A União Europeia accionou ontem à noite o sistema comunitário de alerta de acidentes nucleares na sequência de uma avaria na central de energia atómica de Krsko, sudoeste da Eslovénia, revelou a Comissão Europeia, num comunidado distribuído a partir de Bruxelas.
Pouco antes, a Agência Internacional de Energia Atómica (AIEA), em Viena, informou que a Eslovénia a notificara sobre a ocorrência de um “evento incomum” em Krsko (às 17H20, de Lisboa), com um “nível mínimo de emergência”. A nota da AIEA esclareceu que este tipo de incidente é a definição do nível emergência, numa escala de quatro, definido pela Direção Eslovena de Segurança Nuclear (SNSA).
Por seu turno, a Comissão Europeia referiu não existirem por enquanto sinais de qualquer contaminação no meio ambiente. “Não há perigo para a população nem para o meio ambiente”, acrescentou também a porta-voz da Presidência eslovena da UE, Maja Kocijancic, ao ressaltar que o derrame envolve água e não material radioactivo. “O sistema de resposta de emergência ECURIE da Comissão recebeu uma mensagem de alerta da Eslovénia. Uma perda de líquido refrigerante foi registrada no sistema de refrigeração da fábrica nuclear de Krsko”, precisou Bruxelas. “Na altura da publicação deste comunicado, a potência do reactor encontrava-se a 22% da sua capacidade e o seu encerramento estava em curso”, acrescentou.
A UE criou o sistema de alerta ECURIE em 1987, após a explosão da central soviética de Chernobyl (Ucrânia), para que os Estados membros informem sobre “acidentes nucleares maiores ou emergências radioactivas”, precisou a Comissão. O porta-voz da UE, encarregado de questões energéticas, Ferran Tarradellas, reconheceu porém que embora o sistema seja utilizado com frequência, raramente um incidente deste género é classificado como suficientemente grave para ser tornado público.
A central nuclear de Krsko (120 km a leste de Liubliana) – explorada em conjunto pela Eslovénia e pela Croácia – foi construída pelo consórcio americano-japonês Westinghouse e entrou em funcionamento em 1983. Em Novembro passado esteve sujeita a operações de manutenção. Após ter voltado à actividade plena passou a produzir 20% e 15% da electricidade hoje consumida na Eslovénia e na Croácia, respectivamente. MRA/Agências