O presidente do México, Felipe Calderón, determinou que a população passe cinco dias em casa, a partir de amanhã, numa espécie de “greve nacional anti-gripe”, depois de a Organização Mundial de Saúde (OMS) ter alertado para a iminência de uma pandemia de gripe suína.
Calderón ordenou que órgãos públicos e empresas não-essenciais parem de funcionar para evitar novos contágios do vírus H1N1, que já matou até 176 pessoas no país e se espalhou pelo mundo. Na Cidade do México, uma metrópole de 20 milhões de habitantes, a economia está paralizada – todas as escolas, restaurantes, discotecas foram encerradas e os eventos públicos suspensos.
Doze países já notificaram casos da gripe suína. A Holanda foi o último, com uma criança de três anos. Também hoje, a Suíça confirmou a infecção em um homem que regressou do México. O Peru notificou o primeiro caso na América do Sul.
Ontem, as autoridades norte-americanas do Texas notificaram a primeira morte pela doença fora do México – uma criança mexicana, de 1 ano e 10 meses, cujos pais estavam de visita aos EUA.
A OMS já elevou para 5 (numa escala de 1 a 6) o nível de alerta contra pandemias. “Pandemias de gripe devem ser levadas a sério devido à capacidade de, rapidamente, alastrarem para todos os países do mundo”, disse a directora-geral da OMS, Margaret Chan, durante uma conferência de imprensa, ontem, em Genebra.
“A principal questão é saber quão grave será a pandemia, especialmente agora, no começo”, disse Chan. A OMS continua a não recomendar restrições à circulação de pessoas a nível mundial.
A Espanha relatou o primeiro caso na Europa de um paciente que contraiu a doença sem ter ido ao México.Esta situação ilustra o perigo de contágio entre humanos.
Vários países proibiram a importação da carne de porco, embora a OMS assegure que o seu consumo não provoca gripe suína.
Masato Tashiro, director do centro de investigação do vírus da gripe no Instituto Nacional de Doenças Infecciosas do Japão, e membro da comissão de emergências da OMS, disse ao jornal japonês Nikkei que, aparentemente, o H1N1 é muito menos perigoso do que o vírus da gripe das aves, que causou mais de cem mortes no começo da década, designadamente na Ásia.
“Estou muito preocupado. Estamos a recorrer ao stock de medicamentos antigripe e poderemos ficar desarmados quando precisarmos lutar contra a gripe das aves. Esta continua a ser a maior ameaça à humanidade”, disse Tashiro.
Guan Yi, professor de Microbiologia da Universidade de Hong Kong, disse que o vírus da gripe suína (o H1N1) se pode misturar com o da gripe das aves (H5N1). “Se ele for para o Egipto, Indonésia, regiões endémicas do H5N1, pode transformar-se num H5N1 muito poderoso, ou seja, facilmente transmissível entre humanos. Aí estaremos em apuros. Será uma tragédia.”
A directora-geral da OMS, Margaret Chan, pediu aos laboratórios para que aumentem a produção de medicamentos. Segundo o organismo das Nações Unidas, dois antivirais -Relenza, da GlaxoSmithKline, e Tamiflu, da Roche/Gilead Sciences – são eficazes contra o vírus H1N1.
MRA Alliance/Agências