A oferta da Telefónica, para alem de querer controlar a maioria da participação da Portugal Telecom na Vivo, pretende também os 11,1% de acções ordinárias que não são detidas pela “holding” controlada pelas duas empresas, o que eleva a oferta a 6,3 mil milhões de euros. A oferta da Telefónica incide sobre os 50% do capital da Brasilcel detidos pela Portugal Telecom, pelos quais oferece 5,7 mil milhões de euros. Os outros 50% pertencem à empresa espanhola. É esta “holding” que lhes permite controlar 59,4% da Vivo.
No comunicado divulgado através da CNMV, o supervisor do mercado de capitais espanhol, pode ler-se que a oferta da Telefónica é mais ambiciosa pois também incide sobre os 11,1% de acções ordinárias da Vivo Participações não detidas pela Brasilcel, equivalentes a 3,8% do capital social da operadora móvel brasileira. Por mais esta fatia que está dispersa por outros investidores, e que lhe daria ao todo 63,2% do capital da Vivo, a Telefónica oferece 600 milhões de euros, elevando para 6,3 mil milhões o montante total a ser dispendido pela empresa espanhola.
Entretanto, hoje, a Telefónica informou ter ficado “desapontada” com o facto de a PT ter rejeitado a proposta de controlo espanhol da Brasicel/Vivo. “Estamos desapontados com a resposta inicial da PT”, disse a porta-voz da Telefónica, Marisa Navas, em declarações à Bloomberg. “Esta é uma oferta muito positiva para os accionistas da Vivo, a PT e a Telefónica”, acrescentou.
A operadora portuguesa informou ontem, à CMVM, que “recebeu da Telefónica uma oferta não solicitada, vinculativa e incondicional para a aquisição da sua participação de 50% da Brasilcel, sociedade detentora do controlo da Vivo, por um valor de 5,7 mil milhões de euros”. A proposta, que é válida até 6 de Junho, foi “rejeitada por unanimidade” pelo Conselho de Administração da PT que justifica a decisão com o argumento de que a “Vivo é um activo essencial para a estratégia da PT e a venda dessa participação iria contra as perspectivas de crescimento a longo prazo da PT”.
Numa nota de “research” divulgada hoje, onde faz a avaliação ao impacto desta notícia nos mercados, os analistas do banco suíço UBS avançam com quatro cenários que poderão ocorrer depois da PT ter recusado o negócio. O primeiro deles passa por a Telefónica oferecer um preço mais elevado pela posição que a PT controla na Vivo e o segundo representaria as duas empresas continuarem parceiras, procedendo à fusão entre a Vivo, controlada em partes iguais pela PT e Telefónica, e a Telesp, operadora fixa da empresa espanhola.
O terceiro cenário, segundo o UBS, passa por a Telefónica avançar com uma oferta pela totalidade do capital da Portugal Telecom e o último, que a casa de investimento considera ser “pouco provável”, permanecer tudo como está.
Tendo em conta qualquer destes cenários, o UBS conclui que o próximo passo deverá passar pela integração das operadoras que a Telefónica detém no Brasil, com a empresa espanhola a juntar a Vivo e a Telesp, criando assim um grupo de telecomunicações semelhante com os outros dois que disputam o mercado brasileiro, uma vez que detêm operações fixas e móveis em simultâneo.
O UBS analisou também os números implícitos no negócio, concluindo que representa um prémio de cerca de 138% para a actual avaliação da Vivo no mercado. Por outro lado, avalia a Portugal Telecom em 9 mil milhões de euros, o que representa um prémio de 30% face à actual capitalização bolsista.
MRA Alliance/Agências