A grande sensação das eleições regionais que decorreram ontem em três estados federados da Alemanha – “laender” – residiu nos 21,3 por cento obtidos pelo partido de esquerda Die Linke no Sarre, liderados pelo ex-líder do SPD (Partido Social Democrata), Oskar Lafontaine.

A formação política emanada da ala esquerda do SPD está à beira de entrar pela primeira vez num governo regional na parte ocidental do país, 20 anos após a queda do Muro de Berlim.

Os grandes derrotados da noite eleitoral foram os dois principais partidos da coligação governamental em Berlim, os democratas-cristãos da CDU e os sociais-democratas do SPD.

A CDU, apesar de continuar a ser o partido mais votado em todas as regiões que foram a votos, perdeu a maioria absoluta no Sarre e na Turíngia, conseguindo apenas na Saxónia um resultado idêntico ao obtido em 2004, a rondar os 41 por cento, que lhe permitirá manter a coligação com os sociais-democratas ou optar pelos liberais do FDP.

Os sociais-democratas, que apostavam nestas eleições para recuperar a desvantagem de quase 15 pontos que os separa da CDU nas sondagens para as legislativas de 27 de Setembro, não tiveram melhor sorte.

Na Saxónia, o grande partido da esquerda alemã estava praticamente empatado com os liberais do FDP, com cerca de 10 por cento, e com menos de metade dos votos do partido Die Linke. Na Turíngia, apesar de alguma recuperação, ficou igualmente atrás do partido de Lafontaine,  que reforçou a segunda posição conquistada em 2004, ao passar de 26,1 para 27,4 por cento.

No Sarre, a CDU recuou cerca de 13 por cento da CDU, ao arrecadar apenas 34,5 por cento dos votos. O SPD,manteve o segundo lugar, com 24,5 por cento, mas perdeu quase seis pontos percentuais.

Liberais e Verdes podem também considerar-se os vencedores da noite. Os Verdes, mesmo com ganhos mais moderados, ficaram em posição privilegiada para negociar a entrada para os governos regionais em Saarbruecken e em Erfurt, tanto com o bloco conservador e liberal, como com o bloco SPD/Die Linke.

Os noenazis do NPD, apesar de terem visto a sua votação de 2004 (9,2 por cento) quase reduzida a metade, passando para 5,8 por cento, na Saxónia, conseguiram eleger deputados a um Parlamento regional nas segundas eleições consecutivas, e na Turíngia chegaram aos 4,8 por cento, ficando apenas a duas décimas de eleger representantes para a câmara legislativa de Erfurt.

No Sarre, Lafontaine, que já foi governador da região entre 1985 e 1998, com as cores do SPD, já anunciou que pretende negociar uma aliança com os Verdes e com o SPD para formar o novo governo.

Na Turíngia, o cenário é idêntico. Todavia, a constituição de um governo tripartido à esquerda pode estar comprometida devido às más relações entre Lafontaine e o seu homólogo do SPD.

Na véspera das eleições, a chanceler Angela Merkel, já a prever um desaire para a CDU, disse numa entrevista que estas eleições regionais, que envolveram pouco mais de 10 por cento do eleitorado que será chamado às urnas dentro de quatro semanas nas legislativas, não seriam “nenhum teste” para 27 de Setembro.

O SPD interpretou o desfecho das eleições de hoje de forma optimista, sublinhando que a CDU, em dois dos três “laender” que foram às urnas, não conseguiu maioria necessária para governar com os liberais, como pretende fazer a nível nacional.

MRA Alliance/Agências