Segundo a análise do banco suíço UBS, os custos de uma eventual saída do euro por parte dos países economicamente mais debilitados seriam “significativos”. No caso de Portugal custaria até 11.500 euros, em média, por pessoa e no primeiro ano. Mas a probabilidade de a moeda única entrar em colapso está “perto do zero”, e deixá-lo morrer sairá bem mais caro do que resgatar “periféricos”, dizem os autores do estudo.
Stephane Deo, Paul Donovan e Larry Hatheway, os três economistas do UBS que redigiram o relatório intitulado Perspectivas económicas globais, partem da premissa de que com “a actual estrutura” o “euro não funciona”. “Este euro gera mais custos económicos do que benefícios”, algo que se “tornou dolorosamente óbvio para alguns dos seus participantes nos últimos anos”, defendem no documento.
Os economistas ressalvam, porém, que a probabilidade de a moeda única entrar em colapso está “perto do zero”, e enumeram as consequências económicas e políticas para os diferentes estados-membros.
A saída de um “país fraco” da zona euro, como Portugal, custaria, segundo as estimativas dos três economistas, entre 9.500 a 11.500 euros por pessoa no primeiro ano, o equivalente a 40 ou 50 por cento do PIB desse país. Nos anos seguintes, o custo iria variar entre os 3.000 e os 4.000 euros por cada cidadão.
Estes cálculos incluem as consequências que um país de menor dimensão económica sofreria caso abandonasse o euro: incumprimento da dívida pública (sovereign default), insolvência de empresas (corporate default), colapso do sistema financeiro e do comércio internacional.
Já para um “país forte” economicamente o rombo seria menor para a carteira dos cidadãos. Na Alemanha, por exemplo, um regresso à moeda anterior (o marco) implicaria um custo entre 6.000 a 8.000 euros a cada germânico no primeiro ano, o equivalente a 20 ou 25 por cento do PIB. Nos anos subsequentes, a saída do euro por parte da maior potência económica da Europa seria consolidada com um custo entre 3.500 e 4.500 euros por cidadão.
Face a estes cálculos, os economistas do UBS defendem que fica mais barato resgatar a Grécia, a Irlanda e Portugal, caso os três países periféricos entrassem em incumprimento (default). Nesse caso, o custo para os estados-membros situar-se-ia “ligeiramente acima de mil euros por pessoa, de uma só vez”.
Deo, Donovan e Hatheway ressalvam, porém, que estes cálculos não incluem os custos políticos que a fragmentação do euro poderia trazer, como a perda de influência da Europa no plano mundial. Por isso, defendem, os “custos económicos são, em múltiplos sentidos, a última das preocupações que os investidores deveriam ter acerca de uma ruptura [do euro]”.
MRA Alliance/Público