novos cortes. “O tecto de despesa [para 2012] pode ser inferior ao apresentado agora” que já implica um corte de 3,8%. “É mais necessário do que nunca demonstrar o nosso compromisso com a austeridade”, explicou, saudando o facto de o país não ter previsto ir ao mercado esta semana.

MRA Alliance/DE

Moody’s coloca rating dos EUA sob vigilância negativa

quarta-feira, julho 13th, 2011

A agência de notação colocou o rating de ‘AAA’ dos Estados Unidos sob revisão para possível downgrade, pela primeira vez desde 1995. Os Estados Unidos têm “triplo A” desde 1917.

A Moody’s justifica a decisão com a falta de consenso político em relação ao aumento do limite do endividamento dos Estados Unidos, actualmente em 14,3 biliões de dólares, que pode levar  o país a uma situação de default.

Os ratings “triplo A” das instituições financeiras directamente ligadas ao governo norte-americano, incluindo a Fannie Mae e a Freddie Mac, também foram colocados em vigilância negativa.

A Standard & Poor’s colocara o ‘rating’ dos EUA sob vigilância negativa a 18 de Abril, alertando que o país perderia a nota máxima a menos que os responsáveis políticos acordassem um plano para reduzir o défice e a dívida nacional até 2013.

O porta-voz da Câmara baixa do Congresso, John Boehner, disse hoje que não há garantias de que o limite do endividamento dos Estados Unidos seja aumentado se não houver um acordo até 2 de Agosto. “É arriscado”, disse, citado pela Associated Press.

MRA Alliance/DE

Agência chinesa prepara-se para baixar rating da dívida dos EUA

quarta-feira, julho 13th, 2011

A agência de rating chinesa Dagong anunciou hoje que está a poderar a possibilidade de rever em baixa a notação da dívida soberana dos Estados Unidos independentemente de o Congresso chegue a acordo sobre aumento dos limites de endividamento.

“Se o limite da dívida for aumentado e a dívida pública continuar a aumentar isso continuará a prejudicar a capacidade de pagamento da dívida norte-americana, que é um dos factores chave da nossa avaliação, pelo que consideraremos o abaixamento da notação em conformidade,” disse Guan Jianzhong, presidente e CEO da Dagong.

“Caso não seja aprovado o aumento do limite de endividamento e os EUA ficarem confrontados com a possibilidade de incumprimento, o rating será reduzido de forma imediata e substancial,” acrescentou Guan.

Actualmente o rating da Dagong para a dívida norte-americana é de A+, bastante mais baixa do que a notação AAA (triple A, valor máximo) atribuída pelas suas congéneres americanas.

MRA Alliance/China Daily

EUA: Dívida de latão com rating de ouro

quarta-feira, julho 13th, 2011

A dívida pública dos EUA ultrapassa os 14 triliões (mil biliões) de dólares, quase igual ao Produto Interno Bruto (PIB), mas as finanças do país goza do rating mais elevado do mundo por poder fabricar dólares a seu bel prazer.

Os Estados Unidos registam uma dívida equivalente a 98% da riqueza produzida e um défice orçamental de 9%. No entanto, as três agências de rating que dominam o mercado mundial – S&P, Moody’s e Fitch – dão-lhe a nota máxima (AAA), considerando practicamente nula a possibilidade de o país não pagar o que deve aos credores.

Este ano, a dívida pública norte-americana deverá ultrapassar os 15 triliões (mil biliões)  de dólares, devendo crescer até aos 20 triliões (mil biliões), em 2016.

De acordo com as previsões orçamentais da administração Obama, o défice norte-americano vai atingir o valor mais alto de sempre este ano. A redução só começará a partir de 2012, sobretudo à custa do aumento da receita.

MRA Alliance/AF

Moody’s corta rating da Irlanda para “lixo”

quarta-feira, julho 13th, 2011

A agência de notação Moody’s, à semelhança do que recentemente fizera a Portugal e à Grécia, baixou hoje em um escalão o rating da dívida soberana da Irlanda, passando do nível Baa3 para Ba1, considerado “lixo”.

A agência, em comunicado, justifica a decisão com a “crescente possibilidade” de o governo irlandês necessitar de “mais financiamento”
quando o atual fundo de ajuda da União Europeia e do Fundo Monetário Internacional acabar em 2013.

Para receber financiamento adicional e poder regressar ao “mercado privado”, também é provável que necessite da “ajuda do sector de
crédito privado”, acrescenta a nota.

MRA Alliance/Agências

EUA: Obama considera “inaceitável” recusa de aumento do tecto da dívida

segunda-feira, julho 11th, 2011

O Presidente norte-americano afirmou hoje que “não será aceitável” impedir o aumento do tecto da dívida do país e manifestou a intenção de se reunir “todos os dias” com a oposição para evitar uma situação de incumprimento pelos EUA. “Estamos todos de acordo em aproveitar esta ocasião para decidir algo de significativo sobre a dívida e os défices”, disse Barack Obama.

Ao dirigir-se aos republicanos, maioritários na Câmara dos Representantes (câmara baixa do Congresso dos EUA), Obama disse desejar um acordo “importante e o melhor possível” para a dívida dos Estados Unidos, e advertiu os seus adversários que são indispensáveis concessões mútuas.

MRA Alliance/Agências

Portugal: Risco de bancarrota galga de 11,7% para 57%

sexta-feira, julho 8th, 2011

O custo dos credit default swaps (cds, derivados financeiros que funcionam como seguros contra o risco de incumprimento) ligados à dívida soberana portuguesa ultrapassaram ontem o limiar dos 1000 pontos base, fixando um máximo de valor de fecho em 1023,63 pontos base. Hoje o Expresso faz as contas e publica a cronologia de uma bancarrota (quase) anunciada, recorrendo a dados da da CMA DataVision, relativos ao primeiro e último trimestres desde 2009.

1º trimestre de 2009: o risco de default finalizou em 11,7%, o custo dos cds fecharam em 139,6 pontos base, e Portugal ocupava o 25º lugar no ranking dos países com maior probabilidade de entrar em incumprimento.

4º trimestre de 2009: o risco baixou para 6,2%, o custo dos cds contraiu-se significativamente para 74 pontos base, e Portugal desceu substancialmente para 47º lugar no ranking. Nada faria, aparentemente, prever a tormenta que se desencadearia no ano seguinte.

1º trimestre de 2010: o risco subiu de novo para 11,7%, o custo dos cds estava em 139,6 pontos base e Portugal subiu para 26º lugar, uma situação quase similar à do início de 2009. Neste trimestre, a Moody’s a 13 de janeiro veio falar da “morte lenta” da Grécia e de Portugal, amalgamando as duas situações, apesar da Grécia ter 25% de risco e estar em 9º lugar no ranking.

4º trimestre de 2010: o risco continuou a subir e fixou-se em 35,9%, o custo dos cds aumentou para 497,3 pontos base, e Portugal galgou 22 lugares no ranking, posicionando-se em 4º lugar (depois da Grécia, Venezuela e Irlanda).

1º trimestre de 2011: o risco prosseguiu a subida até 40,1%, o custo dos cds passou para 578,6 pontos base, e Portugal conservou o 4º lugar no ranking.

Hoje, já depois da assinatura do memorando de entendimento com a troika em maio, o risco de default fechou em 57,01%, o custo dos cds em 1023,63 pontos base (tendo estado inclusive ao final da manhã em 1065,49 pontos base antes do “efeito Trichet”), e Portugal subiu para o 2º lugar do ranking.

No espaço de dois anos e meio, o custo dos cds multiplicou por 7 vezes e a probabilidade de default aumentou quase 45 pontos percentuais, ou seja multiplicou quase por 5.

MRA Alliance

Marcelo diz que caso Moody’s encaixa na “estratégia americana contra o Euro”

sexta-feira, julho 8th, 2011

Marcelo Rebelo de Sousa considerou hoje que a descida do ‘rating’ de Portugal se insere numa estratégia dos Estados Unidos contra o Euro e favorável ao Dólar, defendendo que “há muito” que devia existir uma agência de notação europeia, escreve o Diário de Notícias

“Para mim, é evidente que isto entra numa estratégia americana contra o Euro e contra a Europa, em que as agências de ‘rating’ têm um papel muito importante, são americanas, puxam pelo dólar, têm posições em momentos cruciais desfavoráveis ao Euro e a economias europeias”, afirmou o antigo presidente do PSD aos jornalistas.

O social-democrata e também comentador político falava hoje à entrada para um seminário na Faculdade de Direito da Universidade de Lisboa, numa curta declaração aos jornalistas. Para Marcelo Rebelo de Sousa, as agências norte-americanas de notação financeira estão a querer “à  força, neste momento, inviabilizar o apoio à Grécia e colar Portugal à Grécia”. “Foi este o objectivo, nitidamente, da Moody’s”, advogou.

Rebelo de Sousa defendeu ainda que a União Europeia “já devia ter criado há muito tempo” uma agência própria e teceu críticas ao modo de actuar dos 27.

“A União Europeia está a reagir ao que se está a passar com um atraso de dois a três anos, esses dois a três anos estão a ser muito graves para as economias europeias”, concluiu.

MRA Alliance

Câmara do Porto não renova contrato com a Fitch

sexta-feira, julho 8th, 2011

O presidente da Câmara do Porto, Rui Rio, afirmou hoje que a autarquia não renovou o contrato com a agência de rating Fitch por ter “uma dificuldade tremenda” em trabalhar com quem não considera sério.

“Tenho visto esta recente notícia da Moody’s [redução do nível atribuído à dívida pública portuguesa] da mesma maneira que vi outras e que me levaram, enquanto presidente da Câmara do Porto, pura e simplesmente, a não renovar o contrato com a agência de ‘rating’ que tínhamos, já que não considero que sejam atitudes sérias. Eu tenho uma dificuldade tremenda em trabalhar com quem não considero sério”, disse Rui Rio à Lusa, à margem da apresentação do livro Não Basta Mudar as Moscas, de Jaime Ramos.

Segundo o presidente da Câmara do Porto, quando as agências de ‘rating’ fazem isto, “obviamente não estão a fazer um trabalho sério”. Com esta consideração, adiantou, a Câmara do Porto, que admite que terá sido a primeira a pedir um ‘rating’ em Portugal, é também a primeira que não renovou o contrato – “porque para isto não estou”, enfatizou.

Pelas mesmas razões a Câmara Municipal de Sintra denunciou o contrato que mantinha com a Moody’s. Por seu turno, o presidente do Governo da  Região Autonónoma da Madeira informou que “a partir de hoje nenhuma agência de rating norte-americana” volta a operar no território.

MRA Alliance/DE

BCE classifica opinião de agências de ‘rating’ sobre dívida portuguesa como “lixo”

sexta-feira, julho 8th, 2011

Jean-Claude Trichet avançou hoje que o Banco Central Europeu (BCE) vai continuar a aceitar dívida portuguesa como colateral nas operações de refinanciamento dos bancos, apesar da notação da República ter sido reduzida para “lixo” pela agência Moody’s.

“Hoje o conselho de governadores decidiu suspender a aplicação do requisito mínimo para crédito em relação a obrigações garantidas pelo governo português”, disse Jean Claude Trichet. O programa de ajustamento adoptado pelo governo portugues é “apropriado”, disse o presidente do BCE.

Trichet falava na habitual conferência de imprensa que se segue à reunião mensal de política monetária, que hoje decidiu subir os juros em 25 pontos base para 1,50%. Esta “excepção” hoje anunciada para Portugal também já tinha sido accionada para a Grécia e a Irlanda, os outros países do euro que também pediram assistência financeira e que também fora alvo de sucessivos ‘downgrades’ por parte das agências de ‘rating’.

Isto significa que mesmo que as quatros agências decidam baixar o ‘rating’ de Portugal para notação conhecida como lixo, no seguimento da decisão da Moody’s esta semana, o BCE vai continuar a aceitar a divida soberana portuguesa como boa para continuar a fornecer liquidez ao sistema bancário.

A decisão de classificar como “lixo” as opiniões dos raters norte-americanos foi tomada hoje unanimemente pelo conselho de governadores do BCE em Frankfurt.

MRA Alliance/DE

Moody’s aponta fragilidades da banca portuguesa e europeia

quarta-feira, julho 6th, 2011

A agência de notação financeira refere que o eventual chumbo nos testes de resistência não deverão implicar cortes de ‘rating’. Numa nota enviada hoje à imprensa, a Moody’s refere que dos 91 bancos europeus que irão submeter-se aos próximos testes de ‘stress’ pela autoridade europeia do sector bancário, e que serão divulgados já este mês, “26 têm um elevado risco de necessitarem de um apoio externo extraordinário, como é indicado pelo seu ‘rating’ de ‘non investment grade [carácter especulativo]'”.

Os quatro bancos nacionais avaliados pela Moody’s e que irão submeter-se aos testes de esforço estão todos nestas condições: BES, BPI e Caixa Geral de Depósitos apresentam um ‘bank financial strength’ de “D+” e estão em revisão para um possível novo corte. O BCP está numa situação mais delicada, apresentado um ‘bank financial strength’ de “D” (um nível abaixo do ‘rating’ de “D+”) e também em revisão para um possível ‘downgrade’.

Além dos quatro bancos portugueses na lista de possíveis “chumbos” deverá ainda figurar quatro bancos gregos, actualmente com um ‘bank financial strength’ de “E” (quatro níveis abaixo de “D+”), os irlandeses Bank of Ireland e Allied Irish Bank, quatro instituições alemãs, duas italianas, três espanholas e uma série de bancos de outras nacionalidades.

MRA Alliance/DE

Silva Lopes diz que se a Grécia cair, Portugal vai a seguir

terça-feira, julho 5th, 2011

«Se acontecer alguma coisa à Grécia, não dou um mês para acontecer o mesmo a Portugal». As palavras foram proferidas pelo economista José Silva Lopes, aludindo à possibilidade de a Grécia entrar em incumprimento e de o mesmo vir a acontecer a Portugal.

Na conferência «E depois da troika?», organizada pelo pelo Instituto de Direito Econonómico Financeiro e Fiscal (IDEFF) e pela Ordem dos Técnicos Oficiais de Contas (OTOC), em Lisboa, Silva Lopes acusou os líderes europeus de terem «condenado» a Grécia a pagar um juro de dez por cento ao ano, o que considerou «um desastre».

Para o economista, evitar que Portugal entre em incumprimento passa por «cumprir o acordo com a troika, o que não é garantido». «Um dos maiores riscos é que a União Europeia não arranje numa solução para isto [crise da dívida na Europa] e não está a mostrar nenhuma vontade de resolver», disse o ex-ministro das Finanças.

«O esforço que vamos fazer é necessário mas não é suficiente porque falta uma solução vinda da União Europeia. A Alemanha e alguns países vão recusar essa solução e vão destruir a Europa», acrescentou.

MRA Alliance/A Bola

Grécia: Governo prepara novo plano de austeridade após ter passado teste parlamentar

quarta-feira, junho 22nd, 2011

Após obter a confiança do Parlamento, o governo socialista grego prepara nesta quarta-feira o novo plano de austeridade exigido pelo FMI e pela União Europeia (UE), que será submetido ao voto do legislativo antes do fim do mês. O conselho de ministros confirma nesta quarta-feira a “lei de aplicação”, que detalha as controversas medidas de um novo programa econômico plurianual, que será votado antes de 30 de junho, como exige a UE. Este texto, que tem o aval da UE e do FMI, prevê uma subida dos impostos diretos e indiretos.

Inicialmente, deveria ser votado no início de julho, mas o primeiro-ministro Giorgos Papandreou decidiu acelerar seu trâmite em meio à pressão da zona do euro, após recuperar a iniciativa política graças a uma remodelação do governo e ao voto de confiança obtido na terça-feira à noite. Todos os deputados da oposição presentes, 143, votaram contra, mas Papandreou conquistou o apoio total dos votos socialistas (155 sobre um total de 300), descartando assim o risco de que seus projetos fossem rejeitados pelo Parlamento. “Peço o voto de confiança para poder continuar a enfrentar a crise e os défices, para evitar o default, e assegurar que a Grécia se mantenha no núcleo do euro”, disse Papandreou no fim do debate parlamentar.

“Os deputados renderam-se sem condições”, ironizava nesta quarta-feira o jornal de esquerda Eleftherotypia; “o plano ainda mais duro após o voto”, lamentava o diário de direita, Eleftheros Typos, alinhado com a oposição conservadora, que se nega a apoiar o governo. Para alcançar os objetivos do plano orçamental, que prevê até 2015 poupanças de 28,4 mil mlhões de euros, mais 50 mil milhões das privarizações, o texto detalha os cortes previstos. Segundo o ministério das Finanças as novas medidas passam pela redução das aposentadorias, dos subsídios sociais, da massa salarial e do número de empregos no setor público.

MRA Alliance/AFP

S&P prevê um ou mais ‘defaults’ da Grécia

quarta-feira, junho 15th, 2011

A Standard & Poor’s (S&P) voltou a cortar o ‘rating’ da Grécia, desta vez para ‘CCC’. A S&P acredita que há “uma forte possibilidade de um ou mais ‘defaults'” por parte da Grécia e, nesse sentido, voltou hoje a reduzir a notação financeira de Atenas em um nível, de ‘B’ para ‘CCC’.

Além do corte de ‘rating’, a agência de notação financeira anunciou que a perspectiva para a dívida pública grega continua a ser ‘negativa’, o que poderá indiciar novos cortes. Para a agência de notação, a Grécia não conseguirá chegar aos mercados financeiros em 2012, o que vai inviabilizar o cumprimento do acordo com a União Europeia e o FMI no valor de 110 mil milhões de euros assinado no ano passado.

Além disso, o ‘downgrade’ reflecte os riscos crescentes da implementação do programa da UE e FMI, tendo em conta o complicado ambiente político que se vive em Atenas e as dificuldades económicas actuais. Na semana passada, o Eurostat revelou que a economia grega encolheu 4,8% no primeiro trimestre do ano, devido às fortes medidas de austeridade impostas pelo programa de ajuda internacional.

MRA Alliance/DE