BRIC´s omitem questão do dólar e exigem democratização do sistema financeiro mundial

As quatro maiores economias emergentes que integram o bloco BRIC – Brasil, Rússia, Índia e China – defenderam hoje um sistema de divisas mais diversificado, estável e previsível, mas ainda não descartaram de vez o dólar, após a primeira cimeira formal na cidade russa de Ekaterimburgo, nos Urais.

Os líderes dos quatro países que concentram cerca de 40% da população mundial, 14,6% do PIB mundial, 12,8% do comércio e um quarto da superfície terrestre do planeta, querem igualmente um mecanismo mais democrático e transparente de tomada de decisões nas organizações financeiras multilaterais.

Os presidentes Lula da Silva, Dmitri Medvedev, Hu Jintao e o primeiro-ministro indiano, Manmohan Singh, querem que os dirigentes das organizações financeiras multilaterais, como o FMI e o Banco Mundial, sejam escolhidos em eleições abertas e transparentes, de acordo com o mérito dos candidatos e não por indigitação dos países ricos.

O documento ressalta que a reforma da arquitetura económico-financeira mundial deve fortalecer a gestão de riscos e e as práticas de supervisão financeira para evitar abalos nos mercados financeiros.

O comunicado final não faz referência directa ao dólar, mas Medvedev defendeu que o mundo precisa de novas divisas de reserva para estabilizar o sistema financeiro global e evitar novas crises. “As actuais divisas de reserva, acima de tudo a principal delas, o dólar, não cumpriram suas funções”, disse. O presidente russo admitiu que a aparição de novas divisas de reserva “é um processo longo”, rejeitou as mudanças superficiais e defendeu “vias alternativas” para resolver a crise.

Durante a conferência de imprensa final, Medvedev revelou ainda que os BRIC acordaram a futura coordenação das medidas anticrise, incluindo as aprovadas no âmbito do G20 – fórum que reúne os sete países mais ricos e as treze economias emergentes mais importantes. Nesse sentido, os ministros de Finanças e presidentes dos bancos centrais dos quatro países do bloco vão propôr “os parâmetros da nova arquitetura financeira mundial”.

O comunicado final sugere aos países ricos que cumpram as “suas obrigações de alocar 0,7% das suas receitas” para fomentar a ajuda ao desenvolvimento e pede-lhes que flexibilizem “os prazos de pagamento das dívidas, o acesso ao mercado e à tecnologia” por parte dos países pobres.

A segunda reunião formal do bloco BRIC terá lugar em 2010, no Brasil.

MRA Alliance/Agências

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