O Governo da Estónia manteve a decisão de aderir ao euro em 1 de Janeiro de 2011 apesar das crises orçamental e da dívida soberana na União Europeia. A partir de amanhã o “navio” do euro terá 17 tripulantes. Enquanto países como a Polónia e a República Checa adiam a adesão ao euro, a Estónia será o primeiro país a aderir à moeda única desde o início da crise.
“Estamos num pequeno barco amarrado a um navio no meio do oceano. Numa tempestade ou noutras circunstâncias, iríamos sentir-nos melhor a bordo” do navio, disse o ministro das Finanças, Jurgen Ligi.
A decisão compreende-se. Mais de 90% dos empréstimos privados da Estónia estão denominados em euros, com a maioria a estarem indexados às taxas Euribor, o mercado de crédito interbancário a que estão indexados a generalidade dos empréstimos da Zona Euro.“O que a Zona Euro oferece é a partilha de risco”, afirma a estratega do Threadneedle Asset Managemente, Agnes Belaisch. “Existem claros benefícios em ter irmãos mais velhos”, exemplificou à Bloomberg. Durão Barroso, presidente da Comissão Europeia, faz uma leitura ainda mais benigna. “É a prova de que ninguém quer sair do euro e de que outros procuram entrar”.
A Estónia aderiu à União Europeia em 2004, 13 anos após ter reconquistado a independência, com o desmembramento da União Soviética. Será o primeiro Estado do Báltico e o terceiro país que anteriormente pertencia ao bloco comunista, depois da Eslováquia e da Eslovénia, a entrar na Zona Euro.
Segundo as últimas previsões de Bruxelas, a Estónia é uma espécie de paraíso das finanças públicas: deverá fechar o ano com um défice de 2,4% do PIB e uma dívida pública de 9,6%, e converter-se no único bom aluno de um “clube” onde, em 2010, ninguém respeitará o limite de 3% para o défice e apenas quatro o farão para a dívida (que os Tratados limitam a 60% do PIB).
Segundo a Comissão Europeia, a Estónia é o único dos nove países europeus aspirantes ao euro – juntamente com Bulgária, República Checa, Letónia, Lituânia, Hungria, Polónia, Roménia e Suécia – com requisitos para o fazer.
Entre Abril de 2009 e Março de 2010, o país registou uma quebra dos preços de -0,7%, inferior ao valor de referência da inflação europeia (1%) calculado para esse período. Já o défice cifrou-se em 2009 em 1,7% do PIB e dívida pública em 7,2%.
MRA Alliance/JdN