Archive for novembro, 2010

Portugal: Austeridade pode não chegar para controlar défice público

terça-feira, novembro 30th, 2010

Portugal terá de reforçar as medidas de austeridade previstas para 2011, se se confirmar um crescimento da economia inferior ao previsto que impeça o cumprimento da meta de 4,6 por cento do PIB para o défice orçamental acordada com os parceiros europeus.

O aviso foi ontem feito por Olli Rehn, comissário europeu da economia e finanças, cujas previsões para 2011 em termos de crescimento do PIB, défice orçamental, dívida pública e desemprego são piores do que as avançadas por Lisboa.

“Se os objectivos orçamentais não forem atingidos devido a um crescimento económico inferior ao que o Governo assume, será essencial alcançá-los, se necessário, com medidas adicionais”, avisou o comissário. Bruxelas prevê para o próximo ano uma contracção de 1 por cento do PIB em Portugal, que será, em conjunto com a Grécia, o único país de toda a União Europeia (UE) que estará nessa altura em recessão. Em 2012, o país deverá voltar a crescer, embora a previsão de 0,8 por cento se anuncie como a mais baixa de toda a UE.

A recessão do próximo ano será o resultado directo das medidas de austeridade já introduzidas ou a vigorar a partir de Janeiro, e que se saldarão por uma forte redução do consumo, o principal motor do crescimento deste ano.

MRA Alliance/Público

Banca e grandes empresas vão ser os próximos alvos do WikiLeaks

terça-feira, novembro 30th, 2010

Julian Assange - Fundador do site WikileaksNuma entrevista à revista Forbes, o fundador do site Wikileaks, Julian Assange, assegura que no início do próximo ano, um dos maiores bancos norte-americanos ficará literalmente “virado do avesso”. Milhares de documentos internos e comprometedores dessa instituição bancária serão divulgados no site especializado em divulgar documentos secretos.

Julian Assange não revela o nome do banco em questão, mas assegura que ficará exposto ao público o corporativismo de todo um sector e as suas práticas contrárias à ética. Sem querer dar detalhes à Forbes acerca das próximas revelações do WikiLeaks, Assange afirma que “poderemos chamar-lhes o ecosistema da corrupção”: Uma imagem de como se pode fazer vista grossa a práticas menos éticas, quais as prioridades dos executivos dos grandes bancos e como eles conseguem manobrar as coisas a seu favor”.

Depois de ter revelado ao mundo alguns dos grandes segredos militares e políticos dos Estados Unidos da América, segundo a Forbes, Julian Assange vira-se agora para os escândalos e segredos económicos. Pergunta a revista norte-americana: Irá Assange publicar documentos comprometedores para a indústria farmacêutica?

Assange responde que “sim”. Sobre a alta finança? “sim, e muito mais do que um simples escândalo bancário”. Sobre o sector energético? “Muito”.

MRA Alliance/DN

Wikileaks revelou segredos diplomáticos que fragilizam os EUA

terça-feira, novembro 30th, 2010

A secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton, teceu duras críticas à atitude da WikiLeaks de publicar documentos diplomáticos confidenciais, entre os quais alguns oriundos da embaixada norte-americana em Lisboa.

A Casa Branca procurou ontem minimizar o impacto da publicação de milhares de documentos confidenciais e secretos que enformam a sua diplomacia. Mais uma vez, a superpotência mundial foi alvo de um ataque da organização WikiLeaks que, utilizando publicações dos EUA (The New York Times) e da Europa (Le Monde, El País, The Guardian e a revista alemã Der Spiegel), começou a tornar públicos, domingo, milhões de documentos americanos com impacto na diplomacia mundial – de Lisboa há 722 telegramas.

Barack Obama ainda não se pronunciou sobre o ocorrido. Mas um dos seus porta-vozes reconheceu que “no mínimo, ele está descontente”. Por contraste, a chefe da diplomacia dos EUA, Hillary Clinton, reagiu histericamente ao dizer que as fugas orquestradas pela WikiLeaks representam um “ataque à comunidade internacional”.

MRA Alliance/DN

Bancos devem procurar depósitos para evitar falências, diz BdP

terça-feira, novembro 30th, 2010

O Banco de Portugal, no seu Relatório de Estabilidade Financeira,  defende que “a adopção de estratégias de captação de recursos de clientes afigura-se essencial para mitigar o risco de liquidez subjacente ao sistema bancário português”.

Assim, o banco central sugere à banca nacional que promova a captação de poupança junto de particulares e empresas, para fazer face à crise de liquidez.

No relatório, a entidade liderada por Carlos Costa, destaca que a “insustentabilidade do recurso permanente e em larga escala a financiamento junto do Eurosistem [ou seja, ao Banco Central Europeu] exigirá uma redefinição da estratégia dos bancos portugueses, em particular num quadro em que persistam fortes restrições no acesso ao financiamento nos mercados de dívida por grosso”.

É destacada a necessidade da economia portuguesa, no seu todo, proceder a um processo de desalavancagem, ou seja, de ajustar as necessidades de investimento à sua capacidade de poupança, de forma transversal aos diversos sectores de actividade. Este processo “implicará alterações na dimensão e composição do balanço do sistema bancário português”, face às condições mais gravosas de financiamento.

MRA Alliance/DN

Obama congela salários dos funcionários públicos

segunda-feira, novembro 29th, 2010

O presidente dos Estados Unidos vai propor o congelamento dos salários dos funcionários do Governo federal durante os próximos dois anos para controlar o défice orçamental  que, em 2011, deverá atingir 1,4 biliões de dólares em 2011.

Esta medida permitirá uma poupança de dois mil milhões de dólares aos cofres do Estado durante o resto do ano fiscal de 2011 e de 28 mil milhões para os próximos cinco anos. A estimativa de poupanças para a próxima década ascende aos 60 mil milhões de euros.

“Tal como as famílias apertaram os cintos, o mesmo tem que fazer o Governo”, refere o comunicado da Casa Branca, citado pela Bloomberg.

Barack Obama vai explicar hoje os detalhes desta medida, que deixa de fora o Exército norte-americano.

MRA Alliance/DE

Portugal: Desemprego vai ficar acima dos 11% até 2012

segunda-feira, novembro 29th, 2010

A Comissão Europeia reviu hoje em alta as previsões da taxa de desemprego em Portugal para 11,1% em 2011 e 11,2% em 2012. A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico projectou, já este mês, que o desemprego em Portugal atinja os 11,4% em 2011 e recue para os 11,1% no ano seguinte, enquantoJá Bruxelas, nas suas “previsões de Outono” divulgadas hoje, revê em alta as previsões anteriores, da “Primavera”, lançadas em Maio passado, que antecipava uma taxa de desemprego de 9,9% tanto este ano (agora prevê que 2010 “feche” com 10,5%), como para 2011.

Para o conjunto da União Europeia, Bruxelas revê ligeiramente em baixa as projecções da primavera, pois agora prevê que a taxa de desemprego no cômputo dos 27 se fixe nos 9,6% este ano, 9,5 no próximo e 9,1 em 2012, quando em Maio projectava valores de 9,8% em 2010 e 9,7% em 2011.

MRA Alliance/DE

Portugal falha meta do défice em 2011 e 2012, diz CE

segunda-feira, novembro 29th, 2010

A Previsões Económicas de Outono, divulgadas hoje em Bruxelas, estimam que o desequilíbrio das contas portuguesas passará de 9,3% do PIB em 2009 para 7,3% este ano, 4,9% no próximo e voltará a crescer para 5,1% em 2012 (cenário de políticas inalteradas), se o Governo não tomar mais medidas de contenção orçamental.

Já os números avançados por Lisboa dão conta de uma situação de défice orçamental de 9,3% do PIB em 2009 para 7,3% este ano, 4,6 no próximo e 3% em 2012.

Bruxelas explica que as suas previsões tomam em consideração o desaparecimento do rendimento extraordinária de 2010 de transferência do fundo de pensões da Portugal Telecom para o Estado (1,9% do PIB) “irá limitar a redução do défice em 2011”.

O Executivo comunitário considera que há riscos no cenário orçamental delineado pelo Governo, nomeadamente se as previsões macroeconómicas forem “piores” que as esperadas actualmente, o que faria diminuir as receitas fiscais.

MRA Alliance/DE

Conjuntura: Confiança na Europa bate máximos de três anos

segunda-feira, novembro 29th, 2010

O indicador de confiança europeu face ao panorama económico atingiu máximos de três anos em Novembro, com o crescimento da Alemanha a contribuir para travar os receios de que o eventual contágio da crise de dívida soberana comprometa a recuperação.

O índice que mede o sentimento dos empresários e consumidores dos 16 países da zona euro passou de 103,8 pontos em Outubro para 105,3 pontos em Novembro, o maior valor desde Novembro de 2007, anunciou hoje a Comissão Europeia, em comunicado.

De acordo com um inquérito da Bloomberg, 26 economistas estimavam um ganho para os 105 pontos.

De salientar que a confiança dos empresários alemães bateu um recorde em Novembro e que os governos europeus chegaram a acordo domingo quanto ao apoio à Irlanda no valor de 85 mil milhões de euros, o que deverá ajudar a estabilizar os mercados da dívida e contribuir para uma melhoria da confiança.

MRA Alliance/DE

Wikileaks: 722 telegramas passaram pela embaixada dos EUA em Lisboa

segunda-feira, novembro 29th, 2010

Entre os comprometedores documentos para a diplomacia norte-americana divulgados ontem pelo site Wikileaks há 722 telegramas que tiveram por origem ou destino a embaixada dos Estados Unidos em Lisboa. A maioria é informação não classificada, mas também há 292 documentos confidenciais e 15 secretos.

Um terço de toda essa informação é bastante recente. Muitos documentos são de Dezembro do ano passado, de Janeiro e de Fevereiro deste ano – o último mês abrangido na fuga promovida pelo Wikileaks – e poderão dizer respeito à preparação da cimeira da NATO de há duas semanas e à vinda do Presidente Barack Obama a Lisboa. Mas há outros meses com muitos telegramas. Num só dia de Setembro, dia 17, por exemplo, surgem três comunicações trocadas de seguida.

Os telegramas estão gravados com abreviaturas que remetem para o tipo de informação dos textos. Um telegrama de 25 de Fevereiro aparece gravado na categoria de “Terrorismo e Terroristas”, “Condições Económicas e “Relações Políticas Externas”. Noutro, do mesmo mês, aparece a referência a “Direitos Humanos”. Noutro ainda surge “Segurança Nacional” e ainda noutro “Refugiados”.

A embaixada de Lisboa condenou a divulgação dos documentos, recusou comentar ao PÚBLICO a sua autenticidade e descreve a fuga como “uma tentativa irresponsável de destruir a segurança global” que “pode pôr em risco vidas humanas”.

Sobre os telegramas habituais do Departamento de Estado, explica que “reflectem uma análise diária e apreciações espontâneas, que todos os governos fazem no âmbito de relações externas eficazes.” Não devem, sublinha ainda, “ser encarados só por si como representativos da política dos EUA”.

MRA Alliance/Público

Portugal garante 550 milhões na ajuda à Irlanda

segunda-feira, novembro 29th, 2010

Portugal vai garantir um empréstimo de 550 milhões de euros à Irlanda no total dos 85 mil milhões, acordados ontem pela UE para pagar em sete anos e meio, com uma taxa de juro em torno dos 6%. Só se Dublin não honrar a sua dívida é que a garantia será activada. Porém, o pagamento da comissão de 0,5% está garantido à partida.

A decisão foi tomada ontem à noite por “unanimidade” na reunião extraordinária dos ministros das Finanças europeus em Bruxelas, anunciou o presidente do Eurogrupo, Jean Claude Juncker.

O pacote de assistência à Irlanda inclui uma fatia de 17,5 mil milhões de auto-financiamento através de um fundo de pensões, 22,5 mil milhões garantidos pelo orçamento comunitário, igual valor do Fundo Monetário Internacional, 17, 665 mil milhões dos estados da zona euro (entre eles Portugal), 3,8 mil milhões do Reino Unido, e ainda 598 da Suécia e 393 milhões da Dinamarca. No final de contas, a ajuda ficará bem mais barata do que se pensava, com a Alemanha a garantir seis mil milhões.

A condição à Irlanda é de aplicar e implementar estritamente nos próximos três anos o seu plano de austeridade, e foi-lhe concedido mais um ano para cumprir o Pacto de estabilidade. Actualmente em 32%, o défice terá de cair para baixo dos 3% até 2015 e não 2014, como previsto inicialmente.

MRA Alliance/DE

Alemanha avisa que não tem fundos para resgatar Portugal e Espanha

segunda-feira, novembro 29th, 2010

O ministro alemão da Economia, Rainer Brüderle, avisou ontem que a Alemanha, depois dos casos da Grécia e da Irlanda, “não pode ajudar a salvar nenhum outro país em caso de emergência”. Na prática, isto significa que para o governo alemão, Portugal ou Espanha, os países que se seguem na carruagem dos aflitos da dívida soberana e do défice público, poderá já não haver possibilidade de ajuda da UE nem do FMI.

Em entrevista ao jornal alemão “Bild am Sonntag”, Brüderle rejeitou totalmente a especulação acerca de um dominó sobre outros países europeus e lembrou que “a Espanha e Portugal fazem todo o possível para controlar o seu orçamento”.

Por cá, a especulação em torno da entrada do FMI (Fundo Monetário Internacional) ou do recurso ao Fundo de Estabilização Europeu mantém-se acesa. Nem a aprovação do Orçamento do Estado para 2011 foi suficiente para acalmar os mercados ou tirar de cima do Governo o fantasma da ajuda externa.

O líder da oposição social-democrata Pedro Passos Coelho admitiu que não recusa trabalhar com o FMI “se for essa a forma de ajudar o país”. Em entrevista ao Expresso, o líder do PSD disse acreditar que Portugal tem “condições de execução orçamental aprovadas este mês que podem dar alguma confiança aos mercados” e dispõe de um sistema bancário mais “saudável”, do que o irlandês.

Este discurso foi mal recebido pelo Governo. O ministro da Defesa, Augusto Santos Silva,  acusou Passos Coelho de estar a “enfraquecer a posição nacional” e de revelar “imaturidade política”.

Santos Silva assegurou que “a União Europeia não está a trabalhar em nenhum pacote de ajuda a Portugal”, e que essa possibilidade nem sequer é colocada pelo Governo actual que “está a trabalhar” para a impedir.

MRA Alliance/DE

Portugal: Violência social pode vir dos desempregados

domingo, novembro 28th, 2010

O presidente do Instituto de Segurança Social rejeita a ideia de alarme social, mas não nega que a situação social que vivemos pode redundar em violência a prazo, “não por parte dos mais pobres, que sempre viveram em situação de carência, mas daqueles que já tiveram uma vida equilibrada e agora se vêem privados daquilo de que já desfrutaram”. Lembra mesmo que “é preciso não esquecer que metade dos cerca de 600 mil desempregados, perto de 300 mil pessoas, não têm já direito a subsídio e isso é preocupante”.Edmundo Martinho, coordenador nacional do Ano Europeu de Combate à Pobreza e à Exclusão Social, foi o orador convidado da sessão de encerramento do ciclo de seminários sobre “Pobreza e Exclusão Social”, promovido pelo Montepio.

O presidente do ISS também revelou o cálculo mais recente do número de sem-abrigo existentes em Portugal: 2.200. Na opinião de Edmundo Martinho, torna-se “mais barato resolver os seus problemas do que tratá-los [associados a doenças mentais, estupefacientes e estruturas familiares estilhaçadas]”,

Ao nível dos apoios sociais, o especialista afasta a ideia, enraizada na sociedade, relativa ao elevado grau de fraude no Rendimento Social de Inserção (RSI), limitado a um máximo de 190 euros por pessoa, e aponta o dedo a outro tipo de apoios, como o subsídio de doença, o qual não tem ‘plafond’.

Edmundo Martinho descreve um caso, do seu conhecimento, relativo a “um grupo de sete/oito pessoas que, habilmente, criou várias empresas. Numas eram trabalhadores por conta de outrem e noutras gerentes. Nas primeiras, auferiam salários de 20 a 25 mil euros mensais. A empresa declarava as remunerações mas, efectivamente, não as pagava. Uma dessas pessoas apresentou um pedido de subsídio de maternidade de 60 mil euros mensais. Fomos averiguar e desmascarámos a tentativa de fraude. A senhora era administradora em três empresas e trabalhadora noutras três e ganhava 20 mil euros por mês em cada uma delas. Quem faz isso não são os pobres, mas pessoas com qualificações e apoio jurídico. Alguns até utilizam consultores”, concretiza.

MRA Alliance/DE

Irlanda fecha acordo com UE e FMI sobre ajuda multibilionária

domingo, novembro 28th, 2010

O Governo irlandês e a missão de especialistas europeus e do Fundo Monetário Internacional (FMI) chegaram a acordo sobre as grandes linhas de um plano de ajuda de 85 mil milhões de euros a Dublin, destinado nomeadamente aos bancos.

Este programa de ajuda – o segundo para um país da Zona Euro no espaço de seis meses, depois da Grécia, em Maio – ainda terá de ser formalmente adoptado hoje pelos ministros das Finanças europeus, que se reúnem em Bruxelas ao início da tarde.

Parte da ajuda, mais concretamente 35 mil milhões de euros, deverão ser investidos nos bancos irlandeses, a braços com dívidas elevadas depois de ter rebentado uma bolha imobiliária, revelou fonte diplomática. A quantia restante deverá ser encaminhada para o Estado irlandês, que viu o seu défice aumentar para 32,1 por cento do PIB.

MRA Alliance/Público

Advogados: Bastonário da Ordem reeleito por maioria absoluta

sábado, novembro 27th, 2010

António Marinho e Pinto - Bastonário da Ordem dos AdvogadosAntónio Marinho e Pinto foi reeleito ontem, por maioria absoluta, para bastonário da Ordem dos Advogados (OA), com 9.532 votos num universo de 20.521 votantes. Fernando Fragoso Marques ficou em segundo lugar com 5991 votos e Luís Filipe Carvalho, com 3666.

Estes resultados não incluem, contudo, ainda os votos do Conselho Distrital da Madeira, já que a assembleia distrital foi suspensa.

A lista de Marinho e Pinto não conseguiu, no entanto, a vitória para o Conselho Superior, ganha pelos apoiantes de Fernando Fragoso Marques na lista liderada por Óscar Ferreira Gomes. Em 19.584 votantes a lista da oposição ao actual bastonário garantiu a vitória com um total de 7.268 votos.

MRA Alliance/Agências

Depois da Irlanda e Portugal agora é a Espanha que está na berlinda dos mercados

sábado, novembro 27th, 2010

Espanha deverá ser o próximo país a ver-se forçado a recorrer ao fundo de emergência UE/FMI, defendem cada vez mais analistas. As baterias antes apontadas a Portugal desviaram nos últimos dias a sua trajectória para o país vizinho, com um peso seis vezes maior na economia europeia e a passar por uma reestruturação do seu sistema bancário, que, embora a uma escala bem menor do que na Irlanda, não tem conseguido evitar as comparações.

Zapatero descarta “em absoluto” a necessidade de um resgate e diz basear-se em “dados concretos”. Mas a Irlanda também insistia na mesma tecla e não deixou de capitular, o que só prova que os mercados quando querem têm uma grande capacidade para transformar rumores em certezas.

Ontem, na Bloomberg, o economista Michael McDonough escrevia que o risco de Espanha é agora maior do que o de Portugal e que os seus problemas constituem uma ameaça superior para a estabilidade da moeda única. Desde logo, porque a Espanha é a quarta maior economia europeia e “o seu PIB representa 12% da economia da Zona Euro, mais do que o PIB acumulado de Irlanda, Grécia e Portugal”. Para McDonough, “Espanha está a tornar-se cada vez mais o ponto central dos receios em torno da estabilidade das economias mais debilitadas.”

Também uma nota de análise do Barclays Capital afirmava que a Espanha poderá ser o próximo país na mira dos mercados, partindo do exemplo irlandês – sem problemas de financiamento externo até ter de ir em socorro da banca. O Barclays agregou as dívidas, as necessidades e os timings de financiamento dos Estados e dos bancos em 2011 e concluiu que, só nos primeiros quatro meses, a Espanha deve ter de ir buscar ao mercado 30 mil milhões de euros, enquanto as necessidades de financiamento dos seus bancos poderão atingir os 40 mil milhões, existindo “um risco de execução substancial”. E afirma que, se houver uma crise de confiança dos mercados na dívida espanhola – pública ou bancária -, a que os bancos franceses e alemães estão muito expostos, o risco de contágio à Zona Euro é elevado.

Quanto a Portugal, considera que o financiamento da banca está bem distribuído ao longo do ano, sendo, além disso, a dívida soberana portuguesa (83% do PIB) uma das mais protegidas do contágio da dívida do sistema bancário (30%), porque o peso das duas somadas no PIB é inferior ao verificado na Grécia, na Bélgica, na Itália, na Irlanda, no Reino Unido e na Espanha.

Uma análise que cai como ouro sobre azul, depois de a edição alemã do Financial Times ter noticiado que o Banco Central Europeu (BCE) e a maioria dos países da Zona Euro estão a pressionar Portugal para pedir a ajuda do fundo de emergência europeu. Um plano que o presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso, nega. “É absolutamente falsa qualquer referência a um plano para salvar Portugal, nem foi pedido por nós, nem o sugerimos”, garantiu.

Fonte do gabinete do primeiro–ministro, José Sócrates, também assegurou que “a notícia do Financial Times não tem qualquer fundamento.

Mas os desmentidos vieram igualmente da própria Alemanha, com um porta-voz do Ministério das Finanças a afirmar que Berlim não fez, nem vai fazer, “pressão sobre ninguém”. Outro porta-voz do Governo de Angela Merkel foi ainda mais longe, acrescentando que “os esforços de consolidação orçamental de Portugal serão bem sucedidos” e que o País não precisará de pedir ajuda externa.

A ministra espanhola da Economia, Elena Salgado, também diz que Portugal adoptou as medidas de austeridade com que se comprometeu e que não há por isso necessidade de qualquer resgate internacional.

MRA Alliance/DN

Advogados portugueses elegem hoje o bastonário da Ordem

sexta-feira, novembro 26th, 2010

Cerca de 26 mil advogados têm até hoje a possibilidade de escolha entre três candidatos a bastonário. Apesar das diferenças, os estilos de António Marinho e Pinto, Fernando Fragoso Marques e Luís Filipe Carvalho coincidem na análise sobre o estado da Justiça.

Até ontem, já tinham votado por correspondência cerca de 13 mil advogados. Está em causa o mandato do próximo triénio na Ordem dos Advogados e, até ao final do dia de hoje defrontam-se nas urnas as propostas de Marinho e Pinto (actual bastonário), de Fragoso Marques e de Luís Filipe Carvalho.   

Fragoso Marques queixa-se “de uma batalha eleitoral profundamente desigual” onde terá sido esquecido pela comunicação social, apesar de “ter percorrido todo o país a falar com os advogados”.

Notoriedade pública é a vantagem comparativa do actual bastonário, Marinho e Pinto, que pretende consolidar o trabalho feito durante o seu mandato. O recandidato sustenta que “não se pode permitir a entrada de milhares de advogados todos os anos, muitos deles sem qualificação”. Marinho e Pinto também pretende lutar pela “rejudicialização da acção executiva, do processo de inventário, bem como combater as altas custas judiciais”.

Por seu turno, Luís Filipe Carvalho propõe-se “arrumar a casa, o que passa por reinstalar a estabilidade institucional da Ordem, que desapareceu”. Muito crítico quanto à condução do actual bastonário, este candidato afirma mesmo que “a Ordem está estilhaçada”.

Fragoso Mendes declarou ao JN que tem a expectativa de que estas eleições tragam “a vitória da razão sobre a demagogia”. Marinho e Pinto disse aguardar “um veredicto democrático”, que se propõe respeitar independentemente dos resultados eleitorais.

MRA Alliance

Juros da dívida dos bancos portugueses já ultrapassam os 10%

quinta-feira, novembro 25th, 2010

Os juros cobrados na dívida dos bancos portugueses estão a disparar, devido ao agravamento do risco de Portugal que está a provocar uma fuga dos investidores em activos nacionais. As taxas das obrigações a cinco anos do BES e do BCP ultrapassaram ontem os 10%.

Segundo dados da Bloomberg, a “yield” média da linha de obrigações do BES que vence em Junho de 2014 tocou ontem os 10,62%. Já uma linha semelhante do BCP, que atinge o prazo em Abril do mesmo ano, ascendeu aos 10,40%.

Contactados pelo Jornal de Negócios, os bancos portugueses optaram por não comentar a subida dos juros.

MRA Alliance

Portugal vai recorrer ao FMI diz maioria dos economistas sondados pela Reuters

quinta-feira, novembro 25th, 2010

Em meia centena de economistas sondados pela Reuters, 34 dizem que Portugal vai ser forçado a pedir ajuda internacional, depois da Irlanda já o ter feito. Numa ‘poll’ mensal da Reuters sobre taxas de juros, a maioria dos economistas disse esperar que Portugal peça ajuda internacional, mas não avançou prazos. Quatro economistas também disseram esperar que a Espanha siga, eventualmente, o mesmo caminho.Certo é que os mercados já estão a antecipar este pedido de auxílio. Ontem, o juro das obrigações do tesouro portuguesas a 10 anos voltou a superar os 7% e o preço dos CDS (seguros de incumprimento) sobre obrigações a 5 anos atingiu um novo recorde nos 510 mil euros, segundo dados da Markit, citados pela Reuters.

O economista João Duque admitiu na terça-feira que Portugal possa apresentar um pedido de ajuda financeira em Fevereiro ou Março, se a execução orçamental não for cumprida.

Os 74 economistas que participaram na sondagem sobre os juros na região, esperam que o BCE só aumente a taxa, que está em 1% desde Maio de 2009, a partir do último quartal de 2011.

MRA Alliance/DE

China e Rússia abandonam dólar no comércio bilateral

quarta-feira, novembro 24th, 2010

Vladimir Putin e Wen Jiabao assinam acordos entre a Rússia e a ChinaA China e a Rússia deram ontem mais um passo decisivo para o que o dólar perca a médio prazo o estatuto de moeda âncora do sistema financeiro mundial e de divisa de referência nas trocas comerciais globais. A decisão foi anunciada pelos chefes dos governos chinês e russo, Wen Jiabao e Vladimir Putin, respectivamente, durante um encontro realizado em São Petersburgo. 

“Sobre os acordos comerciais, decidimos usar as nossas próprias divisas [rublo e yuan]” disse Putin na conferência de imprensa que marcou o final das conversações com Wen. Os dois países assinaram 12 acordos comerciais e de cooperação, designadamente nas áreas da energia, minérios, aviação e transportes ferroviários, no valor de centenas de biliões de rublos.

Desde a agudização da crise financeira global, em Setembro de 2008, foi crescendo o número de especialistas chineses e russos, nas mais altas esferas da governação, que preconizam o abandono do dólar como moeda de referência global devido aos elevados riscos de volatilidade e de forte instabilidade da divisa americana, exacerbados pela colossal dívida pública e pelos gigantescos défices orçamentais crónicos dos Estados Unidos.

Sun Zhuangzhi, um destacado investigador da Academia Chinesa de Ciências Sociais, em Pequim, considera que a decisão agora tomada segue uma tendência generalizada a nível mundial após as vulnerabilidades do dólar terem sido evidentes desde 2008. Por seu turno, Pang Zhongying, especialista de política internacional na Universidade Renmin, disse que o acordo cambial não pretende desafiar o dólar mas tão somente diminuir os riscos associados à divisa dos EUA.

No mercado interbancário chinês o yuan já está a ser trocado contra o rublo. O mesmo acontecerá em breve no mercado interbancário russo nas transacções rublo-yuan. Esta situação foi caracterizada por Putin como “um passo importante no comércio bilateral” que resulta “da consolidação de sistemas financeiros de países com dimensão global”.

Wen elogiou o facto de as relações entre Pequim e Moscovo “terem um nível sem precedentes” e prometeu que os dois países “nunca serão inimigos um do outro”. “A China continuará firme no caminho do desenvolvimento pacífico e no apoio ao renascimento da Rússia como grande potência”, disse o chefe do governo de Pequim.

Hoje, Wen Jiabao está em Moscovo para um encontro com o presidente russo Dmitry Medvedev.

MRA Alliance/People’s Daily

Governos devem impor travões aos mercados, diz Merkel

quarta-feira, novembro 24th, 2010

A chanceler Angela Merkel defendeu esta manhã, no Parlamento de Berlim, a necessidade de a política retomar o primado sobre os mercados e a imposição de limites à especulação. “O que está em jogo é o primado da política, é estabelecer limites aos mercados”, afirmou a chefe do governo alemão.

A chanceler federal voltou a defender os méritos de um mecanismo permanente de resolução de crises que force os investidores privados a suportar parte da factura, caso um país entre em incumprimento da sua dívida.

Depois de ontem ter admitido ser “excepcionalmente séria” a possibilidade de mais “resgates” na Zona Euro, deixando nas entrelinhas a possibilidade de Portugal e Espanha seguirem o mesmo destino da Grécia e da Irlanda, Merkel insistiu hoje que é preciso que os Governos tenham “coragem” de impor travões aos mercados, alegando que o mecanismo de socorro de soberanos proposto pela Alemanha vai precisamente nesse sentido.

MRA Alliance/RR

Irlanda corta 20% na despesa e sobe impostos

quarta-feira, novembro 24th, 2010

Mendigo na IrlandaO Governo da Irlanda anunciou o plano de austeridade 2011-2014, que envolve cortes de 15 mil milhões de euros. Os gastos com a Segurança Social vão sofrer um corte de 2,8 mil milhões de euros. As receitas com impostos vão aumentar em 1,9 mil milhões de euros.

As medidas, que constam no draconiano programa de austeridade da Irlanda até 2014, apresentando hoje pelo primeiro-ministro, Brian Cowen, em Dublin, visam reduzir o défice orçamental de 12% este ano (ou 34% se incluídas as ajudas à banca) para 3% do PIB até 2014.Os cortes para os próximos quatro anos, na ordem dos 15 mil milhões de euros, foram anunciados numa altura em que decorrem negociações entre o Governo irlandês e técnicos da União Europeia e do FMI para a concessão de ajudas no valor de 85 mil milhões de euros.

O pedido formal de resgate apresentado no domingo levou os parceiros da coligação governamental a retirar o seu apoio ao chefe de Governo. Perante este cenário, o primeiro-ministro anunciou que pretende dissolver o Parlamento após a votação do Orçamento do Estado, marcada para 7 de Dezembro, e convocar eleições gerais antecipadas para Janeiro de 2011.

MRA Alliance/DE

Presidente da CMVM defende redução de liquidez na economia e práticas bancárias mais prudentes e transparentes

quarta-feira, novembro 24th, 2010

Carlos Tavares - Presidente da CMVMO presidente da CMVM, Carlos Tavares, defendeu hoje uma redução da liquidez na economia para evitar efeitos como a inflação e disse acreditar que o Banco Central Europeu vai trabalhar nesse sentido.

«À medida que o problema da confiança [na economia] for sendo resolvido há que caminhar para uma desalavancagem», defendeu Carlos Tavares, no almoço do American Club, realizado ontem em Lisboa. O presidente da Comissão do Mercado de Valores Mobiliários (CMVM) identificou a «alavancagem excessiva das economias» como um dos fatores que levaram ao desencadear da crise.

Carlos Tavares convidou ainda a banca a recuperar os valores tradicionais como o da transparência, prudência, e a lealdade para com o cliente.

Por outro lado, sustentou que seria bom que as contas dos Estados seguissem normas comuns, para que os investidores não dependessem das agências de “rating”.

MRA Alliance/DD/RTP

“Estamos preocupados com Portugal” diz Moody’s

terça-feira, novembro 23rd, 2010

A agência de notação financeira está “preocupada” com a dependência da banca portuguesa em relação aos cofres do Banco Central Europeu. “Estamos preocupados com Portugal, porque o seu sistema bancário está de novo dependente do financiamento do BCE”, afirmou Daniel McGovern, o responsável pela unidade de dívida soberana para a Europa da Moody’s, em entrevista à Bloomberg.Segundo um relatório do Banco de Portugal libertado este mês, o valor do financiamento do BCE à banca portuguesa teve uma descida de 0,6% para 40,04 mil milhões de euros em Outubro, face a Setembro.

Foi a segunda redução mensal consecutiva depois de, em Agosto, o indicador ter atingido 49 mil milhões de euros no acumulado do ano. Contudo, o número continua a traduzir a elevada dependência da banca nacional do BCE.

Já quanto a Espanha, Daniel McGovern diz que o país está “numa posição fundamentalmente forte em relação aos outros países da periferia”.

MRA Alliance/DE

Merkel alerta para risco de mais pedidos de resgate na Zona Euro

terça-feira, novembro 23rd, 2010

Angela MerkelA chanceler alemã afirmou hoje que a perspectiva para mais resgates de países do euro é “excepcionalmente séria”. As declarações de Angela Merkel, avançadas pela agência Bloomberg, empurraram o euro para mínimos de três meses, com os responsáveis europeus a estimarem que o resgate da Irlanda vai custar 85 mil milhões de euros.”Os mercados têm, actualmente, confiança zero no facto de o resgate da Irlanda resolver a crise europeia”, disseram Charles Diebel e David Page, da Lloyds TSB Corporate Markets, à Bloomberg.

A chanceler alemã disse, na memsa altura, que não pretende “pintar um quadro dramático”, e que há um ano seria difícil “imaginar o debate” que agora está a ter lugar na Europa.

Mas realçou a ameaça que os países endividados podem representar para o euro, e continua a lutar para que os investidores privados ajudem a pagar os custos de uma futura crise na zona euro.

MRA Alliance/DE

Governo português mantém “contactos regulares” com o FMI

terça-feira, novembro 23rd, 2010

Em declarações ao Diário Económico, o ministério das Finanças confirma que mantém contactos “regulares” com o FMI embora Portugal não tenha pedido ajuda. “Os contactos são os regulares e os habituais no quadro das relações [do FMI] com o ministério das Finanças”, avançou fonte oficial do gabinete tutelado por Teixeira dos Santos ao Económico.O esclarecimento das Finanças surge depois de o número dois do FMI ter garantido hoje que Portugal não pediu ajuda, mas assegurou que esta lhe será assegurada se vier a ser necessária.

Lipsky falava em entrevista à Bloomblerg, num dia em que as principais praças da Europa fecharam a perder mais de 2%, penalizadas com os receios em torno da crise de dívida da Irlanda e do perigo de contágio a outros países da zona euro, como Portugal e Espanha.

MRA Alliance/DE

Metade dos que recorrem a instituições têm menos de 250 euros mensais

segunda-feira, novembro 22nd, 2010

Cerca de metade daqueles que recorrem a instituições de solidariedade social têm menos de 250 euros por mês para viver, segundo um inquérito realizado pela Universidade Católica que abrangeu quase 4700 pessoas.

Numa parceria com o Banco Alimentar e a Associação Entreajuda, o Centro de Estudos e Sondagens da Católica realizou entre Junho e Outubro deste ano uma análise à realidade dos utilizadores do apoio das instituições de solidariedade, que abrangeu mais de 550 organizações.

Relativamente à situação económica, os dados mostram que metade dos inquiridos ficam com menos de 250 euros por mês para viver e cerca de 90% têm rendimentos líquidos abaixo ou a rondar o ordenado mínimo.

MRA Alliance/JN

Ajuda bilionária da UE e do FMI já foi confirmada pela Irlanda

segunda-feira, novembro 22nd, 2010

O primeiro ministro da Irlanda, Brian Cowen, afirmou que obteve um acordo de princípio com a União Europeia (UE) e o Fundo Monetário Internacional (FMI) para um apoio financeiro inferior a 100 mil milhões de euros.Em conferência de imprensa, Cowen anunciou que a dimensão do sistema bancário irlandês vai ser reduzida significativamente, no âmbito do plano de reestruturação previsto para o fundo de apoio da UE e do FMI.

Especialistas da UE e do FMI chegaram à capital da Irlanda há três dias para analisar os números do governo, do tesouro e dos bancos, e estabelecer a dimensão do pacote de ajuda de que o país necessitaria para salvar os bancos.

MRA Alliance/Lusa

Irlanda receia violência urbana face ao agravamento da crise

domingo, novembro 21st, 2010

Brian Cowen - Primeiro-ministro da IrlandaUm dos maiores sindicatos da Irlanda (Technical Engineering and Electrical Union) alertou hoje para o risco de a nação estar à beira de cair numa grave e provavelmente violenta crise social numa altura em que o Governo de Dublin negoceia com a União Europeia e o FMI um multimilionário pacote de salvação da indústria bancária irlandesa.

O TEEU sugere o lançamento de uma campanha de desobediência civil a menos que o primeiro-ministro, Brian Cowen, convoque de imediato eleições gerais.

O sindicato considera que a violência pode manifestar-se nas ruas caso sejam decididos novos cortes “draconianos” de 15 mil milhões de euros no sector público, nos próximos quatro anos.

O défice público, por seu turno, deverá ser reduzido anualmente em 15 mil milhões de euros até 2014.

Os novos cortes serão decididos hoje durante uma reunião de emergência do Conselho de Ministros irlandês.

MRA Alliance/Guardian

“Se a gente não tem juízo o FMI acaba por vir e isso é mau”, avisa Jacinto Nunes

domingo, novembro 21st, 2010

O “senhor FMI” português, Manuel Jacinto Nunes, o homem que há meio século negociou a adesão portuguesa à instituição, alertou em entrevista à agência Lusa que se Portugal “não tem juízo” o Fundo vai acabar por intervir, e com “mão-de-ferro”.

Foi a Jacinto Nunes, hoje com 84 anos, que Portugal confiou o trabalho de adesão ao Fundo Monetário Internacional (FMI), que acabou por concretizar-se a 21 de Novembro de 1960. Sempre que a história do Fundo se cruzou com a História de Portugal, foi em Jacinto Nunes que se cruzou. O “senhor FMI” deixa agora um alerta: “Se a gente não tem juízo, o FMI acaba por vir e isso é mau. Eles são, naturalmente, um bocadinho mais rigorosos. Nós temos medo de aleijar”, disse Jacinto Nunes.

O que há para fazer, segundo Jacinto Nunes, é óbvio – controlar a despesa pública de uma vez por todas, para evitar a terceira entrada do FMI em 50 anos, agora que ele já está às portas da Irlanda, depois de ter entrado em casa e nas carteiras dos gregos.

“Há despesas que vão ser cumpridas – o corte nos funcionários, essas coisas. Mas aquele conjunto de despesas que estão um pouco indiscriminadas vai exigir muita coisa já personalizada, e os governos não querem desagradar. É natural. Já sabem que, desagradando, depois pagam”, afirmou.

Jacinto Lopes aponta 2009 como o início das preocupações actuais. Além da diminuição do IVA e do aumento dos funcionários públicos, o grande erro foi alterar as taxas de juro dos certificados de aforro. “Foram centenas de milhões de euros que fugiram. Uma parvoíce, porque substituíram dívida interna, dívida dos portugueses, que não exerce uma pressão tão grande sobre os governos, por dívida externa”, defendeu.

Depois de colocar Portugal na instituição, o economista foi o primeiro governador português no FMI – entre 1960 e 1975 e, depois, entre 1980 e 1985. Na altura, o Banco de Portugal era uma sociedade anónima de responsabilidade limitada, com capital de 100 mil contos. Para entrar no FMI, Portugal teve de pagar uma quota de 60 milhões de dólares, o mesmo que a Jugoslávia tinha pago e mais 20 milhões do que a Grécia.

“O Banco de Portugal entregou 15 milhões de dólares ao Fundo, e o Estado pagava-nos, por essas cedências, um oitavo por cento de juro. Os outros 45 milhões estavam depositados aqui no Banco de Portugal”, disse.

“Depois as quotas foram aumentando de 60 para 75, depois para cento e tal milhões de dólares. Nós fomos ao aumento, claro. Os países não eram obrigados, mas quem não fosse ficava na lista negra”, acrescentou.

Uma das memórias que destacou ainda foi a forma como foi feito o pagamento ao Fundo. “Entregámos o ouro. Tínhamos o ouro em Nova Iorque, depositado na Reserva Federal. Na altura, tínhamos em Nova Iorque, em Londres e na Suíça. Em Nova Iorque, o ouro estava numas paletes nas caves. Uma palete correspondente a 15 toneladas passou para o compartimento do Fundo”, contou.

MRA Alliance/DN

OCDE prevê que Portugal falhará a meta do défice para 2011

sábado, novembro 20th, 2010

No próximo ano, o défice será de 5% do PIB, prevê a OCDE, ou seja mais quatro décimas que o reportado por Lisboa a Bruxelas. A OCDE também não acredita que Portugal consiga atingir a meta do défice que o Governo acordou com Bruxelas para o próximo ano, 4,6% do PIB.

A organização liderada por Angel Gurría prevê que o défice fique em 5% do PIB em 2011. Isto depois de o FMI ter apontado, no mês passado, uma previsão de 5,2%.“A consolidação orçamental teve um início mais lento em Portugal que nos restantes países periféricos da zona euro”, pode ler-se no Economic Outlook ontem publicado.

No relatório, a OCDE afirma que “na primeira metade de 2010, praticamente não houve redução do défice face a 2009, apesar do bom desempenho das receitas fiscais”. E recorda que, apesar dos progressos do segundo semestre, “a meta do défice para 2010 só será atingida graças ao recurso a processos extraordinários” – em alusão ao fundo de pensões da Portugal Telecom. Sem eles, o défice ficaria este ano em 8,8% do PIB.

Mas mesmo partindo de um ponto de 7,3%, a OCDE considera que “o tamanho do ajuste [que é necessário] torna a implementação do Orçamento [para 2011] particularmente difícil”.

MRA Alliance/DE