Archive for novembro, 2007

Angola tece violentas críticas a personalidades portuguesas

terça-feira, novembro 27th, 2007

Lê-se no AngolaPress:

«Personalidades portuguesas que alimentaram a guerra em Angola durante o já terminado conflito armado promovem, hoje, sexta-feira, em Lisboa, uma conferência sobre Cabinda, soube a Angop, em Luanda, de fonte oficial.
Segundo a fonte, trata-se dos portugueses Maria Antónia Palla, Fernando Nobre, João Soares, Maria Barroso, Maria João Sande Lemos, que reúnem-se para difundir dados falsos sobre Angola, como forma de manchar a imagem do país perante organizações internacionais.
A propalada conferência, denominada “Caminhos para a paz”, tem o apoio de uma organização denominada “Associação Tratado de Simulambuco” e da Unita, mediante contribuição do líder parlamentar desta organização partidária, Alcides Sakala. Participarão igualmente de forma activa na reunião conspiradora os deputados Filomeno Vieira Lopes e Luís Araújo, ambos do partido Frente Para a Democracia, FPD, e o economista Justino Pinto de Andrade.»

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VIE’s: O próximo escândalo financeiro global que está prestes a rebentar

segunda-feira, novembro 26th, 2007

Dólares em lume brando“A ausência de informação apropriada aos accionistas, por parte dos bancos, sobre os potenciais prejuízos [nos mercados hipotecário e da dívida] é talvez o maior escândalo desde o aperto do crédito que começou no passado Verão”, escreve Peter Eavis, na edição online da revista norte-americana Forbes.

O redactor-sénior da influente publicação económica e financeira dos Estados Unidos, aborda as consequências ainda ocultas do envolvimento dos gigantescos e globais conglomerados financeiros de Wall Street. “Por exemplo, no início do ano – escreve Eavis – Merrill Lynch, Citigroup e o Bank of America praticamente omitiram que um produto financeiro particularmente tóxico – Obrigações de Dívida «Colateralizadas» (CDO’s, em inglês) – podem ser causadoras de prejuízos da ordem de milhares de milhões/bilhões (mm/bi) de dólares. Tais prejuízos revelaram-se neste Outono. Atacaram os accionistas pelas costas e arrasaram as cotações dos títulos”.

O articulista dá como exemplo as “obscuras condutas” por onde fluem instrumentos financeiros cujo risco deriva, ou é subjacente, ao valor dos activos que garantem a respectiva solvência. Um pequeno número de operações, obrigou o Citigroup a incluir nos balanços, em apenas três meses, cerca de USD 25 mil milhões/bilhões (mm/bi) de prejuízos irrecuperáveis.

A vermelhinha: Norma FIN 46-R

O articulista da Fortune discorre largamente sobre as consequências que os previsíveis e descomunais incidentes de crédito terão em todo o sistema financeiro. “Os bancos continuam a ocultar” obstinadamente tais riscos aos accionistas, investidores e ao público em geral.

O artigo denuncia o facto de os bancos aproveitarem, na legislação que regula o mercado dos valores mobiliários nos Estados Unidos, a norma FIN 46-R, para esconderem a verdade dos números através de um enigmático item contabilístico – entidades de remuneração variável/variable interest entities (VIE’s) – onde são inscritas as exposições a vários tipos de risco não contabilizados. Estas VIE’s ameaçam transformar-se na verdadeira caixa de pandora dos “derivativos de crédito”.

A coberto da citada norma, legalmente e com a cúmplice anuência dos legisladores e reguladores, os bancos podem esconder a verdade do grau de risco a que os seus capitais próprios, e os depósitos dos seus clientes (passivo dos banqueiros), estão realmente expostos com toda a verdade e clareza.

No dia 3 de Agosto passado, o Citigroup informou os seus accionistas que a exposição aos CDO’s, incluída no balanço como capitais não consolidados (VIE’s), era de USD 75 mm/bi, mas sublinhava que os potenciais riscos “não se deveriam materializar. (…) Desde então os prejuízos estimados situam-se entre os USD 8 mm/bi e os USD 11 mm/bi (o que é sem sombra de dúvida materializável)”, escreve Peter Eavis concluindo:

“Imaginem como teriam sido melhor informados os investidores se as estimativas dos actuais prejuízos tivessem sido tornadas públicas. Agora pensem quão útil lhes teria sido o conhecimento antecipado das estimativas dos prejuízos com os quais os bancos tem que se haver, actualmente, nas agonizantes e multimilionárias condutas de riscos financeiros.” (pvc)

“Não olhem agora: A recessão está a chegar”, diz hoje a CNN

segunda-feira, novembro 26th, 2007

“Não se iludam: Os consumidores americanos estão apavorados. É mais que certo que vão empurrar os Estados Unidos para a recessão.” A crueza de Colin Barr, colunista sénior da CNN, no artigo de opinião hoje publicado sobre as perspectivas da economia estadunidense, exactamente um mês antes do Natal, só surpreende por tardia. Barr confirmou o que qualquer analista e comentarista, com bom senso e avesso ao política e economicamente “correcto”, já dizia há mais de quatro anos.

O articulista adverte que a festa global consumo chamado “Natal”, em 2007, será assinalada na maioria das casas americanas com um sapatinho muito menos generoso do que nos anos do dinheiro fácil e barato. Mais preocupante. Barr, habitualmente avesso a alarmismos, reconhece não apenas a gravidade do momento, como avisa os leitores de que não se vislumbra luz ao fundo do túnel.

“Anos seguidos a viver alegremente acima das suas possibilidades – escreve – os americanos vão finalmenter ter que encarar a realidade financeira. A subida persistente dos preços da energia vai encarecer as facturas do aquecimento doméstico e nas bombas de gasolina haverá menos combustível pelo mesmo dinheiro. O crescimento do emprego está a esmorecer e os aumentos salariais são anémicos. Os precos das habitações baixam, emagrecendo o valor do activo que representa o principal factor que mede a riqueza pessoal de cada americano. Até a bolsa, que resistiu enquanto pôde à erosão do apetite dos consumidores, começou a regredir num ambiente de agonia do sector financeiro.”

Depois de citar os já conhecidos sinais da retracção do consumo patológico dos americanos, e dos efeitos devastadores nos resultados das empresas, o artigo cita a resignada opinião de David Rosenberg, economista-chefe do banco Merrill Lynch: “Neste momento, só falta saber quão mau isto vai ser. (…) É uma questão de magnitude.”

É certo que muitos economistas e analistas ainda acham que vai acontecer um milagre. Acreditam piamente que mais uma redução das taxas de juro de referência (de 4,50% para 4,25%), a terceira desde Agosto, a decidir em 11 de Dezembro pela Reserva Federal (Fed), possa impedir a recessão e travesti-la numa mera contracção da actividade económica durante dois trimestres. O impacto que esta decisão irá ter no dólar, acelerando a sua descontrolada queda, parece não fazer parte da equação destes especialistas.

O gigantismo das dívidas das pessoas, das empresas e do governo estadunidense colocou a economia num beco sem saída: ou cortam radicalmente nas despesas, poupando mais, e aumentam substancialmente as receitas, ou o maior devedor do mundo vai, pela primeira vez na sua história, sofrer a mesma humilhação a que submeteu dezenas de países nos últimos cem anos: os credores imporem-lhe políticas para recuperar a sua mórbida e tecnicamente falida economia. Há sempre outra possibilidade. Os Estados Unidos são soberanos para seguir o exemplo da Argentina, há uns atrás, e anunciar também um calote monumental…

O artigo é extenso e prolixo em casos e descasos. Recomendamos aos interessados a sua leitura. Não para confirmarem as previsões por nós aqui publicadas desde Agosto, mas para terem a noção da gravidade e da dimensão da crise global que ameaça o futuro de todos nós…

Pedro Varanda de Castro

MRA – Dep. Data Mining

Consultor

Israel: Controlo de Darfur, petróleo e urânio são os alvos prioritários, não a “crise humanitária”

domingo, novembro 25th, 2007

Darfour - O macabro jogo dos interesses judaico-cristãos

O ex-chefe do Estado maior de Israel, General Hayem Laskoff, revelou que Telavive segue uma política externa relativamente a África em que o papel do Estado judaico só emerge após a eclosão de conflitos em zonas estratégicas, especialmente depois da descoberta de novos recursos naturais como o petróleo e o urânio. “O sucesso de Israel no aprofundamento das suas relações com Estados africanos – em particular com os fronteiros aos países árabes a sul do Grande Sahara – dar-nos-á vantagens estratégicas importantes, para reduzirmos as nossas vulnerabilidades – o bando de estados árabes que nos rodeia – e os surpreendermos em zonas que eles não esperam”, disse Laskoff, citado por membros de uma rede global de tradutores para promoção da diversidade linguística.

Os autores do texto consideram que o “Sudão pode ser um dos pilares desta estratégia” onde, há meio século, Telavive tenta estabelecer uma plataforma estratégica com particular ênfase “na província sudanesa de Darfur.”

Darfur tem uma importância estratégica fulcral na agenda israelo-americana. A localização geográfica, adjacente a abundantes e inexploradas reservas de petróleo no sub-solo da província sudanesa de Bahr al-Gazal, e em vários países africanos do Chade aos Camarões.

O controlo daqueles recursos energéticos para além de aumentar a segurança energética dos dois aliados geopolíticos globais, permite a extracção e distribuição de petróleo a preços muito baratos por se encontrar a muito pouca profundidade. O Sudão (Darfur) e os estados vizinhos estão acantonados sobre jazidas multimilionárias cuja exploração tem sido impossível devido aos sangrentos conflitos étnicos e religiosos fomentados e financiados por potências ocidentais e respectivas multinacionais, sobretudo desde os anos 80, quando já era conhecido que o ciclo da excassez de petróleo barato, iria acontecer no início do século XXI.

Darfur, por outro lado, detém jazidas de urânio consideradas por especialistas e geólogos como das mais abundantes e ricas do mundo. Esta é a verdadeira razão por detrás da “crise humanitária” que assola a região disputada por tribos rivais financiadas por interesses financeiros, industriais e militares sedeados em Wall Street, City de Londres e Telavive. (pvc/MRA Dep. Data Mining)

Polícia russa prende principal crítico de Putin uma semana antes das eleições

domingo, novembro 25th, 2007

Putin - Judoca - Cinturão Negro Kasparov - Mestre de Xadrez

A Justiça russa condenou o principal líder da oposição a cinco dias de cadeia, a uma semana das legislativas. O antigo campeão do mundo de xadrez e líder do partido Outra Rússia, Garry Kasparov, foi condenado por participar numa manifestação não autorizada contra o governo, em Moscovo. Kasparov anunciou já que vai recorrer da sentença, que considera infundada, uma vez que a sua detenção ocorreu durante uma concentração previamente autorizada. Outras 44 pessoas foram detidas pela polícia anti-motim, quando mais de 2 mil manifestantes se dirigiam para a sede da Comissão Eleitoral Russa para protestar contra o favorecimento da formação Russia Unida de Vladimir Putin.

Há semanas a Comissão Europeia tinha apelado a Vladimir Putin para que respeite as regras democráticas. A falta de cooperação de Moscovo com a OSCE (Organização para a Segurança e Cooperação na Europa) tinha levado a organização a cancelar o envio de observadores internacionais para acompanhar o sufrágio.

Austrália vota não à Guerra; eleitores contra eixo anglo-americano

domingo, novembro 25th, 2007

Howard - O vencido Rudd - O vencedor

O partido de oposição na Austrália, o Trabalhista, liderado pelo ex-diplomata Kevin Rudd, garantiu uma vitória esmagadora nas eleições parlamentares do país, apeando do poder o aliado de Bush e Blair, John Howard, depois de 11 anos à frente do governo neoconservador australiano. O derrotado primeiro-ministro era o xerife da política belicista anglo-americana na Ásia-Pacífico.

O novo governo trabalhista deverá decidir a imediata retirada das tropas australianas do Iraque e a assinatura do Protocolo de Kyoto, para limitar as emissões de gases do efeito estufa no país.

Apuradas 75% das circunscrições eleitorais, os trabalhistas arrecadavam 53% dos votos. A coligação neoconservadora liderada pelo partido Liberal de Howard conseguira apenas 46,5%. O próprio primeiro-ministro corre o risco de perder o mandato no Parlamento podendo ser derrotado em, Bennelong, o seu círculo eleitoral.

John Howard candidatou-se pela quinta vez consecutiva ao cargo de primeiro-ministro. Nos últimos seis anos destacou-se como o mais fiel aliado da coligação militar anglo-americana que invadiu primeiro o Afeganistão, depois o Iraque e que, actualmente, ameaça querer fazer o mesmo ao Irão.

A desastrosa política de defesa dos aliados intercontinentais anglo-saxónicos produziu um efeito dominó nas respectivas políticas domésticas. Depois do britânico Blair ter renunciado ao cargo, em meados deste ano, agora foi a vez do “aussie” Howard. George W. Bush, abandonará o cargo em 20 de Janeiro de 2009, por estar no final do seu segundo mandato. Se tivesse que submeter-se ao escrutínio eleitoral a humilhação da derrota era quase certa. (pvc)

A Goldman Sachs prevê um cenário dantesco para a economia americana

domingo, novembro 25th, 2007

O efeito dominó vai agravar-se para a economia americanaO banco Goldman Sachs (GS) divulgou um atemorizador relatório sobre a evolução a médio prazo do sector financeiro estadunidense. O documento prevê que o preço dos imóveis ainda caia bastante, que os incidentes de crédito (pagamento de prestações) vão subir. As seguradoras de hipotecas e empresas financeiras para sobreviverem terão que proceder a generosos aumentos de capital e a injectar fundos multimilionários nas suas reservas. O cenário é dantesco: morte garantida do mercado «subprime»/alto risco, aperto substancial na concessão de crédito ao consumo, aumento gradual do desemprego com a inerente retracção nas despesas dos agregados familiares, ameaçadores sinais de acentuada recessão ou longa estagflação, com volatilidade e instabilidade permanente em 2008/2009.

Os analistas prevêem que, por aquela altura, o mercado oferecerá a investidores estrangeiros, designadamente das economias emergentes, marcas de grande valor global e «goodwill» a preços de saldo. Os BRIC e países membros da OPEP, aproveitarão o derrube sustentado do dólar para tomarem o controlo accionista de grandes conglomerados financeiros americanos.

O afundanço dos preços dos imóveis e a desaceleração/estagflação/recessão do ambiente económico vão afectar dolorosamente os títulos de hipotecas imobiliárias, sobretudo no segmento «subprime», ou de alto risco, segundo o detalhado estudo, no qual participaram alguns dos seus analistas da GS, e disponibilizado para o mercado desde o início da semana.

Os instrumentos financeiros subjacentes a (ou derivados de) empréstimos «subprime» poderão registar perdas superiores a USD 150 mil milhões/bilhões (mm/bi USD), lê-se no relatório. O banco estima em USD 22 mm/bi as amortizações que algumas empresas terão que incluir nos respectivos balanços no último trimestre do ano.

A Goldman Sachs, numa análise anterior ao grau de exposição do Citigroup, previra a gravidade da crise do crédito imobiliário nos EUA e o respectivo contagio aos mercados globais e, provavelmente, à economia real.

No início da semana as bluechips americanas caíram para as cotações mais baixas em três meses. O índice Asia MSCI também registou seu menor valor desde setembro. As acções ligadas ao sector financeiro foram as mais afetadas.

Os analistas prognosticam que as seguradoras e empresas de crédito hipotecário se vão dividir em dois grupos: as que lutarão a todo o custo para sobreviver – com avultados aumentos de capital para evitar a falência – e as que talvez resistam com meros cortes, mas sempre punidos pelos investidores, nos dividendos.

A Goldman inclui no primeiro grupo as empresas MBIA Inc, Ambac Financial Group Inc, Security Capital Assurance Ltd e Assured Guaranty Ltd. Os membros da aristocracia financeira de Wall Street como o Citigroup Inc, Washington Mutual Inc, First Horizon, National Corp and National City Corp, integram o segundo grupo. (pvc)

Redes sociais com crescimento supersónico nos próximos 5 anos

domingo, novembro 25th, 2007

Comunidades Virtuais - O mercado promete explodirComunidades virtuais e páginas de redes sociais constituem actualmente um novo e poderoso meio para criar e manter contactos. Espera-se, segundo um relatório da Datamonitor, que o número global de utilizadores activos de redes sociais atinja os 230 milhões no final de 2007, noticiou a Computerworld. O relatório da Datamonitor – “The Future of Social networking: understanding market strategic and technological developments” – afirma que fornecedores de infra-estruturas, os fabricantes de wireless e os fornecedores de redes sociais irão lucrar fortemente com negócios a curto prazo. Em 2007, os lucros dos serviços de redes sociais devem atingir os 655 milhões de euros; em 2012, o valor será mais do dobro (1,6 mil milhões de euros).

A Datamonitor estima que no final deste ano 35% dos utilizadores de redes sociais estarão na região Ásia-Pacífico, onde o networking faz parte da tradição oriental. A região EMEA (Europa, Médio Oriente e África) representará cerca de 28%, a América do Norte contará com 25% do total de utilizadores, e a região da América Latina e Caraíbas, 12%. A Datamonitor espera que o crescimento das redes em todas as regiões atinja o valor máximo em 2009 e esteja estabilizado em 2012. Como qualquer negócio ou nova tendência a análise SWOT é mais do que recomendável para avaliar riscos e oportunidades. (pvc)

UE: Dos 12 para os 15 a medalha de ouro vai para a Finlândia

sábado, novembro 24th, 2007

“Áustria, Suécia, Finlândia - 10 anos de integração na União Europeia”Uma dúzia de anos depois da adesão à União Europeia (UE) da Suécia, Finlândia e Áustria, os claros vencedores – em termos de desenvolvimento político, económico e social – são os finlandeses, noticiou recentemente o diário austríaco Die Presse.Paul Luif do Instituto Austríaco de Política Internacional (Österreichischen Institut für Internationale Politik/OIIP) usa o termo “dimensão nórdica” para classificar os pontos fortes dos ganhos políticos finlandeses no seio da UE, ultrapassando neste domínio a vizinha/ concorrente nórdica, Suécia.

Em sua opinião o falhanço da Áustria face aos nórdicos residiu na sua incapacidade para encontrar os parceiros certos. Apesar das insuficiências e erros o investigador austríaco classificou de “positiva” a integração do país na União, sugerindo um reforço da cooperação entre Viena e Bruxelas e com os países membros com os quais pode aprender a ser melhor.

Fritz Breuss, economista, concorda que, desde 1995, a Finlândia foi, entre os três, o país que mais êxito económico retirou da adesão. Em segundo lugar colocou a Áustria, e depois a Suécia. A sua análise aponta a melhoria dos níveis de integração económica e o claro crescimento e aumento da intensidade no comércio interno. Com uma taxa de exportação de 14,5% para os novos países membros, a Áustria regista o melhor resultado do alargamento da UE-12 para a UE-15. Onde os nórdicos marcam pontos é na competitividade e na inovação, ocupando posições destacadas no “top ten” mundial enquanto a Áustria se queda na segunda divisão (a meio dos 20 melhores).

Breuss constata o paradoxo de o povo que menos lucrou financeiramente com a adesão, o sueco, estar bem mais satisfeito do que o austríaco, que, sobretudo no sector agrícola, conseguiu generosas constribuições da PAC. “O sentimento dos austríacos face a Bruxelas piorou de forma dramática”, assinalou Breuss.

O estudo foi recentemente publicado em Viena – Paul Luif (Hg.), “Österreich, Schweden, Finnland – Zehn Jahre Mitgliedschaft in der Europäischen Union”, (Editora: Böhlau-Verlag), 2007, 277 pág., Euro 35,00.

Cotações dos metais valorizam-se antecipando ciclo de alta nas «commodities» industriais

sábado, novembro 24th, 2007

Paládio - MinérioNa New York Mercantile Exchange (NYMEX) os metais foram hoje os grandes vencedores – o ouro (ver post anterior) foi acompanhado por outras «commodities» deste importante segmento, nos contratos fechados para entregas em Dezembro. O seu preço indica as tendências futuras em muitas indústrias globais. A prata valorizou-se em USD 0,315 fechando a USD 14,735/onça. O cobre subiu USD 0,103 passando a valer USD 2,991/ pound (454 gr.). O paládio subiu USD 3,55 fechando a USD 361,5/onça. Como curiosidade refira-se que este metal é muito usado na indústria eléctrica (contactos em sistemas electromecânicos/relays). Na indústria química e farmacêutica é usado como catalisador de reacções de hidrogenização. Na indústria automobilística é usado no fabrico de catalizadores para a redução das emissões de CO2. A indústria petrolífera usa-o no processo de produção de petróleo destilado. A medicina dentária recorre ao paládio para a produção de certo tipo de ligas. Na joalharia, combinado com o ouro, produz o chamado “ouro branco”. É classificado por investidores e traders profissionais como um dos minérios do século XXI. (pvc/agência/enciclopédia)

Ouro caminha gradualmente para os USD 1 000/onça em 2008

sábado, novembro 24th, 2007

Barras de Ouro - reservas bancos centraisOs contratos futuros de ouro subiram novamente ontem (sexta-feira) devido ao afundanço crónico do dólar, com fornecimentos para Dezembro a fecharem a USD 827,7/onça (+3,3%), na bolsa NYMEX (New York Mercantile Exchange). Esta foi a terceira subida consecutiva desde terça-feira.

A cotação do euro aproximou-se, como previramos anteriormente, dos USD 1,50, fechando a USD 1.4966 confirmando a aversão ao risco dos investidores face ao desempenho da economia americana. Diariamente repetem-se as notícias negativas sobre o comportamento dos mercados de acções, o aperto do crédito interbancário e comercial, a crise no mercado do papel comercial e o tsunami que infundiu estragos devastadores no segmento «subprime», crédito hipotecário de alto risco.

Jon Nadler, analista sénior da corretora de ouro Kitco Bullion Dealers afirmou que “a desgraça do dólar estimulou a nova corrida ao ouro como o porto sempre seguro para qualquer investidor.”

O facto de, em 8 de Novembro, ter chegado aos USD 847.50, a cotação mais alta nos últimos 28 anos, alimenta a convicção de que o drama do dólar vai levar o ouro para níveis acima dos USD 1 000/onça, dentro de alguns meses. (pvc/agências)

Advogado preso por usar documentação falsa

sexta-feira, novembro 23rd, 2007

A TSF anunciou que foi detido na sexta-feira, na zona de Aveiro, um advogado residente no Brasil, por usar documentação falsa em processos de nacionalidade, visando a atribuição e aquisição da nacionalidade portuguesa para cidadãos daquele país.
O advogado em causa é, segundo aquela estação de rádio, um septuagenário e dedicar-se-ia, também, a obter cartas de condução brasileiras, em nome de cidadãos portugueses, que não têm condições para as obter em Portugal, as quais eram, depois, trocadas na Direcção Geral de Viação.
A falsificação de documentos a usar em processos de registo civil passou a ser extremamente facilitada com uma norma do novo Código do Registo Civil que ordena a destruição de todos os documentos que forem digitalizados.
Torna-se imperativo e urgente – até para proteger os advogados que exercem a sua profissão com dignidade – a criação de um cartório de titulos e documentos em que se depositem os originais, evitando-se que os documentos «destruidos» o sejam antes da destruição ou venham a transformar-se, depois dela, em documentos contrafeitos.

«Homo Oeconomicus» revela mesquinhez, inveja e mau carácter

sexta-feira, novembro 23rd, 2007

O bolso alheio determina comportamento humanoUm estudo realizado por cientistas alemães sugere que ter um salário superior ao dos colegas dá mais satisfação aos homens que ganhar um salário alto. A proposta do estudo, publicado na revista «Science», foi identificar o comportamento do que os cientistas chamaram de «homo oeconomicus». Os cientistas verificaram que a área do cérebro relacionada à satisfação era ativada quando os participantes respondiam certo às perguntas e lucravam com elas. “Mas o interessante é que o tamanho relativo da recompensa de cada um teve um papel crucial”, afirmou o economista Armin Falk, um dos investigadores. “Os homens, pelo menos, parecem tirar grande parte de sua motivação da competição.” Os pesquisadores desejam agora fazer a mesma experiência com mulheres.

Na opinião de Falk, os resultados contradizem claramente “a teoria económica tradicional” (…) Segundo a linha tradicional, o fator mais importante [na satisfação financeira] é o tamanho da recompensa em si, e a comparação com os ganhos dos outros não influenciaria muito. O que nós mostramos é que o tamanho da recompensa do outro infuencia na forma como consideramos nossos salários.” (pvc/folha online)

União Europeia ameaça China com barreiras alfandegárias

sexta-feira, novembro 23rd, 2007

Défice comercial EU-China não pára de crescer

O comissário europeu do Comércio, Peter Mandelson, avisou hoje que a China poderá enfrentar barreiras à entrada de produtos chineses na Europa caso Pequim não tome medidas para reduzir o excedente comercial com a União Europeia (UE) – €86 mil milhões, nos primeiros 7 meses do ano. O aviso de Mandelson, hoje publicado no jornal Financial Times, antecede a Cimeira UE-China, que decorre em Pequim a 28 de Novembro. Mandelson, que inicia no sábado uma visita de seis dias à China, considerou o défice comercial “insustentável”, por crescer ao ritmo de 15 milhões de euros por hora.

Consultar post anterior:

“Cimeira China-UE: Minas, armadilhas e os riscos da estratégia negocial europeia”;

Tags: China, União Europeia

Fisco reduz hipóteses de defesa em reembolsos aos contribuintes

sexta-feira, novembro 23rd, 2007

O drama do contribuinte portuguêsA Direcção-geral dos Impostos (DGCI) está a compensar dívidas fiscais com reembolsos de vários impostos a que os contribuintes, alegadamente em falta, teriam direito limitando suas as possibilidades de defesa previstas na lei.O relatório de inspecção da Provedoria de Justiça em relação a reembolsos de IRS já havia denunciado as irregularidades. Na sua edição de hoje o «Público» diz que o mesmo se passa em relação aos reembolsos de IVA de várias empresas.Fiscalistas contactados pelo jornal são unânimes: os direitos dos contribuintes não estão a ser devidamente salvaguardados; a legislação actual obriga a que a compensação de dívidas através dos reembolsos dos impostos não possa ser feita sem que primeiro seja aberto um processo de execução fiscal.

Um acórdão do Supremo Tribunal Administrativo de Novembro confirma que «a administração só por meio de cobrança coerciva pode obter a compensação de dívidas tributárias com créditos do contribuinte». Porém, acrescenta a Agência Financeira, “mesmo depois de instaurada a execução, há dúvidas de que a compensação das dívidas com os reembolsos possa ser feita sem que o contribuinte seja notificado dessa execução, algo que está expressamente previsto na lei e sem que estejam esgotados os prazos legais para que o contribuinte se possa opor à mesma.” A administração tem outra interpretação da lei, oposta aos direitos dos contribuintes, alegando que o seu procedimento não fere as garantias dos tributados. (pvc/público/agência financeira)

Petróleo atinge nova cotação histórica acima dos USD 97,00

sexta-feira, novembro 23rd, 2007

Continua o sprint para os USD 100/BarrilO preço do petróleo segue a negociar em alta nos mercados internacionais. O novo mínimo histórico do dólar face ao euro e a procura nos mercados emergentes como a China, fez aumentar os receios dos investidores de que a oferta de petróleo seja insuficiente para satisfazer as necessidades.Em Nova Iorque, o crude de entrega para Dezembro subiu ontem 66 cêntimos fechando contratos a 97,27 dólares por barril. Em Londres, o Brent de entrega para Dezembro já avançou esta manhã 26 cêntimos para os 94,76 dólares por barril. Fonte: Agência Financeira

Euro já força a barreira psicológica para chegar aos USD 1,50

sexta-feira, novembro 23rd, 2007

Dólar em queda livreMoeda única sobe na expectativa de corte de juros nos EUA. A moeda única europeia já ultrapassou a barreira dos 1,49 dólares pela primeira vez, face à especulação sobre a provável nova descida das taxas de juro nos Estados Unidos. Esta manhã, na abertura dos mercados, valorizou-se 0,27% (USD 1,4903), mas esta sexta-feira já flutuou no novo máximo histórico – USD 1,4967 – que antecipa a esperada cotação psicológica dos USD 1,50.

Se o Fed decidir descer novamente o preço do dinheiro outra vez – hoje circulam rumores de que poderá baixar até 1% – para evitar que a crise de crédito hipotecária de alto risco prejudique o crescimento económico nos Estados Unidos, pioram as perspectivas para a divisa americana e para a economia global.

A confirmar-se, a queda do dólar vai continuar e a fuga dos investidores dos activos “dolarizidos” acelerará. Significa, na prática, a confirmação de que a economia americana entrou técnicamente num período de recessão, até agora negada pelos bancos emissores e por um decrescente numero de analistas. (pvc/agências)

Estratégia BPI vence BCP: Santos Silva presidente, Jardim reforma-se, CEO’s rotativos

sexta-feira, novembro 23rd, 2007

Fusão Millenium BCP / BPI na fase finalO projecto de fusão do BCP com o BPI deverá estar concluído para a semana. Só falta chegarem a acordo no rácio de troca a 1,8 e na blindagem de votos. Única divergência para acertar nos próximos dias: rácio de troca de 1,8 acções BCP por cada uma do novo Milleniumbcp/BPI e a blindagem estatuária de votos a 10% do capital social. O «Semanário Económico»informa hoje que o progresso nas negociações assentou no acordo para a liderança rotativa do novo banco: Filipe Pinhal a CEO e Fernando Ulrich a vice-CEO no primeiro mandato. Ulrich passa a CEO três anos após a fusão.

Artur Santos Silva assume a presidência estratégica – chairman. Jardim Gonçalves passa à reforma. A fusão BCP/BPI é o projecto que assinala o final da carreira. (pvc/agência financeira).

Participação de organizações no sistema EMAS

quinta-feira, novembro 22nd, 2007

Foi publicada a Decisão da Comissão, de 19 de Novembro de 2007, relativa ao reconhecimento de processos de certificação, em conformidade com o artigo 9.o do Regulamento (CE) nº 761/2001 do Parlamento Europeu e do Conselho que permite a participação voluntária de organizações num sistema comunitário de ecogestão e auditoria (EMAS) e que revoga a Decisão 97/264/CE [notificada com o número C(2007) 5291].

A presidência portuguesa da UE dá impulso estratégico ao Turismo

quinta-feira, novembro 22nd, 2007

Fragata - Turismo Fluvial - TranstróiaO secretário de Estado do Turismo, Bernardo Trindade, garantiu que a Europa está empenhada em apoiar o turismo europeu e que o setor ganhou dimensão na União Européia (UE) impulsionado pela cooperação entre as presidências alemã e portuguesa (ambas em 2007) e Eslovena (1.º semestre de 2008). As declarações do titular da pasta, integrada no ministério da Economia e Inovação,foram feitas ontem, em Bruxelas, após uma reunião com uma comissão do Parlamento Europeu para fazer o balanço das acções da presidência portuguesa no sector do Turismo. “Esta área económica há muito tempo não tinha expressão” e agora “fala-se de turismo em todas as instituições da Comissão Européia (braço executivo da UE)”, afirmou Bernardo Trindade, à Lusa, após a reunião.

A aposta estratégica das três presidências consistiu na criação de um instrumento de combate à desertificação, de reforço da empregabilidade, da maior participação das mulheres no sector, na conservação do património e na optimização dos recursos naturais. A promoção conjunta entre Portugal e Espanha em países longínquos, como a rede européia de turismo de aldeia e o Euromeeting, onde “Espanha, França e Itália trabalham em conjunto para a promoção” dos seus destinos foram os exemplos que destacou como pilares da actual política europeia para o sector.

O turismo sustentável e a directiva timeshare são temas na agenda do Conselho da Competitividade, que se realiza hoje (quinta-feira) sob a presidência do ministro da Economia e da Inovação, Manuel Pinho.

A directiva Timeshare trata da protecção de certos aspectos dos contratos de aquisição de um direito de utilização a tempo parcial de bens imóveis. Vai ser apresentado um relatório de progressos com o ponto de situação das negociações em curso, seguindo-se um debate.

A Comissão apresentará a Comunicação sobre uma Agenda para um Turismo Europeu Sustentável e Competitivo. A presidência portuguesa, por seu turno, vai submeter ao Conselho um texto de conclusões que visa «impulsionar as recomendações e medidas previstas, incentivando as partes interessadas a criar as condições necessárias para um turismo europeu mais sustentável e competitivo». (pvc/Agências)

Bruxelas dá 625,8 milhões para co-financiar TGV e novo aeroporto

quinta-feira, novembro 22nd, 2007

TGV - modelo coreanoA Comissão Europeia (CE) vai financiar Portugal com 556,8 milhões de euros (ME) para a construção da linha férrea de alta velocidade, ou TGV, e 69 ME para o novo aeroporto de Lisboa. Esta é a fatia que caberá a Portugal dos 5 000 milhões de euros com que o executivo comunitário vai financiar os 27 estados-membros para projectos prioritários de transportes, até 2013. A verba representa menos de metade do total dos montantes apresentados pelas candidaturas nacionais – 11,5 mil milhões de euros.

O projecto do TGV, apresentando em conjunto com a Espanha, é distribuido em duas tranches; 244,1 ME para a à ligação Ponte de Lima-Vigo e os restantes 312,6 ME para co-financiar a ligação Évora-Mérida. Os 69 ME para o novo aeroporto estão garantidos independentemente da decisão final sobre a respectiva localização. Para ambos os projectos, os fundos estruturais poderão ainda ser fontes adicionais de co-financiamento comunitário.

Observatório Financeiro Global: Macrotendências negativas para a economia americana acentuaram-se

quinta-feira, novembro 22nd, 2007

O derretimento da economia americana é uma ameaça globalO dólar registrou ontem (quarta-feira) novas quedas face ao euro e ao iene, num dia caracterizado por fortes quedas na Bolsa de Nova York reveladora da sustentada aversão ao risco por parte dos mercados e investidores.
Após o encerramento das bolsas em Wall Street o euro valia USD 1,4852. Na terça-feira a cotação de fecho fora de USD 1,4841. No tocante à convertibilidade face à divisa japonesa o dólar baixou para os 108,37 ienes após a cotação de 109,86 ienes, registada no final das transacções da véspera.
A apreciação do iene, segundo os analistas da praça novaiorquina, deveu-se à fuga dos investidores de aplicações em activos com notações de risco elevado nos mercados internacionais. O crescimento da procura de ienes para saldar empréstimos contraídos na moeda japonesa e beneficiar com as baixas taxas de juros em vigor no Japão, nos últimos 10 anos, foi decisiva para a actual tendência de subida do iene vs. dólar

Em Wall Street, os principais índices mantiveram as tendências depressivas: o industrial Dow Jones (- 1,62%), o tecnológico Nasdaq (- 1,33%) e o elitista/diversificado S&P 500 (-1,59%).

O reputado organismo global de análise financeira e económica, The Conference Board, publicou as previsões sobre a futura tendência da economia dos EUA e apontou para uma queda de meio ponto percentual, derrubando as poucas expectativas de esperança. O índice de confiança da Universidade de Michigan, também corroborou o movimento tendencial de descida. Os 76,1 pontos registados este mês, face aos 80,9 do mês anterior, representam uma descida de 4,8 pontos ( quase 6%).

A revisão em baixa pelo Fed das perspectivas de crescimento da economia para 2008, alimentou a expectativa de nova baixa dos juros, em Dezembro. A acontecer, o dólar vai acelerar a sua já dolorosa depreciação.

A epidemia económica estadunidense é preocupante por se poder transformar, a partir de 2008, numa pandemia depressiva dos mercados a nível planetário. (pvc/agências)

Chávez salvador da OPEP e acelerador dos USD 100/barril? Humildemente, ele confirma…

quinta-feira, novembro 22nd, 2007

Hugo Chávez - Presidente da VenezuelaO presidente da Venezuela, Hugo Chávez,regressou hoje ao país após uma série de visitas oficiais à Arábia Saudita, Irão, França, Portugal e Cuba, autoproclamando-se como “salvador da OPEP” e o artífice do “petróleo a quase 100 dólares”, segundo informa a Agência France Presse, da sua delegação em Caracas. “Há dez anos ninguém respeitava a Venezuela porque era uma colónia do império estadunidense, acentuou Chávez, alcandorado num palanque junto à sede presidencial, o Palácio de Miraflores. O líder venezuelano, que falou de improviso, perante uma audiência maioritariamente constituída por estudantes, lembrou que “quando a revolução bolivariana chegou ao poder [1999] o petróleo estava a 7 dólares (…) E quando eu entreguei [a presidência da OPEP] estava a quase 100 dólares“.

No passado fim-de-semana, o presidente venezuelano participou, em Riade, Arábia saudita, na III Cimeira dos 13 Chefes de Estado e de Governo membros da OPEP – Organização dos Países Exportadores de Petróleo. Porém, não conseguiu convencer os seus pares a transformar a organização num actor de primeiro plano na geopolítica global e a usar o petróleo como “arma política”.

“Se não fosse pela Venezuela, hoje a Opep estaria liquidada, porque este era o objetivo do império norte-americano. Salvamos a Opep e a entregamos fortalecida. Este foi o papel da Venezuela”, disse poucos minutos depois de ter aterrado em Caracas. (pvc/AFP)

Negroponte foi ao Paquistão negociar com possível sucessor de Musharraf?

quarta-feira, novembro 21st, 2007

Ashfaq KiyaniO secretário adjunto de estado dos Estados Unidos John Negroponte deslocou-se a Islamabade no passado fim-de-semana e manteve três discretas reuniões, incluindo um jantar, com o vice-chefe do Estado Maior do Exército paquistanês, General Ashfaq Kiyani. Estranhamente encontrou-se apenas uma vez, durante duas horas, com o líder militar e Presidente do Paquistão, General Pervez Musharraf, noticia hoje o Washington Post. “A atenção concedida a Kiyani alimentou rumores [em Islamabade] de que em breve ele será designado o sucessor de Musharraf como líder do exército e, nessa qualidade, será um aliado vital da Administração Bush nesta fase de crise”, especula o habitualmente bem informado Post.

Washington pressiona e defende os seus interesses

“Use a sua influência. O senhor pode ajudar a salvar o Paquistão”, terá dito Negroponte a Kiyani, segundo um diplomata ocidental, citado pelo diário estadunidense, que solicitou o anonimato. “Não era precisso um tal encontro”, comentou a líder oposicionista Benazir Bhutto, justificando que Kiyani “é um militar de extrema fidelidade ao presidente, pelo que só fará o que ele mandar”.

Diplomatas em Islamabade asseguram igualmente que Negroponte pressionou Musharraf a pôr fim ao estado de emergência e a libertar os presos políticos que, nas últimas semanas, inundam as prisões paquistanesas, bem como a chegar a um entendimento com Bhutto, líder do Partido do Povo Paquistanês.

A cartada nuclear de Musharraf

O presidente paquistanês insistiu que não cede no estado de emergência, para evitar que o armamento nuclear do país caia em mãos perigosas. Musharraf justificou o estado de emergência “não pelas questões que a Oposição aponta, mas devido à insegurança no país, nomeadamente aos ataques dos rebeldes pró-taliban junto ao Afeganistão. (…) “O estado de emergência serve para reforçar o cumprimento da lei na luta contra a militância islâmica e o extremismo”, disse. Butho, em contrapartida, sustenta que o presidente “cola à questão política interna a situação do armamento nuclear, dizendo que o mesmo só estará seguro enquanto os militares permanecerem no comando” e para evitar eleições livres. O general contra-atacou dizendo que a realização de eleições num clima “tumultuoso” seriam “a forma mais rápida para colocar o arsenal nuclear nas mãos erradas e, dessa forma, pôr em perigo a estabilidade regional, mas não só esta”. Musharraf disse a Negroponte que o estado de emergência (decretado no passado dia 3, em que suspendeu a Constituição, demitiu juízes da Supremo Tribunal e prendeu opositores) nada tem a ver com as eleições porque “Bhutto nem tem hipóteses de as vencer e sabe que terá um estrondoso desaire nas urnas”.

Confrontos entre xiítas e sunitas

A situação político-militar no país indoasiático agudiza-se diariamente e está cada vez mais confusa. As autoridades, ao abrigo do estado de emergência, prenderam mais de 5000 pessoas, muitas delas advogados/ juristas. Duas mil continuarão detidas, segundo o ministério do Interior, enquanto os outros três mil terão sido libertadas. Em Carachi a polícia prendeu 150 jornalistas na sequência de manifestações e vários incidentes na via pública violentamente reprimidos pelas forças policiais. Por outro lado, reacenderam-se os confrontos tribais. Dezenas de pessoas morreram nos últimos dias como resultado da violência sectária entre xiitas e sunitas das áreas tribais a oeste do Paquistão. Embora o balanço oficial seja de 25 mortos confirmados na zona, próxima do Afeganistão, outras fontes afirmaram que havia mais de 45 mortos. As autoridades declararam o recolher obrigatório em Parachinar, a principal cidade de Kurram, onde as duas facções quebraram uma trégua que já durava há sete meses. Apesar da forte presença do Exército, os confrontos continuam. Na frente norte, a ofensiva militar continua com artilharia e helicópteros. Os combates, que já fizeram mais de 100 mortos, aconteceram nas áreas que se encontram sob o controlo dos fundamentalistas pró-taliban, no vale de Swat.

Americanos têm a faca na mão. Será que têm o queijo?

Antes de o clima interno se ter agudizado, na última semana, Musharraf já garantira que abandonará o seu cargo no exército sem contudo precisar uma data. Musharraf voou ontem para a Arábia Saudita, onde se terá encontrado com Nawaz Sharif o primeiro-ministro derrubado num golpe de estado militar, em 1999. Caso se confirme que Kiyani o sucede no comando dos 600 mil efectivos do exército paquistanês será catapultado para o restrito clube da elite paquistanesa fiel a Washington. Ninguém sabe qual o papel que Kiyani poderá desempenhar. Altas patentes militares opõe-se a um golpe de estado. Todavia, a sua influência sobre Musharraf parece importante.

Talat Masood, um general paquistanês na reserva, que agora é analista político, interrogado sobre os planos do desconhecido n.º 2 de Musharraf, afastou a hipótese de ele protagonizar o derrube do actual presidente e seu superior hierárquico. “Ele não vai arriscar a sua carreira, sobretudo quando o tempo joga a seu favor”, disse.

Pervez Musharraf, ironicamente, perdeu o apoio de muitos dos seus compatriotas, e pôs em causa a elevada respeitabilidade e popularidade interna do exército, pelo incondicional alinhamento com a estratégia de Bush no âmbito da “Guerra contra o Terror” e na cruzada contra o que classificou de “islamofascismo”.

O ataque militar paquistanês a uma mesquita em Islamabade, onde alegadamente se encontrariam militantes pró-Taliban e pró-al Qaeda, foi a gota de água que fez transbordar o copo da tolerância popular relativamente ao seu pró-americano presidente. Desde então, Musharraf, tenta desesperadamente manter-se no poder. Inexoravelmente, se, como tudo indica, está a ser descartado pela Casa Branca, a sua queda é apenas uma questão de semanas. (pvc)

Barrosoleão: Guerra aos bancos que prejudicam clientes e facilidades para consumidores e PME’s

quarta-feira, novembro 21st, 2007

A dimensão napoleónica do Comissário BarrosoOs gigantes da banca europeia foram advertidos ontem (terça-feira) pela Comissão Europeia de que serão objecto de novos regulamentos caso não apresentem voluntariamente, nos próximos meses, novas práticas que facilitem a vida aos consumidores que querem mudar as suas contas bancárias para outras instituições, noticia hoje o Financial Times. O aviso foi comunicado por Charlie McCreevy, o Comissário Europeu com o pelouro do Mercado Interno, criticando as dificuldades criadas pelos bancos de vários estados membros neste domínio. Práticas como a obrigatoriedade de os mutuários de empréstimos contratarem seguros de vida, que os obrigam a manter relações contratuais com os mesmos grupos financeiros, foram igualmente censuradas. Durão Barroso, presidente da Comissão Europeia, na conferência de imprensa durante a qual foi apresentado o novo pacote de medidas pró-mercado interno, sublinhou ser necessário “dar mais poder aos consumidores e às PME’s”. Para justificar as medidas, Barroso revelou que apenas 25% dos cidadãos europeus participam em operações transfronteiriças e que a falta de “segurança e confiança” está a impedir a dinamização dos mercados intracomunitários, dando como exemplo as compras via Internet. O comissário-chefe citou 23 sectores que apresentam deficiências de funcionamento, detectadas nas vertentes da oferta e da procura, mas destacou 9 deles como críticos: serviços financeiros, serviços empresariais e profissões liberais, distribuição, telecomunicações e serviços postais.

Barroso disse esperar que estas iniciativas também fomentem “a inovação e contribuam para manter elevados padrões sociais e ambientais”, classificando as novas medidas como “as jóias da coroa europeia” (…) “O mundo está a mudar, a Europa está a mudar, o Mercado Único também tem de mudar”, defendendo o conceito de “Europa dos resultados”. Napoleonicamente, Durão Barroso precisou que o “Pacote Mercado Único” vai “dar aos consumidores mais direitos e informação, para seu próprio benefício e para fomentar a competitividade e a inovação”. Relativamente às PME’s a Comissão Europeia vai apresentar, em 2008, uma lei para reduzir a burocracia, facilitar o acesso aos programas europeus, reforçar a sua participação nos contratos públicos e reduzir os obstáculos às actividades transfronteiriças. Um novo estatuto empresarial – Pequena Empresa Europeia – poderá estar na forja. (pvc)

Fed e Credibilidade – Dólar, Recessão e Autismo

quarta-feira, novembro 21st, 2007

A decadência do poder de compra do dólar no século XXA Reserva Federal, ou Fed, como é popularmente conhecido o banco emissor americano, divulgou ontem (terça-feira) uma taxa de crescimento económico entre os 1,8% – 2,5% para 2008, uma previsão inferior à de Junho (2,5% – 2,75%). Mas este é apenas um dos indicadores do clima recessivo que paira sobre a economia real estadunidense. O cálculo da inflação, baseado nas despesas de consumo, mas excluindo os alimentos e a energia, passou de 1,75% – 2% para uma banda de flutuação de 1,7% – 1,9%. Face à pressão inflacionista dos preços dos bens de primeira necessidade e do petróleo, com sólidas tendências para se manter bem acima dos USD 100/barril, em 2008, estas previsões são um puro exercício de wishful thinking macroeconómico. Quanto ao desemprego, as previsões do Fed apontam, em 2008, para uma taxa entre os 4,8% e os 4,9%. Em Junho, os macroeconomistas previram que o índice rondaria os 4,75%.

As previsões assinalam igualmente uma alteração na estratégia de comunicação do Fed com o mercado. A partir de agora os prognósticos macroeconómicos terão uma periodicidade trimestral. Antes, a informação sobre a saúde actual e futura da economia americana era fornecida semestralmente.

A leitura é óbvia. Num ambiente de grande instabilidade e volatilidade dos mercados e do dólar prognósticos mais frequentes, desde que seriamente calculados, darão uma visão mais realista do vacilante desempenho macroeconómico do país.

O regulador financeiro e monetário dos Estados Unidos justificou a revisão do crescimento e as correlacionadas variáveis com um “dejá vu” conjunto de razões: colapso do mercado hipotecário «subprime», ou de alto risco; crise generalizada no mercado imobiliário; subida do barril de petróleo.

Tudo isto conjugado, de acordo com as estimativas mais benignas do Nobel da Economia Joseph Stieglitz os prejuízos poderão ascender a 1/2 milhões de biliões (trillions/trilhões) de dólares, nos próximos meses.

Se atendermos à debilidade do dólar, à incapacidade para acalmar e credibilizar o sistema financeiro, atacando de frente os cancros da economia americana – defíces crónicos, políticas fiscais suicidas, níveis históricos de endividamento (público e privado), consumos patológicos, dinheiro artificialmente barato e mercados em auto-gestão – teremos que concluir que a Reserva Federal padece de uma grave doença (autismo), ignora a realidade (recessão/depressão económica à espreita) e desmonstra que perdeu influência, poder e credibilidade. (pvc)

Cimeira China-UE: Minas, armadilhas e os riscos da estratégia negocial europeia

quarta-feira, novembro 21st, 2007

Cimeira China-UE, Pequim, Setembro, 2005

A uma semana da Cimeira União Europeia-China, Bruxelas e Pequim ainda não chegaram a acordo sobre o futuro estatuto de Taiwan e convertibilidade da moeda chinesa (yuan/reminbi) face ao euro, noticia hoje a SIC Online/Lusa. O presidente em exercício da União Europeia (UE), José Sócrates, e o líder da Comissão Europeia, Durão Barroso, levam para a Cimeira China-UE, dia 28, em Pequim, uma agenda que visa reduzir o crescente défice europeu no comércio entre a China e a Europa dos 27 e abordar temas geopolíticos de interesse bilateral.

A estratégia negocial chinesa

Caberá ao primeiro-ministro chinês, Wen Jiabao, apresentar as linhas estratégicas e as tácticas negociais do seu governo. Um dos elementos nucleares consiste no aprofundamento da redução do protagonismo de Taiwan na comunidade internacional.

Pequim e Bruxelas encaram a declaração final da cimeira como uma forma de amarrar as partes a compromissos políticos futuros, quando a Europa e a China discutem o Acordo de Parceria e Cooperação (APC). O novo tratado deverá ser aprovado até 2009. As relações bilaterais, com deveres e direitos alinhados pelo direito internacional, serão objecto de novas regras.

O reconhecimento de uma “China Una e Indivisível” é um ponto inegociável. “Taiwan está a revelar-se o tema mais difícil antes desta cimeira”, disse um funcionário europeu próximo das negociações, que pediu anonimato.

Taiwan independente é uma “provocação”

“O objectivo da China é incluir na declaração conjunta uma posição forte contra Taiwan para depois utilizar essa linguagem como ponto de partida para a negociação da APC”, revelou a mesma fonte anónima. A China acredita que uma declaração forte na cimeira sino-europeia desencoraje o presidente de Taiwan, Chen Shui-bian, a cancelar o referendo de Março sobre a candidatura da ilha rebelde a Pequim a membro de pleno direito das Nações Unidas.

A iniciativa é interpretada em Pequim como um estratagema, mais um, para oficializar e legitimar a desejada independência reivindicada desde 1949, pelo establishment taiwanês. A soberania da ilha não é reconhecida internacionalmente.

Mesmo com a pressão política e diplomática ocidental, tendo como pano de fundo a exposição pública global da governança chinesa durante a contagem decrescente para os Jogos Olímpicos de Pequim (Agosto, 2008), a força global da diplomacia do “Império do Meio” já funciona a alta rotação, pelo menos desde 2002. “O referendo [em Taiwan] é uma perigosa provocação”, disse um alto responsável do ministério dos Negócios Estrangeiros chinês, durante a conferência de imprensa de preparação da cimeira com a UE. “A questão de Taiwan é uma das bases políticas da relação entre a China e a UE e, por isso, naturalmente, esperamos que a Europa use palavras mais fortes na oposição ao referendo e à independência da ilha”, acrescentou o diplomata.

Bruxelas contra obsessão separatista taiwanesa

Uma vez que Bruxelas já expressou no passado oposição à independência de Taiwan, adianta a mesma fonte, “a China não pensa que escrever [essa oposição] na declaração conjunta constitua alguma dificuldade. Achamos que é lógico”. Bruxelas, no entanto, resiste em adoptar a retórica forte esperada por Pequim e pretende ater-se à repetição da velha declaração de princípio.

“Vamos reafirmar que estamos comprometidos com a política de uma só China e o nosso comprometimento com a estabilidade no estreito de Taiwan. Estamos dispostos a falar sobre isso e a cimeira é um bom local para o fazer”, afirmou Serge Abou, representante da UE na China, num encontro com jornalistas para esclarecer as posições europeias.

Em Bruxelas, a impaciência com a China começa a ser notada. Bruxelas considera que Pequim deveria compreender melhor a posição europeia, até porque também utiliza a diplomacia de bastidores em questões como o Sudão, a Birmânia ou o Irão.

A estratégia negocial europeia é arriscada e frágil

“Pequim pede compreensão para a diplomacia discreta e de diálogo, garantindo que assim os resultados serão melhores. Mas por vezes parece incapaz de compreender que a UE faça o mesmo em relação a Taiwan”, afirmou um eurocrata ligado ao processo.

Do lado europeu, o cavalo de batalha da cimeira passa por renovadas pressões para a valorização da moeda chinesa face ao euro. A UE entende que esta é a forma justa e rápida para acelerar a redução do galopante défice comercial China/UE resultado da aparentemente invencível competitividade chinesa. Nos últimos 12 meses, o valor do yuan embarateceu 7% face ao euro.

Bruxelas insiste que Pequim, deliberadamente, controla com agressividade o valor da sua moeda face às divisas dos principais mercados ocidentais, para garantir a competitividade das suas exportações. A UE, em 2006, registou um défice de 130 mil milhões de euros no comércio com a China. Entre Janeiro e Julho de 2007, segundo dados provisórios do Eurostat, o défice europeu subiu , para os € 86 mil milhões, em comparação com o mesmo período de 2006.

“Aparentemente, o excedente comercial da China não tem limites e não vemos quaisquer medidas eficientes. Muitas vezes o que existe na China é intervenção estatal [para tornar as exportações mais baratas], disse recentemente Serge Abou, queixando-se que a UE “pediu à China que fizesse correcções e alterações de políticas, mas não se verificam respostas eficazes”.

Todavia, os políticos chineses são firmes na rejeição destes argumentos considerando-os falaciosos. Cerca de 25 mil empresas europeias na China registam, há décadas, lucros de milhões de euros e são directamente responsáveis por grande parte das exportações para a Europa.

Por outro lado, nos últimos 20 anos, os baratos produtos chineses, exportados para os países desenvolvidos, foram a chave para as taxas de inflação historicamente baixas no Ocidente. Nessa altura, governos e bancos centrais dos países ricos cumpriram voto de silêncio.

Por estas razões, diplomaticamente, o princípio da reciprocidade, muito apreciado e um componente estratégico da política externa chinesa, vai ser trazido à colação pelos negociadores de Pequim, e serão enfatizados os evidentes benefícios comuns.

A História e as subtilezas orientais

“Temos que ver que os termos “défice” e “excedentes comerciais” são relativos. Levamos 32 anos de relações diplomáticas com a UE, mas nas primeiras duas décadas acumulámos défices. Os excedentes só apareceram nos últimos dez anos”, lembrou o diplomata chinês.

O adrenérgico presidente francês, Nicolas Sarkozy, que estará oficialmente em Pequim, entre 25 e 27 de Novembro, seguramente não resistirá a pisar este campo minado. “A primeira coisa que Sarkozy vai falar com a liderança chinesa quando chegar a Pequim será a valorização do yuan/reminbi. A segunda e a terceira também”, assegurou um funcionário francês da Comissão Europeia. À luz da sofisticação negocial e diplomática chinesa, se Sarkozy entrar por este caminho, reaviverá más memórias da aliança anglo-francesa na “II Guerra do Ópio” (1856-1860) e da pouco edificante história do “Império Francês na Indochina” (1887-1954). Os chineses têm uma memória horrível! Lembram-se de tudo… (pvc)

EUA e Rússia vão banir 68 toneladas de plutónio

terça-feira, novembro 20th, 2007

Processo de eliminação de 68 toneladas de plutónio nos EUA e RússiaOs Governos dos Estados Unidos e da Rússia concordaram prosseguir a cooperação para a transformação de 68 toneladas de plutónio em combustível, eliminando-as dos respectivos arsenais militares. Recentemente foi assinado um novo acordo para suprimir o excesso de 34 toneladas de plutónio do programa militar russo, informou o Departamento de Energia estadunidense. Segundo o acordo agora assinado, o governo americano colaborará com a Rússia na transformação do plutónio usado para fabricar armas nucleares em combustível para reactores atómicos.

Os EUA comprometem-se em manter a cooperação Washington-Moscovo no desenvolvimento de outro reactor de alta temperatura, refrigerado a gás, como alternativa tecnológica para eliminar de forma mais eficiente o plutónio russo. O pacto prevê que a Rússia comece a eliminar o plutónio em 2012. Em conjunto, os dois reactores poderão eliminar anualmente cerca de 1,5 toneladas de plutónio.

Os EUA asseguram o financiamento do projecto, com uma linha de crédito de USD 400 milhões, integrado no programa russo de não proliferação de armas nucleares, acordado entre as partes, em 2000, . Naquele ano os governos americano e russo assinaram o “Acordo sobre Gestão e Eliminação de Plutónio”. O compromisso obriga os EUA a tomarem idêntica medida – a exclusão dos seus arsenais militares de 34 toneladas de plutónio usado no fabrico de novas armas nucleares.

Consultar nota à imprensa e texto completo do acordo aqui. (pvc)

Governo chinês acusa Estados Unidos de difamação e ingerência interna

terça-feira, novembro 20th, 2007

Tensões políticas EUA-ChinaA Comissão de Análise EUA-China sobre Economia e Segurança manchou a reputação da China e interferiu na sua política interna, disse Liu Jianchao, porta-voz do Ministério dos Negócios Estrangeiros, ontem em Pequim, numa reacção ao conteúdo de um relatório apresentado ao Congresso Americano, noticiou a agência chinesa Xinhua.

“A China opõe-se com firmeza ao relatório e demonstrou o seu desagrado aos Estados Unidos” pelos canais apropriados, disse Liu. O relatório americano criticou as políticas económicas e comerciais da China, os direitos de propriedade intelectual, entre outros assuntos, sustentando que Pequim ameaça a segurança dos EUA. O documento recomenda ao Congresso e à Administração Bush para tomarem medidas adequadas e exercerem mais pressão sobre as autoridades chinesas.

Segundo Liu, a estratégia dos Estados Unidos consiste em criar obstáculos à cooperação sino-americana em vastas áreas através capciosas tácticas para enganar a opinião pública americana. O diplomata chinês manifestou-se convencido de que tais políticas estão votadas ao fracasso e denunciou a omissão pelo relatório dos progressos da China em várias áreas – política, economia, questões sociais – preferindo explorar os preconceitos anti-chineses que os próprios americanos criaram.

A reacção do governo chinês, pelo tom e palavras usadas, reflecte um sentimento de “injúria” e “afronta” à honra e à identidade cultural do país, ofensas consideradas muito graves, à luz dos preceitos e regras chinesas de relacionamento institucional entre Estados. (pvc)

Irão, EUA, Rússia, China e UE – Subtis e ameaçadoras tendências geopolíticas

terça-feira, novembro 20th, 2007

O puzzle globalO Irão, definitivamente, está a transformar-se numa influente potência regional com capacidade para redesenhar o mapa dos poderes geopolíticos e geoestratégicos no Golfo Pérsico e na Eurásia, independentemente da evolução das crescentes tensões com Washington, e respectivos aliados, sobre o seu programa nuclear, com a discreta anuência de Moscovo e de Pequim. A poderosa NATO euroasiática – Shangai Cooperation Organization/SCO – dominada pela China e pela Rússia, discretamente assume um papel instrumental. A SCO foi formalmente fundada, em 2001, pela China, Rússia, Cazaquistão, Quirguistão, Tajiquistão, e Usbequistão. A Mongólia, em 2004, e no ano seguinte, os arqui-inimigos Paquistão e Índia, juntamente com o Irão, foram admitidos com o estatuto de “observadores”. Dos quatro, apenas a Índia, ainda não solicitou formalmente a elevação ao estatuto de membro de pleno direito. A génese desta poderosa organização, remonta a 1996, com a finalidade de promover a boa vizinhança e a cooperação nas áreas da defesa, segurança, protecção territorial e reforço da soberania entre todos os fundadores. Com a admissão do Usbequistão, cinco anos mais tarde, em 15 de Junho de 2001, o grupo inicial – Os Cinco de Xangai – rebaptizou a organização com o seu nome actual. Três meses depois, após o 11 de Setembro, a SCO expandiu a cooperação à luta contra o terrorismo, o separatismo e a todo o tipo de ameaças extremistas – políticas, religiosas ou étnicas. Paralelamente avançou no estreitamento dos laços económicos, comerciais e culturais. Neste momento os dez estados, para além da realização regular de gigantescos exercícios militares, discutem a possibilidade de criarem uma União Euroasiática, que funcione como contra-poder à União Europeia e à NATO.É neste quadro que a estratégia de Teerão passa pelo reforço da cooperação política, económica, energética e militar com a Rússia e a China e, na América Latina, com a Venezuela. Na Eurásia e no Mar Cáspio estão os centros nevrálgicos da geopolítica iraniana que assusta as monarquias moderadas do Médio Oriente. A política externa iraniana é vista pelos analistas ocidentais como uma clara ameaça aos interesses das multinacionais americanas e europeias naquelas regiões. Por outro lado, receiam as relações privilegiadas que, consistentemente, tem vindo a aprofundar com Moscovo e Pequim. Este é, provavelmente, o mais ousado e sério desafio ao controlo dos recursos energéticos, e respectivo transporte e distribuição para os mercados ocidentais, durante a próxima década.

Os acordos recentemente celebrados com os países costeiros do Mar Cáspio, o pacto de não-agressão, a cooperação económica e comercial e o reforço dos contactos entre as lideranças militares dos países em causa, com destaque particular para a Rússia, ajudam a entender melhor a geopolítica do Kremlin, os papéis de Vladimir Putin e do ideólogo xiíta iraniano Mahmoud Ahmadinejad, nestas discretas, mas eficazes, movimentações e realinhamentos geopolíticos.

Fragilizar ainda mais a posição da Europa dos 27 na dependência do petróleo e gás natural do Leste Europeu e da Ásia Central é um dos objectivos. Um eventual ataque militar americano a Teerão, com o pretexto de aniquilar o programa nuclear iraniano, atiraria a Europa, os Balcãs, designadamente a Sérvia/Kosovo, a Eurásia e o Médio Oriente para o epicentro de um terramoto político, económico e, muito provavelmente, militar.

Entre os neoconservadores americanos, sob o discreto comando do vice-presidente Dick Cheney, há quem pense que esta será a única saída possível para salvar os Estados Unidos de perderem o controlo financeiro e energético global que ainda pensam deter.

Um cenário catastrófico deste tipo, nos mesmos teatros de operações do século XX, bem longe do solo americano, seria um excelente negócio para o complexo industrial-militar anglo-americano e para os respectivos conglomerados financeiros. Apertos militares (Afeganistão e Iraque) e financeiros (colapso dos mercados hipotecário e da dívida) não costumam ser bons conselheiros. (pvc)