“Os preços de bens de primeira necessidade são mais baratos em Espanha face a Portugal. O valor do IVA é diferente nos dois países, sendo que este factor poderá marcar a diferença dos preços de alguns produtos”, considerou Mary Cármen, uma turista oriunda da Valladolid (Espanha).
A constatação foi feita hoje, no decurso da romaria internacional da Senhora da Luz, certame que decorreu junto à fronteira de Portugal com Espanha, nas proximidades de Constantim, concelho de Miranda do Douro.
Já Manuel Ferreira, um vendedor ambulante português, afirmou que o preço “elevado” dos combustíveis praticado em Portugal reflecte-se sempre no produto final.
“Eu vendo frangos assados, sou obrigado a comercializar o meu produto a um preço mais caro que o meu concorrente espanhol, já que o preço do gás é mais alto em Portugal,” justificou.
A romaria realiza-se anualmente mesmo em cima da fronteira, onde comerciantes espanhóis e portugueses estão separados apenas por uma linha branca que delimita os dois territórios.
Os visitantes rondam alguns milhares vindos um pouco de toda a província espanhola de Castela e Leão e da região norte de Portugal.
Os romeiros são atraídos não só pela feira internacional, mas igualmente pela devoção manifestada ao culto Mariano, em honra da Senhora da Luz.
Ali chegados, é possível ouvir os pregões dos vendedores tanto em castelhano como em português. Em algumas circunstâncias a fusão dos dois idiomas resulta numa mistura linguística que os locais apelidam de “portunhol”.
Independentemente da língua utilizada, a mensagem passa, e os cerca de 500 comerciantes que ali montaram os seus pontos de venda apontam sempre na mesma direcção: “ó freguês compre aqui que é mais barato”.
Por seu lado Vítor Ferreira, um comerciante português ligado ao sector alimentar, sempre foi dizendo que os espanhóis aparentam ter mais dinheiro.
“Os espanhóis quando é na hora de comprar não regateiam o preço. Chegam à banca, verificam a qualidade do produto e se lhes interessar levam sem olhar ao preço”, acrescentou o vendedor ambulante.
Quem não se queixa da crise é a comissão que organiza a romaria que garantiu que mesmo em “tempo de contenção” não foi registada qualquer quebra no valor das esmolas ou das promessas feitas à Senhora da Luz.
“Em tempo de crise as pessoas torna-se mais devotas”, disse à Lusa fonte ligada à Comissão Fabriqueira da Senhora da Luz.
MRA Alliance/DE