O ministro alemão da Economia, Rainer Brüderle, avisou ontem que a Alemanha, depois dos casos da Grécia e da Irlanda, “não pode ajudar a salvar nenhum outro país em caso de emergência”. Na prática, isto significa que para o governo alemão, Portugal ou Espanha, os países que se seguem na carruagem dos aflitos da dívida soberana e do défice público, poderá já não haver possibilidade de ajuda da UE nem do FMI.
Em entrevista ao jornal alemão “Bild am Sonntag”, Brüderle rejeitou totalmente a especulação acerca de um dominó sobre outros países europeus e lembrou que “a Espanha e Portugal fazem todo o possível para controlar o seu orçamento”.
Por cá, a especulação em torno da entrada do FMI (Fundo Monetário Internacional) ou do recurso ao Fundo de Estabilização Europeu mantém-se acesa. Nem a aprovação do Orçamento do Estado para 2011 foi suficiente para acalmar os mercados ou tirar de cima do Governo o fantasma da ajuda externa.
O líder da oposição social-democrata Pedro Passos Coelho admitiu que não recusa trabalhar com o FMI “se for essa a forma de ajudar o país”. Em entrevista ao Expresso, o líder do PSD disse acreditar que Portugal tem “condições de execução orçamental aprovadas este mês que podem dar alguma confiança aos mercados” e dispõe de um sistema bancário mais “saudável”, do que o irlandês.
Este discurso foi mal recebido pelo Governo. O ministro da Defesa, Augusto Santos Silva, acusou Passos Coelho de estar a “enfraquecer a posição nacional” e de revelar “imaturidade política”.
Santos Silva assegurou que “a União Europeia não está a trabalhar em nenhum pacote de ajuda a Portugal”, e que essa possibilidade nem sequer é colocada pelo Governo actual que “está a trabalhar” para a impedir.
MRA Alliance/DE