A missão internacional que negoceia com o Governo o pacote de ajuda externa a Portugal está a estudar o aumento do rácio ‘core capital’ dos bancos, para um valor mínimo de 10%, apurou o Económico junto de fontes ligadas às negociações.
Se a medida constar do acordo final, que deverá ser anunciado na próxima semana, a maior parte dos bancos portugueses deverá necessitar de novos reforços de capital, o que poderá ser feito através da venda de activos, da realização de aumentos de capital ou do recurso à intervenção estatal.
A ‘troika’ formada pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), Banco Central Europeu (BCE) e Comissão Europeia (CE) poderá propor que, até ao final de 2011, os bancos portugueses tenham um nível mínimo de capital em função dos requisitos de fundos próprios decorrentes dos riscos associados à sua actividade (rácio ‘Core Capital Tier One’) de 10%. Porém, as negociações prosseguem e a decisão final não está ainda tomada, até porque o Governo e o Banco de Portugal querem impedir esse cenário, frisaram os mesmos responsáveis. O acordo final entre o Governo e a missão internacional deverá ser formalizado e anunciado dentro de dias.
O Banco de Portugal anunciou a 7 de Abril que os bancos nacionais teriam de aumentar os seus rácios ‘core tier one’ para um valor mínimo de 8%, bastante acima da média europeia. Mas esta proposta da ‘troika’ internacional, que vai no sentido de uma medida idêntica formulada aquando do resgate da Irlanda (neste caso, para 12%), obrigará a maioria dos bancos portugueses a reforçarem ainda mais os seus capitais.
Por este facto, os banqueiros portugueses têm se mostrado contra novas exigências de capital. “Os bancos portugueses não arruinaram o País, ao contrário do que os irlandeses fizeram à Irlanda”, disse na quarta-feira Carlos Santos Ferreira, presidente do BCP.
Tal como o líder do maior banco privado português, vários outros responsáveis do sector ouvidos pelo Diário Económico salientaram que o caso português não é comparável ao da Irlanda. Alguns mostraram mesmo descrença de que tal exigência seja colocada pela ‘troika’ internacional, uma vez que o problema da banca portuguesa é de liquidez e não de solvabilidade.
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