Bruxelas dará o aval à estratégia orçamental definida pelo Governo de Lisboa, elogiando o esforço de contenção. No entanto, na avaliação ao Programa de Estabilidade e Crescimento (PEC)português, a apresentar em breve pela Comissão Europeia, será feito um aviso à navegação lusitana: a meta de crescimento de 2%, prevista para 2008, é optimista tendo em conta o clima de abrandamento que se vive na zona euro, onde se encontram os principais parceiros comerciais de Portugal. “Há que reconhecer que foi um esforço assinalável”, sublinhou uma fonte comunitária ao Diário Económico. Um ano antes da data prevista pelo Ecofin, o excessivo défice público nacional será corrigido.
No caso de Portugal, a meta é um défice orçamental de 0,5%, o qual deverá ser alcançado, mesmo num contexto de abrandamento económico, frisou a semana passada o comissário europeu para os Assuntos Monetários, Joaquín Almunia. Os países que não atingiram o equilíbrio orçamental, têm uma margem mínima para deixar funcionar os estabilizadores automáticos, nesta fase de arrefecimento económico, disse o comissário. No entanto, Bruxelas alerta que o crescimento inscrito no PEC português, para 2008, parece ser “francamente optimista” face ao conjunto da zona euro. No final do ano passado, os países da moeda única começaram a dar sinais de abrandamento, na sequência da crise hipotecária americana e do subsequente aperto do crédito. A Comissão Europeia, que já baixou a estimativa de crescimento para 2008 ( 2,2%) voltará a cortar, nas previsões de 21 de Fevereiro próximo, mais três a quatro décimas.
Neste cenário, e tendo em conta que Portugal exporta 77% para a UE, Bruxelas acredita que a meta do Governo Sócrates (2%) é demasiado optimista. Porém, uma fonte diplomática portuguesa, citada pelo DE, insistiu no optimismo referindo que a Comissão já se enganou, noutras estimativas sobre o desempenho da economia lusa, reivindicando agora que “o Governo [português] merece o benefício da dívida”. (pvc/DE)