Archive for março, 2009

Portugal: Dívida pública pode chegar a 86% do PIB, diz OCDE

terça-feira, março 31st, 2009

O despesismo do Governo Sócrates deverá aumentar em 15,2% do PIB o rácio da dívida pública portuguesa , durante 2010, segundo  cálculos da OCDE divulgados hoje em Paris.

A Organização para a Cooperação e Desenvolvimento Económico, no relatório intercalar divulgado hoje, estima que o rácio passará de 70,7%, em 2008, para 85,9% do PIB.

Segundo a instituição sediada em Paris, para que Portugal chegue a 2050 com um rácio de dívida pública idêntico ao de 2008 terá de registar este ano, sem juros, um crescimento de 7% no superavite do saldo primário.

Caso o reequilíbrio se inicie apenas no próximo ano, então o saldo primário terá deverá crescer 7,3% para regressar aos níveis de 2008.

MRA Alliance/Agências 

Crise entala Brasil

terça-feira, março 31st, 2009

A capacidade dos Estados e municípios brasileiros para pagar os juros da dívida – o superávit primário da economia – caiu 54% em Fevereiro de 2009, comparativamente ao mesmo mês de 2008. 

Desde o ano passado, com a queda nas receitas e o com aumento do défice da previdência, o superavite primário caiu de 8,9 mil milhões/bilhões (mm/bi) de reais para 4,1 mm/bi. Este foi o pior resultado desde 2005.

Nos primeiros dois meses do ano, o superavite caíu 66% – cerca de 9,2 mm/bi de reais – que equivale a cerca de 2% da riqueza produzida pelo Brasil naquele período.

MRA Alliance/Agências

Opinião: Reservas de ouro, segredos do Fed e feudalismo financeiro

domingo, março 29th, 2009

A questão de quanto ouro está guardado nos cofres de Fort Knox, e a quem pertence, alimenta polémicas em meios políticos e financeiros dos Estados Unidos, desde há muitos anos, mas sem repercussão assinalável nos chamados media de referência.

Hoje, a uma semana da cimeira do G20 sobre o futuro do sistema financeiro global, o diário londrino Times resolveu dar à estampa um artigo, sob o título “Haverá algum ouro guardado em Fort Knox, o cofre mais seguro do mundo?”.

Mais vale tarde, do que nunca, mesmo que o articulista não vá tão fundo quanto o assunto merece e a severidade da presente crise do modelo financeiro mundial aconselha.

Por outro lado, também seria interessante saber por que razão um dos jornais mais emblemáticos do conglomerado mediático do globalista Rupert Murdoch resolveu agora dar cobertura aos paladinos das teses monetárias que, imperialmente, durante anos, censurou, substimou e desacreditou.

O que o Times diz

No artigo, é dada nova expressão a velhas dúvidas dos críticos norte-americanos sobre as desvantagens do abandono do padrão-ouro e a sustentabilidade do actual sistema monetário do país. Ele assenta em papel-moeda cuja garantia de reembolso, em termos de contra-valor, é apenas outro papel – dólar – e a palavra do governo de Washington.

Neste quesito, a ombridade da Presidência dos Estados Unidos ficou seriamente danificada quando, em 1971, Richard Nixon anunciou ao mundo que “temporariamente”, o país iria suspender os pagamentos em ouro aos detentores de dólares.

A medida, que rapidamente passou a definitiva, liquidou o acordo de 1944, selado em Bretton Woods pelas 44 nações aliadas contra a Alemanha e o Japão. Foi ele que serviu de base à criação do actual sistema monetário internacional.

Com aquela decisão, unilateralmente, banqueiros e políticos norte-americanos impediram que outros países preocupados com o endividamento público estadunidense seguissem o exemplo da França e da Suíça e exigissem que as suas reservas em dólares também fossem reembolsadas em ouro, ao preço pré-acordado de 35 dólares a onça.

O artigo do Times explicita mais razões para os antigos e actuais temores:    

  • “Proeminentes investidores e pelo menos um congressista estadunidense” estão preocupados sobre a quantidade e a titularidade dos depósitos de ouro guardados na caixa-forte do Kentucky;
  • A preocupação assenta na circunstância de as autoridades nunca terem permitido uma auditoria independente para averiguar se as barras lá acumuladas, conforme diz o Tesouro, valem realmente 137 mil milhões/bilhões (mm/bi) de dólares;
  • Os receios aumentaram após o colapso e a nacionalização de várias instituições financeiras do país.
  • Será que o ouro foi usado para financiar a orgia especulativa de Wall Street? Será que ele “ainda é propriedade exclusiva” dos EUA?
  • Na boca de Ron Paul – congressista republicano do Texas que integra a corrente “libertária” do Partido Republicano, afecta à escola do pensamento económico austríaco – é colocada uma frase que repete desde os anos 70: “Já passaram muitas décadas desde que o ouro de Forte Knox foi devida e independentemente auditado e contabilizado. (…) O povo americano tem o direito a saber a verdade”;
  • Paul, com uma vintena de co-signatários, lançou uma petição naquele sentido;
  • Por seu turno, a organização GATA – Gold Anti-Trust Action – resolveu  contratar um escritório de advogados para, em Abril, exigir ao presidente Obama que cumpra a promessa de “uma abertura sem precedentes” e termine com o secretismo sobre a propriedade do ouro americano e as operações de compra e venda do metal precioso, realizadas desde 1971;
  • Investidores e especuladores especialistas no metal amerelo, repetidamente, têm acusado o governo e as autoridades monetárias de inundarem o mercado com ouro de Fort Knox para manterem artificialmente alta a cotação do dólar e baixo o preço da commodity, alegadamente através de swaps com outros bancos centrais;
  • O Times confirma que nenhum auditor independente tem acesso aos cofres onde está depositado o ouro dos Estados Unidos, “embora supervisem o processo”;
  • Segundo o diário londrino, a correspondente americana da nossa Casa da Moeda – US Mint – garante no seu site que os 147,3 milhões de onças em Fort Knox “são guardados como um activo dos EUA”, sem fornecer mais pormenores;
     

A crise financeira global, o pró-activismo russo e chinês favorável ao fim do dólar como reserva monetária mundial e as práticas do Fed de fabricar dinheiro a partir do nada, integram o explosivo cocktail que será servido ao delegados presentes na reunião do G20, na próxima semana, em Londres.

O que o Times não diz

  • O banco central dos Estados Unidos – Reserva Federal (Fed) – é uma entidade privada cujos capitais são controlados pelos bancos que comandam o opaco mundo da alta finança global, a partir de Wall Street e da City de Londres;
  • Cinco presidentes americanos ou foram assassinados ou sofreram atentados por se terem oposto ao modelo de um banco central dominado por bancos privados;
  • O controlo accionista do Fed é um dos segredos mais bem guardados do país;
  • O Sistema da Reserva Federal, na prática, é um cartel de bancos privados a quem os políticos do país deram, em 1913, o monopólio exclusivo da criação de moeda e, por via disso, da gestão dos fluxos monetários;
  • Em troca desta e de outras benesses, a classe política norte-americana recebeu a promessa dos banqueiros de terem acesso permanente aos recursos monetários necessários para alimentar a máquina do Estado e satisfazer os ímpetos despesistas dos partidos no poder;
  • Para além da cobrança de juros, os banqueiros viram aprovada a lei que criou o Imposto sobre o Rendimento e, desde então, os cheques dos contribuintes americanos são endossados ao Fed e não à Fazenda Nacional (Tesouro);
  • Desde a sua fundação, nenhum cargo executivo do Fed – incluindo os que formalmente são propostos pelo Presidente dos EUA – foi ocupado por alguém sem o beneplácito das dinastias financeiras Rothschild, Morgan e Rockefeller;
  • O Sistema da Reserva Federal, criado para “dar estabilidade” à moeda e à economia gerou duas grandes depressões (1929 e 2007) e várias recessões severas;
  • Entre 1913 e 2008, o valor do dólar registou uma desvalorização de 98%;
  • O sistema é gerador de um imposto invisível – inflação – que deliberadamente é apresentado como resultante da subida dos preços quando, na realidade, é provocado pela depreciação da moeda;
  • O dinheiro é criado a partir da dívida gerada pelo governo junto do banco central e não da riqueza produzida na economia real pelas empresas e pelos particulares;
  • Por cada milhão de dólares de crédito concedido pelo banco central ao governo nove milhões são concedidos aos outros agentes económicos e apenas um milhão é mantido como reserva;
  • O sistema é uma infinita espiral de dívida – pública e privada. 

Estas são, entre outras, as razões pelas quais estamos a assistir, em câmara lenta, ao colapso do sistema financeiro global.

O sistema é uma pirâmide, tipo Dona Branca ou Madoff, mas inventada e gerida por banqueiros com o alto patrocínio dos políticos e dos governos.

A filosofia que lhe está subjacente é o feudalismo financeiro. Nele, velhos senhores exploram novos servos – os que contraíram empréstimos para comprar casa, carro, electrodomésticos – e não sabem viver sem dinheiro de plástico – bem como os empresários que querem financiar os seus negócios.

As cenas dos próximos capítulos são “dejá vu”.

MRA Dep. Data Mining

Pedro Varanda de Castro, Consultor

Papelaria Fernandes pede insolvência e sairá da bolsa

sexta-feira, março 27th, 2009

Os accionistas da Papelaria Fernandes aprovaram hoje, em assembleia geral, a proposta da administração de “apresentar, de imediato, ao Tribunal do Comércio um requerimento de declaração de insolvência desta sociedade, bem como de todas as suas participadas”, com vista à sua recuperação, noticiou o Diário Económico (DE).

As diligências necessárias serão formalizadas na próxima semana. As propostas do accionista Joe Berardo, que detém 19,83% da empresa, não foram votadas na assembleia geral. Berardo queria reduzir o capital social da empresa e avançar com um aumento de 40 milhões de euros. 

A empresa sofreu prejuízos de 21,7 milhões de euros em 2008 e fechou o ano com capitais próprios negativos de 22,33 milhões. A situação agravou-se, no início do mês, com a demissão em bloco do conselho de administração liderado por José Ortigão Sanches.

Os accionistas da Papelaria Fernandes decidiram pedir igualmente a retirada das acções da empresa da bolsa, embora desejem voltar ao mercado logo que esteja concluído o processo de insolvência. 

Da estrutura accionista da Papelaria Fernandes fazem também parte a Fundação Ernesto Estrada, com 32,82% do seu capital, e José Morgado Henriques que detém 24,85%.

Na sequência destas decisões, a Comissão do Mercado de Valores Mobiliários decidiu manter as acções da Papelaria Fernandes suspensas. 

Na quinta-feira, último dia de negociação até à suspensão, as acções da empresa mentiveram a cotação de 2,66 euros.

MRA Alliance/DE

Acusações de Lula a banqueiros “brancos, de olhos azuis” enchem jornais ingleses

sexta-feira, março 27th, 2009

As declarações do presidente brasileiro, Lula da Silva, durante a visita do primeiro-ministro britânico, Gordon Brown, responsabilizando os “brancos, de olhos azuis” pela actual crise financeira mundial, são destaque na imprensa britânica de hoje.

Sob os títulos “Lula disse a Brown: A culpa é dos banqueiros de olhos azuis”, “Presidente Lula do Brasil atribui aos `brancos de olhos azuis a responsabilidade da crise”, as edições electrónicas dos jornais Guardian e Times dão grande relevo à frase escolhida pelo estadista brasileiro para encerrar o encontro com o primeiro-ministro britânico, ontem, em Brasília.

O vetusto Financial Times cristaliza a mensagem com a frase “Presidente do Brasil responsabiliza brancos pela crise”.

 “Bombástica e bizarra”, foram os adjectivos escolhidos pelos editores do Mirror online.

O Daily Mail sintetiza as palavras de Lula da Silva sob o título “Banqueiros brancos, de olhos azuis colocam a economia mundial de rastos”.

O diário Independent embora reconheça “o embaraço” que as declarações de Lula causaram na comitiva britânica, escreveu: “Fontes de Downing Street sugeriram que as controversas observações foram feitas para ‘consumo interno'”.

O diário “The Telegraph” também optou pela desvalorização das declarações afirmando que “um ligeiramente atrapalhado Senhor Brown desdramatizou os comentários, insistindo que está mais interessado em encontrar soluções do que em saber exactamente quem são os culpados”. 

O presidente Lula salientou que a crise financeira mundial foi causada por “gente branca, de olhos azuis” e considerou injusto que negros e índios tenham que sofrer as consequências do “casino financeiro”.

“É uma crise causada por comportamentos irracionais de gente branca, de olhos azuis, que antes da crise pareciam saber tudo e agora não sabem nada”, enfatizou.

MRA Alliance

EUA: Produto encolhe 6,3% e lucros empresariais afundam-se

quinta-feira, março 26th, 2009

A economia dos Estados Unidos recuou mais do que as expectativas, no quarto trimestre de 2008, por força da queda do consumo e das exportações, enquanto os lucros das empresas caíram para o nível de 1994. Os dados governamentais foram divulgados hoje pela agência Reuters.No período, o Produto Interno Bruto (PIB) caiu 6,3% – mais 0,1% do que as previsões governamentais e menos 0,2% do que as estimativas dos analistas. Ainda assim, esta foi a maior queda desde 1982. 

As existências das empresas indicam um declínio de USD 25,8 mil milhões/bilhões (mm/bi) contra USD 19,9 mm/bi, em igual período do ano anterior, quando o comércio já reflectia a queda na procura e os cortes na produção industrial.

Nos últimos três meses de 2008, o investimento das empresas caiu 21,7% e no sector imobiliário recuou 22,8%. O consumo, responsável por 70% da actividade económica dos EUA, baixou 4,3% e as exportações recuaram 23,6%. 

O governo informou que os lucros das empresas após impostos registaram uma contracção de 10,7%, a maior queda desde 1994. Este valor excedeu largamente as previsões dos analistas consultados pela Reuters – menos 2% no período.

MRA Alliance/Reuters

Ferreira Torres absolvido de todos os crimes

quinta-feira, março 26th, 2009

Avelino Ferreira TorresO tribunal do Marco de Canaveses absolveu hoje o ex-presidente da câmara Avelino Ferreira Torres de todos os crimes de que estava acusado pelo Ministério Público (MP).O ex-autarca fora acusado de seis crimes. Nas alegações finais, o MP retirou dois mantendo as acusações de corrupção, peculato de uso, abuso de poder e extorsão.

Nenhum destes quatro crimes foi dado como provado pelo tribunal, pelo que o colectivo de juízes absolveu o arguido.

A juíza-presidente lembrou que a absolvição resulta da prova recolhida na sala de audiências e não “do que se diz lá fora” ou “dos depoimentos da fase de inquérito”.

A juíza advertiu, ainda, que “a justiça popular é uma coisa bem diferente da aplicação da justiça pelos tribunais”.

Gil Mendes, o autor das denúncias que levaram Avelino Ferreira Torres a tribunal, disse não estar surpreendido com a decisão judicial.

“Não me surpreende muito este tipo de decisões porque, neste momento, os tribunais não funcionam como justiça. Bem pelo contrário, alimentam ainda mais a injustiça”, disse Mendes à agência Lusa.

MRA/Agências

EUA: Geithener quer “novas regras do jogo” para sector financeiro

quinta-feira, março 26th, 2009

Timothy GeithnerO secretário do Tesouro dos Estados Unidos, Timothy Geithner, apresentou hoje ao Congresso as novas “regras do jogo” para o sector financeiro, que incluem o controlo mais rigoroso sobre hedge funds e o alargamento da regulação federal às operações com produtos financeiros derivados e estruturados.

Com as novas propostas, as instituições financeiras serão obrigadas a constituir maiores reservas de capital para cobrir prejuízos e a apertar as normas de gestão do risco.

Geithner defendeu a criação de uma única autoridade reguladora para fiscalizar as grandes empresas não bancárias do sector financeiro, como hedge funds e private equity, bem como os instrumentos derivativos de risco. 

“Os grandes conglomerados e os mercados devem estar sujeitos a um quadro regulatório mais conservador e consistente”, defendeu Geithner, no discurso que leu perante a Comissão de Serviços Financeiros do Congresso. 

O secretário do Tesouro defendeu novas regras para as compensações financeiras de executivos do sector e reconheceu que o sistema falhou em áreas fundamentais.

“O sistema provou ser muito instável e frágil, sujeito a rápidas crises cíclicas e a bolhas periódicas, nos mercados imobiliários e de crédito, seguidas por implosões e contracções”, disse.

MRA Alliance/Agências

Administração da Quimonda formalizou pedido de insolvência

quinta-feira, março 26th, 2009

A administração da Qimonda de Vila do Conde informou os trabalhadores que deu entrada hoje com o processo de insolvência em tribunal, revelou à Rádio Renascença Miguel Moreira, do Sindicato das Indústrias Eléctricas do Norte. 

O sindicalista espera que a partir de agora seja possível descortinar a verdadeira dimensão do problema. “Da parte da tarde a Qimonda apresentou no tribunal um pedido de insolvência. Nós achamos que as coisas não estão nada fáceis, mas por outro lado isto permite-nos saber com maior rigor e transparência o que se passa na Qimonda”, disse.

Miguel Moreira acusa a administração portuguesa de “sonegar informação”. Após a nomeação do gestor judicial o sindicato será pedida uma reunião com carácter de urgência.

A partir do próximo sábado a produção da empresa será suspensa até 13 de Abril.

A unidade portuguesa da multinacional alemã emprega 1 700 trabalhadores.

MRA Alliance/RR

Sistema financeiro global está ferido de morte

quinta-feira, março 26th, 2009

A precária situação da banca americana e a realidade do mercado monetário REPO (recompra de activos financeiros) são bombas-relógio que podem, mais depressa do que muitos pensam, fazer implodir o sistema financeiro global.

Citibank, Bank of America, HSBC (USA), Wells Fargo e JP Morgan Chase poderão sofrer perdas bilionárias nos próximos meses e desestabilizar o sistema financeiro global segundo dados recolhidos nos respectivos relatórios e contas de 2008.

 Em conjunto, até 31 de Dezembro, os riscos de prejuízos líquidos com instrumentos derivativos de crédito aumentaram em USD 587 mil milhões/bilhões (mm/bi), um crescimento de 49% nos últimos 90 dias de 2008.

O cenário da exposição actual e futura daqueles bancos aos famigerados Credit Default Swaps (CDS) – seguros de crédito para protecção de riscos de incumprimento financeiro – contratados pelos clientes daquelas cinco insituições, envolvidos em operações especulativas, dá razão aos analistas mais sensatos e realistas: 

  • JP Morgan Chase: Risco Actual (RA), USD 241,2 mm/bi; Risco Futuro (RF), USD 299 mm/bi – Reservas actuais: USD 144 mm/bi;
  • Citibank: RA, USD 140,3 mm/bi; RF, USD 161,2 mm/bi; Reservas actuais: USD 108 mm/bi;
  • Bank of America: RA, USD 80,4 mm/bi; RF, USD 137,6 mm/bi; Reservas actuais: USD 122,4 mm/bi;
  • HSBC Bank USA: RA, USD 62 mm/bi; RF, USD 33 mm/bi; Reservas actuais: USD 20 mm/bi; Como banco estrangeiro, o HSBC não recebeu qualquer apoio financeiro do Tesouro dos EUA;
  • Wells Fargo: RA, USD 64 mm/bi; RF, USD 45 mm/bi; Reservas actuais: USD 109 mm/bi; A recente compra do banco Wachovia pelo Walls Fargo, poderá aumentar substancialmente os riscos futuros.

Os potenciais riscos combinados de USD 587 mm/bi excedem largamente as reservas em capital para situações de stress financeiro agudo – USD 497 mm/bi.

Acresce que, para além dos riscos com CDS’s, a exposição dos cinco bancos a outros derivados de crédito – câmbios, taxas de juros, etc. – ultrapassa 1,2 mil biliões de dólares, situando-se bem acima da fatídica fasquia dos trillions. Mil biliões de dólares – one trillion – equivalem actualmente a 7% do PIB dos EUA.

O professor da Economia, Laurence Seidman, da Universidade de Delaware (Newark) fez uma conta interessante. O equivalente ao produto norte-americano – 14 trillion – daria 540 voltas ao Equador se fosse transformado em notas de 100 dólares coladas umas às outras…

Se tivermos em conta que as injecções estatais de capital no Citibank e no Bank of America ascendem respectivamente a USD 50 e 45 mm/bi,  sem esquecer mais USD 100 mm/bi para garantias a empréstimos – facilmente se conclui que, sem ajudas públicas adicionais, em 2009, os principais bancos norte-americanos sofrem sérios riscos de insolvência.

Especialistas concordam

Os cinco bancos referidos detêm 95% do mercado de derivativos dos Estados Unidos. Perante esta realidade, qual a opinião dos especialistas? Acreditam na sua sobrevivência?

  • “Não acredito em nenhum dos números apresentados pelos bancos”; David Wyss, economista-chefe da agência de rating Standard & Poor’s;
  • “Os riscos dos big banks são tão grandes que os transformaram numa espécie de  condenados a caminho da cela da morte”; Gary Kopff, presidente da Everest Management, empresa especializada em acções judiciais contra a banca;
  • “A única solução é rebentar com o mercado dos derivativos – CDS’s, swaps e produtos estruturados – e começar tudo de novo”, Myron Scholes, Prémio Nobel das Ciência Económicas (1997), co-autor do modelo Black-Scholes para cálculo dos preços dos derivativos;
  • “[Os derivativos] tornaram praticamente impossível aos investidores a compreensão e a análise dos balanços dos bancos. (…) Quando leio os relatórios e contas das companhias envolvidas em derivados chego à conclusão de que não sei nada sobre a situação real das respectivas carteiras. É aí que tomo logo uma aspirina.”; Warren Buffett, presidente da holding Berkshire Hathaway, conhecido como o “Oráculo de Omah”, um dos mais respeitados investidores e especuladores dos EUA; Em 2003, em carta aos accionistas, Buffett apelidou os derivativos de “armas financeiras de destruição maciça”;
  • “Há quatro meses, os 10 maiores bancos dos EUA tinham uma capitalização bolsista de USD 722,73 mm/bi. Esta semana, este número encolheu 2/3 para USD 237,83 mm/bi. Em apenas quatro meses, os banqueiros roubaram aos accionistas USD 484,9 mm/bi, ao mesmo tempo que roubavam outros USD 250 mm/bi aos contribuintes e ao Tesouro, em fundos de emergência”; Joseph L. Galloway, McClatchy Newspapers, 28-01-2009;
  • “A distorção dos preços dos complexos derivativos de crédito (…) causou prejuízos a grandes instituições financeiras e colocou algumas, como a AIG, à beira do colapso. A proliferação de tais derivativos expôs aquelas instituições a perdas indirectas caso alguma das partes vá à falência.”; Aline van Duyn, Financial Times, 07-03-2009;
  • “Penso que o mercado CDS está actualmente em fase de completo e acelerado deslocamento. Também assumo que os vendedores de CDS’s fizeram a agulha para a venda a descoberto de activos (acções, futuros e fundos transccionados em bolsa [ETF’s]) numa tentativa desesperada para se protegerem de prejuízos crescentes. Isto colocou pressão adicional em mercados contaminados. Por outro lado, a situação é altamente prejudicial quando as acções detidas pelos nossos maiores credores, e pelas instituições financeiras, estão todas atadas a uma verdadeira espiral da morte. Estas dinâmicas, seguramente, vão provocar uma nova onda de desalavancagem financeira a nível global.”; Dawn Kopecki, Bloomberg,  05-03-2009.

REPO: A ameaça invisível

As metástases do tumor maligno que corrói o sistema financeiro global têm origem no mercado REPO norte-americano, regulado pelo banco central dos Estados Unidos – Reserva Federal (Fed) – que assume uma função nuclear no sistema de crédito global.

Nele, uma escassa vintena de bancos privados executa operações de protecção de riscos e de alavancagem financeira.Os movimentos geram a informação necessária ao Fed para fazer funcionar os instrumentos usados na sua política monetária.

Para se entender como funciona, socorremo-nos de um documento publicado pelo Banco Internacional de Pagamentos (BIS, em inglês). Os mecanismos mais importantes são os seguintes:

  • Neste mercado, os títulos de dívida são transaccionados contra numerário, sendo a respectiva recompra contratualmente estabelecida;
  • Títulos ou dinheiro funcionam como garantia para cada um dos mutuários;Entre as modalidades mais utilizadas contam-se os contratos standard, os acordos de venda ou de recompra e os empréstimos obrigacionistas;
  • Todos visam a aquisição de capital ou de títulos, consoante as necessidades operacionais dos bancos;
  • Os contratos REPO podem ser usados para alavancar negócios, financiar investimentos com maturidades mais dilatadas ou para protecção de riscos financeiros;
  • A forte natureza de curto prazo  das garantias implica uma estreita ligação aos mercados obrigacionistas, interbancários e monetários e exponencia a utilização de produtos financeiros derivados e estruturados;
  • Teoricamente, os contratos REPO têm um risco baixo e são instrumentos eficazes para a gestão da liquidez e do risco financeiro por parte dos bancos centrais;

A presente crise liquidou a tese do “baixo risco”. De facto, na sequência dos excessos e da orgia especulativa que caracterizou a gestão bancária na última década, o mercado REPO é tão vulnerável quanto os outros aos diversos tipos de risco – crédito, operacional e liquidez – e à volatilidade que lhes é inerente.

A depreciação dos títulos implica automaticamente a desvalorização das garantias. Esta situação obriga os bancos a vender activos ou garantias com penalizações ou com descontos.

O problema agrava-se nas operações de  alavancagem financeira. A deficiente fiscalização e supervisão da qualidade das garantias, sobretudo nos últimos dois anos, escancarou as falhas do sistema.

O então presidente do Fed de Nova Iorque e actual secretário do Tesouro, Tim Geithner, em 2008, deu a mão à palmatória:

“A estrutura do sistema financeiro mudou radicalmente, durante o boom, com o crescimento dramático da quota de activos exteriores ao sistema bancário tradicional. O sistema financeiro não-bancário [ex.: hedge funds] cresceu muito, sobretudo nos mercados monetários e financeiros. Este sistema paralelo financiou muitos activos nos mercados REPO, numa base de curtíssimo prazo, que envolviam transacções entre dois ou três mutuários. Com a expansão do volume daqueles mercados, a variedade dos activos financiados passou a incluir também títulos menos líquidos. (…) A dimensão dos activos relativamente ilíquidos e de elevado risco, financiados através de garantias de curto prazo, transformaram alguns veículos e instituições do sistema financeiro paralelo  em alvos vulneráveis às clássicas corridas aos depósitos, os quais não dispõem das protecções oferecidas pelo sistema bancário tradicional para redução daqueles riscos.”

O diagnóstico de Geithner assume outra importância quando constatamos que o Fed facilita este tipo de transacção a apenas 20 bancos – os chamados “dealers primários” – cujo nível de alavancagem chega a atingir rácios cinquenta a cem vezes superiores aos seus capitais próprios. Por esta razão a sua dependência das operações REPO é gigantesca e as necessidades de capital directamente proporcionais.

Os principais fornecedores dos recursos que alimentam este mercado são fundos monetários, grandes conglomerados industriais, governos locais e federais bem como bancos centrais de países estrangeiros.

Fed intoxicado

Até ao início do milénio, os Títulos do Tesouro dos EUA eram considerados tão bons como dinheiro fresco. Desde 2005, os alquimistas financeiros encarregaram-se de atulhar o sistema com uma parafernália de derivativos – CDO’s, MABS’s, CDS’s, ABS’s e dezenas de outros – hoje tristemente celebrizados sob a designação de “activos tóxicos”.

Este lixo financeiro está a apodrecer os balanços da banca comercial e já começou a inquinar o sistema nervoso central dos EUA – o Fed – e a contaminar o resto do mundo.

O problema tornou-se evidente com o colapso do mercado CDO – Collateralized Debt Obligation – na sequência da implosão do segmento hipotecário de alto risco ou  subprime. A descredibilização das notações fez o resto.

Quando se verificou que os ratings AAA eram pura ficção, o apetite pelo risco diminuiu radicalmente. Em escassos meses o mercado secou, os compradores desapareceram e os vendedores ficaram com as carteiras entupidas com papéis sem valor.

No final de 2008, o economista Gary Gorton – professor da Universidade de Yale e membro do National Bureau of Economic Research (NBER) – diagnosticou os tumores malignos que afectam o sistema, oriundos do segmento REPO.

“A crise do crédito – notou Gorton – foi estimulada pelo choque nos fundamentais. Os preços do imobiliário deixaram de subir e, em consequência, gerou uma crise de confiança nos mercados. O mercado norte-americano de acordos de recompra, estimado em USD 12 mil biliões – maior do que o total dos activos do sistema bancário dos EUA (USD 10 mil biliões), em particular, agudizou a ausência de liquidez durante a crise devido aos receios de incumprimento contratual [counterparty default]. Nas carteiras dos fornecedores de crédito acumularam-se indesejados activos ilíquidos, levando-os a acreditar que não poderiam ser vendidos. O resultado foi a subida dos depósitos iniciais, facto que provocou um movimento massivo de desalavancagem.”

Segundo Gorton, a exacerbação do stresse no mercado REPO é visível no segmento dos títulos da dívida pública americana. Os incumprimentos na devolução de títulos sob empréstimo aos respectivos proprietários “baterem recordes”. O sino tocou a rebate e aos agentes do mercado começaram a ficar nervosos e hipersensíveis…

O advogado malaio, especialista em finanças públicas, Matthias Chang, antigo secretário político do ex-primeiro-ministro da Malásia, Mahathir bin Mohamad, pegou no tema e escreveu um um oportuno artigo sobre a falência do banco central dos EUA (Federal Reserve, Fed) e o papel que o mercado REPO desempenha no processo.

“Tem havido – escreveu Chang – uma relação incestuosa entre o sistema bancário tradicional e sistema bancário paralelo. O elo que os une é o mercado REPO. De facto, este é o elo mais fraco de todo o sistema financeiro. (…) O congestionamento do mercado REPO é a base da minha tese de que, para além da terrível realidade financeira, ele é o principal factor que contribui para a bancarrota da Reserva Federal”.

O especialista malaio recorre a uma curiosa analogia para explicar a importância da função deste mercado na estabilidade do sistema financeiro:

“Imagine uma corda com três centímetros de diâmetro. A corda é composta por uma série de fios, mais finos, digamos que com 0,3 centímetros de diâmetro cada um. Todos unidos eles asseguram a robustez da corda. Agora imagine que os fios externos se partiram e resta apenas o fio central a suportar toda a tensão. Mais tarde ou mais cedo também vai rebentar e tudo aquilo que suporta vai cair desamparado. O fio central é o mercado REPO.”

Claro que o problema se agrava quando o próprio Fed se dispôs a comprar activos tóxicos para “limpar” os balanços dos bancos e “ilibar” o crime de especulação cometido por irresponsáveis banqueiros privados, conforme alertámos em Outubro. Um mês depois, o próprio secretário do Tesouro, “Hank” Paulson, reconheceu o disparate.

Ainda assim, isso não impediu que os activos ilíquidos aumentassem perigosamente nas contas do banco central dos EUA.

Boa parte do resultado da demência de banqueiros privados é agora passivo público, debitado a futuras gerações de contribuintes por acção dos banqueiros privados que ocupam cargos estatais.

Consequências dolorosas

Conforme notou recentemente Felix Zulauf, na revista Barron’s, “se o passivo do Fed tivesse de ser coberto por ouro cada onça custaria mais de 6.000 dólares. Não voltaremos ao padrão ouro mas os mercados nunca mais vão acreditar nos bancos centrais.”

Durante o biénio 2009-2010, as consequências das intervenções do Fed serão as seguintes, com repercussões dramáticas na Zona Euro e no resto do mundo:

  • Massivo endividamento público, com um défice orçamental que galgará a astronósmica fasquia de USD 2 mil biliões/trilhões;
  • Explosão dos custos do crédito;
  • Regresso das pressões inflacionistas;
  • A combinação juros elevados/inflação alta anulará efeitos práticos dos programas de emergência financeiros e penalizará a economia real;
  • Crises cambiais, com o dólar e o euro no pelotão da frente.

A manipulação dos mercados, operada concertadamente pelos banqueiros centrais do G7 e seu aliados, vai continuar.

Em 2008, os resultados foram-lhes favoráveis. Porém, a contagem decrescente para o acerto de contas já começou.

Mais tarde ou mais cedo, o lixo varrido para debaixo do tapete vai aparecer em toda a sua plenitude.

O cheiro será desagradável.

(Parte I – Fim)

MRA Dep. Data Mining

Pedro Varanda de Castro, Consultor 

Comércio mundial deverá registar a pior contracção desde a II Guerra, diz OMC

quinta-feira, março 26th, 2009

O comércio mundial deverá registar em 2009 a pior contracção desde 1945 e recuar 9%em volume devido aos efeitos da recessão mundial, segundo as previsões da Organização Mundial do Comércio publicadas ontem.”A queda da procura mundial provocou a mais grave recessão económica registada em décadas levará a uma redução das exportações de 9% em volume em 2009″, afirmam os economistas da Organização Mundial do Comércio (OMC) referindo que a quebra “não tem precedentes depois da II Guerra Mundial”.

A contracção “será particularmente vincada nos países desenvolvidos que registarão este ano um recuo de 10% nas suas exportações”, prevêem os analistas da organização. Nos países em desenvolvimento, cujo crescimento depende mais do comércio, as exportações não subirão mais de 2%-3%, em 2009.

Para 2008, segundo estimativas preliminares, os economistas da OMC apontam para uma taxa de crescimento do comércio mundial a rondar os 2%, contra um aumento de 5,5%, em 2007.

Em Março de 2008, a taxa de crescimento do comércio mundial atingiu os 4,5%.

A queda acentuada no crescimento do comércio mundial a partir de Março de 2008 explica-se, segundo os economistas da OMC, pela queda inesperada e muito acentuada da produção mundial durante o quarto trimestre de 2008.

MRA Alliance/Agências

EUA: Venda de casas novas surpreende analistas

quarta-feira, março 25th, 2009

As vendas de imóveis novos nos EUA cresceram em Fevereiro, recuperando de um mínimo histórico, e surpreenderam os analistas.

As compras de casas novas subiram 4,7% para um ritmo anual de 337 mil, em Fevereiro. No mês anterior, as vendas foram de 322 mil, o valor mais baixo de sempre, de acordo com dados divulgados hoje, em Washington, pelo Departamento do Comércio dos EUA.

A mesma fonte adiantou que preço médio das casas recuou 18% no mês passado, e número de imóveis para venda foi o mais baixo desde Junho de 2002.

Ainda assim, alguns analistas e economistas interpretam os números como um sinal de que “o abrandamento do sector imobiliário pode estar a chegar ao fim”, opinião contestada por outros especialistas.

MRA Alliance/Agências

Portugal/UE: Banda larga em baixo, telecomunicações móveis em alta

quarta-feira, março 25th, 2009

Portugal é dos países com menor penetração de Internet fixa em banda larga no conjunto dos Estados-membros da União Europeia (UE) com apenas 16,5% contra cerca de 23% da média europeia, mas regista bom desempenho nas telecomunicações móveis.

Seundo dados da Comissão Europeia, em 2008, houve um aumento de 8,3% nos serviços móveis de banda larga. Nas comunicações móveis, Portugal mantém-se no topo da tabela, com uma taxa de penetração é de 137%. Em apenas em três outros países da União Europeia se usa mais o telemóvel – Itália,  Lituânia e Luxemburgo.Quanto aos preços, os consumidores portugueses são dos que menos pagam.

Na UE, em média, a factura de telefone móvel baixou de 21,48 euros (2007) para 19,49 euros (2008).Em Portugal, embora a descida desde 2006 tivesse rondado apenas os 14 cêntimos, pagamos em média 17,30 euros – cerca de metade do que pagam os espanhóis.

MRA Aliance/Agências

Barroso desiludido com atitude dos líderes europeus face ao desemprego

quarta-feira, março 25th, 2009

O presidente da Comissão Europeia, Durão Barroso, criticou hoje os líderes políticos da União Europeia por terem apoucado a ideia de uma reunião dos 27 dedicada aos problemas do emprego. As críticas foram feitas no Parlamento Europeu, onde a próxima Cimeira da Primavera e a queda do Governo checo estão na ordem do dia.

A proposta para a realização de uma “cimeira do emprego” partiu do Executivo comunitário durante o último Conselho Europeu da Primavera, na semana passada.

Porém, a ideia foi relegada para plano secundário pelos governos alemão, francês, britânico, italiano e belga. Os dirigentes daqueles Estados-Membros, argumentaram que a ideia poderia fomentar “expectativas demasiado fortes” entre os cidadãos europeus, no contexto das eleições europeias marcadas para 7 de  Junho.

“Para ser franco, fiquei desiludido com essa decisão. Teria preferido que o conjunto dos 27 Estados-Membros consagrasse o tempo necessário para falar sobre aquilo que, em suma, é o problema central dos cidadãos europeus perante a crise”, confessou Durão Barroso aos parlamentares. 

A reunião sugerida por Bruxelas continua prevista para 7 de Maio, em Praga, mas os chefes de Estado e de Governo da União decidiram limitar os trabalhos aos parceiros sociais, à Comissão Europeia e à troika formada pela presidência checa do Conselho Europeu, Suécia e Espanha.

Em Estrasburgo, Durão Barroso reconheceu que “a maior parte dos instrumentos” de política de emprego são decididos “a nível nacional”, argumentando todavia que tal “não deve ser razão para que os dirigentes não discutam a nível europeu os meios de coordenar a acção”.

Na sessão plenária de hoje, os resultados do Conselho Europeu da Primavera são o primeiro ponto da ordem de trabalhos dos eurodeputados ainda que a crise política checa tenha passado também a concentrar as atenções.

A inevitável queda do Governo de Mirek Topolanek aumentou o receio de fragilização da presidência da União Europeia.

Uma moção de censura apresentada pela oposição de esquerda obteve ontem, na câmara baixa do Parlamento da República Checa, os 101 votos necessários para o derrube do executivo presidido por Topolanek, um conservador eurocéptico alvo de críticas veladas de diplomatas europeus.

“Os problemas políticos domésticos devem ser resolvidos através do processo democrático da República Checa. A Comissão acredita que isso será feito de uma forma que garanta o bom funcionamento da presidência”, defendeu ontem, em comunicado, a Comissão Europeia.

Perante os eurodeputados, o primeiro-ministro de centro-direita checo tentou sossegar os crescentes receios das instituições europeias, ao garantir que o terramoto político do seu país “não terá impacto” na actividade do Conselho Europeu a que preside.

Topolanek vai assegurar as tarefas da presidência semestral da União Europeia até à nomeação de um novo primeiro-ministro ou até à convocação de eleições legislativas antecipadas.

O alemão Hans-Gert Pöttering, presidente do Parlamento Europeu, afinou pelo mesmo diapasão ao afirmar que a queda do Governo checo “não deverá influenciar o trabalhos da presidência dos 27”.

Menos optimista, o ministro luxemburguês dos Negócios Estrangeiros, Jean Asselborn, vaticinou tempos difíceis “para a estabilidade e para a imagem da Europa”.

MRA Alliance/Agências�

Mais de sete mil empresas faliram no 1º semestre de 2008

quarta-feira, março 25th, 2009

No primeiro semestre de 2008 faliram 7.093 empresas, uma subida de 51% em relação aos primeiros seis meses de 2007, segundo dados do Instituto Nacional de Estatística (INE), citados pela agência Lusa.

Os números são anteriores ao agravamento da situação económica, após a falência do banco de investimento Lehman Brothers e da explosão do desemprego na Europa. 

Em Fevereiro foram criadas 2.265 empresas, uma quebra de 25% face a Janeiro e de 28% em relação ao mês homólogo, de acordo com dados do Ministério da Justiça coligidos pela Lusa.

Também em Janeiro deste ano se registou uma variação homóloga negativa, com a constituição de 3.021 empresas, uma quebra de 25%. No entanto, comparativamente com Dezembro, observou-se um crescimento de 16%.

Durante todo o ano passado foram criadas 33.858 empresas, uma quebra de 9% face a 2007.

MRA Alliance/Lusa

Taxas interbancárias acabam em 2012

quarta-feira, março 25th, 2009

Os cidadãos europeus deverão poder fazer pagamentos automáticos mais facilmente e mais baratos a partir de 2012, dentro do espaço da União, devido à supressão da comissão interbancária, anunciou a Comissão Europeia.

A liberalização é uma das medidas contempladas pelo Espaço Único de Pagamentos em Euros (EUPE), lançado em 2008, através da transferência bancária europeia padronizada e deverá ser aprofundado com a aplicação do sistema único de pagamentos automáticos contra o desejo do sector bancário. 

Ontem, uma decisão conjunta da Comissão Europeia e do Banco Central Europeu confimou que as transferências bancárias deverão ser completamente gratuitas a partir de Novembro de 2012.

Durante o período transitório, a cobrança destas comissões será tolerada. Terminado este, os cidadãos europeus poderão pagar automaticamente as suas despesas em qualquer outro país da União Europeia, através do seu banco, sem que lhes sejam cobradas quaisquer comissões. 

A Comissão estima que as facturas bancárias dos consumidores sejam reduzidas.

Porém, é provável que até lá os bancos tentem introduzir novas taxas para compensar perdas de receitas. 

MRA Alliance/Agências

Moeda global ainda não é opção para financeiros globalistas

terça-feira, março 24th, 2009

O secretário do Tesouro dos Estados Unidos (EUA), Timothy Geithner, e o presidente da Reserva Federal (Fed), Ben Bernanke, recusaram hoje a sugestão de alguns líderes das economias emergentes para que uma nova moeda mundial ponha termo à hegemonia do dólar como reserva cambial do planeta, segundo um relato da agência Reuters.

Geithner e Bernanke disseram “não” à proposta sugerida ontem por financeiros russos e chineses para a criação de uma nova reserva cambial global. Os primeiros revelaram ser sua intenção apresentar uma proposta concreta na reunião do G20 agendada para breve.

O Governador do banco central chinês, Zhou Xiaochuan, num comunicado divulgado ontem no ‘site’ oficial da instituição, criticou “as debilidades inerentes do actual sistema monetário internacional” e defendeu a necessidade de uma divisa global de reserva “desligada das nações individuais, dos jogos de interesses e capaz de se manter estável no longo prazo.”

Grande parte das reservas de câmbio chinesas é composta por dólares norte-americanos. A criação “de uma nova moeda de reserva amplamente aceite poderá levar tempo”, sublinhou Zhou Xiaochuan mas adiantou que os Direitos de Saque Especiais (DSE) – Special Drawing Rights (SDR) – podem ser a “moeda de reserva supra-soberana”.

O valor dos DSE é calculado com base em um cabaz de moedas, criado em 1969, pelo Fundo Monetário Internacional (FMI) para completar as reservas dos 185 países-membros, quando a oferta de ouro e de dólares já era insuficiente nos mercados monetários mundiais.

Zhou sugeriu que a unidade de troca do FMI, baseada no valor do dólar, euro, iéne e libra esterlina, passe a ser calculada em função do valor das divisas de outras “economias importantes”.

A tese reflecte a opinião do governo de Pequim. O economista Yi Xianrong, do Instituto de Economia e Finanças da Academia Chinesa das Ciências Sociais, num artigo publicado recentemente no diário governamental “China Daily”, defendeu que “as necessárias reformas deverão dar e aumentar a adequada representação das economias emergentes e em desenvolvimento”. 

 

MRA Alliance/Agências

Fundo de reabilitação imobiliário financia obras em património estatal até 80%

terça-feira, março 24th, 2009

Os imóveis do Estado que beneficiarem das verbas do Fundo de Reabilitação e Conservação Patrimonial vão receber no máximo 80% do custo estimado para as obras, de acordo com uma portaria publicada hoje, em Diário da República.

O Fundo, com uma verba de 10 milhões de euros, foi criado no âmbito do Programa de Gestão do Património Imobiliário do Estado e terá como principal função financiar as operações de reabilitação e de conservação dos imóveis públicos.

No entanto, nem todos aqueles imóveis poderão ter acesso ao financiamento do fundo. “Podem ser beneficiários os serviços utilizadores dos imóveis da propriedade do Estado”, excepto os que pretendam fazer obras «apenas para modernização das respectivas instalações” ou em «imóveis disponíveis para alienação”.

O financiamento do fundo não abrange os imóveis do Estado com obras inferiores a 100 mil euros bem como os não ocupados por serviços públicos ou aqueles cuja receita obtida com a venda reverteu a favor das entidades utilizadoras dos serviços.

MRA Alliance/Agências 

Pedidos de indemnizações por “erros médicos” ultrapassam 29 milhões de euros

terça-feira, março 24th, 2009

Entre 2005 e 2007, os utentes dos hospitais públicos reclamaram mais de 29 milhões de euros em indemnizações por alegados erros médicos, noticia hoje o jornal Público, citando um relatório da ISAS – Inspecção Geral das Actividades em Saúde. Coimbra, Lisboa e Setúbal são os centros hospitalares mais problemáticos.

Ortopedia, Cirurgia Geral, Ginecologia, Oftalmologia e Medicina Interna são as especialidades em que a contestação é maior de acordo com os 155 processos administrativos e cíveis, refere o documento.  

O Público adiante que apenas 7,58% dos hospitais do Serviço Nacional de Saúde (SNS) têm seguros de responsabilidade profissional, mais de 50% não dispõe de protocolos escritos de prevenção de erros médicos e só um terço possui sistemas informatizados de alerta e de prevenção de riscos.

MRA Alliance/Público

Governo apoia “embuste” energético, acusam especialistas

terça-feira, março 24th, 2009

Bomba de calor Energie accionada a electricidade (termoacumulador na parede)O apoio do primeiro-ministro Sócrates e do ministro da Economia,  Manuel Pinho as chamados “painéis solares termodinâmicos”, ontem, durante uma visita à fábrica Energie desencadeou uma série de protestos por parte dos principais responsáveis pela investigação e indústria solar no país. “É uma empresa que assenta a sua propaganda num embuste”, denuncia Eduardo Oliveira Fernandes, ex-secretário de Estado da Energia e académico que desenhou a política energética do actual Governo, citado pelo jornal “Público”.

A critica é corroborada por Nuno Ribeiro da Silva, presidente da Endesa Portugal e da Sociedade Portuguesa de Energia Solar (SPES), e por Manuel Collares Pereira, considerado um dos principais especialistas em energia solar no país, ex-investigador do INETI e responsável pela empresa fabricante de painéis solares térmicos Ao Sol.

Aqueles especialistas consideram que o produto da Energie, fabricado na Póvoa de Varzim, representa uma forma de “publicidade enganosa” por se tratar de uma bomba de calor accionada a electricidade com apoio secundário em energia solar e não de um painel solar térmico. 

A associação ambientalista Geota acusa a empresa de consumir muita electricidade para produzir energia solar. Manuel Ferreira dos Santos, um dos responsáveis da organização, equipara o funcionamento do sistema da Energie a um “frigorífico ao contrário” que alimentado por energia eléctrica e não solar. 

Ontem, durante a visita e Sócrates e Pinho à fábrica, o presidente da Energie, Luís Rocha, revelou que a empresa foi escolhida como parceira do Governo no programa de apoio à instalação dos painéis solares térmicos.

Esta inclusão permite à Energie aproveitar a onda de incentivo ao sector solar térmico em termos de mercado e aceder a apoios majorados.

Um reconhecimento formal como tecnologia solar terá, no entanto, de passar por outras instâncias, nomeadamente a Comissão Europeia, com os especialistas a admitirem que Bruxelas chumbará a ideia.

MRA Alliance/Público 

Tráfico de mulheres aumenta com voos Brasília-Lisboa

segunda-feira, março 23rd, 2009

Brasília entrou na rota do tráfico internacional de mulheres, servindo de porta de saída de prostitutas para a Europa, nomeadamente através dos voos directos para Lisboa, denuncia hoje o Correio Braziliense, em uma série de artigos sobre o tema.De acordo com o jornal, Brasília passou a atrair as quadrilhas especializadas nesse tipo de crime desde que se consolidaram os voos regulares da TAP para Lisboa.

Dados do governo de Goiás mostram que 1.600 goianos foram deportados da Europa, em 2008. Deste total, 80% tiveram de regressar ao Brasil por ordem das autoridades europeias – 30% sob a acusação de exploração sexual.

O Correio Braziliense acrescenta que, em média, quatro brasileiros voltam diariamente no voo Lisboa-Brasília na qualidade de extraditados, deportados ou não admitidos.

O Código Penal do Brasil estabelece que “promover, intermediar ou facilitar, no território nacional, o recrutamento, transporte, transferência, alojamento ou acolhimento da pessoa para prostituição” é punido com três a oito anos de prisão.

Agravantes como tráfico internacional, agressões e tortura podem aumentar a pena para até 12 anos.

MRA Alliance

Portugal: Entre os meses de Fevereiro, desemprego cresceu quase 18%

segunda-feira, março 23rd, 2009

O número de desempregados inscritos nos centros de emprego foi de 21 300 em Fevereiro, mais 17,7% em relação ao mesmo mês de 2008. De acordo com os dados divulgados hoje pelo Instituto do Emprego e Formação Profissional (IEFP), o número de desempregados inscritos no final do mês passado totalizava os 469.299.

Os números confirmam a tendência de subida iniciada em Outubro e representam a maior subida desde Dezembro de 2003.

Em relação a Janeiro, o número de inscritos subiu 4,8%, com um acréscimo de 21.333 desempregados. 

Nos últimos 12 meses, o desemprego aumentou em todos os níveis de escolaridade. As profissões mais atingidas, com aumentos superiores a 70%, são os trabalhadores da indústria extractiva e da construção civil.

MRA Alliance/Agências

UE: Mário Soares critica reeleição de Barroso

sexta-feira, março 20th, 2009

Os 27 Estados-membros da União Europeia não vão conseguir a lado nenhum com  Durão Barroso à frente da Comissão Europeia (CE), afirma o antigo presidente da República, Mário Soares.

A opinião do ex-chefe do governo responsável pela adesão de Portugal à Comunidade Europeia, coincidiu com o dia em que o Partido Popular Europeu (PPE) anunciou o apoio oficial à recandidatura de Barroso à liderança da chefia do executivo comunitário.

No âmbito da reunião ” Tu na Europa”, organizada pelo Conselho Nacional da Juventude para incentivar os mais novos a votarem nas europeias, Soares apelou à renovação. 

A União Europeia não tem líderes à altura desta nova fase que o Mundo vive, com Barack Obama nos Estados Unidos e com uma grave crise global, económica e social, disse o ex-presidente português.

Mário Soares diz que são precisos homens novos. Em seu entender, Sílvio Berlusconi, Nicolas Sarkozy ou Gordon Brown não reúnem condições para liderar a Europa.

No dia em que o PPE oficializou o apoio unânime a uma recandidatura do ex-primeiro ministro português à presidência da Comissão Europeia, Soares disse que “assim não vamos longe.”

“Durão Barroso tem um estigma terrível. Foi ele que preparou e foi o anfitrião da chamada «cimeira da vergonha», nos Açores, donde saiu a guerra do Iraque,  a linha de partilha que dividiu o mundo. Se a Europa e o PPE têm isso como expoente, não vão muito longe”, afirmou o fundador do Partido Socialista.

Soares defende que a Europa precisa de falar a uma só voz, apoia a criação de uma federação de estados europeus e considera urgente ultrapassar o impasse institucional resultante da incompleta ratificação do Tratado de Lisboa, após o “não” da Irlanda.

MRA Alliance/Agências

EUA: Conglomerado segurador AIG vai desaparecer

quinta-feira, março 19th, 2009

A seguradora norte-americana AIG, salva da falência pelo Estado, vai mudar de nome e será desmantelada, anunciou o presidente executivo, Edward Liddy, durante uma audição no Congresso para discutir os bilionários prémios pagos aos seus executivos.

O CEO da AIG informou os senadores que a subsidiária AIG Financial Products, a principal causadora das dificuldades do grupo, ainda é responsável por USD 1,6 mil milhões/bilhão em seguros relacionados com contratos de seguros contra  incumprimetos financeiros – Credit Default Swaps (CDS). Os contratos CDS celebrados pela AIG foram a principal causa dos gigantescos prejuízos (USD 99,3 mm/bi) registados em 2008. 

“Esta empresa será mais pequena até ao final de 2009. Mais pequena ainda no final de 2010”, afirmou Edward Libby, acrescentando que ao “tornar-se mais pequena, diminui-se o risco”.

“Estou a tentar desesperadamente evitar a queda descontrolada do grupo AIG”, concluiu.

Libby revelou que o nome AIG vai deixar de existir  por estar desacreditado. A empresa irá vender os activos e a seguradora “tal como existe há 90 anos, deixará de existir”.

O secretário do Tesouro Dos Estados Unidos, Timothy Geithner, anunciou na terça-feira que a empresa seria liquidada “de forma ordenada” de modo a “proteger os contribuintes”.

Horas antes, a AIG também anunciara a intenção de vender o edifício-sede, em Nova Iorque, e a alienação das participações em três empresas espanholas produtoras de energia solar. 

MRA Alliance/Agências

Existe risco de desagregação da Zona Euro, diz Ferreira do Amaral

quarta-feira, março 18th, 2009

O economista Ferreira do Amaral criticou hoje a actuação das instituições europeias, acusando-as de reagir tarde à crise e defendeu que o endividamento externo de alguns Estados-membros coloca em risco a continuação do actual grupo de países que integra a Zona Euro.”Durante um ano [a partir de meados de 2007], as instituições europeias não fizeram nada a não ser injecção de liquidez”, disse João Ferreira do Amaral, na conferência “Crise, Justiça Social e Finanças Públicas”.

A Comissão Europeia “subavaliou o cenário de recessão”, apesar dos sinais que existiam; o Banco Central Europeu (BCE) aumentou a taxa de juro no início de 2008, quando havia sinais claros de desaceleração; e os membros do Conselho Europeu estiveram um ano a “olhar uns para os outros, a dizer que a Europa não tinha os problemas dos EUA”, referiu o professor do ISEG.

“Há um risco de desagregação da Zona Euro, se as economias se virem em dificuldades de obter financiamento externo”, acrescentou Ferreira do Amaral, já que em moeda única os países não conseguem fazer desvalorizações cambiais competitivas. Para o fazerem têm que sair do euro.

Ao longo da conferência em que se discutiu a actual crise financeira e económica e algumas das soluções para a ultrapassar,  a economista Teodora Cardoso considerou “um risco sério” os países exportadores, designadamente da Ásia e a Alemanha, só estarem preocupados em pôr os americanos a consumir mais. Tal solução estará sempre comprometida, a médio e longo prazo, devido ao elevado endividamento externo dos EUA, frisou a economista.

Para Teodora Cardoso, seria preferível que países como a China e a Alemanha adoptassem políticas de expansão da procura interna, ajudando desta forma à recuperação económica, sem agravarem ainda mais o défice externo dos EUA.

MRA Alliance/Agências

Economia portuguesa recuou fortemente em Janeiro

quarta-feira, março 18th, 2009

A actividade económica em Portugal voltou a cair fortemente em Janeiro. Os indicadores da actividade económica do INE mostram que as exportações cairam quase 20% e as importações recuaram 15%.

O momento é de retração do consumo privado e do investimento, sinal da falta de confiança dos consumidores e dos agentes económicos. Em Fevereiro, o indicador do clima económico continuou a cair registando mínimos históricos.

À margem da Comissão Parlamentar de Orçamento e Finanças, o ministro das Finanças,Teixeira dos Santos, deixou claro que não se arrepende da decisão de aumentar a função pública em 2,9%, apesar das críticas de vários economistas.

«Temos consciência da gravidade da crise internacional, das consequências graves que esta crise sobre a economia portuguesa, designadamente tendo em conta que estamos perante uma economia aberta, cujo nível de actividade depende muito da procura externa», sublinhou. Teixeira dos Santos admite que a conjuntura terá consequências negativas nas anteriores estimativas oficiais sobre o desemprego

«Os indicadores são de facto preocupantes que não podem de forma alguma ser ignorados e não pode ser ignorado o risco que isso representa em termos da evolução no mercado de trabalho, noemadamente em termos da situação de desemprego que é a matéria mais importante que temos pela frente», afirmou.

Ainda esta manhã, o INE referiu que a estimativa para o PIB, aponta para uma taxa de variação de menos de 1,8 por cento, no quarto trimestre devido à forte contracção nas exportações e no investimento.

Numa entrevista à rádio Europa, o presidente do BCE, Jean-Claude Trichet, confirmou que 2009 vai ser um ano muito dificil, mas admite que é provável uma recuperação moderada da economia na Zona Euro, ainda em 2010. O banqueiro europeu admitiu  novas descidas nas taxas de juro.

MRA Alliance/Agências 

EUA: Despedimentos na Caterpillar sobem para 25 mil

quarta-feira, março 18th, 2009

A construtora norte-americana de bulldozers e escavadoras Caterpillar anunciou que vai despedir mais 2.454 trabalhadores, elevando para 25 mil os empregos a eliminar a nível mundial, anunciados no início do ano. Os novos despedimentos vão atingir cinco fábricas norte-americanas. A unidade fabril de Jefferson, no Estado da Geórgia, será encerrada.

Segundo o comunicado da empresa, as medidas pretendem «adaptar os níveis da produção aos da procura». Os despedimentos serão realizados entre Maio e Junho. A Caterpillar admitiu que aquele número pode aumentar caso a recessão económica se prolongue.

 MRA Alliance/Agências 

FMI vai baixar previsões para Zona Euro e resto do mundo

terça-feira, março 17th, 2009

O Fundo Monetário Internacional (FMI) vai rever em baixa as previsões de crescimento económico mundial, antecipando agora um recuo de 3,2% nos países da Zona Euro. Os dados deverão ser divulgados nos próximos dias.

Segundo a consultora do FMI Teresa Ter-Minassian, que falou hoje em Lisboa na conferência ‘Crise, Justiça Social e Finanças Públicas’, organizada  pela Faculdade de Direito, os novos  números do Fundo apontam para  uma recessão mundial de 0,6 %.

Em Janeiro, a previsão apontava para uma queda de 0,5% do PIB mundial. A Zona Euro deve registar um recuo de 3,2%, enquanto os EUA deverão encolher 2,6%.

As previsões anteriores apontavam para uma queda de 2% do PIB na Zona Euro e de 1,6% nos EUA.   

Relativamente a 2010, a previsão é de melhoria, com a economia mundial a regressar  ao crescimento  (2,3%) embora os EUA e a Zona Euro se fiquem pela estagnação.

 

MRA Alliance/Agências

EUA: Dinheiro não chega para tapar buracos

terça-feira, março 17th, 2009

Os conglomerados hipotecários Freddie Mac e Fannie Mae estão prestes a tornar-se o próximo poço sem fundo do Tesouro dos Estados Unidos depois de, na semana passada, terem anunciado respectivamente perdas de USD 50 e 58,7 mil milhões/ biliões (mm/bi), durante o exercício de 2008. 

Se este ano a crise financeira se agravar, como tudo indica, aqueles valores poderão triplicar – senão mesmo quadruplicar – devido à forte descapitalização que afecta sobretudo a Freddie Mac, a mais pequena das irmãs gémeas do crédito hipotecário norte-americano.  

Em conjunto com a seguradora AIG, as duas terão escassas hipóteses de evitar a nacionalização total. Em Setembro, foram ambas intervencionadas pelo Estado que assumiu o controlo de 80% do capital. O valor dos restantes 20%, ainda nas mãos de accionistas privados, foi dizimado nos últimos 12 meses.  A Freddie Mac desvalorizou  97,31% e a Fannie Mae 97,44%.

Em 2008, a gestão Freddie foi ruinosa com perdas de USD 13 mm/bi em seguros hipotecários. Em derivativos de crédito e de taxas de juro, os prejuízos foram respectivamente de USD 16 e 15 mm/bi. A estes somam-se mais mil milhões (um bilhão) em obrigações sobre empréstimos de curto prazo contratados pelo falido banco de investimento Lehman Brothers e USD 99 milhões/mês para a manutenção das 30.000 habitações que tem em carteira. 

Ao cenário catastrófico é necessário adicionar mais uma série de outras realidades que a contabilidade criativa não conseguirá esconder durante muito mais tempo: 1) menos USD 65 mm/bi quando os activos em carteira forem transaccionados a preços de mercado; 2) menos USD 38 mm/bi de incontornáveis amortizações nas contas de 2009 relacionadas com a carteira de investimentos; menos USD 48 mm/bi em incidentes de crédito relativos a empréstimos ou garantias.

A administração Obama, para além de novas injecções bilionárias para impedir a falência da Freddie Mac, deverá contar com a perda de USD 15,4 mm/bi em impostos vencidos e ainda não liquidados.

Desde meados da semana passada, a bolsa de Nova Iorque protagonizou uma recuperação do índice Dow Jones que, após ter resvalado abaixo dos 7.000 pontos, voltou a cotar-se hoje acima dos 7.400 pontos. Mas deverá ser sol de pouca dura.

Quando forem divulgados os resultados do primeiro trimestre, sobretudo empresas dos sectores financeiro, imobiliário, construção, distribuição e indústria transformadora, na primeira semana de Abril, é bem provável que o Dow volte a cair.

Face aos desastrosos fundamentais da economia norte-americana, nos próximos meses, as dinâmicas deflacionistas deverão atirar o termómetro bolsista novaiorquino para a faixa dos 6.000-6.500 pontos. Até final do ano poderá cair mais 1.000 a 1.500 pontos.

Se tal acontecer, não haverá dinheiro que vede os gigantescos buracos da economia americana.

Os efeitos na Europa serão de idêntica dimensão, ou até maiores, e igualmente devastadores.

MRA Dep. Data Mining

Pedro Varanda de Castro, Consultor

UE prevê forte impacto da crise na agricultura

terça-feira, março 17th, 2009

A Comissão Europeia estima que a crise económica terá um impacto forte nos mercados agrícolas europeus a curto prazo, embora acredite que a retoma possa acontecer a médio prazo, segundo as projecções divulgadas nesta terça-feira, em Bruxelas.

O executivo comunitário publicou as estimativas para os mercados agrícolas europeus relativas ao período 2008-2015. Face à actual crise, Bruxelas admite que os reflexos serão “bastante pesados” para a agricultura europeia. No entanto, a CE considera que o sector primário “tem mais capacidade de rápida recuperação” do que os outros. 

A Comissão estima que a crise afecte particularmente a produção de leite, levando a uma ligeira contracção de curto prazo da produção europeia. 

Embora as projecções a médio e longo prazo estejam “marcadas pelas incertezas”, o executivo comunitário acredita que, num cenário de retoma gradual do PIB, a agricultura europeia conseguirá recuperar, graças a factores estruturais como o aumento da procura global de alimentos e o incremento da produção de biocombustíveis.

MRA Alliance/Agências