Archive for the ‘Câmbios’ Category

Problema do euro está resolvido mas vai repetir-se com o dólar, diz Soros

domingo, fevereiro 6th, 2011

O especulador norte-americano, George Soros, disse ontem que a crise do euro está em vias de resolução, mas que os Estados Unidos terão uma crise similar nos próximos dois anos. «Na minha opinião, em dois anos, esta crise europeia vai repetir-se nos Estados Unidos», em resultado do endividamento de numerosos Estados federais norte-americanos, afirmou, citado pela AFP, durante a 47ª conferência anual sobre segurança, em Munique, na Alemanha.

A crise do euro está em vias de ser resolvida, porque «existe a determinação de fundar uma política orçamental comum ou uma administração das finanças comum», disse, mas avisou: «A estrutura que está em vias de se criar também vai criar problemas nos próximos anos, porque o euro, que supostamente deveria criar convergências entre os países, criou divergências.»

Soros prevê que, se não houver cuidado, vai ser criada «uma Europa a duas velocidades, com, de um lado, os países com excedentes orçamentais, que vão avançar, e, do outro, os países deficitários, que se vão arruinar sob o peso das suas dívidas».

MRA Alliance/AF

G-20 acerta reforma do FMI e rejeita “guerra cambial”

sábado, outubro 23rd, 2010

Os ministros das Finanças das nações do Grupo dos Vinte (G-20), que reúne os países ricos e os principais emergentes, chegaram a um acordo neste sábado, 23, para uma “ambiciosa” reforma do Fundo Monetário Internacional (FMI), que dará maior poder de decisão aos países em desenvolvimento e rejeitaram a “desvalorização competitiva” das divisas.No final do encontro na cidade sul-coreana de Gyeongju, o organismo expressou em comunicado que “a recuperação da economia global continua avançando, embora de maneira frágil e irregular”, e apoiou um “sistema de taxas de câmbio determinado pelo mercado, que reflita os fundamentos econômicos”.

O G-20 chegou a acordo para outorgar um maior peso aos países emergentes e em desenvolvimento no FMI, para torná-lo “mais efetivo, credível e legitimado”. Os países em desenvolvimento, até agora “pouco representados”, terão uma parcela ao redor de 6%, mais do que tinha sido decidido anteriormente pelo G20 (5%).

Os ministros de Finanças do grupo também se mostraram a favor de proteger a “margem de voto dos mais pobres” no Diretório Executivo do Fundo, de 24 membros e onde a Europa cederá dois assentos, segundo decidiu hoje o G-20.

Além disso, o fórum rejeitou “a desvalorização competitiva das divisas”, um dos assuntos que dominaram os debates durante seus dois dias de reuniões. O G-20 expressou seu apoio para “mitigar o risco de excessiva volatilidade nos fluxos de capital rumo aos países emergentes”, o que se intensificou com a crise.

Além disso, as autoridades presentes ao encontro reafirmaram seu compromisso para colaborar para “um crescimento forte, sustentado e equilibrado”, e observaram que o ritmo da atividade econômica continua sendo “modesto” em muitas economias avançadas, embora seja “forte” em vários mercados emergentes.

Em seu comunicado, o G-20 reiterou seu apoio aos planos de consolidação fiscal a médio prazo nas economias avançadas, “segundo as circunstâncias nacionais”, e a uma política monetária “apropriada para conseguir estabilidade de preços que contribua para a recuperação”.

No entanto, países como o Japão, Alemanha e Índia deixaram bem claro que não aceitarão a imposição generalizada de limites aos superávites externos, como forma de obrigar a China e outros países asiáticos a valorizar as suas moedas e travar as exportações.

Numa carta aos outros ministros das Finanças do G20, o secretário norte-americano do Tesouro, Timothy Geithner, propôs um limite de 4% do PIB tanto para superávites como para défices externos, defendendo que as maiores economias do mundo devem “abster-se de usar políticas cambiais elaboradas para conseguir uma vantagem competitiva, seja pelo enfraquecimento das suas moedas ou por impedir a apreciação de moedas subvalorizadas”.

Na carta, Geithner não apontou o dedo a países específicos, mas o recado era obviamente para a China, que os EUA acusam de desvalorizar artificialmente o iuan.

MRA Alliance/Estadão /DE

Brasil vai travar valorização do real

quarta-feira, setembro 15th, 2010

O governo brasileiro tomará medidas para conter uma valorização do real, enquanto outros países estão a desvalorizar “artificialmente” as suas moedas, afirmou hoje o ministro da Fazenda.

Durante um encontro com empresários, Guido Mantega sublinhou que a valorização do real faz com que os produtos brasileiros percam competitividade no mercado internacional. “Estamos atentos. Não podemos permitir que outras moedas artificialmente desvalorizadas ganhem espaço”, afirmou, citado pela Agência Brasil.

A cotação do real em relação ao dólar norte-americano atingiu esta semana o menor nível desde Novembro do ano passado. Em relação ao euro, a moeda brasileira também tem registado as maiores cotações dos últimos meses. Guido Mantega disse que está a decorrer uma “operação orquestrada” nas economias asiáticas para a desvalorização das moedas.

MRA Alliance/Público

Grécia atira Euro para novos mínimos

quinta-feira, dezembro 17th, 2009

A moeda única está a cair mais de 1% face ao dólar. O novo corte no ‘rating’ da Grécia aumentou os receios no mercado de que as dificuldades financeiras dos países possam travar a retoma mundial. O euro está hoje a negociar nos 1,4338 dólares, um mínimo de três meses. A desvalorização de 1,33% apresentada pela moeda comunitária é a mais acentuada das duas últimas semanas.

A divisa da zona euro está a ser penalizada pelo corte de ontem na avaliação da dívida da Grécia, o segundo ‘downgrade’ numa semana. A Standard & Poor’s (S&P) baixou o ‘rating’ da República grega de ‘AAA-‘ para ‘BBB+’ e manteve o ‘outlook’ negativo. O mesmo já tinha acontecido com a agência Fitch. A decisão da agência de notação financeira aumentou os receios entre os investidores de que a pior recessão desde a Segunda Guerra Mundial ainda está a pesar em algumas economias.

MRA Alliance/Diário Económico

China: Divergências sobre câmbios ensombram visita de Obama

domingo, novembro 15th, 2009

Os Estados Unidos e a China divergiram hoje sobre taxas de câmbio na reunião de líderes da Ásia-Pacífico facto que dificultará ainda mais visita à China que o presidente dos Estados Unidos inicia amanhã para debater as tensões económicas entre os dois países. O desacordo surgiu na cimeira da APEC , Fórum de Cooperação Económica da Ásia- Pacífico, em Singapura, quando uma referência a “taxas de câmbio orientadas pelo mercado” foi retirada do comunicado final, após dois dias de conversações.

Um membro da delegação da APEC revelou que Washington e Pequim não conseguiram chegar a um acordo sobre o texto em questão.

Amanhã, em Pequim, Obama terá dificultada a tarefa de justificar e fazer aceitar as intenções norte-americanas de impor tarifas a vários produtos chineses e pressionar a China a valorizar a sua moeda (iuan).

Neste momento, assistimos a um diálogo de surdos entre as duas superpotências.

Barack Obama diz que quer aprofundar o diálogo com a China e que apoia o seu desenvolvimento e ascensão a segunda maior economia do mundo, quando ultrapassar o Japão, provávelmente já em 2010. 

Em Singapura, o presidente chinês Hu Jintao ignorou a questão do iuan, preferindo criticar as restrições comerciais “não razoáveis” impostas aos países em desenvolvimento.

MRA Alliance/Agências

Brasil: Gigantes brasileiros registaram prejuízos bilionários em negócios especulativos

sábado, setembro 27th, 2008

Grandes companhias exportadoras brasileiras perderam nas últimas semanas mais de 1,3 mil milhões/bilhões de reais em operações especulativas com vários tipos de instrumentos derivativos, noticiou hoje a agência Bloomberg. A empresa agro-alimentar Sadia e a Aracruz Celulose registaram pesadas perdas em derivativos de câmbio. A agência estadunidense especializada em informação económica refere que mais empresas brasileiras que operam no mercado das commodities poderão vir a sofrer igualmente prejuízos avultados. A desvalorização do real em 15%, desde 1 de Agosto, terá sido a causadora do fiasco especulativo com derivativos para cobertura de riscos de câmbio. A Sadia, segunda maior companhia alimentar do país, anunciou perdas de 760 milhões de reais (USD 410 milhões). A Aracruz informou o mercado que os prejuízos “são avultados” mas não podem ser ainda contabilizados com rigor. Os director financeiros das duas empresas foram despedidos. Na sessão de ontem da Bolsa de São Paulo (Bovespa), as acções da Sadia caíram 35% e as da Aracruz 17%, as maiores desvalorizações desde 1994 e 1997, respectivamente. O Banco Bradesco, num e-mail aos clientes, revelou que a CVRD/Companhia Vale do Rio Doce, o maior produtor de minério de ferro do mundo, perdeu 600 milhões de reais (USD 325 milhões) com o mesmo tipo de derivativos. Dada a sua dimensão e saúde financeira, a acções da CVRD caíram apenas 3,7%. O índice Bovespa caíu 2%, também ajudado pelos modestos resultados das exportações. O sentimento no mercado bolsista brasileiro é de preocupação por se desconhecer, por enquanto, o grau de exposição das principais empresas cotadas aos instrumentos derivativos e o respectivo grau de alavancagem. MRA Dep. Data Mining

Macroecomia e estabilidade cambial na África lusófona

quinta-feira, maio 1st, 2008

Os países africanos de língua oficial portuguesa (PALOP) que têm as suas moedas indexadas a divisas têm mercados cambiais mais estáveis e melhor relação de risco-retorno para investidores e Moçambique, com uma flutuação gerida, consegue resultados aproximados. A conclusão consta do estudo “Pressão nos Mercados Cambiais dos Países Africanos Lusófonos”, recentemente apresentada pelos investigadores universitários portugueses, entre os quais Braga de Macedo, ex-ministro das Finanças de Portugal. A análise econométrica identifica Moçambique como a “excepção à regra” de que a indexação a uma divisa – o euro, no caso de Cabo Verde e Guiné-Bissau – se traduz em maior estabilidade dos mercados cambiais e maior atractividade para os investidores. A análise permite concluir que “a relação risco-retorno é muito mais favorável para os investidores quando existem indexações cambiais, dado que o aumento de volatilidade é menor para o mesmo nível de retorno”.

Segundo as últimas projecções do FMI, o metical moçambicano tem vindo também a apreciar-se, cerca de um terço relativamente ao ano base de 2000, enquanto Cabo Verde, Guiné e São Tomé registam uma situação de relativa estabilidade. Muito acima da média dos países produtores de petróleo, Angola apresenta das maiores valorizações cambiais reais no continente africano, tendo mais do que duplicado o valor do kwanza desde o ano base. Angola e São Tomé e Príncipe têm flutuações geridas sem trajectória de taxa de câmbio pré-determinada; Moçambique também, mas de acordo com políticas do FMI. O pequeno arquipélago há muito que hesita relativamente ao futuro da sua moeda, a dobra, colocando-se como cenários uma indexação ao euro, ao dólar, ou ao franco CFA. Cabo Verde e Guiné-Bissau têm ambos as suas moedas indexadas ao euro, com limitações no caso deste país, membro da União Económica e Monetária da África Ocidental. “A nossa principal conclusão é que os países PALOP com indexações cambiais claramente têm uma volatilidade menor quando comparados com aqueles que têm fluxos geridos”, sublinham os investigadores. MRA/Agências

Alemanha: Previsões económicas para 2008 caem para 1,2%

quinta-feira, abril 24th, 2008

O Governo alemão espera um forte abrandamento do ritmo de crescimento da economia do país. O ministro alemão da tutela, Michael Glos, avançou hoje novas previsões – a economia deverá crescer 1,2%, contra os 1,7% calculados para 2008. “É uma ilusão crer que as dificuldades conjunturais nos Estados Unidos (…) vão poupar por tempo indefinido a Alemanha”, disse.
Glos defendeu que o Banco Central Europeu (BCE) não deverá reforçar o euro através do aumento das taxas de juro. No entanto o ministro da Economia considerou que o BCE “até agora, fez um bom trabalho” e frisou que a política seguida teve “efeitos estabilizadores”.

A confiança dos empresários caiu em Abril na Alemanha e na França, que representam cerca da metade da economia da Zona Euro, face à subida dos preços da energia e das matérias-primas, agravada pela valorização do euro. O cepticismo foi igualmente agravado pela redução do poder de compra dos consumidores e pela previsível quebra do crescimento global. A inflação na Zona Euro subiu para os 3,6% em Março, a taxa mais alta desde há 16 anos. O euro valorizou-se 9% face ao dólar desde o início do ano. MRA/Agências

Dólar subiu ontem 2,52% no mercado brasileiro

terça-feira, janeiro 22nd, 2008

BCB_SedeInfluenciado pela queda das bolsas ao redor do mundo, o dólar comercial fechou hoje com uma alta de 2,52% no mercado brasileiro, cotado a US$ 1,829 para compra e US$ 1,830 para venda. Cotação do Dólar comercial / Compra: 1,829 – Venda: 1,830.

Fonte: Banco Central

Baixa dos juros nos EUA deve impulsionar real face ao dólar

quarta-feira, janeiro 16th, 2008

Real vai continuar a valorizar-se contra o dólarA continuação dos cortes dos juros pela Reserva Federal (Fed) dos Estados Unidos para evitar uma recessão deve impulsionar o real, mas ter efeito contrário sobre o peso mexicano. Win Thin, analista de mercados emergentes da Browne Brothers Harriman, em Nova Iorque afirmou à Reuters que “conforme as taxas caem nos Estados Unidos, o rendimento de algumas moedas latino-americanas sobe automaticamente.” O Fed deve reduzir a taxa básica de juros em pelo menos 0,50 ponto percentual, para 3,75 por cento, na reunião de 29 e 30 de janeiro.O crescimento econômico nos Estados Unidos desacelerou no ano passado e um número cada vez maior de economistas vem defendendo que uma recessão pode ser iminente. Nem mesmo a forte queda do dólar em 2007 em relação às moedas locais deve deter os investidores. “Ainda há espaço para maiores altas [das moedas locais] em lugares como o Brasil e Chile”, disse Thin. A Browne Brothers Harriman recomendou aos seus clientes que comprem a divisa brasileira. A corretora espera que o real supere a apreciação de 20% registada contra o dólar em 2007. A taxa de câmbio poderá atingir a cotação de 1,65 real/dólar, em 2008.

“Declaração de Riad” encerra cimeira da OPEP com petrodólar em crise aguda

segunda-feira, novembro 19th, 2007

Foto da Família OPEP em Riade - Chávez e Ahmadinejad destacam-se pela afectividade

A Organização dos Países Exportadores de Petróleo (Opep) encerrou ontem, em Riad, a III Cimeira de Chefes de Estado e Governo com a aprovação de uma estratégia política conjunta de longo prazo. No entanto foram claras as divergências entre os membros “moderados” e os “não alinhados/adversários” dos Estados Unidos, e dos seus aliados político-militares. Numa única coisa todos concordaram. Acabou o petróleo barato. Para que atinja os preços históricos após o segundo “choque petrolífero” (1979-198o), corrigido o efeito inflação, o crude deve subir, nos próximos meses, mais uns dólares por barril.

O cartel petrolífero, após a entrada de Angola, no início de 2007, passou a contar, a partir de ontem, com 13 membros, na sequência da readmissão do Equador, após o seu afastamento, em 1992. Com estes e novos membros em fila de espera, o valor do crude a galgar para mais de USD 100,00/barril, a OPEP apresentou-se ao mundo fortalecida, apesar das evidentes fracturas estratégicas entre os 13 países.

O presidente venezuelano, Hugo Chávez, no discurso inaugural, no sábado, pediu a transformação da OPEP numa arma político-económica a ser usada sempre que quaisquer países-membros sejam ameaçados ou agredidos pelos “poderosos do mundo”. Com a ameaça, diplomaticamente recusada pelos países árabes do Golfo Pérsico, liderados pela Arábia Saudita, de os preços do crude poderem chegar aos USD 150/200 por barril se “os Estados Unidos invadirem ou atacarem o Irão”, o conclave dos hidrocarbonetos ainda procurou gerar os consensos possíveis.

Numa primeira reacção às agressivas propostas de Chávez, o monarca saudita Abdullah bin Abdul Aziz, não escondeu o seu desagrado com a sugestão e moderou os ímpetos do líder da “Revolução Bolivariana” recusando liminarmente que o cartel transforme o petróleo numa “arma de destruição.” Coube a Abdalla el-Badri, secretário-geral, o papel de refocar o debate nas futuras orientações estratégicas da organização. Os países exportadores de crude estão prontos para investir no aumento da respectiva capacidade de produção desde que, os países consumidores, executem políticas “fiáveis e transparentes” que permitam aumentar a oferta para prevenir eventuais desequilíbrios com a procura.

A OPEP controla cerca de 42% da produção mundial de petróleo. Com a inclusão de países como a Rússia, voltaria a recuperar o poder e a influência perdidos desde os anos 90. Porém, o texto da “Declaração de Riad” não conseguiu esconder as profundas divergências geopolíticas e económico-financeiras entre os cinco moderados – Arábia Saudita, Emiratos Árabes Unidos, Koweit, Qatar e Iraque (militarmente ocupado pelos exércitos americano e britânico) – e os oito não alinhados ou hostis ao eixo anglo-americano e ocidental – Argélia, Angola, Equador, Indonésia, Irão, Líbia, Nigéria e Venezuela.

O ministro de Energia argelino, Chakib Khelil, citado pela agência espanhola EFE, enfatizou que a “Declaração de Riade” procura definir “a estratégia a longo prazo da organização” para estabilizar o mercado. “Esta é a primeira vez que uma declaração deste tipo, estabelece orientações claras para os ministros no futuro. Ou seja, a estabilidade do preço e do mercado são os assuntos mais importantes para nós”, destacou Khelil.

A erosão do valor do dólar e o seu efeito no mecanismo monetário global assente nos petrodólares – reservas monetárias dos países exportadores reféns do valor da greenback – foi o pomo da discórdia entre moderados e não alinhados. Enquanto os aliados dos EUA no Golfo não desejam, por enquanto, publicamente, dar um sinal aos mercados que vão abandonar o dólar, os independentes, liderados por Caracas e Teerão, têm uma estratégia oposta.

Mahmoud Ahmadinejad foi claro. “Eles [EUA] compram o nosso petróleo e, em troca, dão-nos bocados de papel sem nenhum valor. (…) “ Todos sabemos que o dólar americano não tem qualquer valor económico.” Na conferência de imprensa final, Hugo Chávez, voltou ao ataque. “Eu acho que (o dólar) vai continuar a cair. (…) A queda do dólar não é a queda do dólar, é a queda do império americano. É preciso que todos se preparem para isso”, sublinhou.

As contas dos adversários do dólar são assentes em factos difíceis de desmentir. Comparativamente a uma cesta cambial que contém as divisas mais estáveis e valorizadas do mundo, desde Janeiro, o valor do dólar caíu 16%, mas face ao euro desvalorizou-se 44% desde 2000, data da II Cimeira da OPEP, em Caracas, na Venezuela. Fontes governamentais iranianas citadas pelas agências internacionais, presentes em Riade, esclareceram que, este ano, o preço médio do barril de petróleo é de USD 63,00/barril. No mesmo período, em 2006, era de USD 61,00. Cotado em euros, em 2007, o preço do crude é mais baixo de que no ano passado. Em termos nocionais (valor teórico) os preços do petróleo iraniano são cotados em euros mas, na prática, Teerão recebe o respectivo contravalor em dólares, nas transacções comerciais.

 

Outra aparente alteração de estratégia do cartel, liderada pela Arábia Saudita, prende-se com a questão do combate ao aquecimento global e à diminuição de emissões de CO2 provocadas pelas energias fósseis. O rei Abdullah anunciou a crição de um fundo saudita, com uma capitalização inicial de 300 milhões de dólares para aquele fim. O ministro saudita do Petróleo, Ali Naimi, informou que o seu país vai investir “fortemente” na investigação e desenvolvimento de novas tecnologias para a captura e sequestro de carbono, a fim de reduzir o impacto negativo da poluição provocada pelo petróleo e seus derivados.

 

Tacticamente, o tema foi omitido na declaração final mas transpirou para o exterior que, numa reunião realizada na sexta-feira, o príncipe Saud Al-Faisal, chefe da diplomacia saudita, terá advertido para os perigos do “colapso” do dólar nos mercados mundiais, caso fosse explicitamente citado na declaração final.

 

Em vésperas de um inverno que os metereologistas prevêem “severo”, a possibilidade de a OPEP aumentar a oferta de crude para baixar os preços, como pediram os Estados Unidos e a Agência Internacional de Energia (AIE), para já, foi afastada. O tema será discutido na 145ª conferência ministerial da organização, no dia 5 de Dezembro, em Abu Dhabi. O petrodólar, pela sua delicadeza, está igualmente na agenda. Para ser tratado com pinças. É conveniente não esquecer que a maior parte dos activos e reservas sauditas estão “dolarizados”…

Os países do Golfo estudam a revalorização das suas moedas, após a cimeira da OPEP

domingo, novembro 18th, 2007

Petrodólar moribundo. Países do Golfo tentam o milagre…Os países do Golfo Pérsico, liderados pela Arábia Saudita e pelos Emiratos Árabes Unidos, poderão revalorizar as suas divisas, embora mantendo-as ainda ligadas ao dólar, revelou uma fonte anónima familiar com a política monetária saudita, citada pela agência Bloomberg. A apreciação, cujo valor foi mantido confidencial, poderá concretizar-se nas próximas quatro semanas, após os contactos mantidos pelo líderes da OPEP, reunidos no final desta semana, numa cimeira de chefes estado e de governo dos 13 países membros do cartel petrolífero.

A queda do dólar e apreciação do euro, cujos países são os maiores exportadores para os países da região, têm causado pressões inflacionistas difíceis de controlar sem o recurso a políticas monetárias adequadas. As taxas de inflação nos últimos meses, ameaçam a estabilidade monetária na região: Arábia Saudita (+4,9%), EAU (+ 9,3%), Qatar (+14,8%). Jens Nordvig, economista sénior responsável pelos mercados globais da Goldman Sachs Group, em Nova Iorque, em declarações à Bloomberg concordou que “faz sentido que eles [países do Golfo] tomem essa atitude. (…) Face ao crescimento das pressões inflacionistas, têm muito boas razões para decidirem a revalorização das suas divisas.”

Os chefes de estado dos seis países membros do Conselho de cooperação do Golfo reúnem-se, nos próximos dias 3-4 de Dezembro, no Qatar, no âmbito da reunião anual da organização, para abordarem questões relacionadas com a segurança regional e políticas monetárias. “É pouco provável que eles adoptem um sistema flexível”, sublinhou Nordvig que considerou um ajustamento da ordem dos “5-10% como algo que teria algum impacto sem ser excessivamente dramático”.

No dia 9/11, o dólar atingiu a mais baixa cotação da história face ao euro (USD 1.4752). Este valor representou uma queda de 10% desde o início do ano. Por outro lado, nos últimos 10 meses e meio desvalorizou-se crescentemente face a 15 das 16 divisas monitorizadas pela Bloomberg.

O ministro dos Negócios Estrangeiros da Arábia Saudita, Príncipe Saud Al-Faisal opôs-se ao desejo do Irão e da Venezuela de ser incluída uma referência à depreciação do dólar no comunicado final da cimeira, argumentando não querer causar o “colapso” do dólar.

China abandona dólar como reserva monetária global

quarta-feira, novembro 7th, 2007

O poder das reservas chinesasO Tesouro da China possuiu actualmente 1,43 milhões de biliões (1 430 000 000 000/trilhões) de dólares em reservas estrangeiras. Aquela notícia, conjugada com os outros factores, no final da manhã, fez apreciar o valor do Euro face à moeda americana. A divisa europeia era transaccionada nos mercados cambiais a USD 1,4670. Durante a madrugada, a margem de flutuação situou-se entre os USD 1,4556 e os USD 1,4703. Este último, foi o valor historicamente mais alto na paridade €/$ desde a introdução da moeda única europeia nos mercados cambiais. O USD atingiu o patamar mais baixo face ao Euro, comparativamente às flutuações cambiais anteriores a 1999. A paridade, em Março de 1995, atingiu o auge quando a então moeda mais forte da CEE, o marco alemão, registou o maior valor face ao dólar estadunidense.

Fontes: MRA Data Mining com Diário Económico/Xinhua/Bloomberg/

BRIC – As luminosas estrelas num universo de “buracos negros”

segunda-feira, novembro 5th, 2007

BRIC - Prosperidade no século XXIAs acções cotadas nos chamados BRICBrasil, Rússia, Índia e China – têm revelado uma supreendente resiliência face ao descalabro dos mercados de capitais das soberbas e poderosas praças financeiras internacionais (de Nova Iorque a Londres, passando por Tóquio e Frankfurt). As raras oscilações não obscureceram um histórico de cinco anos de sólido e consistente crescimento.

O respectivo índice bolsista – MSCI Emerging Markets Index – subiu mais de 56% nos últimos12 meses, e impressivos 33% desde o histórico 16 de Agosto – o fatídico dia do generalizado colapso dos mercados globais – em que se evaporaram vários milhões de biliões (trilhões) de dólares – e que o crédito interbancário entrou perigosamente no vermelho…

Nos mercados asiáticos, as bolsas de Singapura, Hong Kong, Seoul e Sydney destacam-se pelo desempenho, com subidas sustentadas e apreciáveis. Porém, segundo a Reuters, o grupo BRIC – Brasil, Rússia, Índia e China – tem sido o invencível Bando dos Quatro.

Bolsa de XangaiO índice da Bolsa de Xangai (Shanghai Composite) subiu “apenas” 419% (quatrocentos e dezanove por cento) desde o início de 2006. O índice bolsista indiano Sensex valorizou-se 103%. O paulista Bovespa subiu 88%. China, Brasil, Índia, acompanhados pelaa Coreia do Sul, Hong Kong e México, “em 2007, registaram consecutivos recordes no fecho de sessões durante 30 dias.

As luzes no fundo dos “buracos negros”

Os investidores agressivos e optimistas «bulls» apostam que os quatro magníficos, e alguns dos seus seguidores, serão os salvadores das deprimentes «performances» dos ricos e aristocráticos mercados de capitais do hemisfério norte. O seus sistemas imunitários parecem passar os testes mais exigentes para avaliação da respectiva saúde financeira.

Os pujantes indicadores fundamentais das economias BRIC & Cia., o crescente consumo interno e a explosão do preço das «commodities» são sinais de que, contrariamente a um passado não muito distante, os mercados emergentes da febre da globalização, estão de saúde e recomendam-se. Embora as interligações e interdependências das ricas e prósperas economias ocidentais, como muitos economistas ainda classificam o desempenho económico de países como os EUA e a Grã-Bretanha, apesar de exalarem desagradáveis odores de recessão e suores frios, os «emergentes» fazem questão de mostrar que “a tradição já não é o que era”. Empresas dinâmicas, lucrativas e competitivas, governos mais rigorosos e disciplinados na gestão das finanças públicas, e consumidores, a despeito de algum “desaperto” financeiro, continuam com elevadas taxas de poupança, ameaçam a eterna superioridade dos super ricos. Cada vez é menor a sua quota parte no PIB mundial.

Em apenas 1/4 de século a China passou de 50.ª maior contribuinte para a riqueza produzida no mundo para, em 2007, se alcandorar à 3.ª posição, à frente da poderosa Alemanha, e apenas atrás do Japão e dos EUA. As economias emergentes, os quatro BRIC + o G11 (entre os quais se encontram o Vietname, Bangladesh, México e África do Sul, para citar apenas alguns) criam mais riqueza mundial, do que os chamados países industrializados (liderados pelos fundadores do velho G7- EUA, Canadá, Grã-Bretanha, Japão, Alemanha, França e Itália.

Este é o primeiro facto histórico da economia global do III Milénio. O pagadigma mudou. Os impérios do eixo atlântico, nos últimos 25 anos, viram os centros de poder e decisão migrar para a Ásia-Pacífico e para o “cone sul” do hemisfério.

Percentagem de acções de cada BRIC num fundo de investimento especializado nas 4 economiasNeste capítulo a “supremacia do petrodólar” é, passe o pleonasmo, paradigmática da mudança de paradigma – a acelerada agonia e a deslocação dos centros do poder geopolítico e financeiro para outras latitudes e longitudes. Podemos até abdicar da álgebra e ficarmo-nos pela mais simples aritmética, tão simples são as variáveis a considerar nesta contabilidade. A erosão do valor do dólar gera a apreciação sustentada dos activos não «dolarizados». Os resultados são diários. Impressionam os mercados de divisas pela violência das flutuações cambiais. Yuan, Yen, Real, Rublo, Euro e outros Dólares (canadiano, australiano e neozelandês) coleccionam recordes sucessivos sobre a morbidamente obesa «greenback». O seu valor encolhe na razão directa da velocidade supersónica a que sai das tipografias do banco emissor americano. O real brasileiro, desde Janeiro, caminha para uma taxa de valorização face ao dólar americano de 20%. Nem as compras de dólares por atacado, através das intervenções do Banco do Brasil, conseguiram suster a hemorragia do dólar. As fugas dos investidores da zona dólar para moedas mais atractivas são inevitáveis. E, embora para alguns, já estejam a encarecer demasiado, por enquanto, não têm bolhas especulativas a antecipar os inevitáveis afundanços. Finalmente, um detalhe curioso: Emerging Portfolio Fund Research, fez a contas e chegou à seguinte conclusão – entre Janeiro e 15 de setembro deste ano, o fluxo líquido total de capitais estrangeiros que entrou nos mercados emergentes totalizou USD 19 mil milhões/bilhões (mm/bi). Destes, USD 14 mm/bi de dólares “voaram” para os exóticos destinos nas últimas cinco semanas do referido período. Sinal dos tempos…

Pedro Varanda de Castro

MRA – Dep. Data Mining

Consultor

Exportações brasileiras sustentam a queda do dólar, dizem economistas

terça-feira, outubro 30th, 2007

A valorização do real face ao dólar vai continuar em 2008 (MRA, Data Mining)O dólar fechou na segunda-feira (29) cotado a R$ 1,756, acumulando uma queda de quase 20% desde o início do ano. O valor de fechamento é o menor desde abril de 2000 – mas o movimento de queda está baseado em fundamentos mais sólidos do que há sete anos. “Em 2000, parte da desvalorização do dólar foi puxada pela entrada de capital de curtíssimo prazo, que é muito volátil”, diz Alessandra Ribeiro, da Tendências Consultoria. Esse capital de curto prazo vinha em busca da remuneração propiciada pela alta taxa de juros, então em 16,5% (outubro de 2000). Embora continue atrativa ao capital estrangeiro, a taxa atual é muito mais baixa: 11,25%. Em 2007, o fator determinante para explicar a queda na taxa de câmbio é o fluxo comercial. De janeiro a setembro de 2000, as exportações brasileiras somaram US$ 41,399 bilhões e as importações, US$ 40,682 bilhões. De lá para cá, as importações dobraram – passando a US$ 85,652 bilhões nos nove primeiros meses de 2007. As exportações, no entanto, registraram alta sensivelmente maior, passando a US$ 116,599 bilhões, influenciadas especialmente pela alta nos preços das commodities. Fonte: O Globo