Archive for the ‘Balcãs’ Category

TPI condena ex-general jugoslavo a 27 anos por crimes contra a Humanidade

terça-feira, setembro 6th, 2011

O Tribunal Penal Internacional (TPI) para a ex-Jusgolávia  condenou hoje o antigo chefe do estado-maior jugoslavo Momcilo Perisic a  27 anos de prisão por crimes contra a humanidade e crimes de guerra.

A sentença foi anunciada pelo juiz Bakone Moloto na sede do tribunal,  em Haia (Holanda). “Por estes crimes, a câmara  (de juízes) condena-vos, por maioria, a  uma pena de 27 anos de prisão”, declarou o juiz Bakone Moloto. 

No âmbito das suas funções, segundo a instância judicial internacional,  Perisic forneceu elementos, incluindo oficiais, armamento e ajuda logística  ao exército sérvio na Bósnia e ao exército de Krajina (um enclave sérvio  da Croácia, autoproclamado independente), bem como tinha consciência que  estes meios seriam utilizados para perpetrar crimes. 

“O general Perisic continuou a prestar esta assistência durante meses,  mesmo depois de ter sido informado dos crimes cometidos pelo exército sérvio  na Bósnia”, referiu ainda o juiz, durante a leitura da sentença. 

Líder do estado-maior do exército jugoslavo entre 1993 e 1998, Perisic,  67 anos, foi condenado pelo papel que desempenhou no cerco da capital bósnia  de Sarajevo, que durou cerca de 44 meses e matou perto de 10 mil civis.

 MRA Alliance/SIC Noticias

Ex-Jugoslávia: Detido último fugitivo de guerra servo-croata acusado de crimes contra a Humanidade

quarta-feira, julho 20th, 2011

Goran Hadzic, antigo líder da província separatista servo-croata da Krajina, foi detido na noite passada, confirmou o presidente sérvio. Hadzic, que é suspeito de vários crimes durante a guerra na Croácia entre 1991 e 1995, vivia escondido na Sérvia desde 2004. É o último fugitivo do Tribunal Penal Internacional a ser capturado por alegados crimes de guerra perpetrados na ex-Jugoslávia .

“A Sérvia fecha o capítulo mais difícil na sua colaboração com o tribunal de Haia”, declarou Boris Tadic, perante os jornalistas. O presidente sérvio voltou a negar qualquer má vontade e a rejeitar responsabilidades no lento processo que levou à captura dos líderes político e militar dos sérvios na Bósnia, Radovan Karadzic e Ratko Mladic.

“Só posso confirmar que fizemos todo o possível e estou muito orgulhoso de todos que trabalharam nesta questão”, disse Tadic, manifestando, ainda que de modo indireto, a esperança da detenção permitir o avanço da integração da Sérvia na União Europeia. Belgrado quer ter o estatuto de candidato a Estado-membro e definir, até ao final do ano, uma data para início de negociações de adesão.

A estação de televisão sérvia B92 avançou que Hadzic foi detido no mosteiro de Krusedol, mas o presidente desmentiu o local. Hadzic, de 52 anos, foi detido num bosque, na região montanhosa, em Fruska Gora, a 80 quilómetros de Belgrado, onde tinha combinado encontrar-se com “um contacto”.

Goran Hadzic foi líder da província separatista servo-croata da Krajina em 92 e 93, que tinha um terço do território croata.  Sobre Hadzic pendem 14 acusações do TPI, desde 2004, incluindo crimes contra a humanidade, perseguição, extermínio, tortura, deportação e destruição em massa. É suspeito de envolvimento na morte de centenas de civis croatas e na deportação de dezenas de milhares de não-sérvios para as tropas sérvias durante a guerra na Croácia.

MRA Alliance/RTP

Sérvia: Sociedade civil enfrenta “o fardo do genocídio”

segunda-feira, maio 30th, 2011

Danko Runic recusa a “culpa coletiva” dos sérvios pelo que fizeram homens como Ratko Mladic, “mas o genocídio foi cometido pelo Estado e quem quer que esteja depois no poder tem que lidar com isso”. Frases como esta são sacrílegas para boa parte da opinião pública sérvia, ontem como hoje e ainda mais — se possível — nos dias em que a magistratura de Belgrado prepara a extradição do antigo chefe dos sérvios bósnios para Haia.

“Devíamos esta prisão aos nossos vizinhos”, prossegue Danko Runic, jovem diretor do departamento de Integração Europeia e Cooperação com a Sociedade Civil na administração da capital sérvia. “Espero que a prisão de Mladic seja um primeiro passo para a adesão à União Europeia, mas antes de mais e sobretudo espero que nos ajude a enfrentar o passado”, acrescenta Danko Runic, que é também dirigente de um partido da oposição, os Liberais Democratas Sérvios. “A prisão de Mladic vai trazer, oxalá, um alívio para o sentimento de culpa pelo que aconteceu e, também, alguma paz para o sofrimento imenso causado às vítimas durante as guerras”, afirma também o jovem responsável municipal.

Ratko Mladic é acusado pelo Tribunal Penal Internacional para a ex-Jugoslávia (TPI) de ordenar o massacre de cerca de oito mil muçulmanos bósnios em julho de 1995, no enclave de Srebrenica, além de liderar os 42 meses de cerco e bombardeamento de Sarajevo durante 42 meses.

Danko Runic alerta para “a forma profundamente errada em como a imprensa sérvia apresenta a prisão de Mladic como uma história ‘sexy’, recordando o seu passado militar glorioso e focando a atenção na pessoa dele e na sua biografia”.

Para Runic, “esse é o lado da história completamente irrelevante hoje”. Na televisão nacional, acrescenta, a prisão de Mladic, no dia 26 de maio, foi pretexto “para a exibição de apenas um documentário” na televisão nacional.

“Gostaria de ver, pelo menos, um segundo programa focado nas vítimas de Srebrenica e em todo o sofrimento que Mladic e o seu exército causaram a tanta gente. E também sobre as técnicas do genocídio: havia camiões, havia organização, aquilo foi pensado”, explica o jovem quadro dos Liberais Democratas.

O “fardo coletivo”, diz Danko Runic, apenas pode ser enfrentado por organizações e por iniciativa da sociedade civil, “pois os dirigentes políticos já provaram que não estão interessados em fomentar esse processo”.

Runic fala da importância de projetos como a Casa dos Direitos Humanos, em instalação no centro de Belgrado, ao lado do Parlamento, “e que pretendemos que tenha um arquivo sobre as guerras e os crimes da ex-Jugoslávia maior do que o do TPI em Haia”. A Casa deve abrir até ao final do ano.

Outro projeto, bastante mais ambicioso, é o da REKOM, a rede regional que, no antigo espaço jugoslavo, trabalha em prol da constituição de uma Comissão da Verdade que estabeleça “o destino de cada vítima nos vários países entre 1991 e 2000”.

Uma tal comissão seria diferente do TPI, “em primeiro lugar porque não é um órgão judicial. Precisamos de enfrentar todos o que aconteceu, à semelhança do que foi feito na Argentina, África do Sul e outros países”, diz Danko Runic.

“Não é demasiado tarde” para esse esforço e, no que respeita à Sérvia, o país só tem a ganhar. “Não podemos ter uma boa relação com Bruxelas sem antes resolver o nosso passado recente com Zagreb, com Sarajevo, com Pristina, com Podgorica”.

MRA Alliance/Lusa-Sic Notícias

Karadzic protegido pela CIA até 2000, diz jornal sérvio

domingo, agosto 3rd, 2008

Radovan Karadzic foi protegido pelos EUA até 2000, ano em que a CIA descobriu, através de escutas telefónicas, que o líder paramilitar bósnio-sérvio rompera um acordo secreto com os americanos, noticiou ontem o jornal BLIC (Belgrado) citado pela agência France Press (AFP). O periódico sérvio, citando uma fonte dos serviços secretos dos EUA, informa que Karadzic beneficiava de imunidade desde que não desse nas vistas nem assumisse protagonismos políticos. “Karadzic, indiciado por genocício e crimes de guerra, esteve sob protecção dos EUA até 2000, quando a CIA interceptou um telefonema que provava o seu envolvimento pessoal em reuniões do seu antigo partido político”, escreve o jornal. Esta tese foi defendida parcialmente, esta semana, pelo próprio Karadzic perante o Tribunal Criminal Internacional de Haia para a antiga Jugoslávia (ICTY, em inglês), na apresentação do seu primeiro depoimento escrito. O líder sérvio disse aos juízes que Richard Holbrooke, o negociador do processo de paz na Bósnia em representação dos EUA, lhe prometeu que não seria julgado se abandonasse a política. Karadzic foi preso no mês passado, em Belgrado, e entregue ao ICTY, após ter andado a monte, durante mais de uma década, na sequência das suspeitas de actos de genocídio cometidos durante o conflito na Bósnia (1992-1995). Holbrooke negou as denúncias. Contrariamente, a fonte citada pelo BLIC afirmou: “Não tenho a certeza da existência de um documento escrito que o confirme, mas HolBrooke admitiu que foram dadas garantias verbais a Karadzic pelas mais altas instâncias norte-americanas”. O informador indicou que a CIA, com a anuência dos serviços secretos ingleses e franceses, manteve Karadzic sob “protecção informal”. Após terem descoberto que o antigo líder paramilitar continuava a dirigir o Partido Social-Democrata Sérvio, “os americanos e a CIA retiraram-lhe a protecção de que gozava”, acrescentou a fonte. A Rádio Belgrado emitiu recentemente uma entrevista com o antigo ministro dos Negócios Estrangeiros da Sérvia, Aleksa Buha , na qual afirmou ter sido testemunha do acordo Holbrooke-Karadzic. “Holbrooke prometeu-me empenhadamente que o tribunal de Haia não incomodaria Karadzic se ele abandonasse a política para sempre”, disse Buha. Alegadamente a promessa terá sido feita “na noite de 18 para 19 de Julho de 1996” , durante uma reunião em que participou o presidente da Jugoslávia Slobodan Milosevic e o ministro dos Negócios Estrangeiros, Milan Milutinovic, bem como o antigo funcionário bósnio-sérvio Momcilo Krajisnik, precisou Buha. MRA/AFP

TPI iliba antigo comandante muçulmano das forças de Srebrenica

domingo, julho 6th, 2008

Naser OricO Tribunal Penal Internacional (TPI) para a ex-Jugoslávia, em Haia, ilibou o antigo comandante muçulmano das forças de Srebrenica, Naser Oric, condenado a dois anos de prisão por alegados crimes de guerra, em primeira instância, e por supostamente não ter evitado o massacre de Srebrenica. “O tribunal de recursos anulou o julgamento [do tribunal de primeira instância] e declarou o acusado não culpado”, declarou Wolfgang Schomburg do TPI. Em Junho de 2006, Naser Oric fora considerado culpado de crimes de guerra por não ter tentado evitar maus-tratos e assassínios cometidos contra a população sérvia, já que tinha tido conhecimento de assassínios anteriores. Oric declarou-se inocente e recorreu da sentença da primeira instância.

MRA Dep. Data Mining

Duas dezenas de países já reconheceram o Kosovo, três da UE disseram “não!”

terça-feira, fevereiro 26th, 2008

balcãs - kosovo e serviaUm conjunto de 18 países reconheceu já formalmente a autoproclamada independência do Kosovo, entre os quais dez da União Europeia. Contra a independência manifestaram-se dez países, três deles da UE. Portugal definirá a sua posição sobre o processo de independência do Kosovo “muito brevemente”, depois de terminadas as consultas com o Presidente da República e com o parlamento, declarou na sexta-feira o primeiro-ministro José Sócrates. Na região as tensões étnicas e diplomáticas aumentam. Mais …

Putin: “Kosovo estilhaça sistema de relações internacionais”…

sábado, fevereiro 23rd, 2008

Putin avisaA independência do Kosovo cria um “precedente horrível” que se atravessará “na garganta” dos ocidentais, declarou ontem, em Moscovo, o presidente russo, Vladimir Putin, durante um encontro com os dirigentes da Comunidade de Estados Independentes (ex-URSS sem Estados bálticos).“O precedente do Kosovo é horrível. De facto, fez voar em estilhaços todo o sistema das relações internacionais existente não apenas há décadas mas séculos”, disse Putin.

Evocando os países que já reconheceram a proclamação da independência do Kosovo, o presidente russo estimou que a situação terá “consequências imprevisíveis”. “Eles não pensam nas consequências do que fazem. No final, é como um pau de dois bicos e um dia uma das pontas vai ficar-lhes atravessada na garganta”, acrescentou Putin dirigindo-se aos países ocidentais.

A Rússia, membro permanente do Conselho de Segurança da ONU e tradicional aliado da Sérvia, opõe-se inflexívelmente à independência do Kosovo. (pvc/agências)

UE: Kosovo é uma questão especial e de urgente solução, diz presidência eslovena

quarta-feira, janeiro 16th, 2008

Kosovo - A bomba de relógio europeiaO Kosovo está no centro das prioridades da presidência eslovena da União Europeia. Esta quarta-feira, no Parlamento Europeu, em Estrasburgo, o primeiro-ministro esloveno, Janez Jansa, relembrou que a actual província separatista sérvia gozava, no tempo da Federação Jugoslava, de uma autonomia semelhante à da Sérvia. Porém, disse, o então líder sérvio Slobodan Milosevic pôs-lhe termo. Neste contexto, o chefe do governo da Eslovénia defende uma solução rápida que evite complicações diplomáticas decorrentes de uma independência não negociada do Kosovo, ignorando os interesses geopolíticos em presença.

Não parece possível um acordo no Conselho de Segurança [da ONU] num futuro próximo. Por outro lado, todos sabemos que atrasar a solução poderia desestabilizar drasticamente a região dos Balcãs. A situação actual não é sustentável e o Kosovo representa um problema especial que não pode ser comparado a nenhuma outra situação no mundo”, enfatizou.

A declaração foi interpretada por analistas europeus como uma mensagem dirigida a alguns países que se opõem à independência do Kosovo, designadamente a Rússia, Chipre ou a Grécia, para além da própria Sérvia. Todos, pelas mesmas razões, receiam que a independência kosovar alimente sentimentos separatistas dentro dos seus territórios. Janez Jansa confirmou o envio de uma missão de paz para a região, conforme a decisão dos Chefes de Estado e de Governo, tomada durante o Conselho Europeu de Lisboa, no final da Presidência portuguesa da União Europeia, no mês passado. (pvc/agências)

Independendência do Kosovo reconhecida pela UE em Março, diz DN

sábado, janeiro 12th, 2008

Kosovo e ServiaA União Europeia (UE) tem tudo a postos para proceder de forma concertada ao reconhecimento de uma Declaração Coordenada de Independência do Kosovo que, segundo a edição de hoje do Diário de Notícias, é esperada por Bruxelas entre o final de Fevereiro e o início de Março. “A presidência eslovena – acrescenta o jornal – só deverá reconhecer a soberania da província sérvia num quadro de coordenação internacional que envolva pelo menos os Estados Unidos.”
Citando fontes não identificadas da Comissão Europeia, em Bruxelas, o diário lisboeta refere que “o calendário do executivo comunitário já está delineado” precisando que “em Fevereiro a Missão Civil e Policial da UE para o Kosovo deverá estar pronta a avançar para o terreno” sendo em Março “reconhecida a soberania de Pristina.” O calendário e as medidas, de acordo com o relato do DN será definido na reunião dos ministros dos Negócios Estrangeiros dos 27, a realizar na Eslovénia nos dias 28 e 29 de Março.

Até lá um conjunto de outras iniciativas diplomáticas deverão ser concretizadas para dar consistência às iniciativas diplomáticas de Bruxelas: 1) Assinatura do Acordo de Associação e Estabilização (AAE) com a Sérvia ainda em Janeiro, antes das presidenciais sérvias, a 3 de Fevereiro; 2) A assinatura poderá evitar que o candidato ultranacionalista, Tomislav Nikolic, caso derrote o Presidente Boris Tadic, possa bloquear a adesão sérvia à UE integrando-se antes num bloco regional controlado pela Rússia. 3) O resultado das eleições, de acordo com a agenda de Bruxelas, poderá influenciar a reacção do país à independência do Kosovo e aceitação de uma missão da UE com a missão de assumir o comando internacional na província sob a égide das Nações Unidas. (pvc)