Certamente alertados pelas movimentações brasileiras, com o apoio do presidente Lula, para a produção de biocombustíveis que não afectem negativamente a cadeia alimentar, os estados-maiores da União Europeia e dos Estados Unidos vão assinar na cimeira do próximo dia 9, em Washington, um acordo preliminar para dinamizar o comércio e o investimento na área dos carburantes biológicos. O anúncio será feito, formalmente, no primeiro encontro do recém-criado Conselho Económico Transatlântico UE-EUA, no encontro entre o presidente Bush e a chanceler alemã Angela Merkel, em Abril passado. O objectivo é chegar a um alargado consenso: normas técnicas, desarmamento alfandegário e fiscal, investigação tecnológica, patentes e propriedade industrial, quadros comuns de financiamento, modelos contabilísticos e desburocratização de processos e metodologias. Boyden Gray, o embaixador americano junto da União Europeia, é o mais empolgado dinamizador do projecto que, caso não avance, trará dificuldades acrescidas aos parceiros atlânticos “nos negócios com a China e as economias emergentes”. A afirmação é citada na edição de hoje do jornal britânico Financial Times. “Isto não deve ser entendido como uma posição anti-chinesa mas antes pró-crescimento económico”, sublinhou o diplomata ao FT.
Pinhão Manso: A arma (quase) secreta
O jornal britânico sustenta que uma das oleaginosas que irá romper o paradigma da beterraba, cana-de-açúcar, mamona, milho etc., é a “‘jatropha’, uma obscura planta que se dá em climas tropicais e subtropicais. Alguns produtores consideram-na uma das mais indicadas para produções agrícolas orientadas para os biocombustíveis. “Jatropha curcas”, nome científico de pinhão-manso, é a planta que Lula tinha na mão quando, em Fevereiro passado, inaugurou uma fábrica de biodiesel, da empresa Brasil Ecodiesel, em Cratéus. A investigação científica brasileira sobre a planta, remonta aos anos 80 do século passado, iniciada por especialistas da EPAMIG, depois abandonada e retomada desde 2003. A planta, segundo os técnicos e produtores brasileiros, não é uma cultura mecanizada e precisa de mão de obra o ano inteiro. Por isso, ganha importância social. Pela mesma razão é politicamente atraente para um presidente-sindicalista, enfeudado aos princípios do pleno emprego e da criação e distribuição da renda e da riqueza produzida no país. Até agora, no Brasil, o pinhão-manso ainda só ocupa uns milhares de hectares. Porém, os primeiros resultados parecem encorajadores. A oleaginosa tem a vantagem de não ser comestível e de posssuir os elementos essenciais para produzir biodiesel de boa qualidade sem desequlibrar a balança agro-alimentar. (pvc/Financial Times/Biodiesel)