Os ‘spreads’ cobrados pelos maiores bancos a operar no mercado nacional dispararam já este mês e vão continuar a aumentar revela hoje o Diário Económico. As instituições estão a reflectir nos clientes a impossibilidade de recorrerem a financiamento no mercado externo, fruto dos sucessivos cortes de ‘rating’ após o estalar da crise política e pedido de ajuda externa.
O potencial de subida dos ‘spreads’ a curto e médio prazo vai depender, segundo os economistas contactados, da evolução do custo do financiamento nos mercados e dos termos do acordo do resgate a Portugal, sobretudo, das exigências feitas pela ‘troika’ à banca.
De acordo com os preçários das 12 instituições analisadas – CGD, BCP, BES, BPI, Santander Totta, Montepio Geral, Barclays, Banif, Crédito Agrícola, Banco Popular, Deutsche Bank e BBVA -, a média do ‘spread’ mínimo cobrado é agora de 1,55%, o que compara com 1,51% no início do mês. Para os clientes com maior perfil de risco, o custo médio aumentou de 4,35% para 4,67%.
Por estas razões, segundo o Diário Económico, os representantes do FMI, Comissão Europeia e Banco Central Europeu que se encontram em Portugal preparam-se para impor o ressurgimento da aposta no arrendamento imobiliário e diminuir o endividamento das famílias.
“Os organismos internacionais pretendem que a economia portuguesa seja mais flexível para que possa crescer mais. Sabendo-se que a existência de muitas casas próprias é um obstáculo à mobilidade e flexibilidade económica, o programa de auxílio tenderá a reduzir a necessidade de aquisição de casa própria, através da flexibilização da solução de arrendamento (como aliás o PEC IV já sugeria)”, defende Cristina Casalinho.
A economista-chefe do BPI recorda que o excesso de crédito à habitação em Portugal resulta de “uma distorção de mercado, cuja correcção deverá fazer com que os níveis de crédito à habitação regressem, desejavelmente, a patamares mais alinhados com o passado português e com a média europeia”.
Para ilustrar a distorção basta regressar a 2007, ano em que os bancos concorriam pelo melhor “spread zero” do mercado e relembrar que a lei do arrendamento urbano não vingou.
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