Archive for maio, 2011

Financial Times diz que a Grécia vai entrar em leilão

terça-feira, maio 31st, 2011

A Grécia pode ver-se obrigada a abandonar a zona euro, caso não implemente as medidas de austeridade exigidas pelos credores.  Apesar de não ser responsável pelos assuntos económicos, as palavras de Maria Damanaki, comissária da Grécia junto da União Europeia, não deixam margem para dúvida quanto à ameaça que a crise da dívida grega coloca à união monetária europeia. E funciona como um sério aviso a todas as forças do partido socialista no governo e aos seus aliados dos sindicatos que estão a resistir às reformas.

Um aspecto que está a gerar forte controvérsia é a promessa do governo de arrecadar 50 mil milhões de euros com privatizações até 2015. As participações do governo em empresas de serviços púbicos, bancos, no antigo monopólio de telecomunicações e noutras empresas, como a Opap, a empresa de lotaria e apostas desportivas que é a maior da Europa, deverão ser colocadas à partida para venda.

Os governos da zona euro e o Fundo Monetário Internacional estão determinados a fazer com que a Grécia cumpra a sua palavra. Alguns responsáveis políticos querem que estas vendas decorram sob controlo de uma agência externa, de modo a assegurar a integridade de todo o processo.

A Grécia iria certamente beneficiar com níveis de competitividade e de eficiência mais elevados em virtude de uma redução do peso do Estado na economia. Um esforço de privatização robusto ajudaria também a Grécia a ganhar tempo e conquistar a confiança dos seus credores num altura em que procura apoio financeiro para compensar a sua exclusão dos mercados de capitais.

Mas um programa como este não é panaceia para os males da Grécia. E mesmo que vá em frente, só conseguirá uma redução gradual da dívida pública da Grécia, dívida esta que subiu para uns colossais 150% do Produto Interno Bruto. À luz dos comentários de Damanaki, os investidores vão, obviamente, perguntar se faz algum sentido pagar um preço elevado por participações cujo valor pode cair no meio do caos provocado por uma saída da Grécia da zona euro.

No que toca à ideia de colocar os estrangeiros à frente corre o risco de provocar uma explosão de protestos pela soberania perdida, algo que pode prejudicar todos os esforços de recuperação económica.

O FMI e a zona euro estão certos em pressionarem a Grécia no sentido de uma rápida venda de activos estatais. Mas permanecem as suspeitas de que a ênfase dos credores nas privatizações possa ser um atestado à incapacidade de chegar a uma solução mais ampla para os problemas da Grécia.

A questão principal que se coloca prende-se com a forma de financiar a Grécia nos próximos dois anos e como reestruturar a sua dívida. E as privatizações, por mais que sejam, não vão dissipar estas dúvidas.

MRA Alliance/DE

‘Troika’ acelera privatizações em Portugal

segunda-feira, maio 30th, 2011

A venda de mais uma tranche do capital EDP era um dos marcos do programa de privatizações do actual Governo. Mas a crise financeira e a intervenção do Fundo Monetário Internacional e da União Europeia acabaria por acelerar o processo, ao impor a saída definitiva do Estado, ainda este ano, da estrutura accionista da EDP, refere hoje o Diário Económico.

A operação de privatização não se adivinha fácil, a avaliar pelo fracasso de colocação, em Dezembro passado, de cerca de 10% da eléctrica, através de uma emissão de obrigações convertíveis em acções. A solução deverá agora incluir a entrada de parceiros estratégicos. O Estado, via Parpública, detém ainda 25% do capital da EDP (24% de direitos de voto).

A EDP não é, porém, a única jóia da coroa que o Executivo de José Sócrates terá de colocar, até ao final do ano, no mercado. Da lista consta a REN e a TAP, sendo a primeira a mais pacífica. Até porque a privatização da REN é, há muito, uma reivindicação dos accionistas privados e uma velha promessa do Governo.

O mesmo não acontece com a transportadora aérea. Apesar dos rumores de mercado que dão como certos os contactos entre a companhia área e a IAG, empresa que resultou da fusão da British Airways e da Iberia, não está definido que percentagem será privatizada.

A ‘troika’ prevê um encaixe para o Estado de 5,5 mil milhões de euros até 2013, “com desinvestimento apenas parcial em todas as grandes companhias”.

MRA Alliance

Krugman diz que Lagarde não é a melhor escolha para o FMI

segunda-feira, maio 30th, 2011

O economista Paul Krugman aponta o governador do Banco Central de Israel, Stanley Fischer, como a pessoa ideal para ocupar o cargo de director-geral do FMI. Já a favorita para conquistar o lugar, a francesa Christine Lagarde, deixa algumas reservas ao Nobel da Economia.

“Estamos a viver tempos que requerem pensamento criativo e independente. Um director-geral que sirva como o homem ou a mulher da frente dos suspeitos do costume, com sabedoria convencional em tempos inconvencionais não é o que precisamos”, referiu Krugman no seu blogue.

Apesar de considerar a francesa como uma pessoa “impressionante”, não a considera como alguém com um pensamento económico forte e independente. “Se ela for a nova directora-geral, terei esperança pelo melhor, mas não o esperarei”, confessa.

Em contraste, Krugman aponta Fischer como alguém com vontade “de desafiar as visões convencionais; é alguém que analisa os conselhos convencionais e cautelosos dos comités, vê os seus pontos fracos e avança para soluções reais”.

Krugman elogia o trabalho de Fischer no Banco Central de Israel e deixa uma declaração de interesses. O Nobel foi aluno de Fischer.

O ‘Wall Street Journal’ e a imprensa israelita referem que Fischer irá apresentar uma candidatura ao cargo. O governador já foi vice-director do FMI entre 1994 e 2001 e, posteriormente, foi vice-presidente do Citigroup.

MRA Alliance/DE

Depósitos em Portugal “estão muito seguros”

segunda-feira, maio 30th, 2011

O administrador financeiro do BCP, Paulo Macedo, afirmou hoje que os depósitos em Portugal estão “muito seguros”. “Creio que os depósitos estão seguros (…). Aconteça o que acontecer não digo de certeza, mas face ao contexto actual os depósitos estão muito seguros”, afirmou o responsável numa conferência organizada esta tarde pelo Jornal de Negócios em Lisboa.

“É importante que as pessoas saibam isto e que também tenham o seu património investido de forma diversificada”, afirmou o gestor do BCP na mesma ocasião.

MRA Alliance/DE

Sérvia: Sociedade civil enfrenta “o fardo do genocídio”

segunda-feira, maio 30th, 2011

Danko Runic recusa a “culpa coletiva” dos sérvios pelo que fizeram homens como Ratko Mladic, “mas o genocídio foi cometido pelo Estado e quem quer que esteja depois no poder tem que lidar com isso”. Frases como esta são sacrílegas para boa parte da opinião pública sérvia, ontem como hoje e ainda mais — se possível — nos dias em que a magistratura de Belgrado prepara a extradição do antigo chefe dos sérvios bósnios para Haia.

“Devíamos esta prisão aos nossos vizinhos”, prossegue Danko Runic, jovem diretor do departamento de Integração Europeia e Cooperação com a Sociedade Civil na administração da capital sérvia. “Espero que a prisão de Mladic seja um primeiro passo para a adesão à União Europeia, mas antes de mais e sobretudo espero que nos ajude a enfrentar o passado”, acrescenta Danko Runic, que é também dirigente de um partido da oposição, os Liberais Democratas Sérvios. “A prisão de Mladic vai trazer, oxalá, um alívio para o sentimento de culpa pelo que aconteceu e, também, alguma paz para o sofrimento imenso causado às vítimas durante as guerras”, afirma também o jovem responsável municipal.

Ratko Mladic é acusado pelo Tribunal Penal Internacional para a ex-Jugoslávia (TPI) de ordenar o massacre de cerca de oito mil muçulmanos bósnios em julho de 1995, no enclave de Srebrenica, além de liderar os 42 meses de cerco e bombardeamento de Sarajevo durante 42 meses.

Danko Runic alerta para “a forma profundamente errada em como a imprensa sérvia apresenta a prisão de Mladic como uma história ‘sexy’, recordando o seu passado militar glorioso e focando a atenção na pessoa dele e na sua biografia”.

Para Runic, “esse é o lado da história completamente irrelevante hoje”. Na televisão nacional, acrescenta, a prisão de Mladic, no dia 26 de maio, foi pretexto “para a exibição de apenas um documentário” na televisão nacional.

“Gostaria de ver, pelo menos, um segundo programa focado nas vítimas de Srebrenica e em todo o sofrimento que Mladic e o seu exército causaram a tanta gente. E também sobre as técnicas do genocídio: havia camiões, havia organização, aquilo foi pensado”, explica o jovem quadro dos Liberais Democratas.

O “fardo coletivo”, diz Danko Runic, apenas pode ser enfrentado por organizações e por iniciativa da sociedade civil, “pois os dirigentes políticos já provaram que não estão interessados em fomentar esse processo”.

Runic fala da importância de projetos como a Casa dos Direitos Humanos, em instalação no centro de Belgrado, ao lado do Parlamento, “e que pretendemos que tenha um arquivo sobre as guerras e os crimes da ex-Jugoslávia maior do que o do TPI em Haia”. A Casa deve abrir até ao final do ano.

Outro projeto, bastante mais ambicioso, é o da REKOM, a rede regional que, no antigo espaço jugoslavo, trabalha em prol da constituição de uma Comissão da Verdade que estabeleça “o destino de cada vítima nos vários países entre 1991 e 2000”.

Uma tal comissão seria diferente do TPI, “em primeiro lugar porque não é um órgão judicial. Precisamos de enfrentar todos o que aconteceu, à semelhança do que foi feito na Argentina, África do Sul e outros países”, diz Danko Runic.

“Não é demasiado tarde” para esse esforço e, no que respeita à Sérvia, o país só tem a ganhar. “Não podemos ter uma boa relação com Bruxelas sem antes resolver o nosso passado recente com Zagreb, com Sarajevo, com Pristina, com Podgorica”.

MRA Alliance/Lusa-Sic Notícias

Risco de falência da Grécia ameaça nova crise do euro

segunda-feira, maio 30th, 2011

Em Bruxelas já estarão a ser estudados quais os impactos na zona euro de uma renegociação parcial da dívida grega. Segundo o Diário Económico, a zona euro arrisca-se a viver esta semana uma nova vaga de contágio do risco de incumprimento dos países ditos periféricos, face aos indícios cada vez mais fortes de que a Grécia não está a cumprir o seu programa do resgate e não será capaz de honrar por completo a sua dívida.

Enquanto em Bruxelas é estudado o impacto na zona euro de uma renegociação parcial da dívida grega, a ‘troika’, que continua em Atenas, vai nos próximos dias dar o seu veredicto sobre os esforços orçamentais dos gregos. Se o parecer for negativo, o relatório vai bloquear a próxima ajuda de 12 mil milhões de euros o que, segundo o governo grego, atirará o país para a falência técnica.

A revista alemã ‘Der Spiegel’ citava no sábado um relatório preliminar da ‘troika’ onde se lê que a Grécia “falhou todas as metas orçamentais [que tinham sido] acordadas”. “O governo gastou mais do que acordado no programa de assistência. E além disso, a receita dos impostos é menor do que tinha sido requerida”, diz a revista. A notícia foi prontamente desmentida pelo Fundo Monetário Internacional (FMI), a instituição que juntamente com a Comissão Europeia e o Banco Central Europeu (BCE) constituem a ‘troika’.

“São falsas as notícias” sobre o relatório da ‘troika’, diz o Fundo, porque, como frisa George Papaconstantinou, ministro de finanças grego, “as negociações vão continuar e serão fechadas nos próximos dias”. Porém, a novela da crise do euro tem sido escrita com encontros secretos e um imenso rol de desmentidos que se acabam por confirmar.

O comissário Olli Rehn avisou na passada semana que a situação na Grécia “está muito complicada e difícil”. É por isso que o Comité Económico e Financeiro, que assessora o Eurogrupo e Ecofin, está a estudar as consequências de uma renegociação ou restruturação da dívida grega e apurar se seria possível fazê-lo sem activar um caso de [incumprimento do] crédito, anunciou o ministro das finanças holandês, Jan Kees De Jager.

MRA Alliance

Afeganistão: NATO mata 14 civis e irrita Karzai

segunda-feira, maio 30th, 2011

Um ataque da NATO no Afeganistão matou 12 crianças e duas mulheres. O Presidente Hamid Karzai repudiou o “erro grave” do raide aéreo e lançou um aviso às forças aliadas.

Há meses que uma operação das forças da Aliança (Isaf) não provocava a morte de tantos civis no Afeganistão. Uma base de “marines” norte-americanos foi atacada por rebeldes taliban, no sábado, em Nawzad, na província de Helmand. A base pediu ajuda à Isaf, que por isso lançou o raide. Mas errou o alvo.

“O ataque aéreo da Isaf atingiu duas casas de civis. Infelizmente, 14 civis inocentes morreram e seis ficaram feridos”, afirmou um comunicado do governador. Sete rapazes, cinco raparigas e duas mulheres morreram, especificou.

Em Cabul, um responsável da força da NATO afirmou “estar ciente das notícias da morte de alegados civis ontem [sábado] em Helmand”. Uma equipa já foi enviada para o local para fazer um inquérito.

As mortes de civis pelas forças estrangeiras, normalmente durante “raides nocturnos”, é um dos grandes pontos de tensão entre Karzai e os aliados estrangeiros, e prejudica as tentativas de conseguir o apoio da população afegã a uma guerra cada vez mais impopular, refere a Reuters.

Karzai afirmou num comunicado oficial: “Já foi várias vezes repetido aos EUA e à NATO que as suas operações unilaterais e inúteis causam a morte de afegãos inocentes e que tais operações violam os valores humanos e morais. Mas parece que eles não ouvem”.

No mesmo texto, e “dirigindo um último aviso às tropas e responsáveis americanos”, o Presidente qualificou “este incidente como um erro grave”.

Um porta-voz da Casa Branca disse este domingo que os Estados Unidos reagiram com «muita serenidade» aos avisos do presidente afegão, Hamid Karzai, que condenou o «grave erro» das tropas norte-americanas que matou 14 civis no Afeganistão.

«O Presidente Karzai já expressou por diversas ocasiões a sua preocupação pela perda de vidas humanas entre a população civil. É uma preocupação que partilhamos e que encaramos com muita seriedade», disse Jay Carney.

MRA Alliance/Público/Agências

BCE exagera risco de contágio de uma reestruturação da dívida grega, diz Roubini

domingo, maio 29th, 2011

O Banco Central Europeu (BCE) está a exagerar o risco de contágio de uma reestruturação da dívida grega, disse hoje o economista que previu a financeira crise, Nouriel Roubini, num artigo no jornal espanhol El Economista.

“O BCE não só está errado, como nem sequer fez o trabalho de casa”, escreveu Roubini, considerando que o banco liderado por Jean-Claude Trichet não “apresentou uma exaustiva análise dos possíveis canais de contágio, mostrando exemplos da história, nem sugeriu formas de o prevenir”.

Nouriel Roubini disse ainda que os efeitos de contágio de uma reestruturação podem ser limitados, desde que essa operação seja feita de forma ordenada.

MRA Alliance/Lusa

Honduras: Ex-presidente Zelaya terminou exílio e pediu reconhecimento internacional do seu sucessor

domingo, maio 29th, 2011

O ex-presidente das Honduras, Manuel Zelaya, que regressou ontem ao seu país depois de quase ano e meio no exílio, pediu o reconhecimento internacional para o seu sucessor Porfírio Lobo.

Zelaya, 58 anos, revelou também, num discurso perante milhares de seguidores à saída do aeroporto de Tegucigalpa, que irá propor “uma aliança” para o a Assembleia Constituinte e para o referendo.

O ex-governante foi derrubado num golpe militar a 28 de junho de 2009 e expulso por militares do seu país para a Costa Rica quando promovia um referendo que supostamente permitiria prolongar o seu mandato.

MRA Alliance/Agências

Portugal: Inquérito às causas da crise seria “muito útil”, diz banqueiro alemão

sábado, maio 28th, 2011
O economista-chefe do Deutsche Bank, Thomas Mayer, considera que seria “muito útil” uma investigação em Portugal às causas da crise, mas recusou um inquérito em que sejam apontados culpados.
“Seria muito útil estudar o que correu mal de modo a mudar a forma como as coisas são feitas”, disse à agência Lusa o economista do banco alemão, afirmando que tanto devem ser estudados os “erros do setor público” como o “fraco desempenho do sector privado”. Já quanto a apontar culpados, o responsável do Deutsche Bank descarta completamente essa possibilidade: “Não acho que exista alguma responsabilidade pessoal ou algum culpado”, disse.

Para Thomas Mayer, a actual situação portuguesa é o resultado de “problemas estruturais” sobretudo após a adesão de Portugal à zona euro, quando o Produto Interno Bruto (PIB) cresceu à taxa média anual de cerca de um por cento.

“A união monetária europeia tem problemas estruturais, que têm de ser melhorados. Não é uma questão de culpa, é uma questão de erros”, afirmou Thomas Mayer.

Recentemente, um membro do Banco Central da Islândia, Gylfi Zoega, defendeu que Portugal deve investigar quem está na origem do elevado endividamento do Estado e bancos, e porque o fez.

“Temos de ir aos incentivos. Quem ganhou com isto? No meu país eu sei quem puxou os cordelinhos, porque o fizeram e o que fizeram, e Portugal precisa de fazer o mesmo. De analisar porque alguém teve esse incentivo, no Governo e nos bancos, para pedirem tanto emprestado e como se pode solucionar esse problema no futuro”, disse.

Também o presidente da Comissão de Inquérito à crise financeira (FCIC, na sigla inglesa) do Estados Unidos, Phil Angelides, aconselhou uma investigação semelhante em Portugal e na Europa, como forma de apurar os factos que levaram à actual crise.

Em entrevista à agência Lusa, Phil Angelides considerou que a decisão de realizar a investigação sobre as causas da crise portuguesa teria utilidade para determinar com rigor a história e as responsabilidades na crise e para estimular o debate informado.

Criar uma comissão de investigação “é uma decisão que cabe ao povo e aos líderes portugueses, mas deixe-me dizer que este estudo foi muito valioso para os Estados Unidos, provocou um grande debate. O relato histórico rigoroso, a discussão e o debate são vitais para sair da crise porque, em geral, as pessoas que a causaram, nos Estados Unidos – reguladores que não fizeram o trabalho, Wall Street, que foi imprudente – não querem esse debate vigoroso”, afirmou Angelides.

MRA Alliance/JdN

Acordo com a troika “não permite ficar pela cosmética”, diz Carlos Costa

sábado, maio 28th, 2011

O governador do Banco de Portugal (BdP), Carlos Costa, defendeu que o grande desafio do acordo com a troika é “a rotura com o ‘Ancien Régime’”, considerando que, ao contrário das intervenções anteriores, “não permite ficar pela cosmética”.

No ciclo de conferências “Fórum Ciência e Educação”, no Teatro do Campo Alegre, no Porto, Carlos Costa defendeu que “alguns problemas [da economia portuguesa] são tão endémicos como a malária em alguns países”, realçando que o programa de ajuda financeira é “uma oportunidade de rotura com o ‘Ancien Régime’ [Antigo Regime]”.

O governador do BdP defendeu que “a grande diferença entre este programa e os dois anteriores — 1978 e 1983 — é que este não permite ficar pela cosmética das coisas, não é um antipirético, porque não basta restabelecer a temperatura, tem que se atacar as causas”.

Para Carlos Costa, “para acudir de forma duradoura, é preciso o desenvolvimento sustentável da economia portuguesa: romper com o ‘Ancien Régime’, que se instalou desde o reinado de D. João V. Passar do modelo de um estado paternalista para o modelo de uma sociedade moderna”, acrescentou.

“Se não tirarmos partido do actual programa de ajustamento, o problema permanece e o país pertence a um clube, onde as regras do jogo são estas, e se não cumprir vai ter cada vez mais dificuldades. Temos uma oportunidade única de pertencer a um clube seleccionado, mas para isso temos que nos ajustar aos padrões médios desse clube”, declarou numa intervenção sobre “Portugal Face à Economia Global”.

Para o governador do BdP, este “não é um processo para cinco anos, é um processo para décadas”.

Carlos Costa realçou que “o programa [assinado entre o Governo e a troika] tem 251 medidas e uma grande parte tem a ver com a rotura com o ‘Ancien Régime’, uma mudança que nunca se fez do ponto de vista dos valores”, considerando que “o reequilíbrio orçamental é muito mais fácil porque é muito mecânico”.

Na sua intervenção, o regulador afirmou que “quando a crise começou, o sector bancário estava numa situação sólida, mas com uma debilidade: ter um soberano indisciplinado”.

MRA Alliance/Público

Grécia pode sair do Euro, diz comissária da UE

sexta-feira, maio 27th, 2011

A comissária europeia das Pescas e dos Assuntos Marítimos, Maria Damanaki, afirmou que a possibilidade da Grécia sair do Euro está sob a mesa.

“Sou obrigada a falar abertamente. Temos uma responsabilidade histórica para perceber o dilema: ou acordamos com os nossos credores em relação a um programa de sacrifícios que consiga resultados ou temos que regressar ao dracma (antiga moeda grega)”, disse a responsável na sua página pessoal.

“O maior feito da Grécia no pós-guerra, o euro e a integração europeia do país, estão em perigo. O cenário da Grécia se distanciar do Euro está em cima da mesa”,  disse ainda a comissária europeia, que representa a Grécia na CE.

As palavras de Maria Damanaki tiveram repercussões imediatas, tendo o  porta-voz do comissário Europeu dos Assuntos Económicos e Financeiros negado a probabilidade de a Grécia sair do Euro.

Amadeu Altafaj garantiu ontem que “nenhum Estado-membro levantou, até à data, a possibilidade da Grécia, ou de qualquer outro país sair da zona euro”.

A Grécia vai entrar em falência se não receber em junho €12 mil milhões de ajuda externa. O governo grego propôs um novo pacote de austeridade de €6 mil milhões de euros e um programa de privatizações de €50 mil milhões até 2015, que terá que ser aprovado para receber a ajuda da União Europeia (UE( e do Fundo Monetário Internacional (FMI).

MRA Alliance/Expresso

China ainda não apoia nenhum candidato ao FMI

sexta-feira, maio 27th, 2011

O Ministério dos Negócios Estrangeiros da China reclama hoje  uma “negociação democrática” entre os membros do G20 sobre a sucessão de Strauss-Kahn no lugar de diretor-geral do Fundo Monetário Internacional.

A China não tomou, ainda, posição formal de apoio a  nenhum dos dois candidatos já afirmados ao lugar de diretor-geral do Fundo Monetário Internacional (FMI), na sequência da resignação de Dominique Strauss-Kahn.

Os dois candidatos já em presença são a ministra francesa Christine Lagarde – que se apresentou, ontem, formalmente, e que conta com diversos apoios na União Europeia – e o governador do Banco Central do México, Agustín Carstens, que já pediu o apoio das economias emergentes em declarações ao Financial Times.

O Ministério dos Negócios Estrangeiros em Beijing declarou hoje que a decisão de nomeação do novo diretor-geral “deve ser tomada através de uma consulta democrática” entre os membros do G20 com o objetivo de se chegar a “uma seleção aberta, transparente e baseada no mérito”. No entanto, Beijing acrescentou que o FMI “deve representar mais amplamente os países dos mercados emergentes e refletir as mudanças na economia global”.

Uma declaração do grupo BRICS – que além dos anteriores BRIC (Brasil, Rússia, Índia e China) junta a África do Sul – exigiu a “adequada representação dos membros dos mercados emergentes e dos países em desenvolvimento na administração” do organismo internacional.

Também os Estados Unidos não tomaram, ainda, qualquer posição formal.

MRA Alliance/Expresso

Zona Euro apoia Lagarde para liderança do FMI

sexta-feira, maio 27th, 2011

Todos os países da Zona Euro apoiam a candidatura da ministra das Finanças francesa, Christine Lagarde, à liderança do FMI, anunciou esta sexta-feira o presidente do Eurogrupo.

Jean-Claude Juncker disse, citado pela Bloomberg, que a candidatura de Lagarde é «a título pessoal» e que merece «o apoio de todos os governos da Zona Euro».

A agência financeira sublinhou que a ministra poderá tornar-se a primeira mulher a liderar aquela instituição financeira desde a sua criação, em 1945.

Recorde-se que Lagarde apresentou a sua candidatura esta semana, depois da demissão de Dominique Strauss-Kahn, acusado de agressão sexual, tentativa de violação e sequestro de uma empregada de hotel em Nova Iorque.

MRA Alliance/Agências

Boaventura de Sousa Santos defende renegociação da divida

sexta-feira, maio 27th, 2011

O sociólogo Boaventura Sousa Santos considera que é preciso renegociar a dívida portuguesa no curto prazo e que uma parte dela não deve ser paga. “É preciso renegociar a dívida, porque ela é impagável e parte dela não deve ser paga, nomeadamente a que respeita ao período entre 23 de Março, quando o PEC 4 foi chumbado, e o princípio de Abril, quando foi pedido o resgate e os juros dispararam acima dos 7%”, disse o professor à agência Lusa.

Esta recomendação está expressa no livro “Portugal, Ensaio contra a autoflagelação”, que o académico lança hoje, em Lisboa, com o objectivo de aprofundar “uma reflexão sobre o momento que vivemos”.

Perante a actual situação económica, Boaventura Sousa Santos considera que a única solução é a renegociação de uma dívida que o país não tem condições de pagar.

“É preciso ter coragem de enfrentar os riscos políticos, mas esta é a única solução”, disse. Segundo Sousa Santos, a renegociação da dívida portuguesa tem de ser lançada antes que a economia se destrua.

O catedrático da faculdade de economia de Coimbra considerou ainda que o actual projecto europeu faliu e, caso a Espanha venha a precisar também da intervenção do Fundo Monetário Internacional, será o euro que estará em causa, dada a dimensão da economia espanhola.

MRA Alliance/DE

EUA à beira do incumprimento

sexta-feira, maio 27th, 2011

O governo americano ultrapassou o limite legal da dívida, fixado em 14,3 biliões de dólares (€10,1 biliões), há precisamente nove dias. Como os gastos superam largamente a receita, a administração decidiu adoptar “medidas extraordinárias” para não comprometer o limite autorizado pelo Congresso, nomeadamente a suspensão de pagamentos aos fundos federais de pensões de reforma e invalidez, para travar o aumento das suas dívidas a terceiros. No entanto, refere o Tesouro, ficará sem alternativas a 2 de Agosto. Mas não só. Na ausência de um “Plano B” é inevitável que o governo americano entre em incumprimento.

Diz-se à boca fechada que haverá um acordo de última hora, mas as dúvidas persistem. Política à parte, a solução é óbvia: aumentar a receita sem subir impostos. Um sistema fiscal mais simples com uma base tributária mais alargada pode estimular a receita e baixar os juros. Eis o elemento chave do plano Bowles-Simpson, subscrito pelo senador Republicano Tom Coburn, figura de proa na defesa de um acordo orçamental bipartidário, mau grado o desacordo do seu partido. As perspectivas são sombrias e o desfecho não deverá andar muito longe do acima referido. No entanto, a pergunta que todos fazem é: “A que tipo de acordo se vai chegar em Agosto?”.

MRA Alliance/DE

BdP ocupa 12º lugar mundial em reservas de ouro

sexta-feira, maio 27th, 2011

As reservas de ouro do Banco de Portugal ocupam o 12º lugar na lista dos bancos centrais que detêm mais metal amarelo, segundo dados do World Gold Council divulgados este mês. No entanto, nos últimos dez anos, Portugal perdeu quatro lugares no ‘ranking’ dos países com maiores reservas de ouro. O ouro português foi ultrapassado por quatro países emergentes: a China, a Rússia, a Índia e Taiwan. Do ‘ranking’ foram excluídas as reserva de ouro do BCE e do FMI.

Nos últimos dez anos as reservas nacionais desceram 37%, de 606,7 toneladas para as actuais 382,5 toneladas, com o objectivo de diversificar as reservas. Apesar das vendas, que ocorreram entre 2002 e 2006, Portugal continua a ser o país em que o ouro tem maior peso no total de reservas, segundo o WGC. O metal precioso corresponde a 81% do total das reservas. Já na China e na Rússia, por exemplo, o ouro representa apenas 1,6% e 7,5% do total de reservas.

O baixo peso do metal precioso nas reservas dos países emergentes faz o WGC esperar que os bancos centrais desses países continuem a comprar ouro. “Acreditamos que a tendência das compras líquidas no sector oficial continuem em 2011 com os bancos centrais (especialmente nos emergentes) a virarem-se para os programas de compra de ouro para diversificarem as suas reservas”, refere a entidade.

MRA Alliance/DE

Bancos espanhóis proibidos de oferecer juros acima de 3,2%

sexta-feira, maio 27th, 2011

O governo de Madrid vai intervir na guerra de depósitos que se vive no mercado bancário espanhol. As autoridades pretendem obrigar os bancos que ofereçam juros superiores a 3,2%, nas aplicações a prazo, a fazerem contribuições mais elevadas para o fundo de garantia de depósitos.

Segundo o “Expansión”, a lei será aprovada no conselho de ministros do executivo liderado por José Rodriguez Zapatero, de 10 de Junho, entrando em vigor com efeitos imediatos. Os depósitos que superem a taxa Euribor a 12 meses acrescida de um diferencial de 100 pontos base (ou seja, 3,2% à cotação actual) serão penalizados, adianta o jornal espanhol.

O certo é que desde Março de 2010 que os bancos do país vizinho se digladiam numa luta sem quartel pela captação das poupanças dos espanhóis. Esta disputa fragilizou ainda mais a posição de muitas caixas de aforro – controladas pelas juntas autonómicas e outras entidades regionais – que se encontram descapitalizadas e com dificuldades no acesso aos mercados financeiros.

MRA Alliance/DE

Grécia arrisca-se a ficar sem verbas do FMI

sexta-feira, maio 27th, 2011

A fuga da Grécia à reestruturação da sua dívida é cada vez mais uma corrida de obstáculos. Jean-Claude Juncker, presidente do Eurogrupo, avisou ontem que as regras internas do Fundo Monetário Internacional (FMI) podem impossibilitar a entrega da quinta tranche do empréstimo a Atenas. Se esses 12 mil milhões de euros não chegarem até final de Junho, o governo helénico admite “fechar a loja”.

“O FMI só pode agir quando existe uma garantia de refinanciamento em 12 meses”, disse Juncker numa conferência no Luxemburgo. “E não acredito que a ‘troika’ vá chegar a essa conclusão”, frisou.

Os técnicos de Bruxelas e FMI estão em Atenas a avaliar os progressos feitos pelo país, antes de libertarem a quinta tranche do empréstimo. Ao todo, são 12 mil milhões de euros que o governo helénico espera receber até final de Junho. Caso as verbas não cheguem a tempo, garante o primeiro-ministro Georges Papandreou, a economia “colapsa” e o governo irá “fechar a loja”.

MRA Alliance/DE

Economia do Iémen está à beira do colapso, dizem analistas

sexta-feira, maio 27th, 2011

A economia do Iémen, país mais pobre da Península Arábica, está a beira do colapso, depois de quatro meses de manifestações contra o regime e uma crise política que não deve ter uma solução rápida, estimam economistas. Os protestos paralisam a atividade económica em todo o país, aumentam o défice orçamental e afugentam a ajuda externa, segundo eles.

O efeito mais visível é a diminuição do fornecimento de produtos petrolíferos depois de um grupo de homens armados de tribos do sul ter destruido um oleoduto em Abril, o que fez o país perder mensalmente de 300 a 400 bilhões de dólares. Antes da crise, o Iémen exportava diariamente 105.000 barris de petróleo dos 280.000 barris que produzia.

De qualquer forma, a rebelião xiita no norte, as exigências separatistas no sul e a ameaça da Al-Qaeda no leste afectaram gravemente a economia. Segundo os economistas, o défice orçamental alcançará este ano entre 4 biliões a 5,3 biliões de dólares, muito acima dos 1,5 biliões projetados.

Cerca de 40% dos 23 milhões de habitantes do país vivem com menos de 2 dólares por dia e um terço sofre de desnutrição, segundo os órgãos económicos internacionais. A ajuda externa, sobretudo das monarquias árabes do Golfo, evaporaram com a crise política.

O presidente Saleh agarra-se ao poder e rejeita assinar o plano proposto pelo Conselho de Cooperação do Golfo que prevê sua saída depois de 33 anos à frente do país.

MRA Alliance/AFP

UE emitiu mais 4,75 mil milhões para ajudar Portugal e Irlanda

quarta-feira, maio 25th, 2011

A União Europeia emitiu hoje mais 4,75 mil milhões de euros em títulos de dívida a 5 anos para ajudar a Irlanda e Portugal. Depois de ter emitido ontem a mesma quantia em títulos de dívida a 10 anos para ajudar a financiar os resgates da Irlanda e de Portugal, a União Europeia realizou a nova emissão, através do Fundo Europeu de Estabilização Financeira (FEEF).

Segundo o Diário Económico, desta vez foi um leilão de obrigações a 5 anos, de acordo com um banqueiro citado pela Bloomberg. A emissão de hoje foi gerida pelo Deutsche Bank, HSBC, Societe Generale e UBS, de acordo com a mesma fonte.

Ontem, a Comissão Europeia informou que a procura superou a oferta em três vezes e os investidores asiáticos ficaram com 25% dos títulos de dívida a 10 anos. A instituição liderada por Durão Barroso revelou ainda que dos 4,75 mil milhões emitidos, 3 mil milhões serão entregues à Irlanda e os restantes 1,75 mil milhões terão como destino os cofres do Estado português, no dia 31 de Maio.

Por tipo de investidor, os gestores de activos ficaram com 27% das obrigações a 10 anos, os bancos centrais com 23%, fundos de pensões e seguradoras (23%) e os bancos absorveram 20% do total colocado ontem.

Até 15 de Julho, a UE prevê emitir um total de 15,3 mil milhões de euros através do FEEF, o fundo europeu de apoio ao euro, que será substituído pelo Mecanismo Europeu de Estabilização Financeira (MEEF), a partir de 2013.

MRA Alliance

Quase 40% dos portugueses dispostos a procurar emprego no estrangeiro

quarta-feira, maio 25th, 2011

Ostrabalhadores portugueses são os que menos conseguem equilibrar a vida familiar e profissional, têm níveis de stress elevado, e 22 por cento são pressionados pelas empresas a trabalhar longas horas.

A conclusão é de um estudo de mercado da GfK, feito com base nas respostas de 30.556 trabalhadores de 29 países, 547 dos quais portugueses.

Segundo o GfK International Employee PR 36 por cento dos inquiridos em Portugal admitem que foram obrigados a aceitar um emprego de que não gostam devido à crise, e 35 por cento alteraram planos como ter um filho ou comprar uma casa. Mais de 40 por cento queixam-se que “raramente” conseguem equilibrar a vida pessoal e profissional. A média de respostas dos restantes países é de 31 por cento.

Cerca de 39 por cento dos portugueses estão dispostos a mudar de país para conseguirem um emprego melhor (a média global é 37 por cento) e 38 por cento dos trabalhadores referem que o seu empregador está a utilizar o argumento da recessão para exigir mais esforço, com os mesmos recursos.

Com a contracção da economia, 14 por cento dos portugueses sofreram cortes nos salários ou nos benefícios. E destes, 10 por cento viram encolher os subsídios de férias e de Natal. A grande maioria dos inquiridos espera manter o emprego nos próximos dois anos

MRA Alliance/Público

Moody’s revê o ‘rating’ de 14 instituições financeiras britânicas

terça-feira, maio 24th, 2011

A Moody’s colocou 14 instituições financeiras britânicas em vigilância negativa para possível revisão em baixa, uma decisão que surge após o anúncio de que a agência de notação financeira iria reavaliar os níveis de apoio sistémico decorrentes deste ambiente pós-crise. O processo de avaliação vai durar cerca três meses, anunciou a agência de rating norte-americana.

O Lloyds TSB Bank, liderado pelo português Horta Osório, está na lista da Moody’s com a notação Aa3. As restantes instituições sob escrutínio dos analistas são: Bank of Ireland (UK) (Baa3); Co-Operative Bank (A2); Coventry Building Society (A3); Nationwide Building Society (Aa3); Newcastle Building Society (Baa2); Norwich & Peterborough Building Society (Baa2); Nottingham Building Society (A3); Principality Building Society (Baa2); Royal Bank of Scotland plc (Aa3); Santander UK plc (Aa3); Skipton Building Society (Baa1); West Bromwich Building Society (Baa3); Yorkshire Building Society (Baa1).

MRA Alliance/DE

Investidores dizem que o pior da crise de dívida ainda está para vir

terça-feira, maio 24th, 2011

A maior parte dos gestores de obrigações de taxa fixa teme que os títulos de dívida soberana dos países desenvolvidos ainda venham a causar mais prejuízos, segundo uma sondagem trimestral da Ficth.

“Em redor de todas as classes de activos, a maioria dos participantes na sondagem espera que no futuro as perdas com crédito sejam limitadas. A única excepção são os soberanos dos mercados desenvolvidos, com 55% dos inquiridos a esperarem uma subida nas perdas (acima de 52% e 35% no primeiro trimestre de 2011 e no quarto trimestre de 2010)”.

Segundo a sondagem, realizada junto de gestores que no seu conjunto são responsáveis por carteiras de cerca de quatro biliões de dólares, 26% dos inquiridos acredita que os mercados desenvolvidos de dívida soberana estão a meio do período de prejuízos. E apenas 19% acredita que o pior já passou.

As estimativas para a evolução dos prémios de risco são mais um dado a atestar que os mercados de dívida dos países desenvolvidos têm as piores perspectivas. 53% dos inquiridos acredita que os ‘spreads’ vão subir significativamente, 12% acredita que ficarão dentro dos actuais limites e 25% aposta que vá descer de forma moderada.

“A sondagem destaca o desafio que as autoridades dos EUA enfrentam em julgar a saída das medidas excepcionais e os riscos de erros de política para a economia global, os mercados de capitais e o crédito soberano”, referiu o director sénior da Fitch para os soberanos, Ed Parker.

MRA Alliance/DE

Portugal tem 5 mil milhões de facturas incobráveis

terça-feira, maio 24th, 2011

Em Portugal existem mais de cinco mil milhões de euros incobráveis e o Estado é a entidade que mais tempo demora a pagar as facturas. De acordo com a empresa de gestão de crédito e cobranças Intrum Justitia, que inquiriu seis mil empresas em 25 países europeus, as facturas incobráveis em Portugal, isto é, facturas que chegam ao fim do ciclo de vida sem serem pagas, aumentaram em 14% em 2010.

O inquérito concluiu que, em Portugal, os incobráveis atingiram os 3,3% (acima da média europeia de 2,7%), correspondente a cerca de cinco mil milhões de euros em facturas incobráveis.

Ao todo, na Europa, há mais de 312 mil milhões de euros de dívidas incobráveis, o que segundo o estudo, é mesmo “superior aos pacotes de ajuda externa a Portugal, Grécia e Irlanda”, ainda que o comportamento seja diferenciado entre países.

Se na Alemanha, o valor dos incobráveis caiu 8% em 2010, já na Inglaterra os incobráveis subiram 33%.

Quanto ao Índice de Risco de Pagamentos (IEP), a Intrum Justitia posiciona Portugal na 24.ª posição entre os países com o risco de pagamento mais elevado, logo atrás da Grécia.

MRA Alliance/DE

Grécia: Resgate em perigo após chumbo da oposição

terça-feira, maio 24th, 2011

O maior partido grego da oposição Nova Democracia recusou hoje as medidas de austeridade apresentadas ontem pelo executivo de Papandreou. Assim, a Grécia poderá não receber a nova tranche do empréstimo de 12 mil milhões concedido pelo FMI, BCE e UE no âmbito do acordo de resgate financeiro.

O ministro das Finanças, George Papaconstantinou havia alertado para o risco de bancarrota se Atenas não receber a quinta tranche do empréstimo. A UE e o FMI apelaram a um consenso político e exigem que o Governo grego implemente as medidas acordadas para a ajuda prosseguir.

Num comunicado divulgado hoje à tarde, o líder daquele partido conservador, Antonios Samaras, explica que “não irá concordar com a fórmula falsa que foi acordada o Fundo Monetário Internacional (FMI).

“Alguns pontos são positivos”, diz, fazendo referência ao alargamento das privatizações aos correios e aos portos. No entanto, o responsável máximo do Nova Democracia sublinha que “estão inseridos num grande erro e não são uma solução”.

Samaras, que esteve hoje de manhã reunido com o primeiro-ministro grego, George Papandreou, decidiu, por isso, chumbar as novas medidas de austeridade, concebidas pelo Governo para garantir a entrega da quinta tranche do empréstimo negociado com a União Europeia (UE) e o FMI.

O líder do maior partido da oposição acusa ainda o actual executivo de “não explicar o que falhou” no último ano. A Grécia é acusada de não cumprir as reformas estruturais negociadas nessa altura com as autoridades externas, em troca de um empréstimo global de 110 mil milhões de euros.

Papandreou começou hoje uma ronda negocial com os partidos da oposição, mas o chumbo já era considerado um cenário provável.

MRA Alliance/Público

Fitch coloca dívida belga em vigilância negativa

terça-feira, maio 24th, 2011
A agência de notação Fitch colocou a divida belga em vigilância negativa, devido à ausência de um executivo sólido, uma situação que se mantém há um ano.

A Fitch acrescenta que sem um acordo político dificilmente a Bélgica terá capacidade para alcançar um orçamento equilibrado.

A divida da Bélgica é a terceira mais alta da Zona Euro, representa mais de 96 por cento do Produto Interno Bruto (PIB), ficando apenas atrás da Grécia e da Itália.

MRA Alliance/Agências

Apesar do crescimento do desemprego Estado paga menos subsídios

segunda-feira, maio 23rd, 2011

Em apenas um ano, registam-se mais 41.200 desempregados no País, em termos comparáveis. Mas a escalada da taxa de desemprego, que com uma nova metodologia já atingiu os 12,4%, não foi acompanhada pelo aumento dos gastos da Segurança Social, como é comum. Antes pelo contrário: as medidas de austeridade já estão no terreno e os gastos caíram 66,9 milhões de euros, mesmo em tempo de crise. Cortar o défice é a palavra de ordem. Segundo as contas do Diário Económico estes são os principais resultados dos primeiros quatro meses:

1 – Apoios sociais cortados
A despesa com prestações sociais caiu 1,1% nos primeiros quatro meses do ano, quando comparados com o mesmo período de 2010. As várias alterações nas regras de atribuição destes apoios públicos, implementadas no Verão do ano passado, contribuíram para a queda. Por exemplo, desde Julho que os desempregados são obrigados a aceitar colocações por salários mais baixos; foi imposto um tecto líquido no subsídio de desemprego correspondente a 75% do salário de referência; e o acesso a este apoio obriga a pelo menos 15 meses de contribuições (em vez de 12). Em Agosto entrou em vigor a Lei da Condição de Recursos, que apertou as regras de atribuição das prestações sociais.

2 – Salários reduzidos
As despesas com pessoal do Estado – que incluem salários e contribuições – caíram 6,9% de Janeiro a Abril deste ano, quando comparadas com o mesmo período de 2010. Só os gastos com as remunerações certas e permanentes recuaram 6,3% no mesmo período. O corte nas despesas com funcionários resulta da redução média de 5% dos salários na função pública e da redução progressiva do número de trabalhadores – duas medidas de austeridade determinantes para a redução do buraco das contas públicas.

3 – Receita fiscal sobe 16,8%
A receita fiscal cresceu 16,8% até Abril, face ao mesmo período do ano passado, impulsionado por uma subida de 33,3% dos impostos directos – IRS e IRC – e por um acréscimo de 9,2% nos impostos indirectos – IVA, ISV, entre outros. O IRC teve o crescimento mais expressivo, com 35,6%, que resulta da receita gerada com a tributação de dividendos em Janeiro, do aumento da receita bruta e da diminuição de reembolsos face ao período homólogo. O IRS, subiu 30,7%, devido à alteração dos prazos de entrega do IRS que adiaram o pagamento de reembolsos. No IVA, a subida foi de 20,2%, fruto do aumento das taxas em Julho do ano passado.

4 – Despesa do SNS cai 5,4%
A despesa do Serviço Nacional de Saúde (SNS) recuou 5,4% nos primeiros quatro meses. Os dados mostram que o saldo global do SNS apresenta um défice de 13,5 milhões de euros, valor que compara com o défice de 157,2 milhões registado em Abril do ano passado. A quebra da despesa foi influenciada pela redução dos gastos com pessoal (- 6,1%) e dos subcontratos (-6,8%). No sector do medicamento, a quebra é ainda mais significativa. Fruto das medidas implementadas em 2010, os gastos do Estado com remédios vendidos nas farmácias caíram 19,6% para 453,7 milhões de euros.

MRA Alliance

Espanha e Itália pressionam desvalorização do euro

segunda-feira, maio 23rd, 2011

O euro está hoje em queda, depois da derrocada do PSOE nas eleições de Espanha e de a S&P ter ameaçado cortar o ‘rating’ de Itália. A moeda única,  esta de manhã, baixou para 1,4064 dólares, ensombrado pela exigência de eleições legislativas antecipadas em Espanha por parte da oposição, depois da pesada da derrota do partido de Zapatero, o PSOE, nas regionais e municipais deste domingo. Os investidores receiam sobre a concretização das medidas de austeridade no país vizinho.

“No fim-de-semana, incluindo as eleições espanholas, surgiram novas razões para estarmos apreensivos sobre a situação da crise de dívida europeia”, comentou Sean Callow, especialista da unidade cambial do Westpac Banking, à Bloomberg.

Também a chanceler alemã Angela Merkel sofreu ontem uma forte humilhação nas eleições realizadas na cidade-estado de Bremen, onde o seu partido democrata-cristão (CDU), acabou por conseguir apenas 20,2% dos votos, um resultado eleitoral inferior ao conseguido pelo partido dos Verdes, o que aconteceu pela primeira vez em eleições regionais. A penalizar o euro está ainda a decisão da Standard & Poor’s de baixar o ‘outlook’ da dívida de Itália de ‘estável’ para ‘negativo’, na passada sexta-feira, o que sinaliza um possível corte do ‘rating’ do país nos próximos tempos.

No mesmo dia, a agência de notação financeira Fitch baixou em três níveis a avaliação da dívida grega, perante o desafio que o país enfrenta actualmente na implementação de um programa de reformas radicais em termos orçamentais e estruturais.

MRA Alliance/DE

Corrida à liderança do FMI começa hoje

segunda-feira, maio 23rd, 2011

Sucessão de Strauss-Kahn arranca hoje. A ministra francesa Cristine Lagarde é a favorita na Europa. O período de nomeações para o cargo de director-geral do FMI encerra a 10 de Junho.

Durante o processo, o FMI será dirigido pelo ‘número dois’ John Lipskey, norte-americano, seguindo o protocolo de funcionamento do organismo depois da renuncia de Strauss-Kahn que está agora em prisão domiciliária nos Estados Unidos e acusado de tentativa de violação de uma empregada de hotel de Nova Iorque.

Depois de recebidas as nomeações, que devem ser apresentadas por um governador do FMI ou por um director executivo, o comité tornará pública uma lista com três candidatos.

Se o número de candidatos propostos for superior a três pessoas, o FMI manterá “em segredo” os nomes dos pré-seleccionados até que sejam escolhidos os três finalistas “de acordo com o sistema de quotas de voto do Fundo” e num período máximo de sete dias. O processo continua com uma entrevista e uma reunião do órgão máximo do FMI para escolher quem ficará a dirigir a instituição.

A sucessão de Dominique Strauss-Kahn no FMI está a levar a um forte movimento diplomático com os países emergentes como a China a salientarem ter chegado a altura de escolher um dirigente não europeu, reflectindo no FMI a realidade económica do mundo, ao mesmo tempo que várias nações europeias não querem perder o controlo da instituição.

Por tradição, o director-geral do FMI é um europeu enquanto que o Banco Mundial é presidido por um americano, mas a nova realidade mundial permite hoje a várias nações emergentes reclamarem para si algumas decisões estratégicas e a ocupação de postos chave internacionais.

Na Europa, Cristine Lagarde é o nome favorito, tendo recebido já o apoio público de Itália, da Alemanha e do Reino Unido, além de Durão Barroso e Jean-Claude Juncker, presidentes da Comissão Europeia e do Eurogrupo, respectivamente.

MRA Alliance/DE