O Tribunal de Contas arrasa o constante recurso dos hospitais públicos aos médicos tarefeiros, a quem foram pagos mais de 227 milhões de euros. A análise revela ainda fraca produtividade e pouco controlo.
Entre 2007 e Junho de 2009, os 61 hospitais do Serviço Nacional de Saúde gastaram mais de 227 milhões de euros em contratações de médicos tarefeiros. Os resultados foram apurados pelo Tribunal de Contas, que arrasa a forma como os hospitais recorrem a estes clínicos externos. Redução da produção, má gestão e contratação de médicos reformados são alguns dos problemas detectados. O relatório foi enviado ao Ministério Público, que ainda não se pronunciou.
“Em 2008, a despesa com a contratação externa de serviços médicos, em 61 unidades hospitalares do Serviço Nacional de Saúde ” atingiu os 100 560 016 euros, um aumento de 25,7% em relação a 2007, quando foram gastos 79.979.451 euros, refere o relatório do Tribunal de Contas (TC), a que o DN teve acesso. “No primeiro semestre de 2009, a despesa ascendia a 47 016 503 euros”.
Foi nas urgências que se gastou mais dinheiro com a contratação destes clínicos. Mas, mas nem por isso se registou um aumento na produção, denunciam os auditores. “Nas 14 unidades hospitalares seleccionadas constatou-se que, entre 2007 e 2009 (1.º semestre), a despesa com a contratação externa de serviços médicos foi a mais expressiva no serviço de urgência, com 63 235 540 euros. Apesar disso, não se registaram, globalmente, melhorias no desempenho desta linha de produção”, referem.
As conclusões não deixam dúvidas: “De um modo geral, o mecanismo de contratação externa de serviços médicos não se mostrou eficaz no serviço de urgência.” Há contudo casos em que o recurso a tarefeiros sai mais barato que o pagamento das horas extraordinárias aos médicos da casa.
MRA Alliance/DN